
Com o auxílio do Audiogalaxy e do Soulseek consegui formar uma opinião sobre o melhor disco da banda: para mim é o primeiro, "The Inner Mounting Flame" (geralmente nas listas de discos mais influentes se fala no "Birds of Fire"), e durante uns 8 anos aguardei pelo lançamento desse disco na versão nacional (importado é caríssimo, e já sabia que há anos atrás tinha saído por aqui, então aguardava a reedição). Então, foi um belo momento quando há uns 2 meses encontrei esse disco na Cultura por preço bem tranqüilo.
"The Inner Mounting Flame", assim como "Birds of Fire", foi registrado pela primeira formação da Mahavishnu Orchestra, e sempre se ressalta que se trata de uma formação multinacional: John McLaughlin, guitarra, é inglês; Billy Cobham, bateria, é panamenho; Jerry Goodman, violino, é americano; Rick Laird, baixo, é irlandês; Jan Hammer, teclado, é tcheco. Curioso é que a primeira opção de McLaughlin para a posição de violino era Jean Luc Ponty, francês, mas este aparentemente teve problemas com visto de entrada nos Eua e teve que ceder lugar para Goodman.
Geralmente se diz que Mahavishnu Orchestra é mais demonstração de técnica e virtuosismo, ao passo que Weather Report tem mais melodia. Talvez essa possa ser uma constatação do tipo prima facie, e é só assim que se pode concordar com um palpite desses. Admito que me impressionaram muito faixas como "Awakening", "Meeting of the Spirits" e "Noonward Race", mas é evidente que a banda não é só de virtuosos quando se ouve faixas bonitas como "Dawn".
"Meeting of the Spirits" é um bom jeito de começar um disco dessa banda: a introdução é um dedilhado complicado e com efeito hipnótico, ao qual se segue um tema tocado simultaneamente na guitarra e no violino. É uma das minhas favoritas da banda, e tem uma versão muito boa tocada pelo primeiro guitar trio: McLaughlin, Paco de Lucia e Larry Coryell.
A segunda faixa, "Dawn" é belíssima, com uma bela linha de baixo, bem lenta, que faz a base para uma melodia bonita de guitarra e violino. Até o solo de guitarra, mesmo com várias notas em algumas partes, encaixa nesse clima. Em seguida a música evolui para um andamento mais faceiro, com solo de violino, e volta para a parte inicial lenta.
Em "The Noonward Race" volta o andamento mais frenético, e no começo há uma espécie de dueto entre guitarra e bateria (McLaughlin e Cobham). Segue-se, então, o solo de violino de Goodman (com um efeito tão diferente que parece outro instrumento), sob o qual Laird faz uma linha de baixo muito legal, e Cobham se destaca como sempre, com levadas que vão mudando a cada 4 ou 8 compassos. Ao final do solo de Goodman, todos se unem para uma virada (um riff), e então segue o solo de Hammer, mais uma virada, e o solo de McLaughlin.
Uma faixa só de violão com cordas de aço, violino e piano elétrico é o que é "A Lotus On Irish Streams". Tem partes muito bonitas, e mostra que McLaughlin manda bem até no violão.
Cobham faz a introdução para "Vital Transformation" e a banda o acompanha, como se todos estivessem tocando o mesmo riff. O baterista não demora para fazer o que mais admiro no cara, que é a variação das levadas. A música, no entanto, dá uma acalmada para uma melodia crescente e, após um momento de tensão, segue para o solo de guitarra. Aqui, como em todo o disco, é interessante ouvir a linha de bateria.
"The Dance of Maya" começa com um dedilhado na guitarra com wah-wah que evoca a imagem de uma pessoa caminhanado com incrível dificuldade, tropeçando e se arrastando. Isso se dá pelas mudanças de tempo durante os compassos. Esse dedilhado é base para um solo de violino, e a partir daí segue uma inesperada jam blues em com tempo quebrado - mais uma vez vale a pena ouvir o que Cobham está tocando (o cara tem uma facilidade absurda, pela fluidez, para tocar nessas situações).
A Mahavishnu Orchestra mais melodiosa aparece novamente em "You Know, You Know", que começa com volume bem baixo, com poucas notas e um solo de Hammer na manha. Aos poucos, McLaughlin impõe umas pontuações vigorosas. Há uma pequena melodia, que é tocada entes e depois do curto solo de bateria.
"Awakening" é uma impressionante demonstração de virtuosismo, que já começa arrebentando: todos os instrumentos tocam simultaneamente o mesmo número de notas à toda velocidade. Depois há uma base para cada instrumentista fazer o seu solo, e logo ao final do primeiro, de violino, percebi que os caras erram a execução pois perdem o tempo para voltar ao tema de abertura: Goodman toca primeiro, os outros hesitam, e voltam ao final; ao final do solo de Hammer, a coisa já fica melhor. Durante o solo de McLaughlin, bem enérgico, a base acompanha o entusiasmo e é muito legal, mas acho que em todos os casos os recursos ficariam melhor aproveitados se o tempo dos solos fosse o dobro, pois fica a impressão de que quando os caras estão se soltando no solo, o tempo acaba e têm que voltar ao riff inicial. A música é a mais curta do disco, e poderia tranquilamente ter o dobro do tempo.
"The Inner Mounting Flame" é um disco espetacular de jazz rock, ou fusion; aguardo o lançamento dos demais discos da banda em versão nacional.
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