Existem bandas que eu levo um certo tempo para começar a gostar. Foi o caso do Metallica: no início achava o som detestável, mas depois que vi os caras tocando ao vivo no tributo ao Freddie Mercury mudei completamente de opinião e desde então se trata de uma das minhas bandas favoritas. Com Lamb of God pode-se dizer que é algo similar. Tomei conhecimento há uns 2 ou 3 anos, quando vi a capa de uma Guitar World na qual anunciava a nova onda de bandas de metal americanas. Durante algum tempo, no início dos anos 2000, a onda de bandas de metal americanas era composta pelas que tocavam o som que se convencionou chamar de "new metal", ou "nu metal", pela combinação (não inovadora, diga-se) de metal e hip-hop ou rap. Então, toda banda americana que apareceu nesse período podia ser confundida com o "nu metal", mas o destaque da revista para a "nova onda" enfatizava que havia bandas com músicos altamente técnicos, e que compunham músicas no velho estilo "thrash metal" mas com resultados ainda mais agressivos. As três bandas que apareciam na capa eram Lamb of God, Mastodon e Trivium.
Ouvi alguns mp3 e não fiquei impressionado de início. Afinal, gosto de vocais melódicos e essas bandas tinham vocais gritados. Além disso, as guitarras eram tecnicamente muito eficientes, mas os riffs complicados demais embolavam o som; assim, toda vez que ouvia uma música parecia que estava ouvindo-a pela primeira vez - não havia nada de reconhecível ou identificável ou memorável.
Mesmo assim, permaneci intrigado, e ano passado o Barboza mostrou parte dos CDs e vídeos que ele tem do Lamb of God. Há um ano atrás comecei a tentar ouvir os discos da banda que baixei, mas a tarefa era realmente complicada. A música que realmente parecia boa era "Redneck", não por acaso indicada para Grammy e tal.
Não há discos de Lamb of God lançados no Brasil. E em versão importada o preço é abusivo. Tive que esperar, então, a oportunidade para, em Buenos Aires, encontrar o disco "Sacrament", de 2006, por aproximadamente 25 reais, na Ateneo (na Musimundo não tinha, apesar de lá ter quase tudo e com preço mais barato).
Parece-me que há de comum nessas bandas da "new wave of american metal" é que os primeiros discos têm som brutal, de difícil audição, e os discos mais recentes são mais tranquilos para ouvir. Esse é o caso de "Sacrament", que até então era o disco mais bem sucedido dos caras, com boa aparição no Top 200 da Billboard.
Lamb of God é conhecida pelos riffs complicados executados em alta velocidade. Só ouvindo as músicas é difícil identificar em que região do braço da guitarra está sendo executado determinado riff. Então, mais do que nunca, para curtir integralmente o som dos caras é importante ver os guitarristas tocando. O som é pesado, e durante esse tempo todo não sabia qual era a afinação utilizada pelos caras. Dias atrás resolvi plugar a guitarra e fazer uma jam com o CD para descobrir, então, que os riffs utilizam bastante a nota D e verifiquei, depois, que isso não era por acaso, pois a afinação das guitarras do Lamb of God é nada menos que o tradicional e para mim muito familiar drop-D. Isso facilitou um monte as coisas, embora a reprodução dos riffs não tenha se tornado imediatamente fácil (principalmente pela palhetada da mão direita, que ainda estou tentando readquirir).
Músicas legais de "Sacrament" são a faixa de abertura, "Walk With Me in Hell", o hit "Redneck" e a última, "Beating on Death´s Door". A primeira conta com um riff que é bem parecido com um que eu e o Bruce costumávamos tocar, há mais de 7 anos, numa jam que chamávamos de "Swimming in the Nile". "Redneck" tem o melhor riff da banda, muito legal mesmo, e do qual me insipirei para fazer um que gravei ano passado (um dos riffs de "Obliviuos"); há ainda um refrão marcante, digamos assim. "Beating on Death´s Door" é uma pauleira de uma correria, que lembra Motorhead na levada.
É inevitável pensar em Pantera durante a audição de um disco como esse do Lamb of God, mas a comparação é por mera aproximação devido ao peso das guitarras e aos vocais agressivos, mas a banda texana leva vantagem na criação de riffs memoráveis ("I´m Broken", "Yesterday Don´t Mean Shit", "Drag the Waters", "Walk", "Cemetery Gates") e na diversidade de andamento das faixas (há faixas rápidas, lentas, ultrarápidas, cadenciadas, etc). Seja como for, é altamente recomendável prestigiar bandas como Lamb of God, que levam a sério a composição de riffs bons de guitarra e de músicas boas de heavy metal.
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