terça-feira, 7 de dezembro de 2004

Discoteca Erga Omnes (dezembro)

1) Return to Forever - Romantic Warrior
2) Mahavishnu Orchestra - Inner Mounting Flame

Os dois álbuns têm vários pontos em comum: 1) instrumentais; 2) jazz-rock, fusion; 3) lançados nos anos 70. São fantásticos, mas reconheço que é preciso desenvolver um pouco de "estômago" para digeri-los. Não é uma audição fácil, ainda mais porque o som é datado (por causa dos teclados de Chick Corea e de alguns riffs funk de baixo de Stanley Clarke, no RTF; devido ao violino de Jerry Goodman, no MO). Mas isso, decididamente, é o de menos. O essencial, creio, não são propriamente as músicas: o que faz esses discos altamente influentes é a exibição dos músicos virtuosos e suas recíprocas interações (a nominata é assombrosa - RTF: Chick Corea, Al DiMeola - com 19 anos - , Stanley Clarke e Lenny White; MO: John McLaughlin, Jerry Goodman, Jan Hammer, Rick Laird e Billy Cobham).

Há algumas composições particularmente notáveis: MEDIEVAL OVERTURE (tem um trecho, no começo, que toca na Rádio Gaúcha, acho que no programa do Nando Gross, todos os dias, antes da Voz do Brasil) e SORCERESS - pelo lado do Return to Forever; MEETING OF THE SPIRITS e AWAKENING, no disco do Mahavishnu). Na música DUEL OF THE JESTER AND THE TYRANT, do Romantic Warrior, Al DiMeola toca um lick que é uma corrida furiosa, muito similar ao que John Petrucci utilizou no final do solo de AS I AM.

Em cada banda, há um músico que sobressai perante os demais: é o caso de Chick Corea e de John McLaughlin. Sobre este último, pode-se dizer que improvisa bastante nos solos (bastante intensos e "sujos", até com alguns "erros", que podem ser considerados como "excesso de entusiasmo"), e também pode ser considerado, por isso (e sem exagero), um Jimi Hendrix do rock progressivo.

Para o meu gosto, particular relevo tem os bateristas nesses discos (Lenny White e Billy Cobham). Os dois ocupam lugar de menor destaque a maior parte do tempo, mas exatamente por isso, ficam livres para improvisar levadas e rolos altamente inquietantes. O começo de AWAKENING, do Mahavishnu, é brutal. Certo é o all.music quando, ao referir-se a um desses bateristas (mas podia referir-se aos dois), diz que se apresenta "extremamente ocupado" com as baquetas e os tambores. É exatamente essa a imagem que eu faço desses bateristas, como se tivessem no meio de um ataque epilético, por assim dizer, durante as gravações.

Em MAJESTIC DANCE, do Return..., Al DiMeola já apresenta aquele famoso "staccato" no violão, que influenciou todos os guitarristas seguidores do estilo.

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