sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Resenha de livro - "The Rough Guite to the Rolling Stones" Sean Egan

Pouco depois de finalizar a leitura dos livros da série Rough Guide dedicados ao Led Zeppelin e ao Pink Floyd, firmei a convicção de que deveria tomar ciência de outros dois que eram noticiados na contracapa: Rolling Stones e Beatles. Afinal, tratam-se das duas maiores bandas de rock da história, e até então não sabia nada a respeito delas que fosse além do senso comum. Depois de alguns meses, e leituras infrutíferas no wikipedia, encontrei na Saraiva esse Rough Guide dos Stones.

A leitura me tomou vários meses, no ritmo "start-stop" e "start all over again". Mas serviu exatamente para o fim que me propus. Talvez o forte do autor não seja a descrição musical das composições, mas algumas dicas são muito boas e de acordo com o senso comum: o de que a época de ouro da banda é a da produção dos anos 1960, o de que os melhores discos dos anos 1970 são "Sticky Fingers" e "Some Girls". Descobri que Keith Richards é guitarra base - e aparentemente reconhecido por sua proficiência - e que Bill Wyman é um bom músico. Por outro lado, achei até exageradas as críticas ao som dos caras em parte dos anos 1980 e na íntegra dos anos 1990 e 2000, ou, dito de outro modo, o livro serviu para confirmar os meus pré-conceitos em relação ao som dos Stones nesse período (lembro que assisti pela TV aos shows da banda no Rio transmitidos ao vivo - teve um em 1999 e outro alguns anos depois - , com público recorde e tudo mais, e não fiquei impressionado com as músicas dos caras; a mim parecia que Keith Richards fazia mais poses do que tocava guitarra, e a apatia e repetição das mesmas batidas de Charlie Watts eram inacreditáveis).

Evidentemente que a partir daí fui atrás dos CDs e dos vídeos do youtube. E adquiri mais uma influência legal para os mega-hits da Osmar Band.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Discografia Dream Theater - Parte VI "Once in a Livetime" (1998)

Para quase todos os discos de estúdio do Dream Theater há um correspondente disco ao vivo da respectiva turnê. No caso de “Falling Into Infinity”, a banda lançou um duplo ao vivo e um DVD “Once in a Livetime” em 1998. Comprei o disco logo no lançamento, na Saraiva do Praia de Belas, por um preço tranquilo (acredito que já tinha alugado, poucos dias antes, na MadSound).

Assim como o anterior “Live at the Marquee”, acho que o timbre de guitarra distorcida de Petrucci está um pouco magro nessa gravação. No entanto, essa deficiência acaba sendo compensada com um set list abrangente e com diversas surpresas positivas. Apesar de não ser exibida na íntegra, é legal ouvir partes de “A Change of Seasons” e também o modo como os caras juntam trechos de diversas faixas para comporem um medley: o disco abre com as duas primeiras partes da sua faixa de 24min, emendam com “Puppies on Acid” (que nada mais é do que a introdução de “The Mirror” de “Awake”), culminando em “Just Let Me Breathe”. O trocadilho é inevitável: a sequência dá pouco espaço para respirar uma pausa. Ainda no CD 1 constam duas faixas longas de “Awake” (“Voices” e “Scarred”), além de “Take the Time” (com uma interminável jam “Freebird” do Lynyrd Skynyrd ao final, e o riff de “Moby Dick” do Led Zeppelin para concluir). O CD2, por sua vez emenda três do então disco novo (“Trial of Tears”, “Hollow Years” e “Take Away My Pain”), duas do “Awake” (“Caught in a Web” e “Lie” para dar uma acordada após duas baladas), mais uma do “FII” (“Peruvian Skies”), e finaliza com “Pull Me Under” e um medley com “Metropolis Pt. 1”, “Learning to Live” e a última parte de “A Chagne of Seasons” (“The Crimson Sunset”).

Essa ainda era a época em que havia espaço para tocar “Ytse Jam”, e ainda dedicar preciosos minutos para solos de guitarra, bateria e teclado. Se no primeiro e segundo casos, o resultado é previsível, o “Momento Lucky Strike” fica por conta do excepcional solo de piano de Derek Sherinian, que tenho como o melhor solo de um tecladista que já ouvi. Tem pouco menos de 2min e mostra delicadeza e agressividade, simultaneamente. No youtube há vídeos de pessoas tentando reproduzir o solo, mas infelizmente não há o registro do próprio Sherinian.

Esse duplo ao vivo representou, ainda, a tentativa do DT de agregar backing vocals: Petrucci e Portnoy se esforçam nesse sentido, mas o resultado ainda não é totalmente convincente (é um pouco irritante a voz anasalada e alta de Portnoy nos primeiros versos rápidos de “Take the Time”: “I´ve seen the promises, I´ve seen the MISTAAAAAAAAAKES”). De qualquer forma, era algo que eles precisavam incorporar para melhorar as performances ao vivo (e mesmo as gravações em estúdio) e com o tempo conseguiram resultados bem mais favoráveis.

Além disso, na época gostamos bastante dos trechos de covers inseridos subrecepticiamente em algumas músicas: “Have a Cigar” e “Enter Sandman” em “Peruvian Skies”, o tema de Luke Skywalker (ou da Força) no início de “Voices”, “Paradigm Shift” no solo de Petrucci foram os melhores momentos.

Em retrospecto, trata-se de um excelente e oportuno registro da formação com Derek Sherinian, bem como da competência dos caras na formação do repertório, com espaços para medleys e covers, o que serviu para abrir nossas cabeças quanto às possibilidades de uma apresentação ao vivo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ensaio The Osmar Band: "Dreiundzwanzig" 25.08.2009

Os bate-papos prévios aos ensaios estão rendendo tanto quanto a produção musical. Então o tempo dedicado a essa parte está diminuindo, mas parece que quando descemos para tocar, parece que estamos mais focados e compomos com mais tranquilidade. Fizemos uma jam com letra por inéditos 23min, sobre F e C (reprisando um motivo do ensaio passado, como bem flagrou o Alemão), com direito a muitos solos de guitarra (os acordes me limitaram bastante - fiquei só nas pentatônicas, mas tentei imprimir o máximo de "feeling") e de teclado. Com o Marcelo na harmônica em C, mandei uns acordes do tipo balada do tipo C-G-D-F alternadamente e arbitrariamente. Tocamos uma nova do último ensaio, com riff rocker "elaborado" em A e acordes G e D, na qual me empolguei e quebrei a corda B (resistiu quase um ano...). Segui até o final, e tive que fazer solos com string-skipping na pentatônica de A. Tanto quanto no ensaio passado, fiquei satisfeito com o timbre da BFG com o PODxt (dessa vez estava mais confortável com o braço estilo "pedaço de madeira" da BFG). Assumi, então, o baixo com captadores ativos (o timbre é bem alto, tem que arrumar uma regulagem não tão estalada e mais sossegada) e fizemos versões sem acompanhamento do teclado para uma clássica em A-G-F com refrão em F-E e letra sobre um problema que aflige os homens, bem como para outro hit com andamento mais faceiro sobre C-Bb e Eb-F e letra nada a ver que casa bem com os acordes (o Marcão cantou essa no ensaio anterior). O Alemão já assegurou o ingresso para o Yellowjackets com Mike Stern, e estou na expectativa de ainda conseguir os tíquetes com maior desconto.









quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Discografia Dream Theater - Parte V "Falling Into Infinity" (1997)

Em 1997 já conhecia perfeitamente o Dream Theater, de maneira que aluguei o mais recente lançamento tão logo vi o cd – “Falling Into Infinity” – na MadSound. E a minha primeira impressão, ao ouvir “New Millenium” e as demais faixas, foi a de não saber o que pensar a respeito do disco. De fato, demorei a firmar uma opinião sobre o álbum, sendo que a única convicção era a de que não se tratava de um disco tão bom quanto os anteriores, provavelmente pela maneirada no som pesado e no privilégio concedido a baladas e músicas com muita melodia. Hesitei por alguns dias, mas acabei comprando o CD numa das Multisom do Iguatemi (aquela que ficava perto da extinta Banana Records). Nessas condições, não é dos meus favoritos, mas com o tempo consegui adotar uma posição mais pacífica em relação ao disco, até porque não há como opor que o disco foi cuidadosa e detalhadamente produzido, composto e gravado de forma exemplar.

Agora já sabemos o panorama no qual foi concebido “FII”: o projeto era para um álbum duplo (havia muito material composto pela banda), mas a gravadora vetou a ideia, pediu um álbum mais comercial e ainda impôs um produtor conceituado (Kevin Shirley – depois dessa experiência, a banda conseguiu afastar produtores externos nos discos subsequentes). Conforme Mike Portnoy, isso se deveu a uma mudança nas cabeças decisórias da gravadora, e as novas peças não conheciam nem queriam conhecer a banda, acarretando essa intromissão tida como indevida (o célebre Desmond Child foi chamado para colaborar em “You Not Me”, modificando versos do refrão, o nome da música e aparentemente encurtando o solo de guitarra – essas modificações, salvo engano, melhoraram de fato a música), e falta de investimento na promoção dos discos da banda (as vendas ficavam limitadas aos fãs e seguidores habituais, em detrimento da agregação de novos fãs). O baterista sugeriu, até, que nessa época pensou em encerrar as atividades da banda. Assim, diferentemente do que eu (e muitos outros, pelo que se vê nas incontáveis resenhas – e palpites - disponíveis na internet) pensava na época, a mudança no som do DT não tinha nada a ver com a participação de Derek Sherinian (durante um tempo achei que por ser um músico muito ligado ao hard rock farofa, suas contribuições poderiam ter enfraquecido o som da banda, o que absolutamente não tem nada a ver, sobretudo quando se ouve o primeiro disco que o cara lançou logo depois de ser saído do Dream Theater: o extraordinário “Planet X”, com algumas músicas muito mais legais do que muitas das lançadas pelo próprio Dream Theater nos seus discos da era Rudess: como exemplo, basta citar “Apocalypse 1470 B.C.”, com virtuosismo inacreditável). Além disso, durante todo esse tempo achei que a banda contava com apoio incondicional da gravadora, tendo em vista o sem número de discos ao vivo duplos e triplos (!) e de DVDs duplos lançados no período (pensando em retrospecto, talvez isso se justifique mais pelo fato de que os fãs do Dream Theater adquirem tudo o que diz respeito à banda, notadamente os incontáveis bootlegs dos shows, e assim a gravadora poderia faturar em cima da avidez dos fanáticos, não coincidindo propriamente com alguma convicção artística no trabalho da banda). Por outro lado, lembro de entrevistas de John Petrucci para a Guitar World – nessa época já não comprava mais revistas de guitarra importadas, só lia as entrevistas e tablaturas na banca, geralmente a antiga Siciliano do Praia de Belas - , nas quais ele enfatizava que “FII” seria uma espécie de “Dark Side of the Moon” do DT, tal o cuidado com a produção e a composição das faixas. Admitiu, indiretamente, na ocasião, que o prog metal havia sido deixado em segundo plano ao dizer que “para os que querem mais prog estamos compondo uma música de 20min, tipo ‘A Change of Seasons’ para ser a continuação de ‘Metropolis Pt. 1’”. Por fim, no vídeo “5 Years in a Livetime” – registrado durante as gravações de “FII” e a turnê subsequente – há um momento em que Portnoy pergunta a Derek Sherinian o que ele estava fazendo, ao que o tecladista respondeu “fazendo história”. Parecia haver, seja como for, confiança no material, na qualidade das músicas e na direção que estava sendo tomada, independentemente dos bastidores tidos como desfavoráveis.

“Falling Into Infinity” é um disco enorme (quase 80min) com diversas faixas (11) muitas das quais totalmente diversas entre si em relação ao estilo: vários gêneros são representados, desde uma espécie de hard rock (“You Not Me”), até metal (“Just Let Me Breathe”), passando por (excesso de) baladas radiofônicas (“Hollow Years”, “Take Away My Pain” e “Anna Lee”) e músicas mais progressivas (longas e com várias partes, como “New Millenium”, “Lines in the Sand” e “Trial of Tears”). Há coisas para lamentar: (a) excesso de baladas radiofônicas (“Take Away My Pain” e “Anna Lee” são bonitas, mas são mais fracas que “Hollow Years”, e acabam sobrando); e (b) “Hell´s Kitchen” foi composta originariamente como uma parte de “Burning My Soul”, mas acabou se optando pela cisão da música em duas, a fim de viabilizar uma faixa pesada e curta como “single” ou algo do tipo (“Burning My Soul” ficou com pouco mais de 5min, ao invés dos 9min se contasse com a parte “Hell´s Kitchen”) – dessa forma, as duas faixas ficaram enfraquecidas, pois sem “Hell´s Kitchen”, “Burning My Soul” se torna uma música pesada comum – apesar de muito boa - na discografia da banda e “Hell´s Kitchen”, por si só, não tem força para se tornar uma faixa instrumental memorável. No geral, o clima é o de que a banda não conseguiu compor músicas fortes (clássicas) para acompanhar o material desenvolvido com sucesso em “IAW”, “Awake” e “ACOS”. Mas algumas músicas de “FII” são, de fato, excelentes, e pelo menos os timbres de Derek Sherinian (com o Korg Triton e o Korg Trinity) são os melhores que já apareceram na discografia da banda.

Sempre me pareceu estranho inaugurar um disco como “FII” com “New Millenium”. Há uma introdução com teclado (timbre massa de Sherinian) e fico na expectativa de evolução para algo extraordinário, que acaba não vindo, sobretudo quando se considera que quando James LaBrie aparece para cantar os primeiros versos, o faz num registro extremamente baixo (e agora se sabe que isso é decorrência de uma ruptura nas cordas vocais, não tratadas adequadamente, durante a turnê de “Awake”, sendo que essa condição afetou a performance do vocalista pelo menos até o disco “Six Degrees of Inner Turbulence”). A faixa é boa, no entanto, pela parte instrumental, na qual há uns duetos legais entre Sherinian e Petrucci, conduzidos por boas levadas de Portnoy.

Se lembrarmos que “Awake” tinha “Innocence Faded” não deveria causar estranheza que a segunda faixa de “FII” fosse uma do tipo “You Not Me”. É difícil dizer que uma música do Dream Theater é ruim, talvez parecendo mais correto dizer-se que é uma música ruim PARA o padrão Dream Theater (e mesmo isso é difícil de dizer, pois Portnoy costuma enfatizar que a banda, como seguidora do rock progressivo, pode se propor a fazer qualquer tipo de música que ainda assim não parecerá estranho ou despropositado, e nem comprometerá suas “raízes”). De qualquer maneira, “You Not Me” é um hard rock, e entendo que a música só teve a ganhar com o famigerado “input” de Desmond Child.

As coisas melhoram bastante em “Peruvian Skies”: apesar de que já conhecemos bastante o tipo de música que começa com um dedilhado com guitarra limpa e segue para momentos com guitarra distorcida, no caso do Dream Theater, porém, o dedilhado é bem legal, com notas imprevisíveis (ou, dito de outro modo, escolhidas de forma elegante e sofisticada), e com acompanhamento de uma boa levada de Portnoy e uns timbres legais do teclado de Sherinian. Após um dos melhores solos de guitara de Petrucci, a faixa evolui para culminar com um bom riff de heavy metal (esse tipo de riff era apresentado com moderação pela banda, e o resultado era sempre 100% bom), ao estilo “Enter Sandman” do Metallica (não por acaso esse riff é tocado brevemente na versão que apareceu no “Once in A Livetime”) precedido de um solo bem composto e executado por Petrucci.

A impressão ao ouvir “Hollow Years”, tanto quanto em “Another Day” de “Images and Words”, era de que seria uma música fácil de tirar no violão. Olhando, no entanto, para as tablaturas, verifica-se que há diversos acordes incomuns para o rock (algum jazzista ou bossanovista certamente vai achar uma barbada de tocar), então não foi dessa vez que descobri uma do Dream Theater para tocar na íntegra. É inegável que se trata de uma música bela, com melodias bacanas. Deveria ser a única balada do disco.

“Burning My Soul” tem um excelente solo de Sherinian, bem melhor do que muitos dos que posteriormente foram registrados por Ruddess e por Petrucci. Até a base do solo, conduzida por baixo e guitarra, é legal, com várias mudanças de compasso. A música é legal, com um riff pesado e diferente de guitarra (exige um pouco de ginástica da mão esquerda), mas teria ganho muito caso não tivesse sido-lhe retirada a parte que veio a formar “Hell´s Kitchen”, que sozinha parece uma peça inacabada. O final desta praticamente emenda com “Lines in the Sand”.

“Lines in the Sand” tem uma introdução longa de Sherinian (com timbres então inéditos e matadores, sabendo-se como se sabe que o tecladista curte sons que remetem à guitarra distorcida – o Korg Triton ou o Trinity era um dos instrumentos principais do cara na época com essa finalidade). Mas foi só quando ouvi com atenção a parte antes dos vocais, quando Petrucci começa a tocar um riff repetitivo e a bateria de Portnoy toca uma levada diferente na bateria por alguns compassos, até “acertar” a levada “correta” para aquele riff, que abri o ouvido para curtir – com moderação – essa faixa. Esses momentos em que Portnoy muda a levada para um mesmo riff (ou dá uma quebrada inesperada) são sempre legais. Lá pelas tantas a música abre para um solo muito inspirado de Petrucci (o cara ainda não era adepto das fritadas, como agora). O backing vocal de Doug Pinnick no refrão sempre me pareceu meio bizarro e descabido.

Outro momento legal de prog é em “Just Let Me Breathe”, que tem um riff com uns hammer-ons e pull-offs na 7.ª corda solta lá pelas casas 10 e 12. A música é a mais pesada e uma das melhores do disco e conta com mais um momento espetacular de interação entre Sherinian e Petrucci (este revelou na mesma entrevista para a Guitar World já referida que curte esses duetos e prefere aqueles em que toca padrões de três notas por corda).

Os caras encontraram espaço para mais uma balada, dessa vez com ênfase no piano: “Anna Lee”, que começa como uma espécie de “Wait for Sleep” do Sherinian (no quesito “introdução-de-piano”), mas que ganha outras partes e contribuições dos outros instrumentos. É a única letra de James Labrie, assim como a faixa seguinte é a única de John Myung (as demais foram escritas por Petrucci ou por Portnoy – este foi responsável pelas das faixas mais pesadas: “New Millenium”, “Burning My Soul” e “Just Let Me Breathe”).

Só fui ouvir com mais atenção “Trial of Tears” a partir da versão do triplo ao vivo “Live at Budokan”. Aqui não há espaço para heavy metal: não há riffs na 6.ª corda solta. Petrucci mostra a sua versatilidade e toca coisas realmente criativas na guitarra, e o mesmo se pode dizer das levadas de Portnoy, notadamente naquelas com baixo e bateria que precedem os solos (“Deep in Heaven”). É muito bom o refrão (“It´s Raining”) e toda a interpretação de James LaBrie, bem como a parte com acordes de violão (ou guitarra limpa) após o solo de Sherinian (“The Wasteland”). Trata-se de uma composição realmente repleta de melodias bonitas e momentos expressivos.

Particularmente entendo que o mérito de “FII” é demonstrar que o Dream Theater não estava preso a fórmulas, eis que cada disco era diferente do outro e mostrava certa evolução. Entretanto, a evolução preconizada por “FII” – seja por orientação da gravadora, seja pelo tipo de música que os caras estavam se propondo a compor – não guardava sintonia com os melhores momentos dos discos anteriores, de modo que por muitos anos vivi com um certo desapontamento e a convicção de que a época boa da banda foi a época com Kevin Moore (agora já acho que a época boa do Dream Theater vai até o “FII”). Entretanto, é possível escutar “FII” sem lembrar de “IAW” e de “Awake” e considerá-lo – não o melhor mas - um grande disco do Dream Theater.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ensaio The Osmar Band: "Zweiundzwanzig" 18.08.2009

Após uma semana de recesso, voltamos a nos reunir para a criação de novos hits. Os bate-papos pré-ensaio tem servido para nos deixar ainda mais a vontade na hora de empunhar os instrumentos; o Marcão sugeriu que fosse promovida a retomada da fase acústica que eles desempenharam por algum tempo antes do meu ingresso, na qual os caras tocavam na sala do Alemão, em volta do grand piano, com violão e tudo mais (enfatizou-se que a acústica, na época, era muito boa). Iniciamos com uma das composições mais recentes, baseada num riff meu estilo Rolling Stones em D e C e com refrão A, C e D. Depois disso, fizemos várias jams, nas quais o Marcelo acrescentou letras criadas na hora. Dessa vez o vocal ficou muito baixo, então ficou difícil acompanhar o que ele estava cantando. O Alemão puxou uma base típica dele em C e F; depois veio uma em A, G e F. Em ambas variei bastante o acompanhamento na guitarra, ora deixando soar as notas do power chord uma oitava acima, ora marcando as notas fundamentais como se fosse um baixo. Ocorreu-me uma sequência em A, G, F e E7 com intenção hispânica e possivelmente e em tempo diferente do 4/4. Tocamos outra com andamento típico, na qual consegui imprimir um riff de rock em E e depois o mesmo em A - o Marcelo fez uma letra com gauchismos, pois a melodia lhe soava familiar com uma milonga. Tentamos por instantes "Here Comes the Sun", que ainda me falta tirar os acordes certos (a melodia da guitarra já tá quase na mão). Por fim, lembrei de um riff que havia criado em casa, utilizando recursos de rock para os acordes A, G e D, com refrão em F, G e A. Os caras pareceram satisfeitos, e o Marcelo teve oportunidade para fazer um belo solo com a harmônica em C que ele reativou depois de muito tempo. Alemão já se agilizou para ver o Yellowjackets com Mike Stern, que vai rolar no início de outubro. Vou ver se tento fazer umas demos caseiras para algumas da banda, para consumo próprio e para base de futuros registros.













quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Discografia Dream Theater - Parte IV "A Change of Season" (1995)

Em 1996 vi para alugar, na extinta CD Express que ficava na Av. Independência esquina com R. Garibaldi, o então recente lançamento do Dream Theater, um EP com uma música de 23min – a faixa-título “A Change of Seasons” – e quatro covers (três medleys) de grandes bandas e artistas de rock, hard rock e de rock progressivo. Lembro que no caminho da locadora para casa fiquei imaginando como seriam esses covers, e como os caras haviam acertado na eleição das bandas homenageadas (Deep Purple, Queen, Led Zeppelin, Pink Floyd, Genesis, apenas para citar as que eu tenho CD em casa). Conhecia bem o Dream Theater, e o resultado desses covers parecia fascinante (nem esperava muito da faixa título, única composição original e inédita do disco). Algum tempo depois, quando foi lançado no Brasil, comprei o CD por um preço bem barato nas Americanas do Centro.

Portnoy observou certa vez que não há banda de rock progressivo que se preze que não tenha uma música de mais de 20min. No caso do Dream Theater, os caras já tinham desde a época de “Images and Words” uma faixa de uns 17min, chamada “A Change of Seasons” com letra do próprio Portnoy, que acabou sendo vetada pela gravadora para inclusão naquele disco. Essa versão original - a qual, particularmente, entendo que remete ao som da banda durante a fase “When Dream and Day Unite” - foi apresentada em algumas ocasiões nas turnês de “IAW” e de “Awake”, e atendendo ao apelo popular, os caras compuseram novas partes e gravaram uma versão de estúdio (o mesmo que abrigou as sessões para “IAW” e com os mesmos engenheiros de som), notabilizando-se, ainda, por conter a primeira contribuição de Derek Sherinian como membro integral da banda (de fato, comparando-se as versões, percebem-se várias mudanças, inclusive nas letras, todas para muito melhor).

Particularmente, essa é a melhor faixa de 20min já composta pela banda, e é dividida em 7 partes: a primeira é instrumental e conta com um dedilhado de Petrucci acompanhado do piano de Sherinian (achava essa parte tediosa, até que aprendi a tocar o dedilhado e achei genial), seguindo-se um riff arrasa-quarteirão com a guitarra de 7 cordas, o baixo e o teclado de Sherinian, com timbre magnífico (não tenho dúvidas de que Sherinian registrou os melhores timbres de teclado nos discos da banda), além de várias seções instrumentais; a segunda parte começa com um pequeno solo de guitarra –mais uma vez parece parte integrante da música – que antecipa a melodia do refrão, seguindo-se os primeiros versos e um excelente refrão (nas primeiras audições achei supreendente um refrão tão cedo numa música de 20min... a música parecia já a caminho de terminar antes, no entanto, de ingressar na primeira terça parte... mas esse é um dos jeitos de se compor músicas longas); a terceira parte tem um dedilhado com guitarra limpa muito legal, que exige abertura e agilidade das mãos, mas fora isso não é tão complicado de tocar depois de muito treino (lembro que quando ouvia não sabia de onde saiam tantas notas daqueles acordes – só com o auxílio da tablatura que as cosias ficaram mais claras); a quarta parte é instrumental, com vários riffs e passagens técnicas bem legais; a quinta parte tem vocais e é bem dramática, e tem um solo longo e muito melódico de Petrucci; a sexta parte é outra instrumental; a última parte é uma espécie de gran finale, com um tema de guitarra e tudo mais. “A Change of Seasons” contém o melhor solo de teclado de Sherinian e de um tecladista da banda, e é a melhor e mais completa música de 20min que os caras já registraram.

Inicialmente a parte de covers é que atrai interesse mais imediato, mas o ouro mesmo é a faixa-título original e inédita. Afinal, depois de algumas audições, os covers ao vivo se tornam repetitivos e previsíveis, como qualquer disco de cover e como qualquer disco ao vivo. Mas é notável o excelente resultado dos medleys, tanto pela execução como pela escolha dos covers. A primeira é uma clássica de Elton John, “Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding”, que permite uma longa introdução de Derek Sherinian acompanhado de solos de John Petrucci, que dá espaço para a empolgante segunda parte com vocais muito bons de James LaBrie.

Como fã de Deep Purple, teria pensado em uma centena de covers melhores ou mais interessantes (afinal, todas as bandas que não querem fazer cover de “Smoke on the Water” fazem cover de “Perfect Strangers”), mas deve-se admitir que a versão do Dream Theater para “Perfect Strangers” é muito boa, e traz como distinção a utilização da 7.ª corda no riff quebrado da parte instrumental (no original, a banda de Blackmore toca esse riff em A e depois em E, e o Dream Theater modula para B, uma cavalice).

A banda se revela, no entanto, nos últimos dois medleys: o primeiro, contendo três faixas clássicas e muito boas de rock do Led Zeppelin (“The Rover”, “Achilles Last Stand” e “The Song Remains de Same”), e o segundo, com músicas consagradas de diversas bandas (“In the Flesh” do Pink Floyd, “Carry On Wayward Son” do Kansas, “Bohemian Rhapsody” do Queen, “Lovin´ Touchin´ Squeezin´” do Journey, “Cruise Control” do Dixie Dregs, e “Turn It On Again” do Genesis). Diferentemente do caso anterior, as músicas escolhidas não são óbvias e a fidelidade – sobretudo na execução dos riffs de guitarra – é admirável (em alguns casos o cover, aqui, é melhor que o original).

O Dream Theater jamais veio a repetir essa estratégia de lançamento de um EP nesses termos; discos continuaram a ser lançados com regularidade, e durante um tempo a banda promoveu edições de Natal para os que se inscreviam para aquisição do CD especial no site, contendo mais covers, demos, remixes e edições alternativas – mais recentemente, Portnoy abriu seu baú de raridades e através da Ytse Jam Records são lançados discos do tipo “bootlegs oficiais” contendo shows especiais (a execução na íntegra de “Master of Puppets”, “The Number of the Beast”, “Dark Side of the Moon”, “Made in Japan”) e demos dos discos de estúdio (v.g., “Awake Demos”).

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Discografia Dream Theater - Parte III "Awake" (1994)

Mais ou menos na mesma época em que descobri o “Images and Words”, tomei contato com o “Awake” mediante locação na TV3 e gravação numa C-60 (provavelmente exclui “Space-Dye Vest” para caber na fita). No caso de “Awake” levei mais tempo para absorver a música do Dream Theater: o disco é longo (mais de 74 min) e as músicas de modo geral são compridas, de maneira que foi só quando no verão de 1996, em Torres, que ouvi com atenção o riff inicial de “The Mirror”, e então dei mais atenção e curti melhor as demais faixas. Em 1996 ainda estava longe de serem lançados no Brasil os discos do Dream Theater, e assim a versão que tenho é importada e adquirida na CD Express que ficava na Av. Independência.

“Awake”, de 1994, é um disco completamente diferente de “Images and Words” e marcou o fim de uma era do Dream Theater. O disco é pesado, sem hits nem canditados a hit, detalhadamente produzido, e - o mais decisivo - o último com Kevin Moore nos teclados. Aparentemente o cara estava insatisfeito com o som que a banda vinha fazendo e o ritmo das turnês e resolveu cair fora quase na mesma época do lançamento do disco, optando por uma carreira solo errante cujo maior êxito foi o projeto OSI (Office of Strategic Influence), capitaneado por Moore e Jim Matheos do Fates Warning (e que contou com Mike Portnoy na bateria pelos primeiros dois discos). Essa época turbulenta parece ficar evidente na letra de músicas como “6:00” (que abre o disco) e no clima de “Space-Dye Vest” (que fecha o disco), ambas de autoria do próprio Moore. Curiosamente, muitos dos melhores timbres de teclado registrados em estúdio pelo Dream Theater estão em “Awake” (“6:00”, “Caught in a Web”, “The Mirror”). Fato é que para a posição de tecladista foram promovidos testes com diversos candidatos, e o que se conta é que Jordan Rudess não quis ou não pôde assumir o posto à época, e então foi recrutado Derek Sherinian, já conhecido por sua participação no “Alive III” do Kiss (só recentemente foi revelado que sua participação se resumia à reproduzir nos teclados, com um timbre apropriado, a guitarra base de Paul Stanley, suprindo os vazios enquanto este pulava, cantava e dançava – e não tocava guitarra - no palco), além das turnês e discos de estúdio com Alice Cooper (conta-se que Sherinian tirou de ouvido toda a discografia do vocalista para a sua audição, e que Cooper chamou-o de “um verdadeiro rock star”, no bom sentido de certo, e o próprio tecladista afirmou que queria ser um "Gene Simmons do prog rock"). Sherinian foi admitido provisoriamente, para a turnê de “Awake” (de onde saiu um vídeo com uma apresentação em Tóquio, que foi o primeiro que assisti da banda em 1997 ou algo assim – nunca esqueço da desafinada forte de LaBrie em “6:00”: “Can´t KEEEEEP what he says (...)”), mas acabou integrando-se ao grupo definitivamente em 1995.

O disco abre de forma incomum com um rolo e uma levada de bateria de Portnoy: “6:00” tem letra de Moore e aparentemente trata de alguém enfastiado com a rotina diária de pequenos afazeres. LaBrie inaugura um novo estilo de vocal, mais agressivo, combinando com o clima sombrio que predomina em “Awake” (durante a turnê subsequente, no entanto, LaBrie sofreu ruptura das cordas vocais após um episódio de intoxicação alimentar, e a falta de pausa para um adequado tratamento prejudicou a performance do vocalista pelos anos que vieram; esse fato é perceptível já no disco seguinte – “Falling Into Infinity” – onde predominam registros mais baixos). Seguindo o padrão de “Images and Words”, o solo (muito legal, com belo timbre) da faixa é de teclado – e não de guitarra – e lembro de como achava legal uma banda na qual o guitarrista era tão bom mas ao mesmo tempo não se incumbia de tocar todos os solos de todas as músicas. De fato, durante muitos anos sequer sabia quais faixas tinham solos de guitarra, pois muitos deles são tão bem encaixados que parecem partes integrantes das músicas (quando não são apenas duetos com teclado/baixo). Não por acaso (e essa foi uma convicção que cultivei por bastante tempo) não conseguia dizer, entre Eddie Van Halen, Joe Satriani e John Petrucci, qual era o melhor guitarrista (entendido melhor como mais completo, com som mais característico e de difícil ou impossível imitação; hoje em dia já descartei Satriani e Petrucci, pois ambos, a essa altura de suas carreiras, parecem já ter demonstrado todo o seu conhecimento e estão apenas se repetindo nos seus respectivos lançamentos mais recentes). Com a saída de Moore, e de forma mais proeminente após a saída de Sherinian, os teclados deixaram de ocupar posição tão destacada, passando a ser secundário (ou menos) em relação à guitarra de Petrucci – o que é uma pena.

“Caught in A Web” é o primeiro registro do Dream Theater com Petrucci utilizando uma guitarra de 7 cordas, e de forma inusual para a banda os créditos para a letra são atribuídos a LaBrie e Petrucci (geralmente apenas um músico compõe uma letra). Não há maiores introduções: a música já começa com a banda inteira acompanhando o riff de guitarra, e Moore se destaca com uma melodia executada com um belo timbre de teclado. A faixa não supera muito os 5min, e encontra espaço para uma parte instrumental muito boa, com dobras de guitarra, baixo e teclado utilizando muitos cromatismos (essa parte chegou a ser exemplo de Petrucci em lição de revista de guitarra a respeito da utlização dessa técnica). A estrutura é de uma autêntica música de heavy metal, com a distinção de que na época Petrucci não compunha riffs comuns de heavy metal (o mesmo não se pode dizer a partir de “Train of Thought”). Ao vivo, durante anos, “Caught in A Web” acomodou o solo de bateria, e há ainda uma versão híbrida na qual os caras executam riffs e partes de “New Millenium” do disco “Falling Into Infinity”.

Se há alguma música ruim composta pelo Dream Theater, uma das candidatas é “Innocence Faded”. Acho detestável o início com um teminha de guitarra, mas quem tiver estômago para seguir em frente encontrará muitas partes diferentes em pouco mais de 5min, inclusive uma boa parte instrumental ao final, encerrando com um solo de Petrucci (a música se encaminha para o final no último refrão, mas volta para mais uma parte instrumental com solos de guitarra). Bem vistas as coisas, é uma música com altos e baixos, provavelmente decorrente de uma colagem imperfeita de partes diferentes compostas sem destinação específica (sabendo-se como se sabe que se há um método de composição do Dream Theater, este se baseia na reunião de riffs e partes compostos separadamente).

A melhor faixa instrumental de toda a discografia da banda é “Erotomania”, que inaugura uma espécie de suíte no meio de “Awake”. Pelo encarte do CD o único esclarecimento é que “A Man Beside Itself” é composta de “Erotomania”, “Voices” e “The Silent Man”, e todas elas apareceram desta forma no triplo ao vivo “Live Scenes From New York”. “Erotomania” serve para demonstrar, mais uma vez (mas ainda mais enfaticamente), a técnica de John Petrucci. Em pouco mais de 6min, a faixa alterna partes com cromatismos, riffs de heavy metal, dedilhados, melodias, momentos eruditos, sendo que o clímax é atingido numa parte em que Petrucci executa um padrão rápido com 6 notas por corda e com saltos, criando um efeito espetacular (para quem tem um pouco mais de treino com palhetadas e saltos de cordas, essa parte pode não ser tão difícil de reproduzir; a Burnin´ Boat abriu um show no Coruja de Minerva para a Hiléia, em 2004, e os caras executaram na íntegra e com perfeição essa música). É um instrumental matador, com todas as suas diferentes partes perfeitamente interligadas, num resultado que a banda não conseguiu repetir – pelo menos com a mesma empolgação – em oportunidades posteriores.

“Voices” é o primeiro épico do disco e é uma música muito boa, que chama a atenção pela estrutura incomum e suas diversas partes. Uma música de 9min do Dream Theater, nessa época, é certeza de muitos climas, mudanças de andamento, partes calmas e agressivas, etc. Quando entram os instrumentos até a parte cantada são executados riffs pesados com quebras muito boas. Os versos, por sua vez, são os momentos mais calmos, nos quais sobressaem a interpretação de James LaBrie, que por isso mesmo, acabou se tornando o vocalista imprescindível da banda (ninguém consegue imaginar outro vocalista para o Dream Theater – LaBrie conseguiu impor desde logo sua marca em todas as músicas dessa época, mesmo que se saiba das limitações do cara nas apresentações ao vivo). O refrão é muito legal, tanto pelos versos como pela parte de guitarra e teclado.

“The Silent Man” é uma balada excelente, com voz e violão, praticamente num estilo Mr. Big encontra Jimmy Page, composta por John Petrucci. Há vários acordes bonitos, não tão difíceis de tocar, e o refrão é marcante. O solinho de violão é curto e preciso.

É comum que após um momento calmo (como uma balada), as bandas toquem, logo na sequência, uma música bem agressiva. Pois este é o caso de “Awake”, no qual após “The Silent Man”, com seu clima de praia e “toca-aquela-do-Led-aí”, vem uma paulada na orelha com “The Mirror”. E se “Images and Words” não contou com letras de Portnoy, o mesmo não ocorreu em “Awake”. O baterista compôs a letra da música mais agressiva do disco (“The Mirror”), somando-se a John Petrucci para essa tarefa com mais força nos demais discos subsequentes (James LaBrie e John Myung contribuem em muito menor medida, e contrariamente ao caso de Portnoy, suas participações diminuem a cada disco). Os primeiros minutos de “The Mirror” – até o início dos versos – são a melhor parte, já haviam sido compostos à época de “Images and Words” e tinham o nome de “Puppies on Acid” (isso acabou aparecendo no duplo ao vivo “Once in a Livetime”). Trata-se de um riff executado com pausas na região mais grave da guitarra de 7 cordas abafadas, repetitivamente, mudando apenas a levada da bateria e os acordes tocados no teclado climático de Moore. Esse é o “Momento Lucky Strike” do disco: o teclado climático, as mudanças na levada de bateria e o riff monumental de guitarra bem repetitivo. Evidentemente que a música tem 7min e não fica por aí. Ao final já emenda com a próxima, “Lie”, outra que tem um riff pesado de guitarra de 7 cordas, só que a faixa é mais dinâmica. Acho até que as duas músicas poderiam funcionar como uma grande música de 14min, mas não é comum serem ambas executadas dessa forma nas apresentações ao vivo. “Lie” é uma das poucas músicas da época de Kevin Moore que contém um longo e característico solo de guitarra de John Petrucci, sem, no entanto, o exagero das fritadas que assolam os solos do guitarrista nos álbuns mais recentes.

Após tanto peso, “Lifting Shadows of a Dream” acalma o ânimo, sendo certo que se trata da melhor faixa composta por John Myung (admito que alguém pode debater que “Learning to Live” seria a melhor... e que “Trial of Tears” é boa de ouvir). A faixa começa com um riff de baixo executado com tappings e harmônicos naturais, formando uma bela melodia. O refrão é cantado por LaBrie com delicadeza, e a faixa ainda tem umas boas partes de guitarra limpa (com delays e tudo mais) e com distorção.

Outro épico de 11min é “Scarred”, com letra de Petrucci, e também começa com uma marcação no ride de Portnoy e uns acordes com tapping no baixo de Myung. Petrucci faz um solo introdutório, daqueles que não parecem solo e sim parte integrante da faixa, mais ou menos no estilo Steve Howe e Alex Lifeson. Gosto de toda a instrumentalização, com variações climáticas (pesado e suave) e ainda do refrão, com uma espécie de groove, destacando-se as diferentes melodias dos vocais e da guitarra. É um tipo de música – tanto quanto “Voices” e “Trial of Tears” - que a banda não faz mais (os épicos parecem mais padronizados e previsíveis a partir de “Train of Thought”).

Moore compôs sozinho “Space-Dye Vest” e, por essa razão, a música é conhecida por ser a única que a banda jamais interpretou ao vivo (Portnoy alega que se trata de uma composição muito pessoal de Moore, e que só poderia ser executada ao vivo com o tecladista no palco – o que já foi tentado diversas vezes, e sempre rejeitado por Moore; o cara já expressou que quer se desvincular do seu passado com o Dream Theater). De fato, a faixa remete ao trabalho que posteriormente foi desenvolvido por Moore em seus demais projetos.

“Awake” é um disco pesado e de não muito pacífica audição para iniciados e não iniciados, distanciando-se em certa medida de “Images and Words”, mas com certeza é um trabalho sólido e bem mais representativo da discografia da banda do que a maioria dos CDs mais recentes. Começa a ficar claro que em se tratando de Dream Theater, nenhum disco é igual ao outro e nenhuma música é igual ou parecida com outra, seja da banda, seja de outra banda, sendo certo que isso não mais pode ser dito a partir de, pelo menos, “Metropolis Pt. 2: Scenes From a Memory”.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ensaio The Osmar Band: "Einundzwanzig" 04.08.2009

28.ª ensaio The Osmar Band - 04.08.2009
Demonstrando regularidade inédita, reunimo-nos pela 3.ª semana consecutiva. Dessa vez, no entanto, estávamos em estado relax: conversamos bastante antes de plugarmos os instrumentos. Dedicamos bastante tempo para acertar e gravar uma versão-sem-muitos-erros de uma criação do último ensaio (com riff tipo Rolling Stones e vocal Camisa de Vênus), pois tivemos um pouco de dificuldade na transição do refrão para o riff principal. Depois, retomamos as clássicas: a do sotaque do centro do país, a que tinha uma introdução walking bass e é fundamentada nos acordes C-Bb e Eb-F (essa teve vocais competentes do Marcão, e um timbre fantástico de Hammond do Alemão, que desempenhou uns belos solos), a clássica do primeiro ensaio. Fizemos algumas jams, inclusive com o Marcelo na bateria (teve uma que fiquei solando com um timbre Brian May e rindo, ao mesmo tempo, de uns ruídos inusitados e grandiloquentes que o Alemão fazia enquanto tocava uma sequência de acordes - conforme abaixo). Ao final, rolaram fotos e vídeos. Decorrida mais da metade do ensaio, identifiquei a solução para uma inquietação antiga: sempre achei que o timbre do Alemão com o violão era muito melhor do que o meu (apesar do XT, da BFG e tudo mais), pois não importasse o quanto o "bass" estivesse no 10 e o "treble" no mínimo, o meu timbre sempre ficava muito mais agudo (e o do violão do Alemão, bem mais encorpado e rico em graves). Reparei, então, que na mesa de som o meu sinal estava com o "treble" no 10 e o "bass" no 0; depois de me certificar de que não havia empecilhos para tal, deixei tudo "flat" para regular o timbre no XT, e acredito que agora o resultado vai ser mais satisfatório.













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