quarta-feira, 30 de junho de 2010

CDs do Kiss - Parte XXXIV - "Sonic Boom" (2009)

Há pouco menos de 10 anos, Paul Stanley declarou que não seriam mais lançados discos de inéditas do Kiss. O cara estava decepcionado com (a) a baixa receptividade de “Psycho Circus” e (b) o fato de que os fãs sempre querem ouvir as antigas da fase mascarada, (c) a desunião da banda para a composição de novo material, e o recurso a compositores externos. Para Paul, não importaria o quanto fosse boa uma música como “Psycho Circus”, pois os fãs sempre diriam, “essa é ok, mas toca ‘Love Gun’ agora”. Nessas condições, de que adiantaria investir dinheiro e esforços numa tarefa inútil?

Evidentemente que os fãs de Kiss estão acostumados com a máxima “nada é sagrado e perpétuo”. É óbvio que, sob determinadas condições, quaisquer decisões em relação ao Kiss podem ser revistas. Encarei com naturalidade, então, o surgimento das primeiras notícias de que o Kiss havia retornado ao estúdio para gravar um novo disco de inéditas.

Os fatores que viabilizaram esse retorno foram, em apertada síntese, os seguintes: (a) o lançamento de um disco solo de Paul Stanley (“Live to Win”), no qual o cara foi o responsável por todas as decisões, e se sentiu confortável, confiante e, acima de tudo, apto para o desempenho dessa tarefa; isso teve como consequência (b) a imposição de condições para um novo disco do Kiss, como a não intrusão de terceiros (todas as músicas seriam compostas pelos integrantes da banda), e a outorga de plenos poderes a Paul para produzir o disco e tomar todas as decisões a respeito (sem ter que dar importância para palpites alheios, muitas vezes motivados por questões diversas da artística).

Antes, porém, a banda resolveu selecionar um repertório com as mais conhecidas e regravou esse material com a formação atual, só que tentando reproduzir o “espírito” das gravações originais. Aparentemente, a banda poderia capitalizar com essas novas versões empregando-as em comerciais ou coisas do tipo. O resultado foi lançado inicialmente apenas no Japão, mas a banda resolveu incluí-lo no pacote do que viria a ser o CD bônus do “Sonic Boom”.

Quanto ao material efetivamente novo, Paul decidiu que as gravações se fariam como nos velhos tempos, com todos tocando ao vivo, sem manipulações digitais, tentando ser o mais orgânico possível. As contribuições foram de Paul, Gene e Tommy, que assumiu a tarefa de Bruce Kulick na composição de riffs e estruturação das músicas. Foram atribuídas faixas para todos cantarem, o que não acontecia desde “Dynasty” de 1979.

Previamente ao lançamento, foram muitas as manifestações de Gene dando conta de que o novo disco seria um clássico do tipo “Rock and Roll Over”, com 10 faixas diretas e roqueiras, sem baladas e sem viagens, e sem músicas pra encher linquiça (em bom português, as sem as “fillers”). A expectativa era a de satisfazer todos os fãs da época dos anos 1970.

Entretanto, não escapou a ninguém o fato de que, na verdade, o disco não tem tanto de “Rock and Roll Over” (a não ser a arte da capa, que é praticamente igual, visto que foi promovida pelo mesmo desenhista) quanto Gene queria fazer crer. Bem vistas as coisas, é possível identificar riffs e partes que não soariam mal em discos como “Lick It Up” e “Asylum”. Evidentemente que predomina o clima anos 1970, sobretudo se considerarmos que praticamente todas as faixas são baseadas nos mesmos acordes (observada a afinação padrão do Kiss, qual seja, meio tom abaixo): A, G, D, C, E e F.

Indiscutivelmente a melhor faixa é a de abertura, “Modern Day Delilah”. Pode-se dizer que é a única que tem um riff de guitarra, utilizando a 6.ª corda solta. É uma composição típica de Paul, com riff principal, acordes nos versos (como em “I´ve Had Enough”, “Exciter”, “The Oath”), ponte e refrão. Tommy tem a oportunidade de executar um solo de guitarra com a sua assinatura; apesar do cara se valer (com excesso até) dos licks de Ace Frehley, há um lick com uns bends de meio tom, tom e tom e meio que me parecem ser uma marca pessoal.

“Never Enough” tem um refrão com uma parada tipo “Never enough, never enough) que me lembrou muito o refrão de “Slide It In” do Whitesnake. “Stand” tem refrão grandioso, para ser cantado em arenas, e a letra é do tipo ufanista. “Danger Us” é boa (apesar da “sacada genial” do título) e “Say Yeah” não me parece tão boa para ser a segunda faixa eleita para ser executada nos shows.

Sabe-se que Gene coleciona títulos de possíveis músicas e se vale de anotações pessoais para eleger algumas que renderiam uma letra e uma música. Assim, sabemos que “Russian Roulette” é um título candidato a virar música desde 1978, pelo menos. Finalmente ganhou vida em “Sonic Boom”, com uma letra sem novidades para o padrão de Gene. O início engana, mas quando entra o riff dos versos percebemos que estamos no familiar terreno dos acordes A, D e G. Outra desse tipo é “Nobody´s Perfect” que virou “Yes I Know (Nobody´s Perfect)”, ficando claro que Gene juntou na mesma música dois refrões: o primeiro é “Nobody´s Perfect” e o outro é “Yes I Know”, que encerra a música. “Hot and Cold” tem direito a cow bell e um refrão legal que Gene sabe fazer bem (interação entre vocal principal e vocais de apoio). Tentando dar mais peso é “I´m An Animal”.

Paul compôs a faixa que foi atribuída a Eric Singer. Sabe-se que o baterista é um cantor competente, apesar da voz não muito forte, e o cara mandou bem em “All For the Glory”. O mesmo se pode dizer de Tommy Thayer, que se saiu excelente em “When Lightning Strikes” (tem uma parte que acho que deve ser difícil de cantar, no verso “I´m alive (...)”, pois o tom sobe e exige um pouco mais de voz). Porém, Tommy copia uns licks de Ace (“Parasite”) e o solo fica com cara de “já ouvi isso em outro lugar e com mais propriedade”.

Junto com o CD veio um disco bônus, conforme já antecipei, com regravações de algumas das principais músicas da banda. Poderia se dizer que corresponde a um set list. Em qualquer caso, essas versões novas não superam as originais, sobretudo nos casos de “Forever” e “I Love It Loud”.

Um 3.º disco compõe, ainda, o pacote: trata-se de um DVD contendo 6 músicas gravadas na Argentina, em 05.04.2009 (no festival Quilmes Rock).

Esse álbum não foi lançado no Brasil, e nos EUA parece que é vendido com exclusividade em uma cadeia nacional de lojas. Se lá o preço é mais barato que um CD simples, aqui foi vendido com preço de disco duplo importado. Só encontrei na Cultura (não pesquisei nas lojas do Centro).

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Resenhas de CD – Rolling Stones “Bridges to Babylon” (1997)

Rolling Stones “Bridges to Babylon” (1997) 
A biografia que li dos Stones (da série “Rough Guide”) não recomendava nada a partir de “Tattoo You”. Nunca é bom adotar preconceitos dos outros, pois curti muito mais o “Steel Wheels”, consoante já expus. Depois de ouvir o também denegrido “No Security” (no Rough Guide dizia que esse álbum ao vivo só valia para a dupla de fãs que figurou na capa), tive uma boa impressão de faixas como “Flip of the Switch”, “Saint of Me”, “Out of Control” e “Thief in the Night”. Nessas condições é que resolvi trazer para casa a versão remasterizada de “Bridges to Babylon”, da Saraiva.

Não por acaso, as faixas citadas são as melhores do disco. “Flip of the Switch” é o rock acelerado (que nunca é despiciendo em discos de rock), “Saint of Me” e “Out of Control” têm bons refrões e “Thief in the Night” é uma bela música de Keith Richards. Todas elas, em especial as três últimas, me fazem crer e confiar que os Stones ainda conseguem compor um punhado de bons acordes e melodias.

Quanto ao restante de “Bridges to Babylon”, convém dizer que se trata de um disco no qual Mick Jagger tentou, mais uma vez, modernizar o som da banda, trazendo para produzir algumas faixas os famosos Dust Brothers. Então mais uma vez se assistiu ao conflito entre o “moderno” Mick Jagger e o “old school” Keith Richards. Achei o single “Anybody Seen My Baby?” uma das mais fracas do disco (realmente digno de “skip forward”), e “Already Over Me” não é tão boa como o Rough Guide quer fazer crer, embora admita que é uma das que mais se parecem com os Stones das antigas (sobretudo pelo vocal do refrão).

Gostei muito de uma das que mais sofreram tratamento dos Dust Brothers: “Might As Well Get Juiced” tem samplings e tal, mas curti bastante o som hipnótico que acompanha toda a faixa. Esse foi o caso de experimentalismo que deu certo, incluídos os vocais processados de Jagger.

Se “Bridges to Babylon” foi lançado apenas 3 anos depois de “Voodoo Lounge”, por outro lado, levou 8 anos para a banda voltar ao estúdio para gravar músicas inéditas (“A Bigger Bang”). Em todo o caso, “Bridges to Babylon” serviu para confirmar a minha predileção pela fase mais recente – que coincide com essas edições remasterizadas.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Discos Essenciais – Rush “Permanent Waves” (1980)

Rush “Permanent Waves” (1980)
Alguns discos do Rush são excepcionais para ouvir faixa-a-faixa. Nesses discos há uma grandeza nas composições, que não se confunde com grandiosidade, sendo certo que as músicas são muito diferentes entre si, e todas são excelentes. Acredito que a banda encontrou a medida certa entre o prog rock praticado até o final dos anos 1970 e o pop rock ou hard pop dos anos 1980 com os primeiros discos lançados na década de 1980. O melhor de todos é o mais conhecido, “Moving Pictures”, de 1981, e não por acaso a banda elegeu esse álbum para reproduzi-lo na íntegra na próxima turnê, ainda em 2010. O outro disco já foi objeto de comentários por aqui, o “Signals” de 1982. O último da trinca foi, na verdade, o primeiro a ser lançado: “Permanent Waves” de 1980.

Detive maior atenção a esse álbum em meados de 2008, na mesma época em que ouvi o “Signals”; mas diferentemente deste, não encontrei o CD para venda nas lojas daqui. Em data recente a Cultura disponibilizou nas estantes vários dos Cds remasterizados do Rush, dentre os quais o “Permanent Waves”; apesar de importado, resolvi levar pra casa, pois não era do tipo com preço de importado proibitivo (acima de 50 reais).

Diz-se, então, que “Permanent Waves” foi o primeiro passo da banda em abandono dos discos conceituais, das faixas longas e das partes instrumentais complicadas que marcaram a fase anterior (talvez o maior exemplo seja o álbum “2112”); aqui o trio canadense se concentrou em faixas enxutas, sem prejuízo da orquestração sofisticada e das demonstrações virtuosísticas (em bom nome da música, sem gratuidade). Além disso, os caras se abriram para novos ritmos como o reggae (evidentemente que os caras não compuseram músicas estilo Bob Marley ou Jimmy Cliff; com talento a banda faz breves referências).

Não há quem não conheça “The Spirit of Radio”, ainda que não ligue o nome à pessoa (quem não lembra da abertura do Jornal do Almoço, por aqui, nos anos 1980). Trata-se de uma das melhores composições do Rush, e é a música que abre “Permanent Waves”. Particularmente foi muito legal lá por meados de 2008 ir para o trabalho ouvindo essa faixa cuja letra começa falando sobre a alegria do rádio (e das músicas que tocam no rádio) na vida das pessoas. Marcante é a introdução de Alex Lifeson, com um riff rápido e hipnótico, o qual segue um riff pesado dobrado pela guitarra e baixo de Geddy Lee, o qual, por sua vez, cede espaço para uma bela sequência de acordes: E, G#/B, A, B. Há espaço, ainda, para uma parada na música, na qual há uns acordes reggae e depois um solo de guitarra shred de Lifeson. É o tipo de música que não enjoa. Enfim, é perfeita.

Disco bom é aquele que abre com uma música espetacular e segue com outra paulada. No caso, os trabalhos seguem com “Freewill”, que tem uma letra do tipo sacada genial de Neal Peart (se você decidiu não decidir, ainda assim decidiu-se por alguma coisa: não decidir). É mais uma música perfeita, musical e tecnicamente.

O disco conta com duas faixas longas: “Jacob´s Ladder” e “Natural Science”. A primeira tem uma introdução marcial, e segue toda ela bem pesada e escura. A segunda, por seu turno, começa com acordes num violão de cordas de aço, simples mas muito melódicos. Seguem-se várias partes, inclusive com riffs pesados e vocais bem altos de Lee (no limite entre o expressivo e o irritante).

Acho notável o trabalho da banda nesse álbum: fazer músicas com as características que consagraram a banda, e torná-las assimiláveis e enxutas. Mesmo faixas de 7 a 9min tem audição tranquila, sobretudo num ambiente no qual as faixas anteriores eram composições espetaculares como “The Spirit of Radio” e “Freewill”. Nada destoa, portanto. As faixas restantes, “Entre Nous” e “Different Strings” são boas mas não se destacam, servindo para manter as coisas num bom patamar.

“Permanent Waves”, enfim, é o primeiro da trinca dos meus discos favoritos do Rush.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Copa do Mundo 2010 - Brasil 3x1 Costa do Marfim (20.06.2010, Joanesburgo, jogo II, 1.ª fase)

Na segunda rodada da primeira fase quem se deu bem foi a Argentina, o Uruguai (encaminhou classificação aplicando 3x0 na anfitriã África do Sul, de Parreira), a Holanda (vitória magra sobre o Japão) e o Paraguai (vitória sobre Eslováquia encaminha classificação). Itália, com mais um empatezinho, Alemanha, com derrota surpreendente para a Sérvia, França, com derrota de 0x2 para o México, e Camarões, com derrota, de virada, de 1x2 para a Dinamarca, foram os destaques negativos. A França, particularmente, tem feito um papelão: Anelka foi cortado da delegação por ter ofendido o técnico Domenech; e o resto do time se recusou a treinar no dia seguinte. É evidente que o time francês vai embora mais cedo em 2010.

Eu, como tantos, esperava um jogo complicado do Brasil contra a Costa do Marfim. Afinal, passado o nervosismo da estreia, a segunda rodada é decisiva, sobretudo para o time liderado por Drogba que não havia passado de um empate sem gols contra Portugal. Só que o time de Dunga facilitou as coisas para si próprio e o Brasil jogou muito e ganhou por 3x1 num jogo duro. Luís Fabiano abriu o placar com um gol típico de artilheiro (fosse outro teria chutado a bola no goleiro). No segundo tempo, Luis Fabiano, em jogada individual e irregular (utilizou o braço para ajeitar a bola duas vezes, e ainda há quem diga que cometeu falta), ganhou de três defensores marfinenses e fez um golaço. Elano, antes de sofrer uma falta violenta e ser substituído, fez o seu segundo gol em Copas. Drogba aproveitou bobeira da defesa brasileira (Felipe Melo olhou para a bola e não acompanhou o atacante que vinha as suas costas) e fez o gol de honra. Os jogadores da Costa do Marfim não se preocuparam em jogar futebol tanto quanto deveriam e não mereceram maior sorte. Bateram nos jogadores brasileiros, que não pouparam protestos contra as faltas recebidas. O árbitro francês não coibiu a violência e ainda expulsou Kaká (o capitão brasileiro estava possuído e reclamando muito; num lance bizarro, um adversário esbarrou nele, caiu pretextando uma cotovelada ou algo do tipo, e provocou a expulsão de Kaká – 32 câmeras no estádio comprovaram que o brasileiro não fez nada, a não ser ter ficado de pé).

O jogo foi quente também depois do apito final: na entrevista coletiva, Dunga se envolveu em uma desinteligência com um jornalista, e não conteve xingamentos em voz baixa, captados pelos microfones. Particularmente, tenho achado muito divertido ver Dunga enfrentando dessa maneira os jornalistas, sem concessões e sem preocupação com boas opiniões a seu respeito. Dunga está dando uma de Jackass ou de Pânico (das antigas, quando diziam as coisas – muitas vezes indelicadas - na cara das pessoas). É evidente que Dunga não precisava criar e cultivar inimigos desse jeito – as coisas podiam ser feitas de maneira diferente e low profile -, mas enfim, todos conhecemos o Dunga e quem não gostar vai ter que engolir, como dizia o Zagallo (que disse “vocês vão ter que me engolir” e não lembro de ninguém dizendo o quanto ele era impróprio para o cargo que ocupava).

Próximo jogo, final pela primeira rodada: Portugal.

Brasil 3x1 Costa do Marfim: primeira fase da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul - Grupo G, 20/06/2010, Domingo, 15h30

Brasil: Julio Cesar, Maicon, Lúcio, Juan, Michel Bastos, Felipe Melo, Elano (Daniel Alves), Gilberto Silva, Kaká, Luís Fabiano, Robinho (Ramires).

Costa do Marfim: Barry, Kolo Touré, Siaka Tiéné, Eboué (Romaric), Zokora, Tiote, Yaya Touré, Demel, Kalou (Keita), Drogba, Dindané (Gervinho)

Estádio: Soccer City em Joanesburgo
Árbitro: Stephane Lannoy (FRA)
Gols: Luis Fabiano aos 25 minutos do primeiro tempo, Luis Fabiano aos 5 minutos do segundo tempo, Elano aos 17 minutos do segundo tempo e Drogba aos 24 minutos do segundo tempo. Cartões amarelos: Kaká, Tiéné, Tioté, Keita. Cartões vermelhos: Kaka.

Copa do Mundo 2010 - Brasil 2x1 Coreia do Norte (15.06.2010, Joanesburgo, jogo I, 1.ª fase)

Depois da desastrosa campanha na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, Dunga foi chamado para dirigir a Seleção Brasileira. De início, acreditava que o gaúcho faria uma espécie de mandato tampão, pois a época não era favorável e os candidatos eram escassos. No entanto, o cara se firmou, não sem dificuldades. Dunga se propôs a formar um grupo fechado com ele, e deu oportunidades para vários jogadores, novatos ou veteranos. Já é folclórica, nesse sentido, a aposta em Afonsão, que era o maior artilheiro na Europa, fazendo muitos gols pelo PSV Eindhoven. O cara não aprovou, assim como Vagner Love. Por outro lado, Dunga sempre botou fé em Robinho, e conseguiu firmar Luis Fabiano como centroavante goleador. A equipe que Dunga foi formando ao longo de quatro anos foi bastante criticada, mas o técnico sempre conseguiu resultados nas horas decisivas. Assim, apesar das desconfianças gerais (lembro bem de um notório narrador que lamentava o fato do Brasil não contar com seus maiores destaques, ao contrário da Argentina, que levava todos os seus medalhões), o time de Dunga venceu a Copa América de 2007. Em 2008, a Seleção não foi bem nas Olimpíadas em Pequim, e o ano foi salvo num amistoso contra a Itália. Essa partida (goleada e boa atuação contra os então campeões do mundo) me parece ter sido o ponto de partida para as bem-sucedidas campanhas na Copa América de 2009 e na Copa das Confederações de 2009. Sabe-se bem a bronca que Dunga "tem com" e "leva da" imprensa. Basta lembrar que a Seleção Brasileira de 1990 (treinada por Sebastião Lazaroni), que perdeu por 1x0 para a Argentina de Maradona e Canigia na Copa do Mundo na Itália, e se proclamou o fim da "era Dunga". Mais tarde, em 1994, o cara voltou como capitão da Seleção que ganhou o tetracampeonato. Formou-se, então, uma espécie de antipatia mútua, que só vem aumentando, sobretudo quando o futebol do time de Dunga é criticado, ao mesmo tempo em que consegue resultados expressivos.

A convocação para as Copas do Mundo sempre envolvem polêmica. Romário foi o centro das atenções na convocação para as Copas de 1994 (foi, e foi campeão), 1998 (não foi, machucado e tido como sem condições pela comissão médica) e 2002 (não foi, excluído por Felipão). Em 2006, Ronaldo já era chamado de gordo, mas o cara foi assim mesmo, virou o maior artilheiro da história das Copas, e foi isso. Desta feita, a imprensa do centro do país, que acabou acompanhada pela imprensa de outros estados, clamou pela convocação de dois jogadores que nos primeiros meses de 2010 apresentaram bom futebol: Neymar e Ganso, do Santos. Diz-se que o Santos joga futebol bonito, pra vencer, do tipo que toma gol mas faz muitos gols, e empilhou goleadas no Paulistão 2010. Ganhou, e ainda se deu bem na Copa do Brasil 2010, passando do Grêmio nas semifinais e se credenciando para a final (que se dará depois da Copa da África do Sul). Além deles, pleiteava-se a convocação de Ronaldinho Gaúcho, que tem atuações irregulares no Milan, mas é tido como o único capaz de desempenhar as funções de Kaká, sabendo-se que Kaká (e Luis Fabiano) vem de lesão e jogou pouco em 2010 (tanto Kaká como Luís Fabiano estão readquirindo forma física e técnica no decorrer da Copa). Dunga rejeitou todos eles, bem como Adriano (que se desconvocou por episódios extracampo – brigas públicas com noiva, fora de forma, jogando pouco futebol), e chamou apenas os jogadores que corresponderam do ponto de vista da hombridade exigida por Dunga.

O grupo do Brasil para a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, no papel, é complicado; são adversários na primeira fase a desconhecida Coreia do Norte, a Costa do Marfim de Drogba e Portugal de Cristiano Ronaldo, Deco e Liédson.

Se na Copa de 2006 os treinos eram abertos e (para mim, ridiculamente) transmitidos pela TV, agora praticamente nada se viu e se vê que não seja o desempenho da Seleção nos jogos da Copa. Dunga promove treinos fechados e a imprensa vem caindo de pau em cima da pouca disposição do técnico para facilitar o trabalho da multidão de jornalistas de rádio, TV e jornal (e internet). É só ver que os jornalistas acabam entrevistando-se entre si, pois não conseguem “exclusivas” com os jogadores ou com o técnico.

Seja como for, diz-se que favoritas são as seguintes seleções: Brasil, Argentina, Espanha, Holanda e Inglaterra. França, Itália e Alemanha não estão com grande força, mas são campeãs mundiais e por pior que estejam sempre vão longe.

A estreia do Brasil na Copa de 2010 seria contra a Coreia do Norte, em relação a qual nada se sabe. Até então, França, Inglaterra e Itália decepcionaram com empates nos jogos da primeira rodada, e a Holanda apresentou pouco futebol para vencer a Dinamarca. A Alemanha, de quem eu esperava muito pouco, apresentou o melhor futebol e detonou a Austrália por 4x0 com grandes atuações de Özil, Podolski, Klose e Cacau (brasileiro naturalizado entrou na etapa complementar e na primeira vez que tocou na bola fez o quarto gol). No dia seguinte da estreia brasileira, a Espanha surpreendeu perdendo de 0x1 para a Suíça.

Geralmente se espera que jogos de estreia do Brasil em Copas sejam nervosos e com pouco futebol. Não foi diferente contra a Coreia do Norte. A superioridade técnica era inegável, mas os norte coreanos se fecharam e o Brasil teve dificuldades para criar jogadas de ataque. A vitória veio só no segundo tempo, com um golaço de Maicon (que se aproveitou da famigerada bola Jabulani para dar um efeito “espírita” e fazer um gol sem ângulo) e de Elano. Kaká e Luis Fabiano não jogaram bem, mas o mais importante é os caras readquirirem ritmo de jogo. Maicon mandou bem. Achei que Michel Bastos esteve nervoso e tenho dúvidas sobre sua titularidade. Robinho se destacou pelo notável e incansável interesse no jogo, um tipo de atuação que nunca tinha visto ele desempenhar.

Próxima partida: Costa do Marfim.

Brasil 2x1 Coréia do Norte: primeira fase da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul - Grupo G, 15/06/2010, Terça-feira, 15h30.

Brasil:Julio Cesar, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto SIlva, Felipe Melo (Ramires), Elano (Daniel Alves) e Kaká (Nilmar); Robinho e Luis Fabiano.

Coréia do Norte: Myonge Guk, Jong Hyok, Chol Jin, Jun Il, Nam Chol e Kwang Chon; In Guk (Kum Il), Yun Nam, Yong Jo e Yong Hak; Tae Se

Estádio: Ellis Park em Joanesburgo

Árbitro: Viktor Kassai (Hungria).

Gols: Maicon aos 10 minutos do segundo tempo, Elano aos 26 minutos do segundo tempo, e Yun Nam aos 43 minutos do segundo tempo. Cartões amarelos: Ramires. Cartões vermelhos: Nenhum.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

CDs do Kiss - Parte XXXIII - “Kiss Symphony: Alive IV” (2003)

Desde 1998/1999 que se plantavam notícias a respeito de mais um disco da bem-sucedida série “Alive”. Inclusive um show foi registrado e esteve prestes a ser lançado como “Alive IV”, com Peter Criss e Ace Frehley, mas por alguma razão esse projeto foi engavetado, e o CD com esse show (uma espécie de “Lost Alive”) foi incluído (como “Alive: The Millenium Concert”) no box set que conteve os outros três “Alive” (“Kiss Alive! 1975-2000” de 2006).

Nessas condições, Gene e Paul já tinham despachado Ace (Peter havia saído mas voltou oportunamente – e depois saiu de novo, em definitivo) quando, em 2003, teve-se a ideia de registrar um show com uma orquestra de Melbourne e fazer o resultado como o “Alive IV”. O talentoso e prestativo Eric Singer e Tommy Thayer completaram a formação e a banda preparou um repertório fundado nas antigas, excessivamente (para o meu gosto) dedicado ao “Destroyer”. Pelo menos foram desencavadas algumas músicas realmente obscuras, como “Great Expectations” e “Shandi” (esta última notoriamente sempre teve boa receptividade junto ao público da Oceania).

A performance foi dividida em três partes: na primeira, apenas a banda subiu ao palco para executar meia dúzia de composições clássicas, ficando os destaques para “Lick It Up” (embora com andamento mais lento, o que prejudica a audição) e “Psycho Circus” (acho que pela última vez essa faixa foi incluída em set list). Na segunda parte a banda se fez acompanhar de uma versão reduzida da orquestra de Melbourne para tocar 5 faixas, dentre as quais “Beth”, “Forever”, “Sure Know Something” e “Shandi”. Por fim, Kiss e a orquestra sinfônica de Melbourne tocaram as 10 faixas do CD 2, 6 das quais da época do “Destroyer”.

Além do CD duplo, foi lançado um DVD duplo com embalagem bacana.

Na época do lançamento já estava escrevendo para este blog; segue uma espécie de resenha de então:

- Desde 2.º feira última (28/10), tenho ouvido direto o novo do KISS (Alive IV, com a Orquestra Sinfônica de Melbourne). Já tinha ouvido, “por alto”, os mp3, e constatado um som decente das guitarras. A formação é a original, com exceção de Tommy Thayer que toma o lugar de Ace Frehley. E Tommy faz o papel de Ace com perfeição (ainda falta ver o DVD pra conferir a performance no palco) – os solos são basicamente iguais aos do Alive I. Realmente, fiquei admirado com alguns licks reproduzidos fielmente, especialmente no final do solo de ROCK AND ROLL ALL NITE, entre outros bons momentos. A única diferença é que Ace tem um pouco mais de “intimidade” com a Les Paul – às vezes Tommy parece um pouco atrasado nos bends, mas isso não compromete o resultado.


Ao que me parece, na mixagem as guitarras ficaram na mesma altura – Paul, no lado esquerdo, e Tommy, no lado direito, sendo que nenhum sobrepõe-se ao outro, na maior parte do tempo. É legal de ouvir DEUCE E PSYCHO CIRCUS onde dá pra perceber onde cada um toca diferente as mesmas partes. O som das guitarras tá bem ardido – alto e com boa distorção. Não é heavy como o Alive III, nem rockinho como o Alive! Ficou muito legal a parte de Paul em STRUTTER.


O que seria o aspecto negativo do disco – a bateria de Peter Criss – acaba não atrapalhando tanto. O instrumento ficou bem baixo na mixagem; e já é conhecida a falta de condições físicas do baterista pra acompanhar os demais. Contudo, se Peter fracassa em algumas faixas (DEUCE começa com Paul afuzel – quando a batera entra, a música claramente perde o pique inicial; FOREVER também é outra que ele se limita a acompanhar a levada), em outras demonstrou que funciona bem (KING OF THE NIGH-TIME WORLD, e outras). O disco seria perfeito com outro timbre de bateria (a caixa é irritante) e com o Eric Singer.


E a orquestra? Achei que a orquestra desempenha o papel ideal nessas ocasiões: a de ACOMPANHAR as músicas. Diferentemente do cd do Metallica com a orquestra, em que esta, às vezes, parece estar tocando outra música, no Alive IV há somente um reforço, que muitas vezes é imperceptível.


Por outro lado, é notório que o repertório do KISS não se presta muito para essas orquestrações – fica bizarro uma orquestra acompanhando músicas eminentemente rockers, tipo KING OF THE NIGHT-TIME WORLD, SHOUT IT OUT LOUD, entre outras. FOREVER também não souberam aproveitar adequadamente – inclusive, mudaram o jeito de tocá-la (o ideal teria sido Forever no acústico e EVERYTIME I LOOK AT YOU, nesse Alive IV). Também não ficou legal a reprise de músicas do acústico – GOIN´ BLIND e SURE KNOW SOMETHING. Deviam ter aproveitado a orquestra pra tocar outras músicas obscuras – alguma outra do solo do Gene, ou alguma do solo do Paul (TONIGHT YOU BELONG TO ME, TAKE ME AWAY/TOGETHER AS ONE são as que me ocorrem). De qualquer sorte, pelo menos teve GREAT EXPECTATIONS. BETH também serviu, mas às vezes a orquestra pareceu meio travada (especialmente nas partes “Beth what can I do”).


Ainda sobre o repertório, achei que faltaram I LOVE IT LOUD e HEAVENS ON FIRE.
Em que pese tudo isso, curti bastante o cd, e o MVP dessa formação é o noviço Tommy Thayer, que já compôs músicas pro KISS (Carnival of Souls). Vamos ver se ainda rola algum cd com músicas inéditas – absolutamente imprevisível.


- continuo ouvindo (quando dá tempo de ouvir alguma coisa), e percebi que faltou ainda algumas coisas a serem ditas.


A primeira é quanto ao vocal do Tommy Thayer, que parece muito bom, vide o "Come on everybody shout it now" em SHOUT IT OUT LOUD.


A segunda é as alterações na letra de GREAT EXPECTATIONS, feitas por Gene, onde ele inlcui Paul e Peter nos versos : "You watch Paul playin´guitar/you see what his fingers can do"; "And you watch Pete beatin´ his drums/you see what his hands can do".

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ensaio The Osmar Band - "Sechsundreissig" 08.06.2010

Ensaio The Osmar Band – 08.06.2010

Ultimamente tem sido competitivo compatibilizar as agendas, então fiz mais uma rodada dupla para não perder o ensaio da Osmar Band (fiquei retido no primeiro período em uma reunião de condomínio). Nessas condições, optei por levar apenas o baixo SX, reativando o instrumento que estava parado há vários meses. Os caras já estavam embalados quando cheguei, mas diferentemente de outras vezes entrei no pique em seguida. Uma música de dezembro/2009 estava sendo revisitada: uma que utilizei bastante o então recém adquirido Cry Baby e que tinha um riff com escala “oriental”. O baixo, plugado, estava com o som quase inaudível, e o Marcão acabou dando um jeito nos cabos e nos volumes. Com o Alemão no violão de cordas de aço, fizemos versões que queríamos fazer para a clássica do primeiro ensaio, pois percebemos que havia uma gravação comigo no baixo que ficara bem próxima do “modelo”. Depois, tocamos a do sotaque do centro do país (que está ganhando sotaque portenho), e o Alemão ainda sugeriu um medley entre as duas, que utilizam o mesmo acorde D. Mandamos bem em todas as situações. De volta ao Triton, o Alemão mandou a introdução e acabamos gravando-a com a letra de encerramento. Cogitamos outras possibilidades de medleys.











segunda-feira, 14 de junho de 2010

CDs do Kiss - Parte XXXII - "The Box Set" (2001)

Kiss "The Box Set" (2001)
Admito que quando tive notícia do lançamento de uma caixa de CDs do Kiss, ao olhar o conteúdo (track list), não fiquei empolgado. Afinal, se já tinha toda a discografia dos caras em CD, em pouco acrescentaria “The Box Set”, com 5 CDs, nos quais grande parte das músicas eram as mesmas lançadas nos discos originais. Julguei que as poucas demos e versões ao vivo não justificavam a compra. Entretanto, o Valmor/Bruce disse que o Pedro/Pepe já tinha comprado a caixa antes do Natal de 2001, e por essa razão resolvi comprar também, na extinta The Wall do Iguatemi, se não estou enganado (o preço era compatível com os praticados pelas outras lojas, como a do Getúlio, mas tinha a vantagem da pronta-entrega).

Como todos os lançamentos especiais recentes do Kiss, trata-se de uma caixa com uma bela apresentação. Os CDs ficam bem acondicionados, e são acompanhados de um grande booklet com muitas fotos legais e comentários de quase todos os integrantes sobre cada uma das faixas (ou sobre a época da respectiva faixa). Geralmente as histórias são interessantes, pois é sabido que Gene Simmons e Paul Stanley são bons contadores de histórias, ou são bons em tornar uma história interessante.

Particularmente, o meu disco favorito é o 4, que compreende o período de 1982 até 1989, embora só apareçam músicas do “Lick It Up” até o “Hot in the Shade” (as músicas do “Creatures of the Night” ficaram no disco 3, o que foi uma pena – teria sido mais coerente dois discos exclusivos para os anos 1970 e dois discos exclusivos para os anos 1980). Legal ouvir que “Ain´t That Peculiar” é exatamente igual a “Little Caesar”, de maneira que se pode concluir que Eric Carr compôs integralmente a faixa, que teve a letra reescrita por Gene para a versão que aparece em “Hot in the Shade”.

Para quem já tem a discografia dos caras em CD, os destaques são para as faixas inéditas. Assim, é curioso ouvir “Mad Dog”, uma demo de Gene Simmons que contém um riff muito bom que restou subutilizado em “Flaming Youth”; a demo de Paul Stanley para “God of Thunder”, muito diferente da versão do “Destroyer” com o Gene nos vocais, mas igualmente legal (a versão de Paul é muito legal, mas é justo tê-la como muito parecida com outras do cara como “Makin´ Love”, então Bob Ezrin fez a coisa certa ao diminuir a velocidade e impor os vocais de Gene); a demo de “Love Gun”, praticamente igual à versão de estúdio; a demo de Gene para “You´re All That I Want, You´re All That I Need”, melhor que a faixa que apareceu no “Unmasked”; a demo caseira de Gene para “Domino”, e o depoimento do cara no booklet, esclarecendo que a modulação para F# no solo de guitarra foi sugestão de Bob Ezrin; além da versão para “It´s My Life”, que é uma clássica faixa rejeitada na época do “Creatures of the Night”. Além disso, pode-se consluir que “She” e “Love Her All I Can” ficaram muito melhores quando revisitadas pelo Kiss (para o disco “Dressed to Kill”) em comparação com as originais do Wicked Lester.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Resenha de Cds – Rolling Stones “No Security” (1998)

Rolling Stones “No Security” (1998)
Há quem diga que discos ao vivo de bandas que já têm vários desse tipo de registro em sua discografia é o tipo de lançamento “caça-níquel”, pois não há intuito artístico, e sim meramente comercial. Fato é que os fãs consomem discos ao vivo e se dispõem a pagar (caro) por registros de shows (mesmo os de péssima qualidade). Então não vejo mal algum numa banda capitalizar com esse tipo de recurso, sobretudo quando se preocupa em oferecer uma espécie de souvenir de determinada turnê, apresentando músicas dos discos mais recentes e músicas mais antigas que por anos são negligenciadas nos set lists e/ou ainda não haviam aparecido sob esse formato.

“No Security” é da turnê de “Bridges to Babylon” e, embora o track list tenha excesso de músicas marcha-lenta no decorrer, é um bom disco. Os destaques são “You Got Me Rocking” (uma das minhas favoritas rockers da banda), uma bela versão da clássica “Gimme Shelter” e “Thief in the Night” (uma das boas faixas de Keith Richards). Dependendo do estado de espírito, dá pra ouvir numa boa “Memory Motel” e “Sister Morphine”, mas o mesmo não se pode dizer de “Corinna”. Outras boas são “Waiting on a Friend” e “Out of Control”, além de “Respectable” e “The Last Time”.

Poderia dizer que o repertório é homogêneo, pois não fosse pela consulta ao Wikipedia, não saberia que “Flip the Switch”, “Out of Control”, “Saint of Me” e “Thief in the Night” são do disco então mais recente (“Bridges to Babylon”), pois a meu juízo todas estão no mesmo nível das canções mais antigas (entendo até que são superiores a “Respectable” e “The Last Time”, por exemplo).

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Shows XXXII - Superguidis e Prozak (Bar Opinião, 07.06.2010, 22h)

Superguidis - Bar Opinião 07.06.2010
Demorou mas finalmente se reuniram as condições para acompanhar show de uma banda de parceiros musicais. Na semana passada não pude comparecer na estreia da Worldengine no Revolution (abrindo para Anneke), mas como a Superguidis, do Andrio (companheiro de URSO), está numa rotina frenética de shows, pude vê-los no Opinião, em 07.06.2010. Combinei com o Valmor e este chegou com o Brenno (ambos com as cônjuges) e às 22h estávamos prontos para ver os shows; só que eventos desse tipo atrasam, e assim foi bem depois das 23h que a Prozak, banda de abertura, iniciou os trabalhos.


Não estava previamente familiarizado com o trabalho das bandas (a não ser algumas da Superguidis que vi no youtube), mas da Prozak achei positivo o excepcional timbre das guitarras (especialmente na primeira música, que achei a melhor - uma Telecaster com fabricante tapado com tinta preta no instrumento, e uma parecida com PRS, humbuckings e tudo), bem ardido e uma complementando a outra. Além disso, achei que o vocalista, na medida do possível, soltava bem a voz, embora fosse incompreensível a maior parte dos comentários entre as músicas.


Tivemos rápidos momentos para registrar a presença de todos da URSO, e foi muito bom rever os caras depois de tanto tempo, só reforçando a noção de que são todos fora de série. O Brenno deu uma grande moral quando revelou que acompanhava com interesse as resenhas sobre os Cds do Kiss, sendo certo que o cara demonstrou que também conhece os discos. O Andrio, por sua vez, fez comentários sobre a excursão da Superguidis pela Argentina (São Miguel, Mar del Plata e Buenos Aires); preocupante foi o fato de que a Fender Strato foi avariada pela companhia aérea ou pessoal do aeroporto na viagem de volta (era uma tocar um dano moral & material neles).


O set da Superguidis começou muito bem. Não demorou e os caras chamaram ao palco uma das lendas do rock gaúcho, o Frank Jorge, para acompanhar na guitarra (e nos backing vocals) o hit da banda, “Não Fosse o Bom Humor”. Não por acaso é a melhor música, com várias partes e até um riff com pausas, destacando-se entre os power chords.



Trouxe para casa o disco mais recente da banda, “3”, a fim de me familiarizar com o repertório. Só que percebi, em casa, que algumas das boas faixas que foram tocadas no show estão, também, nos Cds mais antigos. Tem uma, especificamente, que achei uma melodia bem boa, que o Andrio executa simultaneamente na guitarra e no vocal. Vou pesquisar.


Lá pelas tantas o Lucas acionou a Epiphone Firebird que pertence ao Pedro/Pepe. O timbre se mostrou característico, e o visual ficou bacana, o Valmor e eu aproveitamos para as fotos.


O show teve outras participações especiais, como o Artur de Faria no acordeon, e um outro cara que subiu ao palco embriagado e cantou uma música (nota mental: não convidar para participações especiais amigos embriagados a ponto de comprometer a performance).


Apesar do calendário de shows consecutivos, a banda estava para um repertório abrangente. Infelizmente já passava das 1h30min da madrugada de terça-feira e fomos vencidos pelas obrigações cotidianas, então deixamos o Opinião perto do final do show.


Destaque para a banda bem ensaiada e os vocais bastante expressivos do Andrio. O cara solta a voz de verdade, e se faz ouvir perfeitamente ao microfone entre as músicas. Tanto Andrio como Lucas levaram numa boa todos os problemas técnicos com as guitarras (quebra de cordas, strap lock, afinações alternativas, troca de instrumentos), e para isso ajudaram os eficientes roadies. O público, pequeno e tímido durante a apresentação da Prozak, foi muito bom no show da Superguidis, com ocupação da “pista de dança”; além disso, era nítido que as pessoas conheciam as músicas e pediam outras.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

CDs do Kiss - Parte XXXI - "Psycho Circus" (1998)


Bons tempos aqueles de meados dos anos 1990 quando o Kiss voltou a ter as atenções da mídia a partir da reunião da formação original e da gravação de um novo disco com material inédito. Os caras aproveitaram o momento favorável (“Revenge” e “Alive III” foram bem recebidos, além dos vídeos muito legais “Konfidential” e “Kiss My Ass”, e um renovado interesse do público face às manifestações de diversos músicos citando o Kiss como grande influência) e aderiram à série “MTV Unplugged”, lançando um disco muito bom (que contou com a participação de Ace Frehley e de Peter Criss na parte final, para quatro faixas).

Para a produção foi recrutado o “Rick Rubin” da época, o finado Bruce Fairbairn; o cara produzira “Slippery When Wet” do Bon Jovi e “Pump” do Aerosmith”, além de outros álbuns excelentes ou muito bem sucedidos como “The Razor´s Edge” do AC/DC, “Get a Grip” do Aerosmith, “Balance” do Van Halen, então parecia a escolha certa para o que viria a ser o “Psycho Circus”. No entanto, as sessões não foram pacíficas. Os músicos enviaram fitas com demos para Bruce que elegeu as que fariam parte do disco, e alterou significativamente os arranjos de muitas das faixas, o que para Paul comprometeu o resultado final.

Além disso, diferentemente do que se divulgou na época, Ace, Gene, Paul e Peter não tocam em todas as faixas; hoje em dia se sabe que Kevin Valentine só não tocou em “Into the Void” e que Tommy Thayer tocou todos os solos de guitarra com exceção de “You Wanted the Best” e “Into the Void”. Diz-se, ainda, que Ace e especialmente Peter forçavam a barra para fazer incluir músicas próprias, que foram tidas como imprestáveis (apenas “Into the Void” de Ace foi para o disco, sendo que a faixa cantada por Peter foi composta por Paul, e que o single lançado no Japão, “In Your Face”, cantado por Ace, foi composto por Gene).

Nessas condições, “Psycho Circus” alcançou uma boa posição inicial na Billboard, mas caiu em seguida e suas vendas foram decepcionantes. E se o álbum foi decepcionante para os fãs, o foi também para Paul Stanley que por 10 anos se recusou a lançar um novo disco com material inédito, sob alegação de que os fãs só queriam saber de ouvir “Love Gun” e outras das antigas, independente de serem boas ou não as músicas novas.

A faixa-título é a melhor e tem característica de Kiss clássico; Paul disse que apresentou a faixa para Bob Ezrin e disse que o produtor o parabenizou e admitiu que ali estavam todos os ingredientes que ele sugeriria acrescentar, e provavelmente deve se referir ao refrão, ao dueto à la “Detroit Rock City” e ao solo de guitarra simples e extremamente rocker.

O disco continua bom com “Within”, uma das pesadas de Gene. A partir daí, no entanto, o que se tem são composições razoáveis para baixo, e de maneira geral tenho restrições quanto ao timbre da bateria (estalado, sendo que o instrumento parece estar sendo tocado por um iniciante sem recursos técnicos e sem confiança) e das guitarras. Acredito que a produção foi fator determinante para a baixa cotação de “Psycho Circus”, sendo certo que a banda só se animou a lançar um disco de músicas inéditas apenas 12 anos depois.

“Into the Void” é uma boa música de Ace. “We Are One” é uma balada dispensável (ficaria melhor num disco solo de Gene) mas que foi eleita pelas rádios de Porto Alegre para divulgar o show que a banda fez por aqui em 1999. “You Wanted the Best” conta com os vocais de Gene, Paul, Ace e Peter, e tem uma letra interessante pois cada um canta um verso, e são interpretados apropriadamente. A música de Peter foi composta por Paul e Bob Ezrin e é muito fraca. Por outro lado, “I Pledge Allegiance to the State of Rock & Roll” e “Raise Your Glasses” (apesar do riff dos versos) são bem decentes. “Dreamin´” tem coautoria de Bruce Kulick e sofreu acusação de plágio de uma música de Alice Cooper, embora essa história não tenha ido adiante.

O álbum foi apresentado da maneira mais sofisticada possível, com recursos de animação e tudo mais. Algum tempo depois (aproximadamente um ano) foi lançada uma edição especial com um CD bônus contendo 6 músicas registradas ao vivo.

A banda chegou a gravar um CD ao vivo que seria o “Alive IV”, mas por alguma razão o projeto foi engavetado (só apareceu com o box set “Alive”), e se dedicou a sucessivas turnês, nas quais houve mudanças de pessoal (Eric Singer voltou às baquetas, assumindo a máscara de Peter Criss, e Tommy Thayer – que chegou a ser instrutor de Ace Frehley para que este tocasse os solos e as músicas tais quais registradas nos discos dos anos 1970 – vestiu a fantasia de Ace).

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