terça-feira, 29 de julho de 2008

25 anos - Grêmio campeão da Copa Libertadores de 1983

Em 1983 eu já era gremista, e desde que me conheço o Grêmio é campeão da Libertadores e do Mundial. Lembro de ir com o meu pai ao Estádio Olímpico, dos principais jogadores (Mazarópi, Renato, Tarciso, De Leon, Baideck, Paulo Roberto, China, etc), da chegada do time campeão do mundo no caminhão dos bombeiros (vimos os jogadores passarem com a taça na João Pessoa, quase esquina com a Venâncio), e tudo mais. E faz uns 15 anos que queria, por tudo, ver a íntegra do jogo final da Libertadores e do Mundial de 83; há pelo menos uns 10 anos firmei a convicção de que isso renderia um vídeo; e desde que vi a caixa de DVD´s do Chicago Bulls, dinastia NBA, com um DVD dedicado para um compacto do campeonato, de um lado, e de outro a íntegra de um dos jogos dos play-offs, que me pergunto por que não é lançado um DVD com a íntegra da final da Libertadores e do Mundial de 1983. Isso venderia por si só, e minha convicção ficou sedimentada depois do DVD sobre a Batalha nos Aflitos.

Não houve anúncio algum, e dessa forma foi por pura sorte que no domingo, pouco depois do meio-dia, mudei de canal e vi que no 36 tava passando a final da Libertadores de 1983, pois no dia seguinte, segunda-feira, 28.07.2008, completaria 25 anos desse título gremista. Por sorte, também, estava a mão com o gravador, e perdi apenas os primeiros 5min30s do jogo. Antes de sair de casa, vi o 1.º gol, de Caio, aos 9min. Deixei gravando e vi tudo à noite. E vi que o Grêmio atacou como nunca até fazer o gol, e depois até os 15min, geralmente pelo lado direito (embora o gol gremista tenha partido de um cruzamento pelo lado esquerdo). O Peñarol, como se sabe, era o atual campeão mundial e lutava pelo bi da Libertadores. Então os uruguaios não demoraram para equilibrar o jogo, e a partir dos 30min exercer domínio. E no final do 1.º tempo, o time de Valdir Espinosa estava bem recuado, errando passes, e sofrendo a pressão do Peñarol (é incrível como isso, hoje em dia, não é surpresa). Apesar de tudo, nenhuma conclusão chegou com perigo ao gol do Mazarópi. Mas bem sabemos que isso não quer dizer nada; o adversário pressiona e uma hora vai fazer o gol.

E o 2.º tempo começou do mesmo jeito que terminou o 1.º, i. é, com a bola no pé dos uruguaios. O jogo, para ser franco, foi muito ruim, mas muito disputado. E na época não tinha essa de fair play. Os uruguaios batiam afu: o Tita arrancou pela direita, tentando puxar um contra-ataque, e um uruguaio deu uma rasteira chutando as pernas do Tita por trás. Falta é evidente que foi marcada, pois esse lance é falta hoje e era falta em 1983. Mas nada de cartão amarelo. Lance normal de jogo. Então dá-lhe cotovelada pelo alto - e por baixo uma bica na canela.

Na metade do 2.º tempo, o Peñarol conseguiu ficar um tempão no ataque: cobrança de lateral, escanteio, chutes, rebotes, e a bola não saia do campo do Grêmio. Falta pelo lado esquerdo, Venâncio Ramos cobrou com delicadeza impressionante, alçando a bola na área como se fosse com a mão, e Morena, artilheiro uruguaio, fez o gol de empate. Minutos depois Mazarópi salvou e, no rebote, De León tirou em cima da linha. O comentarista, então, comentou: "O Renato não está mostrando bom futebol. Ele é um jogador essencial, e está na hora de ele aparecer para dar a vitória ao Grêmio". Uma vez que no primeiro jogo, em Montevidéu, o placar foi 1x1, se o jogo no Olímpico terminasse 1x1, haveria um terceiro jogo, em Buenos Aires, em 02.08.1983.

Mesmo antes do gol de empate, César já havia entrado em campo no lugar de Caio (que entrou em campo meio no sacrifício, pois não havia se recuperado totalmente de lesão muscular). O seu ingresso representava maior qualidade no toque de bola. Então, aos 32min, Renato recebeu a bola quase na marca de escanteio do lado direito de ataque gremista (na frente das gerais/camarotes). Cercado por uns três defensores uruguaios, ele deu umas embaixadas e deu um chutão com toda a força em direção à área. A jogada toda foi muito rápida, pois tão logo a bola caiu, encontrou a cabeça de César que empurrou com tudo para o gol. O gol da vitória e do título.

A partir daí não teve mais jogo. Chutão, empurra-empurra, expulsão do Renato, o Peñarol, na verdade, não tinha mais forças para reagir. Os dois times, o Grêmio de Valdir Espinosa e da gurizada gremista (apenas Mazarópi e Tarciso tinham mais de 30 anos - respectivamente, 30 e 32), e o Peñarol, atual campeão mundial, eram times muito bons e equivalentes. E nessas condições, vence o time que faz mais gols (!).

Do time gremista, vi que Paulo Roberto era um lateral muito bom no apoio e raçudo na defesa. O cara tinha 20 anos, fazia muito bem os cruzamentos pelo lado direito, e na marcação era implacável. De León já era consagrado campeão e titular da Seleção Uruguaia. O zagueiro sabia bem como se ganhava uma Libertadores, e deixou muito claro isso durante o jogo, conduzindo a bola com tranqüilidade, divindindo duro com seus compatriotas, e fazendo pressão na arbitragem. Baideck, muito elogiado pela reportagem durante a transmissão do jogo, tinha pouco mais de 20 anos e tirou todas. Casemiro parecia nervoso no início, e talvez não por acaso o titular no mundial tenha sido o Paulo César Magalhães. China era o volante propriamente dito, marcador e repassador da bola, uma espécie de Eduardo Costa. Osvaldo apareceu muito pouco no jogo. Mas era muito bom de bola. O camisa 10 era o Tita, que centralizava as jogadas e atuava como uma espécie de Tcheco melhorado. Dos 10 aos 15min do 2.º tempo, o Grêmio jogou com 10 em campo porque Tita estava sendo socorrido após um choque em jogada pelo alto na área do Peñarol. Emocionante que a torcida gritava pela volta do craque, e no placar eletrônico do Estádio Olímpico apareceram frases "Volta logo Tita! Força Tita! Estamos com você Tita!". E o cara voltou a campo, e nos últimos minutos do jogo ele tinha sangue escorrendo pelo rosto (na época, além de não se falar em fair play, não havia a recomendação para retirar o cara sangrando de campo; ficava sangrando durante o jogo até o final). E é bem conhecida a história que envolveu a comemoração incomum do Tita após o gol de César. O ataque gremista teve de lugar contra a defesa dos uruguaios, então todos tiveram dificuldades. Mas os caras eram bons, e aproveitaram os descuidos para fazer os dois gols da vitória. Renato, realmente, não fez boa partida. O cara, de fato, era um autêntico ponta-direita, de modo que todas as suas jogadas eram iguais: bola pela direita, ele corria com ela até a linha de fundo e avançava em direção à área. Em regra os uruguaios faziam falta. Essa jogada, afinal, restou imortalizada no primeiro gol do jogo contra o Hamburgo pela final do Mundial 1983. E, nesse jogo no Estádio Olímpico, contra o Peñarol, se Renato não teve uma boa noite, pelo menos fez o que se espera de um craque: uma jogada genial, que decide o jogo. O cara podia ter partido para o drible e perdido a bola; podia ter cavado um escanteio, ou uma falta. Mas ele resolveu levantar aquela bola na área, pois alguém se colocaria lá para tentar o gol. E a bola encontrou a cabeça do César.

Parece que vai rolar um DVD comemorativo dos 25 anos dessa Libertadores, com depoimentos dos jogadores, dirigentes, técnico, jornalistas. Entendo que esses depoimentos são dispensáveis, pois ficam datados. Melhor mesmo é a íntegra do jogo. Por sorte, consegui gravar a tempo (apesar de ter faltado 5 minutos e meio). Agora aguardo dezembro que seja transmitida a final do Mundial de 1983, de preferência com anúncio prévio.

GRÊMIO: Mazaropi; Paulo Roberto, Baidek, De León e Casemiro; China, Osvaldo e Tita; Renato, Caio (César) e Tarciso. Técnico: Valdir Espinosa.

PEÑAROL: Fernandes; Montelongo, Olivera, Gutiérrez e Diogo; Bossio, Saralegui e Salazar; Ramos, Morena e Silva (Peirano). Técnico: Hugo Bagnulo

Copa Libertadores da América - final - 28/07/1983.
Local: Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS).
Arbitragem: Édson Perez, Carlos Montalván e Henrique Labo (trio do Peru).
Gols: Caio (G), aos 10 minutos do primeiro tempo, Morena (P) aos 25 minutos do segundo tempo e César (G) aos 32 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Paulo Roberto, Tita e Renato (G) Oliveira, Saralegui e Morena (P).
Cartões vermelhos: Renato (G) e Ramos (P) aos 42' do 2°T.

Meu pai guardou por muitos anos os jornais do dia seguinte ao título, bem como as edições da revista Placar, mas essas relíquias foram perdidas. Então me permito transcrever a avaliação dos jogadores, que constou dessa notícia:

Ficha do jogo

GRÊMIO

Mazaropi; Paulo Roberto, Baidek, De León e Casemiro; China, Osvaldo e Tita; Renato; Caio (César) e Tarciso

PEÑAROL

Fernandez; Montelongo, Olivera, Gutierrez e Diogo, Bossio, Saralegui, Salazar, Ramos e Morena, Silva (Peirano)

Arbitragem: Edson Perez, auxiliado por Carlos Montalvan e Henrique Labo, do Peru.

Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre

Gols: Caio (G), aos 10 minutos do primeiro tempo, Morena (P), aos 25 minutos do segundo tempo e César, aos 32 minutos do segundo tempo

Avaliação dos jogadores

GRÊMIO

Mazaropi — Muito seguro nas intervenções, especialmente nos momentos de maior pressão do Penharol, quando saiu muito bem nos pés de Peirano. Nota 9.

Paulo Roberto — Muito mais tranqüilo do que no jogo de Montevidéu, só teve alguns problemas no segundo tempo com Venâncio Ramos, mas esteve seguro, inclusive no apoio. Nota 8.

Baidek — Um pouco nervoso apenas no início do jogo. Depois, marcou Morena com boa antecipação e cometendo as faltas necessárias. Nota 9.

De León — Fez tudo em campo: marcou bem, não falhou nunca, eficiente nas bolas altas e rasteiras. Nota 10.

Casemiro — Velocidade e atenção para evitar qualquer lance perigoso na defesa do Grêmio. Deu um lançamento preciso para Osvaldo cruzar no primeiro gol. Nota 9.

China — Perfeito sob todos os pontos de vista, tanto na marcação direta como na cobertura. Soube o momento certo do chutão para a frente e do toque para o companheiro. Nota 9.

Osvaldo — Combateu como nunca no meio campo, sem evitar o choque, chutando para a frente quando necessário e fazendo boas triangulações no setor. Cruzou a bola no primeiro gol. Nota 8.

Tita — Finalmente teve a grande atuação na Libertadores que estava devendo à torcida do Grêmio. Prendeu a bola nos momentos de maior pressão do Peñarol, laçou e tabelou. Nota 9.

Renato — Muito discreto no primeiro tempo, submetendo-se novamente à marcação de Diogo. Mas decidiu o jogo e o título, cruzando uma bola incrível para César marcar. Nota 8.

Caio — Apesar do físico nada privilegiado pela natureza, brigou com os zagueiros do Penharol, encarou a marcação e fez o gol que abriu o caminho para o título. Nota 8.

Tarciso — Desta vez não pode ser acusado de evitar o choque, pois foi o que mais fez em campo, preocupando os zagueiros com sua velocidade e recuando para marcar. Nota 8.

César — Jogou 27 minutos e se igualou a Caio — na coragem e na marcação do gol. Só que o seu valeu o título inédito para o Grêmio. Nota 9.

PEÑAROL

Fernandes — Perfeito nas saídas de gol e nas bolas altas. Sem culpa nos gols. Nota 8.

Montelongo — Passou trabalho com Tarciso no primeiro tempo. Pouco importunado no segundo. Nota 7.

Olivera — O líder do time. Por cima só dá ele, inclusive na área adversária. Nota 8.

Gutierrez — O mais fraco da defesa. Indeciso em vários lances. Nota 5

Diogo — Não tomou conhecimento de Renato e no primeiro tempo procurou o apoio. Nota 8

Bossio — Bem no bloqueio e na cobertura aos laterais. Nota 7

Saralegui — Bom jogador, mas apela muito para a violência. Nota 7

Salazar — O articulador das jogadas do Peñarol. Cresceu a partir da metade do segundo tempo e com ele o time. Nota 8

Sulva — Não levou vantagem sobre Casemiro. Acabou substituído por Peirano que pouco acrescentou. Para Silva nota 5

Morena — Preocupação constante para a zaga do Grêmio, na única conclusão marcou o gol uruguaio. Até por isso nota 7

Venâncio Ramos — Habilidoso, driblador, o melhor do Peñarol. Nota 9

Arbitragem

O Peruano Edison Perez soube controlar com energia um jogo excessivamente nervoso, como são todas as decisões, não permitindo que os uruguaios, liderados por Olivera, interferissem no seu trabalho. Acertou nas expulsões de Renato e Venâncio Ramos, no final da partida. Tecnicamente teve falhas mínimas. Foi bem assessorado pelos bandeiras Henrique Labo e Carlos Montalvam. Nota 9

segunda-feira, 28 de julho de 2008

4.º show da Burnin´ Boat - 29.08.2000 – Festival de Talentos PUCRS (com várias bandas)

Poucos dias depois do show no Heaven Café, nos encontramos na PUCRS para uma apresentação curta no Festival de Talentos de 2000 (tão logo foi anunciado o evento, inscrevi a banda - não lembro se era necessário entregar fita com amostra do som, exigência que se faria presente no ano seguinte). Os shows se dariam no reformado auditório do prédio da arquitetura (antigo prédio do direito), e fomos escalados para o primeiro dia, uma terça-feira. O Fernando, que era meu colega numa cadeira da faculdade, e o Giuliano apareceram para nos ver.

Antes de subirmos ao palco, assistimos do lado de fora várias apresentações de todo o tipo, afinal, num Festival de Talentos tem de tudo (reagge, MPB, punk, etc.). O esquema era basicamente igual ao nosso primeiro show: tocar por 15 minutos. Assim, não lembro exatamente como nem porque, mas elegemos “Heartbreakin´”, “Kiss of Death” do Dokken, e “Boats are Burning” – deu tempo, ainda, para “Spectreman”. Arruinei a execução de "Heartbreakin´", pois estava com a guitarra desafinada (o Giuliano percebeu e comentou depois), e a saída foi deixar a minha guitarra mais baixo que a do Cláudio. Com a afinação correta, tocamos as outras faixas de forma bem acelerada. Tempos depois vi que tinha um site da Famecos sobre o evento, e tinha disponível uma mini-entrevista com o Luciano e um mp3 de “Boats are Burning” e, nossa, como tocamos rápido essa (é espantoso como conseguimos nos acompanhar com tanta correria).

Assim como no Heaven Café, subi ao palco com o chapéu “Blackmore”, que caiu durante o solo do Cláudio no cover do Dokken. O lance todo foi muito rápido; quando já estava me sentindo confortável e com vontade de tocar, acabou. Em seguida estávamos do lado de fora batendo papo com o Minduim (que filmou a apresentação), o Giulia, a Sabrina, a Raquel, a Vanessa (acho) e o Pedro (acho), tirando sarro de algumas bandas que vieram depois, e tal. Se o show não foi dos melhores, pelo menos nos divertimos bastante.

Depoimento do Valmor (também conhecido como Bruce em todos os posts sobre a Burnin´ Boat): "Uma das grandes rateadas históricas foi não termos catado com o Christian Satã a gravação direto da mesa deste show, de onde tiraram aquela mp3 de "Boats Are Burnin'". Executamos as músicas com muita velocidade, e lembro de "Heartbreakin'" ter rolado com certa insegurança (talvez a bateria estivesse "andando"). Não surpreende que tenhamos executado 4 faixas". Não foi por esta época que fizemos aquele ensaio no Brothers onde tocamos "The Tower" e outras?"

Seguem os clips de "Kiss of Death", "Boats are Burning" e "Spectreman".

sábado, 26 de julho de 2008

Ensaio - The Osmar Band - 25.07.2008 the "seven deadly sins"

Semana passada ficou complicado e perdi o ensaio no qual foi composta a música para uma letra, escrita no mesmo dia, em homenagem a uma colega de trabalho minha e do Marcelo, em relação a qual se diz que só tem maldade na cabeça. Desta vez o ensaio ocorreu na sexta-feira, tendo em vista a comemoração do aniversário (que ocorrera no domingo anterior) do Marcão (é possível que tenha acertado no livro Blade Runner). E toda a família Osmar se fez presente - nós, as respectivas mulheres, e os cachorros (do Alemão e do Marcelo). Depois dos bate-papos e do aquecimento, dedicamos um tempo para a música da nossa colega (que, para facilitar minha vida, é um blues em E, com refrão alternando A-E), uma rápida incursão naquela do Am - Dmadd9 - Dmadd11 - Asus4/5+ sexto ensaio, que gosto bastante e parece que o Marcão também, além do cover acústico de "Fear of the Dark", um pouco de "Hey Joe" do Hendrix (cantada pelo Marcão). Um momento de grande diversão foi quando tocamos uma das antigas deles, com típica letra direta e sem pudores, que teve uma espécie de reação positiva das nossas mulheres, e na qual contribui com um milhão de bends, fazendo com os vocais um "pergunta-e-resposta" que me parece ter funcionado bem.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Melhores discos de todos os tempos - Yes "Fragile" (1971)

É uma tarefa espinhosa a de dizer qual o melhor disco do Yes, ou, pelo menos, qual o mais representativo. Desde sempre tive a inclinação para definir, nessas condições, o “Fragile”, por ter sido o primeiro com o Rick Wakeman e o que de fato mostrou o que é o som do Yes e do que a banda é capaz de fazer; só que o mesmo se pode dizer de “Close to the Edge”, lançado um ano depois, e que foi o último com Bill Bruford, e contou com músicas completamente diferentes do disco anterior. Assim, parece-me defensável considerar os dois álbuns como os melhores e mais representativos do Yes, e nesse sentido serão tratados aqui.

Creio já ter contado como tomei contato com “Fragile”, mas posso dizer, em apertada síntese, que desde pequeno sempre ouvi dos meus pais muitos elogios ao som do Rick Wakeman (que esteve em Porto Alegre na época da turnê de lançamento do seu disco solo “Journey to the Centre of the Earth”); além disso, um guia de cds que eu consegui no começo de 1992 fazia uma resenha destacada – conquanto jocosa – de “Fragile”. Assim, quando vi nas Americanas para venda, em meados dos anos 1990, por um preço bastante convidativo (tipo doze reais), resolvi levar para casa. Entretanto, o disco ficou parado na minha estante por um bom tempo, e quando o Yes se apresentou no Opinião em 1997/98 (?) para a turnê de “Open Your Eyes”, resolvi não atender ao show, pois não era uma das minhas bandas favoritas (hoje é um dos shows, junto com Rainbow em 1996 e Rush em 2002 que me arrependo de ter perdido).

Em 1998 já conhecia o Bruce e já estava na Burnin´ Boat, e naquela época um dos eventos legais eram os almoços na cada de uma amiga dele, que se tornou amiga de todos, a Carol, nos quais, entre outras coisas, ouvíamos discos e trocávamos idéias sobre bandas. Já conhecíamos e éramos fãs de Dream Theater, de modo que tínhamos certo gosto por rock progressivo (ou pelo menos um ouvido mais treinado). Uma noite qualquer resolvi dar uma ouvida no “Fragile” e me espantei com o som que aqueles caras faziam no começo dos anos 1970. Os músicos demonstravam muita técnica e virtuosismo, e as músicas eram fortes. Levei o cd para ouvir num desses almoços e a partir de então viramos fãs de Yes.

“Fragile” consiste em 4 composições de banda (isto é, na qual todos tocam) e 5 músicas solo (isto é, na qual cada integrante mostra sua habilidade com o respectivo instrumento). As melhores são as primeiras, todas elas marcantes e inovadoras em certo sentido.

O disco abre com “Roundabout” que se tornou um grande hit, e o carro-chefe dessa fase da banda. Nessa música os caras colocam muitas coisas novas em pouco mais de 8 minutos. Solos e duetos de guitarra e teclados, harmonizações vocais, trechos acústicos, um baixo muito marcante nos versos, além da melodia. Acho que essa música define bem o tipo de música que o Yes desenvolve. E se trata de uma música perfeita: tem de tudo (que caracteriza o Yes) e não há o que não gostar nela (a não ser, talvez, a parte "da-ra-da-da-daaaa-da-da".

Em "South Side of the Sky", os vocais e os demais instrumentos entram simultaneamente. A levada dos versos é muito legal, bem fluida, como o Yes costuma(va) fazer. Howe parece solar o tempo todo, e é por isso que se pode dizer que cada músico toca um tema diferente ao mesmo tempo (baixo, teclado, bateria e guitarra, além dos vocais, tocam partes diferentes, mas complementares). Lá pelas tantas, a música dá uma aquietada no piano (um tema que se repete várias vezes, cada vez uma oitava acima), e vem umas harmonizações vocais ("láaaa-láaaa-lá-lá-lá-hey"), acompanhadas de uma linha de bateria trabalhosa. Então a música repete o início e aí temos uma faixa de 8min.

“Long Distance Runaround” começa com um tema harmonizado de Howe e Wakeman, que me parece bem complicado (arpejos e tal). O destaque, no entanto, é uma levada de bateria, nos versos, bem complexa de B. Bruford (e que não tem nada a ver com as partes de guitarra, teclado e baixo - sensacional). Sempre gosto de ouvir quando um instrumentista consegue compor algo marcante desse tipo, ou, em outras palavras, quando o cara demonstra genialidade (para mim a genialidade de alguém se expressa quando nos perguntamos “como o cara conseguiu compor isso? Eu jamais teria tido essa idéia, ou jamais teria imaginado algo assim...”). A interpretação de Anderson para a letra é delicada e comovente, e fica bem até nas versões ao vivo só com voz e violão (sem o acompanhamento virtuoso dos demais instrumentistas).

"Heart of the Sunrise" me parece ser a favorita dos seguidores do prog-metal, pois começa com uma parte bem pesada na qual todos os instrumentos tocam simultaneamente as mesmas notas. Segue-se uma calmaria, com um Mellotron afu e uma levada de bateria bem lenta e complicada (Bruford improvisando - esse cara é f.). É a faixa mais longa do disco (10min). Depois da famosa parte instrumental, o clima fica calmo e entram, finalmente, os vocais: parece outra música.

Das composições solo, a melhor – disparado – é “Mood for a Day”, um tema acústico de S. Howe perfeito, executado num violão com cordas de nylon. Não por acaso, essa é a única música da banda, digamos assim, que consigo tocar (bem ou mal) do início ao fim. Todo guitarrista de rock progressivo tem que ter uma música executada exclusivamente no violão, e essa “Mood for a Day” é a música-tipo de Howe (embora o cara tenha composto uma outra no “The Yes Álbum” chamada “Clap”, muito boa também, mas não tão brilhante).

Poder-se-ia indagar o que um vocalista faria numa música solo; bem, J. Anderson compôs “We Have Heaven” na qual canta repetidamente uns 2 ou 3 versos acompanhados de uns acordes no violão. As outras composições solo também são um tanto gratuitas, e a decisão de fazer um disco dessa forma talvez demonstre o quanto os caras se achavam bons músicos e queriam, de certa forma, aparecer (pois do contrário, não faria sentido que cada um deles compusesse uma música própria).

Sabe-se que durante os ensaios e as gravações os músicos se entreteram com diversas discussões a respeito de cada uma das faixas, e o B. Bruford, em entrevistas, dizia que as controvérsias duravam longas horas e chegavam a minúcias como se em determinado momento deveria ser tocado B ou B#. Essa problemática, alegadamente, foi o que motivou a saída do baterista após a gravação do disco seguinte, “Close to the Edge”.

Seja como for, "Fragile" representou: (a) a consolidação de uma formação incrível para uma banda de rock progressivo, especialmente quando se sabe o que cada um desses caras veio a fazer em carreira solo ou em outras bandas (King Crimson, Asia, Jon & Vangelis, etc.); (b) a definição de um tipo especial de rock progressivo (bem diferente de Pink Floyd, e algo diferente do Genesis), i. é, o rock progressivo com músicas longas, muitas melodias e harmonizações, alterações de andamento e de clima numa mesma faixa, instrumentalização complexa; todo esse material seria revisitado posteriormente pelas bandas rotuladas como prog-metal, sendo o Dream Theater a principal delas.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

3.º show da Burnin´ Boat (27.08.2000 - Heaven Café, com Anya)

Cada show da Burnin´ Boat teve um set list diferente; além disso, tentávamos incrementar a apresentação com o que pudéssemos oferecer como novidade. Para esse show do Heaven Café, resolvi “subir” ao palco (que, na verdade, ficava ao nível da platéia, e era montado numa espécie de porão do bar; a parte do “Café”, onde as pessoas ficavam bebendo e tinha efetivamente um balcão com garçom e bebidas, ficava acima) com um chapéu de caubói (na verdade um chapéu com propaganda da Expointer), para tentar lembrar um pouco do R. Blackmore. Na época o Iron Maiden havia lançado recentemente um disco muito esperado, o “Brave New World”, pois marcava o retorno de Bruce Dickinson e de Adrian Smith. Assim, particularmente estava orgulhoso de inserir no set list uma música desse disco, “The Wicker Man”. Para esse show, tiramos (menos o Bruce, que errou medonhamente antes do solo do Cláudio) também “Prowler” e, por fim, tocamos “2 Minutes to Midnight”, que não havia sido preparada para o show, mas que acabei puxando num momento em que o microfone deu problema (acabou dando tempo para o Luciano cantar toda ela, após o conserto do microfone).

A apresentação se deu no final da tarde de um domingo, na mesma data em que o Jota Quest se apesentaria no auditório novo perto do Centro Administrativo. Esse show teve uma boa divulgação, provavelmente devido ao esforço da Anya (distribuição de flyers e cartazes nas lojas de cd do Centro), que era a banda nova do nosso velho conhecido Guilherme Deahtroner. Os caras se apresentaram depois de nós e eram muito bons músicos; tocaram, por exemplo, “Master of Puppets”, do Metallica, e “Caught Somewhere in Time”, do Iron Maiden. Curiosamente, o vocalista era um sujeito que estudava uma série depois da minha no meu colégio, e foi um dos primeiros (se não o primeiro) vocalista da Hibria (quando esta se chamava Malthusian). Com a boa divulgação, o público foi muito bom. O flyer enunciava as bandas que seriam “coverizadas”, e o local atraiu muitos fãs de Iron Maiden e Metallica. Além disso, a maioria também conhecia Deep Purple. Assim, nossa apresentação foi um sucesso junto ao público, que agitou e acompanhou as músicas do início ao fim.

O set list foi dividido em covers e próprias, e esse foi o único show em que tocamos “World on the Edge”, que eu gostava bastante, mas tinha riffs bem parecidos com uns do Whitesnake e do Impellitteri, tenho que admitir. Além dessa novidade, tocamos outras duas (então) compostas recentemente, "Heartbreakin´" (um hard rock com um riff de que me orgulho bastante, sofisticado para o meu padrão) e "Black Dressing Soul" (com o riff principal inspirado no Metallica da época do disco "Load"). Das antigas, fomos de "Boats are Burning", "Over the Moon", e "Hidden". Em relação aos covers, o Iron Maiden foi dominante (influência do Nilton e do Cláudio): "2 Minutes do Midnight", além de "Prowler" e "The Wicker Man". Mantivemos "Kiss of Death", do Dokken, e fechamos com "Burn", do Deep Purple, uma de nossas favoritas.

Acho que aqui foi a primeira vez que uma corda da minha guitarra arrebentou (era freqüente isso acontecer em ensaios). Isso aconteceu na nossa composição instrumental, “Attitude Adjustment”, após o meu solo. Deixei minha guitarra Cobra de lado, e peguei a Squier Strato do Bruce, que levávamos como reserva. Isso conferiu ainda mais autenticidade à minha sedizente imagem de R. Blackmore, e um cara do lado do meu colega da faculdade, o Fernando, lembrou isso, para meu orgulho.

Estávamos todos a vontade diante de tanta receptividade, e no vídeo dá pra ver o Nilton olhando para a galera e agitando bastante. O Pedro se fez presente e foi o cinegrafista (acho que na ausência do Minduim).

Tratou-se de uma das poucas apresentações em que fiquei até o final do evento, pois assistimos o competente show da Anya, e ainda ficamos conversando um tempo até chegar a carona para levar o equipamento para casa.

Dois dias depois teríamos mais uma apresentação, que viria a ser o 4.º show da Burnin´ Boat.

sábado, 19 de julho de 2008

5 anos de blog - CD - Metallica "St. Anger" (2003)

O Metallica está na iminência de lançar um disco novo, "Death Magnetic", depois de cinco anos do lançamento do seu último disco "St. Anger", e é curioso que há cinco anos atrás, o primeiro post deste blog foi sobre esse então recém lançado "St. Anger".

Pedi e levei de presente no dia dos namorados de 2003, basicamente sem nem pensar duas vezes, e de preferência sem ouvir os mp3 disponíveis nos programas de compartilhamento de arquivos (preferi manter a expectativa e o suspense e não ouvir ou baixar nenhum mp3 até ouvir o cd, em casos como esse de disco aguardado com ansiedade - e lembro que foram disponibilizados mp3 falsos com os nomes das músicas do disco). Afinal, naquela época já tinha todos os discos do Metallica e desde há muito era fã do som dos caras.

Além disso, o lançamento de "St. Anger" foi cercado de muita expectativa. Senão vejamos: (I) em 1991 o Metallica lançou um álbum perfeito (para mim, é o melhor dos anos 1990), com peso (não tanto em comparação com os discos anteriores) mas acessível para uma quantidade enorme de novos fãs (eu incluído); (II) após muito bem sucedidas turnês e um incrível hiato de 5 anos, em 1996 os caras surpreenderam a todos: cortaram o cabelo e lançaram um disco ("Load") com ainda menos peso e músicas diversificadas (influências de blues, country, etc), causando uma comoção entre todos, na medida em que a banda estava abandonando o estilo que lhe dera fama (thrash metal, heavy metal, riffs com palhetada staccato); (III) as coisas não melhoraram muito quando em 1997 foi lançada a 2.ª parte ("Reload") com músicas compostas na mesma época; (IV) em 1998, inexplicavelmente foi lançado um disco duplo de covers ("Garage Inc"); (V) em 1999, inexplicavelmente foi lançado um disco duplo gravado ao vivo com uma orquestra ("S&M"). Então, de 1997 até 2003, nada de músicas novas (sem contar "I Disappear", da TSO de "Missão Impossível" e "- Human" e "No Leaf Clover", do disco com a orquestra). Além disso, questões não diretamente relacionadas à música comprometeram a imagem da banda, especialmente a batalha contra o Napster e os baixadores de mp3, e a saída inexplicável de Jason Newsted.

Pouco antes do lançamento de "St. Anger" pipocavam notícias nos sites de som pesado dando conta de que a banda lançaria um disco pesado. Então, esperava(-se) que viesse um álbum espetacular.

Veio o disco. E a opinião generalizada, até onde me foi possível aferir (e isso parece não ter mudado até hoje), é de que se tratou de um imenso equívoco dos caras, pois (a) as músicas não têm solos de guitarras - o que contraria todo o passado de virtuosismo de Kirk Hammett; (b) o som da bateria é péssimo - conforme se soube depois, a gravação das linhas de bateria for deliberadamente precária, resultando um som de lata desconcertante; (c) as músicas são compridas, extremamente pesadas, com várias partes encaixadas quase aleatoriamente - revelou-se, posteriormente, que as partes foram gravadas separadamente e juntadas com o auxílio do Pro-Tools, e os músicos tiveram, depois, de aprender as faixas para tocá-las ao vivo; (d) J. Hetfield não tem mais a voz de antes, e por vezes soa desafinado; (e) quem gravou as linhas de baixo foi o produtor Bob Rock, ao invés de substituírem Newsted por um baixista de verdade.

Não há como negar que senti falta dos solos, achei ruim o som da bateria, e que algumas músicas são excessivamente pesadas (afinação pesada, com a 6.ª corda dropped alguma coisa) ou compridas. Mas achei fantástico que os caras lançaram um disco totalmente pesado, sem concessões (afinal, foram criticados pelas músicas mais "soft" do "Black Album" e do "Load/Reload"). Não tem nada de radiofônico em "St. Anger". E por um momento, achei que o tipo de som desse álbum era o tipo de som a ser seguido. Bem vistas as coisas, então, o disco era legal, não necessariamente o favorito de todos os tempos. Músicas excelentes o disco tem, e as que eu curti na época, curto até hoje. Apesar de tudo isso, é irônico que, em linhas gerais, há cinco anos que não ouço esse "St. Anger".

Essa semana resolvi fazer o exercício de ver o DVD que acompanhou o CD. Achei genial a idéia de fazer acompanhar um DVD com um vídeo dos caras tocando todas as faixas ao vivo, como num ensaio. Essa medida foi tomada para agregar ao CD uma razão para a sua aquisição, pois na época o lance era baixar mp3, a banda já havia se metido numa batalha contra o Napster e os baixadores de mp3, e havia o grande risco das vendas fracassarem em razão dos downloads. Pois bem. Da primeira à quarta faixa só tem música boa. "Frantic" talvez seja a minha favorita do disco: bons riffs, bons versos, estrutura assimilável e tal. A faixa título tem várias partes e vários andamentos; sempre é bom ver L. Ulrich arrebentando no bumbo duplo, e o cara se puxou. "Some Kinda Monster" deu título a um DVD lançado posteriormente e que fora gravado durante a gravação de "St. Anger" (e que é bastante esclarecedor sobre muitas das questões que envolveram esse disco). Pois a música é bem razoável, e os caras tocaram muito bem nessa versão de ensaio ao vivo. "Dirty Window" é uma das minhas favoritas, com uma levada mais rápida, bons riffs e versos antológicos (não por acaso, um deles consta da epígrafe deste blog).

A quinta faixa é "Invisible Kid", e aí fiquei com a impressão de que essa é uma composição mais fraca. Do jeito como os caras compuseram o disco (isto é, tudo foi feito no estúdio, rejeitadas que foram todas as idéias - riffs e melodias - pré-concebidas durante os anos desde "Reload") fica fácil perceber que muitas idéias se repetem (os riffs, invariavelmente, recaem sobre as mesmas notas). Então "skip forward" e a faixa seguinte é muito boa, "My World", rápida, bons riffs, nada mal. Daí em diante as faixas todas têm bons momentos, e o DVD conta com algumas interpretações bem expressivas.

"St. Anger", alguém falou, foi um disco que a banda precisava ter lançado para não acabar e poder seguir em frente. Vendo o DVD "Some Kinda Monster" tive a impressão de que os caras se levam a sério demais. Se "St. Anger" serviu para manter os caras unidos e tocando, bem, então valeu a pena tê-lo lançado assim, como uma porrada na orelha. Em que pese isso, o retorno em vendas não foi nada positivo, e agora se anuncia que "Death Magnetic", produzido por Rick Rubin, servirá como uma volta ao som da época "Master of Puppets" e mesmo "Ride the Lightning". Já antecipo que isso, por si só, para mim não quer dizer muita coisa, pois não estou entre os que consideram "Master of Puppets" o melhor da carreira da banda. Sou muito mais "...And Justice for All" e "Black Album". Bem ou mal, vai ser como na época do "Load", quando em 1996 vi o cd nas prateleiras das Americanas, hesitei um instante, mas pensei "é Metallica, não tem erro".

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Formula 1 - GP da Inglaterra (9.ª etapa, 06.07.2008, 9h)

Há algumas temporadas que acompanho com redobrado interesse as corridas com chuva. Afinal, invariavelmente o resultado vira loteria, e não raro os líderes abandonam ou perdem várias posições, ficando a vitória com alguém pilotando um carro que talvez não tivesse chances em condições normais. Só que agora, com Massa na liderança do campeonato de pilotos (e com carro para andar na frente; basta a equipe não fracassar nas estratégias de corrida), uma corrida na chuva pode não ser conveniente.

E tal foi o que se deu em Silverstone (1 - a partir do ano que vem, o GP da Inglaterra se realizará em Donington Park; 2 - falou-se muito em "Silvastone", que há milênios atrás tinha virado apelido do circuito, dado por jornalistas ingleses, em razão de uma série de vitórias de Ayrton Senna na F3 - realmente há muito tempo atrás, não sei porque só agora vieram com essa história). Acompanhei não muito de perto, estando em Gramado, mas o que se teve foi a primeira pole na carreira de Heikki Kovalainen (alinhou, com o finlandês, na primeira fila, Mark Webber). Quando liguei a TV, pouco antes da largada, a cena era de piso molhado, e essa é a senha de corrida com emoção.

Na largada, Hamilton pulou várias posições e finalizou a primeira volta em 2.º, atrás de Kovalainen. Massa não alinhou bem colocado, e logo nas voltas inaugurais deu a primeira de uma série de rodadas, comprometendo o desempenho na corrida (o cara chegou em último, dos que não abandonaram). Hamilton andou forte o tempo todo e tomou as decisões corretas nas paradas, pois as condições meteorológicas mudaram durante a corrida (ora chuvia forte, ora parava). A alternância do clima acabou liquidando a corrida da Ferrari, que tomou as decisões equivocadas.

Quem se deu bem com essa história foi o Barrichello, notoriamente competente em se tratando de piso molhado, e adepto da velha tática do tanque cheio para parar uma vez e ir até o final ganhando as posições que der. Eventualmente o brasileiro parou mais de uma vez (para trocar pneus de chuva por intermediários), e por pouco não chegou em 2.º lugar. Mas foi merecida a 3.ª posição, junto com Heidfeld e o vencedor Hamilton.

Piquet alinhou bem, andou forte por boa parte da corrida, mas quando a chuva apertou, sem ter os pneus adequados, rodou na pista e caiu fora (o novato ficou inconsolável, afinal, era certa a pontuação - no mínimo uns 2 ou 3 pontos). Menos pior que Alonso também não teve um desempenho feliz.

Com esses resultados, Hamilton, Massa e Raikkonen são os líderes do campeonato, todos empatados com 48 pontos. E são seguidos por Kubica, com 46.

Próxima estapa é na Alemanha.

British Grand Prix Results - 6 July 2008 - 60 Laps
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT LAPS TIME/RETIRE
1. Lewis Hamilton Britain McLaren-Mercedes 60 1h39m09.440
2. Nick Heidfeld Germany BMW Sauber 60 1m08.577
3. Rubens Barrichello Brazil Honda 60 1m22.273
4. Kimi Raikkonen Finland Ferrari 59 1 Lap
5. Heikki Kovalainen Finland McLaren-Mercedes 59 1 Lap
6. Fernando Alonso Spain Renault 59 1 Lap
7. Jarno Trulli Italy Toyota 59 1 Lap
8. Kazuki Nakajima Japan Williams-Toyota 59 1 Lap
9. Nico Rosberg Germany Williams-Toyota 59 1 Lap
10. Mark Webber Australia Red Bull-Renault 59 1 Lap
11. Sebastien Bourdais France Toro Rosso-Ferrari 59 1 Lap
12. Timo Glock Germany Toyota 59 1 Lap
13. Felipe Massa Brazil Ferrari 58 2 Laps
R Robert Kubica Poland BMW Sauber 39 Spin
R Jenson Button Britain Honda 38 Spin
R Nelson Piquet Brazil Renault 35 Spin
R Giancarlo Fisichella Italy Force India-Ferrari 26 Spin
R Adrian Sutil Germany Force India-Ferrari 10 Spin
R Sebastian Vettel Germany Toro Rosso-Ferrari 0 Accident
R David Coulthard Britain Red Bull-Renault 0 Accident
FASTEST LAP: Kimi Raikkonen Finland Ferrari 18 1:32.150

DRIVERS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT POINTS
1. LEWIS HAMILTON Britain McLaren-Mercedes 48
FELIPE MASSA Brazil Ferrari 48
KIMI RAIKKONEN Finland Ferrari 48
4. ROBERT KUBICA Poland BMW Sauber 46
5. NICK HEIDFELD Germany BMW Sauber 36
6. HEIKKI KOVALAINEN Finland McLaren-Mercedes 24
7. JARNO TRULLI Italy Toyota 20
8. MARK WEBBER Australia Red Bull-Renault 18
9. FERNANDO ALONSO Spain Renault 13
10. RUBENS BARRICHELLO Brazil Honda 11
11. NICO ROSBERG Germany Williams-Toyota 8
KAZUKI NAKAJIMA Japan Williams-Toyota 8
13. DAVID COULTHARD Britain Red Bull-Renault 6
14. TIMO GLOCK Germany Toyota 5
SEBASTIAN VETTEL France Toro Rosso-Ferrari 5
16. JENSON BUTTON Britain Honda 3
17. SEBASTIEN BOURDAIS France Toro Rosso-Ferrari 2
NELSON PIQUET Brazil Renault 2

CONSTRUCTORS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS CONSTRUCTOR POINTS
1. FERRARI 96
2. BMW SAUBER 82
3. MCLAREN-MERCEDES 72
4. TOYOTA 25
5. RED BULL-RENAULT 24
6. WILLIAMS-TOYOTA 16
7. RENAULT 15
8. HONDA 14
9. TORO ROSSO-FERRARI 7

terça-feira, 15 de julho de 2008

Gravando guitarras II

Já recebi o retorno do Bruce a respeito dos primeiros três arquivos enviados (e comentados anteriormente). Além da tarefa de juntar as partes para que se tornem músicas (adicionando ainda bateria, baixo - eventualmente a ser gravado por mim - e vocais), ele ainda acredita que é possível fazer versões instrumentais num estilo que ele chama de post-metal, com barulhos modernosos e guitarras climáticas. Seja como for, sigo gravando.

(4) Heal my Soul 2003 - existiam, até o momento, duas versões de músicas para uma letra que escrevi em 2002 chamada "Heal my Soul": a primeira, original, com o riff principal inspirado na levada de "Junkyard Dog" do Winger, numa tônica inusual para mim (o riff é em C#, com power chords em A e E). A música seguia para uma parte em "odd time signature" que citava Genesis em "Watcher of the Skies", e então para uma outra parte com guitarra limpa e dedilhado tipo Dream Theater/John Petrucci com power chords B-C#-Eb6-E-B-C#-A-E entremeados com as cordas E e B soltas (um efeito bem legal). Na época ninguém se empolgou com essa música. Então, em 2003, tínhamos uma outra com afinação dropped-D e com riff bem legal, apesar de um tanto comum (uma das últimas composições recentes, que constou de uma coletânea, tem o mesmo "feel"); alguém teve a idéia de encaixar essa letra, e não me opus. Eventualmente tocamos "Heal my Soul" nessa versão em pelo menos um show, e lembro que o Lukee curtia bastante. Só que, bem vistas as coisas, nunca me senti completamente satisfeito com a composição, pois achava meio retona e previsível a sucessão das partes. Então, agora que tive oportunidade para gravar as partes de guitarra (28.06.2008), resolvi incrementar com outros riffs. Utilizei timbre de uma música do Metallica com o botão "Mod" ligado (não descobri qual é o efeito que acompanha esse timbre - será algum chorus ou algum flanger discreto?). Registrei, assim, o riff principal dessa nova versão, com o respectivo pre-chorus (que tentei deixar o menos possível parecido com o de "Wherever I May Roam"). Depois o resto foram basicamente coisas que inventei na hora: um teminha; umas tentativas de utilizar o metrônomo em 7/8 (apesar de não ter entendido totalmente as instruções para operar desse jeito); uns acordes; o riff que tocávamos durante o solo do Cláudio; um riff, registrado de diversas formas para uma eventual parte instrumental. Por fim, gravei o riff de "Timeslide", que é a primeira letra dele que me foi mostrada em 1998 quando ingressei na Burnin´ Boat, e que não foi além do riff e da letra (gravei o riff nessa só para dar a idéia de quem sabe aproveitá-lo nesse contexto totalmente diverso do inicialmente imaginado).

(5) "LOB session" e "Montreal" - em 30.06.2008, depois de um jejum forçado, me dediquei a ver o "making of" do disco mais recente do Lamb of God. Bem, o estilo dos caras é bem difícil de acompanhar, e não sou muito fã do vocal, mas alguns grooves, digamos assim, são inspiradores. Então fiquei gravando riffs que me vieram à cabeça, alguns dos quais me pareceram muito bons e serão utilizados em algumas músicas (pretendo inseri-los em algumas músicas, e não compor uma nova inteira só com eles). Utilizei o mesmo timbre da "Heal my Soul" acima. Aí troquei o timbre para uma música do Pink Floyd (o timbre que eu sempre quis ter, com bastante delay e tal) e fiz um dedilhado com a tônica em C#. Agreguei uns acordes e inseri um riff que já tinha do começo do ano, na 5.ª corda (é raro compor alguma coisa na corda A) e achei que tinha algo de Rush, então chamei de "Montreal".

(6) Aunt Evil - essa é uma das antigas, mas que foi composta em 2001 após a gravação do cd Ignitin´. O riff principal me ocorreu ao ouvir um cd ao vivo do Tony Macalpine; provavelmente nos ensaios vieram os acordes do refrão, e depois as partes para a base do solo do Cláudio. O Bruce fez a letra e deu para o Luciano encaixar. Tocamos essa música em diversos shows, e com o tempo fomos aprimorando a levada funky, para gosto do Bruce. Com essa nova sessão de gravações, estou recuperando essas faixas e tentando criar coisas novas, afinal muitos anos se passaram desde sua composição original e entendo conveniente agregar novas influências, sobretudo nessas que atualmente me parecem bem retonas. Um bom parâmetro para dar uma calibrada nesses riffs "old school" é o Lamb of God; mas se isso serviu para reativar alguns riffs e músicas como "Shark Attack" e "Sluts of Justice", é certo que não funciona em "Aunt Evil", que já tem um groove marcante. Aí se propôs o problema: o que funcionaria a partir de então? Teria que ser algo pesado, mas nem tanto, de preferência com alguma técnica. Lembrei, então, de um bom cd de uma boa banda (que, salvo engano, não existe mais): "Burn the Sun" do Ark. Afinal, é um som pesado, mas bastante diversificado e com virtuosismo na medida certa. Então resolvi gravar o riff principal (duas vezes, com pequena variação no último compasso), os acordes do refrão (inclusive com as tônicas uma oitava acima e com auto-wah que eu sempre achei que seria legal experimentar), e as partes que serviam para o solo do Cláudio. A partir daí gravei coisas novas, incluindo o riff principal com uma quebrada 7/8, uns acordes com "pick slide", uns "power chords" legais, um riff que seria para uma parte instrumental, mas que não rolou e acabou ficando só um riff pesado (talvez para um solo), uns acordes e dedilhados com o botão de volume da guitarra no nível 4. Acabou não soando tão Ark como estava cogitando (o que é bom). Utilizei o timbre que simula o amplificador Spinal Puppet. Uma semana depois, após ouvir um pouco de Symphony X, acrescentei mais uma parte com guitaras harmonizadas e dei a faixa por encerrada.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

2.º show da Burnin´ Boat (18.06.2000 – Teatro de Elis, com Daduke e Pulse)

No começo do inverno de 1999, perto das férias de julho, mas antes das últimas provas do G1, fizemos o primeiro show da Burnin´ Boat. Fiquei bastante eufórico nos dias seguintes. Entretando, logo deu para perceber que o Luciano e o Guilherme Deathroner não tinham tanta vontade de tocar com a gente, seja pelas covers, seja pelas composições próprias, e essa situação era frustrante (e cheguei ao ponto de mandar um e-mail lamentável para os caras... definitivamente não sabia conduzir as coisas adequadamente, e é evidente que isso não rendeu bons frutos). O Bruce e eu costumávamos, em retorno, desmarcar ensaios da Ruligans para tocar como Burnin´ Boat, e eventualmente a Ruligans se dissolveu. Assim, a Burnin´ Boat ficou resumida a guitarra e bateria por vários meses. Mesmo assim, o Bruce e eu mantivemos uma rotina semanal de ensaios, e isso proporcionou o desenvolvimento das músicas próprias. Afinal, curtíamos mesmo era tocar o que desse na cabeça e os ensaios se resumiam basicamente a longas sessões de improvisação. Só que tínhamos uma noção de começo, meio e fim nessas improvisações, e não raro saíamos com a sensação de que éramos capazes de compor discos inteiros com músicas criadas espontaneamente nesses ensaios. Essa sensação transformou-se numa espécie de convicção quando chegamos ao ponto de voltar para casa, após um ensaio, ouvir as fitas, passar para o computador, gravar os mp3, tirar os riffs, transcrever tudo para um programa de edição de tablaturas, e ajustar a ordem das partes da música; ao final desse processo, tínhamos uma música nova. Um excelente exemplo desse nosso método de composição é a faixa “Noise Garden”.

Voltando um pouco no tempo - 1998, Parasite, muitos ensaios

No final de 1999 estávamos a procura de um vocalista. Convidei o namorado duma colega de estágio, mas o cara estava se dedicando aos estudos, até chegou a ouvir uma fita, mas não se interessou em fazer um teste. Já tínhamos tido uma experiência de "quase" formação da banda anteriormente, então sabíamos das dificuldades, não tínhamos pressa, mas já estávamos ansiosos para tocar com a formação completa. Um ano antes (1998), o Pedro, quando ainda era nosso “tocador de baixo” (embora raramente aparecesse em algum ensaio), tinha contato com a Parasite, uma banda cover do Kiss que ele “empresariava” de certa maneira. Aparentemente o “Paul Stanley” da Parasite, chamado Felipe, também tinha umas composições, e o Pedro e o Bruce tiveram a idéia de chamar o cara para tocar conosco. Não demorou e fizemos um ensaio num sábado quente de dezembro de 1998 no nosso estúdio, e tocamos, basicamente, músicas do Kiss. Nunca tínhamos tocado tantas músicas legais, e embora nunca tivesse praticado os solos do Ace Frehley em casa, sabia boa parte deles só de ler as tablaturas nas revistas de guitarra e na internet. Apresentamos “Hidden” para o Felipe, e ele mostrou uns trechos de uma composição dele, que nem conseguimos tocar – simpesmente não acertávamos o tempo certo para entrar depois da introdução de guitarra (pedi para que ele gravasse numa fita para tentar tirar em casa, o que ele jamais fez, de modo que até hoje duvido que ele efetivamente tivesse as duas ou três músicas próprias que se dizia).

A formação, então, seria Bruce, Pedro, eu e Felipe. Fizemos mais um ou dois ensaios (janeiro de 1999), e aí já nos concentramos em tocar “Hidden”, à época um pouco diferente da versão eventualmente apresentada no Cecaf (a parte lenta seria não mais a base para o terceiro verso, e sim para um solo; o terceiro verso seria cantado sobre uma base mais rápida, o que acabou sendo rejeitado por todos, especialmente pelo Pedro que tinha muito pouca técnica para tocar nas partes mais fáceis – o que dizer numa parte rápida... imediatamente, então, sugeri tocar só uns acordes, e essa versão é a que acabou sendo registrada no nosso cd). Acontece que o fato de tocarmos várias músicas do Kiss no primeiro ensaio, aliado ao fato de que desempenhei com alguma decência os solos do Ace Frehley (pelo menos fiz uns bends enquanto o Felipe tocava as bases), acabou, em retorno, dando ensejo para um convite da Parasite para eu tocar com eles. O “Ace Frehley” dos caras estava enfrentando alguns problemas pessoais que não lembro ao certo, e o Felipe teve a idéia de me chamar. Recebi o convite no dia da festa de aniversário do Tiago e fiquei bastante feliz com a idéia, sobretudo pelos planos grandiosos que os caras tinham de, por exemplo, fazer shows no interior e tudo mais. Assim, no ano novo de 1999 fiz o primeiro ensaio com a Parasite e, depois de uma longa conversa, entrei para a banda.

Só que o fato do Felipe se dedicar (muito) mais à Parasite do que à Burnin´ Boat me perturbou um pouco, e tive a oportunidade de deixar claro para os caras que a minha idéia era a inversa, i. é, prioridade era a Burnin´ Boat. Em fevereiro de 1999 fiquei uma semana na praia e, na volta, fiquei sabendo que os caras tinham arranjado um substituto para mim (o fenomenal Daniel “Ace” Lairihoy), e a dupla Bruce & Pedro já haviam acertado a volta do Luciano para os vocais da Burnin´ Boat. Seguiram-se ensaios, finalizamos algumas músicas (como “Over the Moon” e, possivelmente, “Sweet Thing”) e em março já estávamos procurando um baixista. Chegamos a fazer um ensaio memorável com o famigerado “Petry do slap”, e dessa sessão frutificou a melodia do baixo no interlúdio de “Boats are Burning”. Tocamos também com Érico, o "Gene Simmons da Parasite", mas o cara não se interessou pelo nosso som (ele era fã de sons mais básicos), o que foi uma pena pois curtimos o jeito que ele tocava, somado ao fato de que ele sabia cantar decentemente. Eventualmente fizemos ensaios com vários amigos, como o Giulia & Joca, Diego & Jorge, Flávio e outros caras que participavam de salas do mirc ou zaz (teve um guitarrista, estilo Malmsteen, que ao final do primeiro ensaio me deu carona e sugeriu excluir o Bruce da banda, e formarmos uma nova... não por acaso, jamais tivemos notícia do cara).

O ensaio que tivemos com a dupla Jorge e Diego (que eram meus colegas de colégio, sendo que o segundo já a época era um dos guitarristas da Hibria) foi, assim como o com o Petry do Slap, particularmente produtivo. Tocamos algumas músicas nossas, e foi aí que o Diego deu uns toques muito legais (que acabamos incorporando definitivamente) com as guitarras harmonizadas nos versos de "Hidden" e na parada após o refrão de "Boats are Burning". Realmente isso serviu para abrir um pouco a cabeça em relação ao arranjo das linhas das guitarras - sabia que deveria evitar duas linhas iguais, mas não sabia, ainda, o que fazer para torná-las diferentes, e esse ensaio serviu para endender como poderíamos testar (e eventualmente adotar) certas idéias.

A formação clássica - 2000

Depois desse primeiro show no inverno de 1999, pouco mais do que muitos ensaios com jams e composições inesquecíveis só com guitarra e bateria frutificaram durante o resto de 1999. Afinal, lá por março de 2000, conseguimos via anúncios na rede dois sérios candidatos a baixista, simultaneamente; o Bruce agendou com um, eu com o outro. O primeiro baixista foi o que eu entrei em contato, e marcamos um ensaio. O cara era muito bom mesmo, e quis levar a fita do ensaio para casa para tirar as músicas imediatamente. Só que o lance do cara era montar uma banda para tocar e ganhar dinheiro, que era o tipo de idéia que não nos seduzia. Sabíamos que o nosso som não era do tipo comercial, e tínhamos consciência de nossas rasteiras habilidades musicais – tínhamos que amadurecer bastante ainda musicalmente. Além disso, a cada cover que tocávamos (tipo Maiden ou Sabbath) ele tentava acompanhar e dizia que havia aprendido há anos atrás, e que desde a adolescência ele não ouvia ou tocava nada da respectiva banda; ficou evidente que ele não era fã do som que adorávamos escutar e tocar. Assim, fizemos questão de deixar claro que não abriríamos mão de fazer a audição com o outro baixista, e assim o fizemos (afinal, levamos tanto tempo para encontrar alguém disposto a tocar conosco). O Bruce, então, marcou o ensaio com o Nilton (não lembro se a Vanessa se fez presente já naquele primeiro dia). A empatia foi imediata, pois o cara gostava das mesmas bandas que nós, e ainda mostrava uma certa vocação para compor (que ele acabou não exercendo no futuro que se seguiu). Sem contar que era uma excelente figura, e tinha a mesma vontade de tocar músicas boas que nós. Não tivemos dificuldade para escolher o Nilton, e a mim coube encontrar o outro cara para tentar pegar as fitas do ensaio de volta. Além disso, nessa época e durante algum tempo o Nilton namorava a Vanessa, que se tornou presença certa em quase todos os ensaios e uma grande amiga de todos.

Já tínhamos, então, um vocalista e um baixista, mas ainda faltava o outro guitarrista. Jamais cogitamos que a banda teria apenas a minha guitarra, sobretudo pelo fato de não ter a desejável habilidade para solar. Não demorou muito e o Nilton chamou um colega dele (acho que do colégio ou Escola Técnica), o Nedimar. Ensaiamos com ele e assim completamos a formação da banda: Bruce, eu, Luciano, Nilton e Nedimar.

Bem vistas as coisas, o Nedimar não era um guitarrista de heavy metal. O negócio dele era Pink Floyd, e ele empunhava uma Stratocaster e solava bem como David Gilmour, mas apesar do nosso som ser pesado foi notável que ele fez o esforço de aprender algumas músicas e tal. Não por acaso, uma das que ele tirou com mais facilidade foi “Cold Wind”, a única "balada" ou "lenta", que tem um dedilhado com guitarra limpa. Essa experiência com o Nedimar foi importante, pessoalmente, pois pela primeira vez questionei o som que estava extraindo da combinação guitarra-pedaleira-amplificador. A minha distorção era demasiado aguda e abelhuda, e parecia atrapalhar o som das músicas. Nesse sentido, o som do equipamento do Nedimar era muito melhor, e foi aí que aprendi a ouvir o som da minha guitarra com uma certa crítica. Até hoje não sei dizer se foi precocemente, mas o Nedimar concluiu em pouco tempo que não seria uma boa para ele continuar tocando com a gente. O cara me contou pessoalmente a sua decisão, numa vez em que nos encontramos no lotação para a faculdade. Fiquei um pouco decepcionado (recém tínhamos conseguido estabelecer e estabilizar uma formação), e deixei claro que era uma pena.

Mal sabíamos nós que com o Nilton havíamos conseguido mais que um baixista; o cara conhecia guitarristas aptos a tocar conosco. Assim, em questão de poucas semanas, apareceu o Cláudio. Este sim gostava de um som similar ao nosso, pois era fã de Black Sabbath, Ozzy Osbourne e Iron Maiden. Não bastasse isso, o cara tinha uma técnica incrível na guitarra, e sabia tocar muito bem os solos de todas as músicas dessas bandas. Parecia que não havia solo que ele não conseguisse tirar, pelo menos para o efeito de tocar conosco. Enfim, foi um baita acréscimo e a formação clássica da Burnin´ Boat estava reunida.

O 2.º show

Ensaiamos, então, semanalmente (preferencialmente nas tardes de sábado), formamos um repertório de composições próprias e covers, e logo aconteceu de ser marcado um show com outras duas bandas. Não lembro ao certo como isso surgiu, mas o show se daria no famoso Teatro de Elis (antigo Porto de Elis), perto do Barranco, num fim de tarde de domingo chuvoso de Gre-nal decisivo do Campeonato Gaúcho daquela temporada. Fiquei satisfeito, pessoalmente, com o fato de que rolou cartaz nas ruas anunciando esse show, pois um dos meus sonhos era esse: ter o cartaz com o nome da minha banda num muro da cidade.

Das bandas que tocaram conosco eu lembro só da Daduke. Encontramo-nos todos na passagem de som, e como a Daduke seria a última banda a tocar (os caras tinham trazido a bateria), eles fizeram a passagem primeiro e foram embora para voltar só na hora do show deles. Nos seríamos a banda do meio. Depois saímos para fazer um lanche (eu fiquei por perto, enquanto que o Luciano, o Bruce e não lembro mais quem foram no McDonald´s).

O público não foi expressivo, conquanto houvesse algumas pessoas que não eram conhecidas de nenhum dos integrantes das bandas; eram caras que tinham recebido o flyer do show nos bares da Av. Oswaldo Aranha (conversamos com alguns deles que estavam aguardando na pequena fila para entrar). De conhecidos estavam Raquel, Carol, uma amiga delas e do Bruce, a Vanessa, o Guilherme Deathroner, acredito que o Felipinho e o Minduim, e a Sabrina.

A Pulse foi a primeira banda da noite, e o som dos caras era mais para grunge, mas não acompanhei nada do show, pois queria me concentrar para quando fosse a hora de subir ao palco.

Apresentei-me com uma camiseta que o Bruce achava legal, do filme “Heat”. Abrimos com “Highway Star” do Deep Purple, e o ponto alto (evidentemente) não era a minha versão do solo de R. Blackmore, e sim a interpretação do Cláudio do solo de teclado do Jon Lord. Algumas pessoas se animaram bastante e ficaram se empurrando na frente do palco (o tradicional pogo). Certamente não tínhamos muita noção de set list, pois emendamos uma outra música rápida, dessa vez o nosso clássico “Boats are Burning”.

Nílton e Cláudio eram fanáticos por Iron Maiden, e assim foi natural que incorporássemos alguns covers, embora antes dos caras entrarem na banda isso fosse impensável (o Bruce nunca foi fã, embora tivesse comprado uns discos). Embora o Luciano não gostasse particularmente da música, para mim foi um momento memorável tocar “Powerslave”, uma bela composição do Iron, com vários riffs e andamentos. Lembro-me perfeitamente que o Guilherme Deathroner (notório admirador do Iron e fã do Steve Harris) se postou bem à frente do palco, e ficou de cara para o Cáudio durante o solo.

Eu fiz questão de que tocássemos uma do Kiss, e sugeri “I Stole Your Love”. Mas acho que só eu curtia essa música, pois ninguém realmente tirou a cover, de modo que não fizemos uma boa versão e foi a última vez que a tocamos. A apresentação durou mais de uma hora, e queríamos tocar o maior número possível de músicas, mesmo sem tê-las ensaiado todas adequadamente. Lembro que fiquei meio desconcertado por não aquecer propriamente para o show, conquanto tenha ido no camarim com a Sabrina para descansar antes de subir ao palco (durante a apresentação da Pulse).

Constou do set-list nossas principais composições próprias da época: além de "Boats are Burning", rolou "Over the Moon", "Hidden", a instrumental "Attitude Adjustment" e "Sweet Thing". Quanto aos covers, realizamos o sonho de tocar "Burn" (quando iniciamos a banda e o Bruce tomou contato com o disco "Burn" do Deep Purple, achávamos que jamais conseguiríamos executar essa faixa de 6min, com solos de guitarra e teclado, e de bateria, se considerarmos as linhas de Ian Paice durante os versos). Além disso, desde o início queríamos incorporar uma clássica obscura, e chegamos à idéia de tocar "Say What You Will" do Fastway, que é conhecida por ter sido a música de abertura do seriado "Juba e Lula". Curtíamos um pouco de hard rock dos anos 80, e então rolou "Kiss of Death" do Dokken. Com as presenças de Nilton e Cláudio na banda, tocamos duas do Iron: além de "Powerslave", fomos de "2 Minutes to Midnight".

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ensaio - The Osmar Band - Em 08.07.2008 "you are number six"

Por motivo de viagens (a trabalho e a lazer), nos encontramos quase três semanas depois do quinto ensaio, e nesta ocasião firmei a convicção de que o fundamental para um bom e produtivo ensaio é o "aquecimento". Dito isto, quero crer que não é exagero afirmar que este sexto ensaio foi o mais produtivo. Afinal, compusemos seis músicas boas, algumas das quais muito boas. O início, admito, não foi fácil, pois tive dificuldade com o freestyle do Alemão. Mas as coisas melhoraram (para mim) quando resolvi experimentar uns timbres do feijãozinho que simulam amplificadores utilizados por R. Blackmore e B. May. Então enfileiramos umas quantas novas composições, uma mais legal que a outra, todas com letras criadas na hora pelo Marcelo, assim como as nossas partes. Em uma, na qual a letra faz uma homenagem a uma preciosidade que todos (os homens) gostam, acompanhei basicamente o Alemão com uma base em C e pegada rocker, e verso em G-F#-F; na segunda, que começou bem legal com o timbre Jarre/Final Countdown do Triton, acompanhei com uns barulhos com a mão direita martelando as notas mais agudas da guitarra (timbre Pink Floyd) e depois uma pequena melodia, com letra "religiosa", digamos assim, pelo título; a terceira foi um pouco mais pesada (solo de guitarra e tal), mas com a levada característica de outras composições, dedicada a um recente e controverso diploma legal; a quarta lembrou um pouco o clima de outra já antiga deles, e comecei com um timbre utilizando tremolo (que exclui quando entrou o vocal), tocando basicamente os acordes com um só ataque (stroke), que acompanharam a letra desoladora; a quinta teve uma letra típica de bandas porto-alegrenses dos anos 80, que acompanhei com uma levada rock´n´roll convencional. Bem, a sexta composição, deste sexto ensaio, pessoalmente, foi a minha favorita. Toquei com guitarra limpa uma seqüência de acordes meio intrincada (para mim, pois não consigo fazer a transição do 3.º para o 4.º sem errar), que criei no 2.º semestre do ano passado, e com a qual não sabia bem o que fazer (tipo, o que viria depois desses acordes?). Não sei os nomes dos acordes, mas botei as notas num programa de edição de tablaturas e saiu isso: Am - Dmadd9 - Dmadd11 - Asus4/5+. Esses acordes acabam dando um clima meio etéreo, que foi muito bem acompanhado pelo Alemão com um timbre viajante no Triton (c107). E o Marcelo teve a felicidade de encaixar uma letra TSN, que ficou perfeita (com valoroso backing vocal do Marcão). E essa é a música, i. é, os acordes na guitarra limpa, o timbre de sintetizador viajante, e a letra TSN. Para mim, foi o "Momento Lucky Strike". Ao final, rolou uma nova e melhor cover de "Fear of the Dark" do Iron Maiden, na qual só toquei os acordes Dm-C-D-F-G com a guitarra limpa e o Alemão acompanhou improvisando com um timbre Fender Rhodes muito legal. Tenho certeza que tocamos (mas não veio o mp3) uma com riff em C, levada rocker, com guitarra timbre Blackmore/May.

Finalmente, tive a oportunidade de alcançar para o Alemão o cd duplo ao vivo do Dream Theater "Once in a Livetime" (adquirido no estoque da finada Banana Records, em data recente), que é a amostra perfeita do sintetizador Korg do Derek Sherinian (espero que o cara curta esse registro de uma das minhas bandas favoritas). Em retorno, o Alemão emprestou um cd que nunca tinha ouvido falar, gravado por instrumentistas que respeito bastante; trata-se do Front Page, do trio Biréli Legrène, Dominique Di Piazza e Dennis Chambers. Bem, admito que só conhecia Legrène pelo nome, e que não conhecia Di Piazza. Seja como for, é um belo exemplar de jazz, no qual o destaque, para mim, é o batera Dennis Chambers: o cara tem um estilo muito conhecido, e é espetacular ouvir o que esse sujeito consegue fazer (e eu que achava que só o Portnoy era capaz de tocar coisas impossíveis).

domingo, 6 de julho de 2008

1.º show da Burnin´ Boat (1999 - Cecaf/Famecos)

O primeiro show da Burnin´ Boat, no começo do inverno de 1999, surgiu de uma oportunidade na qual o desafio de uma apresentação ao vivo nos pareceu plenamente vencível. O centro acadêmico da faculdade do Bruce e do Luciano estava organizando um festival de talentos no qual seria permitido às bandas (com pelo menos um integrante aluno daquela faculdade) uma apresentação de 15 minutos. Concluímos que poderíamos tocar por 15 minutos para o público, e concordamos que o repertório seria de duas músicas, uma própria e uma cover. As músicas não poderiam ser muito complexas, pois até então não tínhamos uma banda perfeitamente formada, nem tínhamos muita técnica para exibir, de modo que muitos guitarrismos não eram aconselháveis (não havia muito que eu tinha comprado a guitarra Cobra - uma Golden azul - e o amplificador Staner do Pedro...).

Na época, o Bruce e eu dividíamos a nossa atenção entre a Ruligans e a Burnin´ Boat, sendo que a primeira era formada por Bruce, eu, Luciano, Tiago e Guilherme Deathroner, e a segunda por Bruce, eu, um cara que tocava baixo que quase nunca apareceu para ensaiar (o Pedro) e um guitarrista que efetivamente nunca apareceu (um primo do Bruce, que tocava violão muito bem). Como o Tiago não se empolgou com a idéia, resolvemos tocar como Burnin´ Boat, e a formação seria Bruce, eu, Luciano e Guilherme Deathroner. Cogitamos agregar um guitarrista convidado, e o Bruce chamou um colega dele que tocava guitarra; fizemos um ensaio, emprestamos previamente fitas com as músicas para o cara - providenciei até um tablatura da nossa música - mas as coisas não andaram bem. O cara não tocava nosso som, tinha grande dificuldade para tocar com distorção, e não tinha conhecimento da técnica de abafar as cordas (e isso é básico para tocar hard rock/heavy metal). Mas eu não achava que o cara desistiria. E no ensaio seguinte, para minha surpresa, o sujeito não apareceu.

Voltando ao repertório, rapidamente decidimos que seriam tocadas “Deuce”, do Kiss, e “Hidden”, que era uma de nossas poucas composições próprias mais ou menos acabadas (a outra era “Over the Moon”, mas acho que em relação a essa só tínhamos o riff principal e os acordes do refrão – o resto todo seria composto um tempo depois). A música do Kiss era fácil, e o solo eu aprendi a tocar sem muitas dificuldades, pois era só decorar os bends do Ace Frehley. O Guilherme Deathroner também não teve dificuldade nenhuma para aprender essa música, em relação a qual ele não tinha grande simpatia (mas o cara foi muito profissional, pois, afinal, ele queria mesmo subir ao palco). Alguns anos mais tarde vim a saber que ele curtia “Hidden”, ou pelo menos respeitava a composição (no show que fizemos na Casa de Cultura ele reclamou a ausência de “Hidden” no setlist, e acho que desde então jamais deixamos de tocar essa música), e esse é o tipo de opinião que considero enormemente. Como eram só duas músicas, os ensaios foram produtivos; repetimos várias vezes cada música (e isso deveríamos ter feito para todas as outras apresentações...) e estávamos seguros e afiados para o show.

A ordem de apresentação das inúmeras bandas (além da nossa, estava agendada a apresentação da banda de uma garota que os caras chamavam de “Atitude” chamada Losna, e uma outra de uns caras que eram colegas dos Típicos, a Winston) foi estabelecida por sorteio, e acabou que nós seríamos a primeira banda do dia. O horário marcado era 14h. Então combinamos de chegar lá pouco antes disso, mas aí rolou uma baita falta de comunicação. Geralmente o Luciano me dava carona para os ensaios, e para a show não seria diferente, só que o cara ligou de um orelhão para o Bruce, acho que pela manhã, avisando que estaria sem o carro e que nos encontraria direto no local do show, e se não me engano dizendo que não poderia me avisar. O Bruce, que iria de carona com o seu pai, pouco se importou (afinal, o transporte dele estava garantido), e não me avisou de nada (não sei o que o cara pensou nessa hora, acho que ele nem se deu conta de que eu tinha ficado sem condução). Bem, no horário que havia sido combinado no dia anterior, me postei na frente do meu prédio esperando pelo Luciano por mais de meia hora; já era cinco para as duas e resolvi pegar um táxi (o carro do meu pai estava quebrado) e paguei uma fortuna pela corrida. Cheguei no local furioso com a falta de consideração, e não dirigi a palavra aos caras durante um tempão.

Muito embora o show estivesse marcado para as 14h, e mesmo tendo chegado atrasado, as apresentações não estavam nem perto de começar – recém estava sendo montado o palco, instalados os amplificadores (que eram bons), a luz, o som, etc. O público também era quase nenhum, e ficamos, assim, umas três horas esperando. Esse retardamento acabou sendo ótimo para nós e crucial para o sucesso da nossa apresentação, pois proporcionou um grande público que lotou o auditório.

Acho que subimos ao palco lá pelas 18h, não lembro se fomos apresentados, e nos instalamos à vista de todo mundo. Embora usasse a distorção da pedaleira que era do Luciano, tendo eleito um dos efeitos mais pesados (algo do tipo “bone crusher”), e ainda, por falta de conhecimento maior, utilizado a regulagem de equalização do amplficador tal qual atribuída ao Metallica antigo (isto é, agudos e graves no 10, médios no 0) – e essa combinação dava um caráter totalmente heavy metal para o som -, não gostava muito que rotulassem nosso som como heavy metal, e isso se devia muito pelo fato de que o Bruce, na época, não era fã de metal, e eu não queria fazer com que o cara tocasse numa banda cujo som fosse com ele incompatível. Assim, tão logo liguei meu instrumento e toquei um riff de que gostava bastante (meio Mercyful Fate), estranhei um pouco quando o Felipinho gritou algo como “metaaaaaaaal”. Além disso, fiz questão de me apresentar com a minha camisa preta do “Telecine”, e no vídeo dá pra ouvir algumas pessoas fazendo umas piadas e tal. Seja como for, o público estava bastante agitado e aparentemente estávamos agradando. Meu namoro com a Sabrina estava engatinhando, e não pedi que ela aparecesse por lá, pois em tese o show seria cedo, curto e seguramente eu estaria nervoso e não poderia dar atenção alguma a ela. Nessas condições, de conhecidos estavam Raquel, Carol, Felipinho e Minduim e Pedro (que no vídeo feito pelo Felipinho, apareceu no final da tarde dizendo que tinha vindo ver o Winston). O resto era a galera Famecos, bem barulhenta.

Optamos por começar com a cover, pois achamos conveniente tocar primeiro uma música “conhecida” (ou, no mínimo, a menos desconhecida). Todos a postos, iniciei “Deuce” e logo ouvi um grito agudo tipo “uhuuuuuuuuu” de uma guria (que suponho não era nem a Raquel, nem a Carol), e me empolguei bastante, na medida do possível (não costumo demonstrar a empolgação...). Acertamos toda a execução da música, e inclusive fizemos a coreografia do Kiss no final. A galera vibrou um monte e em seguida o Luciano anunciou a nossa composição. Hoje em dia não tenho como negar a influência heavy metal (tipo Metallica), e no vídeo aparece algumas cabeças balançando no ritmo da música.

Finalizamos nossa apresentação e foi muito legal perceber a ampla aprovação do auditório que vibrou um monte com a gente. É difícil descrever a sensação de estar no palco tocando guitarra, mas o certo é que depois dos primeiros momentos de insegurança, e sobretudo depois de se certificar de que não haverá problemas com o som, a coisa flui melhor e até dá pra pensar em aproveitar alguma coisa. No entanto, desde o primeiro show foi para mim uma dificuldade a de conseguir me desprender e conseguir atuar um pouco ao invés de só tocar guitarra olhando para o chão. Agora penso que só depois de muitos ensaios e treino para que a música flua sem ter que se concentrar em tocar as notas é que eventualmente será possível fazer algo que se possa chamar de performance de palco.

Bem, esse foi nosso primeiro show, e é lícito dizer que foi um sucesso. Depois, descemos do palco e arranjamos lugar para sentar; fiquei para assistir mais umas duas ou três bandas (uma que tocou Metallica e Natiruts, e a Losna da “Atitude”). Deu tempo de dar uma “entrevista” para uma guria que se identificou como repórter do jornal do centro acadêmico.

Abaixo segue o vídeo (como não sei se existe o arquivo original, digitalizei apenas a cópia da cópia que estava numa fita VHS):

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Livro - "The Rough Guide to Pink Floyd"

Um livro que se diz "rough guide" a respeito do Pink Floyd, compreendendo todas as fases da banda, resenhas de discos e das 50 melhores músicas (na opinião do autor do livro), filmes, bootlegs, discos solo, e tudo mais, escrito em inglês, por apenas 30 pila na Cultura, pareceu-me de indispensável leitura.

Pink Floyd é uma das bandas que tenho o maior respeito, apesar de não conhecer toda a sua discografia (cada disco custa mais de 30 reais nas lojas e não é fácil encontrá-los nas "bocas dos discos"); afinal, os caras gravaram três discos clássicos ("Dark Side of the Moon", "The Wall" e "Wish You Were Here") e outros marcantes (p. ex.: "The Piper at the Gates of Dawn" e "Meddle"). Não sou o maior fã dos caras, mas não dispenso oportunidades para me inteirar da grandiosa obra dessa banda, sendo certo que os discos contêm boas músicas e são cercados de boas histórias a respeito das gravações e das composições. E era isso que estava esperando ler nesse "rough guide".

Logo no início reparei num ponto negativo: a leitura não é tão fluida quanto seria desejável num livro sobre uma banda de rock. Talvez seja deficiência minha (acostumado que estou com o inglês de letras de músicas e de revistas de guitarras), mas levei um tempo para acostumar com a linguagem cheia de adjetivos (resenhas de discos de certas revistas - nacionais ou estrangeiras - costumam ser bastante prolíficas nesse sentido). Isso dificulta um pouco a tarefa de ler as resenhas sobre os discos mais antigos. Além disso, o autor Toby Manning, em que pese a demonstração de domínio sobre a trajetória da banda, é fã e não se preocupa muito em se manter neutro em relação às fases da banda (é nítida a predileção pela época de Waters).

Seja como for, comecei a ler do jeito que me pareceu melhor: de trás para frente, desde "The Division Bell" até o primeiro com Syd Barrett. E se a minha expectativa com relação ao livro era a de me inteirar sobre o método de composição do Pink Floyd, e sobre as gravações dos discos, posso dizer que fiquei satisfeito. Afinal, muita coisa resta esclarecida, a mais significativa delas a predominância das composições de Roger Waters. Sabendo que David Gilmour é um excepcional guitarrista, e que a banda seguiu sem Waters durante os anos 90 com discos contendo algumas boas músicas, não conseguia entender como o guitarrista era creditado pela composição de algumas poucas faixas nos discos mais importantes. E aí fico sabendo que Gilmour, assim como Wright e Mason, na verdade não é muito ágil para compor. P. ex., na época de gravar "The Wall", Waters apareceu com material para dois discos: o próprio "The Wall" e um outro que foi lançado após sua saída do Floyd ("The Pros and Cons of Hitchhicking"). E foi mais ou menos dessa forma que Waters compôs a maior parte de "Animals", "Dark Side", etc. Então a participação menor de Gilmour, em termos de créditos nas composições, só pode ser imputada ao próprio Gilmour, e na guerra de egos e megalomania entre os integrantes, vencia o cara mais determinado e que ao invés de se dedicar a hobbies (corridas de carros, caça, etc) tratava de compor músicas e conceitos inteiros. E se são poucas as contribuições de Gilmour, pelo menos são as mais certeiras e duradouras (são dele as melhores de "The Wall": "Run Like Hell" e "Confortably Numb"). E se cada um tem seu ritmo, e Gilmour consegue desempenhar satisfatoriamente compondo poucas e excelentes músicas, isso explica os resultados irregulares (digamos assim) dos seus discos solo.

Além disso, há descrições sobre (a) a utilização do sintetizador VCS3 em "Obscured by Clouds" e no próprio "Dark Side...", o que para mim é sempre interessante em se tratando de sintetizadores analógicos; (b) as fracas e pouco inspiradas apresentações ao vivo durante os anos 70; e (c) a ínfima contribuição de Rick Wright e (mais ainda) de Nick Mason nos grandes discos; talvez por isso não esteja errado Waters quando considerava o tecladista e o baterista como dispensáveis (i. é, poderiam ser substituídos sem prejuízo por outros músicos, talvez até mais talentosos). Aliás, fica claro, ao seguir a resenha cronológica, que o tanto que Waters assumia as rédeas do Floyd era acompanhado pelo incremento de seu comportamento arrogante em relação aos demais integrantes. E se as coisas foram assim mesmo, e parece que o foram, não tenho como tirar a razão de Waters, pois entendo perfeitamente como deve ser irritante para um cara que tem idéias e quer pô-las em prática se deparar com seus companheiros de banda descomprometidos e descompromissados, que reclamam por maior participação mas não agregam efetiva contribuição. Ou seja, possivelmente não seja demasiado afirmar que a banda foi adiante por causa da determinação (e também das frescuras) de Waters; e é inegável que a tarefa de Waters foi imensamente favorecida por contar com os inputs qualificados de Gilmour (que tem o melhor vocal, indiscutivelmente, e é um talentoso guitarrista), e de Wright e Mason (em alguma medida esses caras fizeram contribuições importantes, como gravações de efeitos especiais, etc).

O livro serviu ainda para me tranqüilizar a respeito de "The Final Cut", último disco de Waters com a banda, e que é como um tijolo para engolir. Adquiri recentemente (na "Boca" por 15 pila), já tendo noção de que se tratava de um disco de audição complicada, e agora tive a confirmação de que este álbum não é para o "casual listener", pois demanda um estado de espírito especial, i. é, não dá para botar para rodar o cd e achar que vão sair algum "greatest hit".

É digno de nota ainda as definitivas versões sobre alguns fatos notórios sobre a carreira do Pink Floyd como (a) a participação de Claire Torry em "The Great Gig in the Sky"; (b) a visita de Syd Barrett durante a gravação de "Wish You Were Here"; e (c) a famigerada sincronização de "Dark Side of the Moon" com o filme "Mágico de Oz". Sobretudo serviu para confirmar certas noções como a de que "Wish You Were Here" foi composto a partir do riff inicial de quatro notas de Gilmour em "Shine on You Crazy Diamond", e que o conteúdo das letras gira ao redor da idéia de "ausência" e do próprio comportamento "ausente" de Syd Barrett.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Formula 1 - GP da França (8.ª etapa, 22.06.2008, 9h)

A corrida em Magny Cours representou para Massa a concretização da viabilidade de conquistar o título de pilotos de 2008. Afinal, o cara ganhou andando forte e contando com um pouco de sorte, e com o resultado da 8.ª etapa o cara figura na liderança do campeonato, sendo certo que é a primeira vez, desde o GP de Mônaco de 1993 com Senna, que um brasileiro assume essa colocação.

Raikkonen fez o melhor tempo no treino classificatório, e assim ficou com o título de ter completado a 200.ª pole da Ferrari. Mas assim como aconteceu com os pilotos que fizeram a 50.ª, a 100.ª e a 150.ª, o cara não saiu vencedor. O finlandês largou na frente e liderou parte da corrida, mas foi prejudicado por um "cano de descarga" da Ferrari que se desprendeu e lhe impôs uma perda de rendimento que facilitou a vida de Massa.

Outro cara que se deu bem na França foi o Piquet, que finalmente marcou seus primeiros pontos após andar forte o tempo todo. Nas últimas voltas, Alonso era o 7.º mas errou, e seu companheiro de equipe não perdeu a chance e completou a corrida na frente do espanhol. Em todos os sentidos foi um ótimo resultado, confirmando a expectativa que ele próprio lançou após dizer que o campeonato seria diferente nos circuítos europeus (que ele já conhece de outras categorias). O único erro foi na saída dos pits; ele tinha conquistado na parada a posição de Kovalainen, mas na saída colocou ponto morto e foi ultrapassado. Acredito que seria passado igual na pista, de modo que se não por outra coisa, serviu o erro para dar experiência.

Hamilton perdeu 10 posições no grid por ter causado aquela confusão no GP do Canadá, então sua corrida foi meramente de recuperação, o que acabou lhe deixando fora da zona de pontuação.

Enfim, uma corrida brilhante para os brasileiros.

French Grand Prix Results - 22 June 2008 - 70 Laps
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT LAPS TIME/RETIRE
1. Felipe Massa Brazil Ferrari 70 1h31m50.245
2. Kimi Raikkonen Finland Ferrari 70 17.984
3. Jarno Trulli Italy Toyota 70 28.250
4. Heikki Kovalainen Finland McLaren-Mercedes 70 28.929
5. Robert Kubica Poland BMW Sauber 70 30.512
6. Mark Webber Australia Red Bull-Renault 70 40.304
7. Nelson Piquet Brazil Renault 70 41.033
8. Fernando Alonso Spain Renault 70 43.372
9. David Coulthard Britain Red Bull-Renault 70 51.021
10. Lewis Hamilton Britain McLaren-Mercedes 70 54.538
11. Timo Glock Germany Toyota 70 57.700
12. Sebastian Vettel Germany Toro Rosso-Ferrari 70 58.065
13. Nick Heidfeld Germany BMW Sauber 70 1m02.079
14. Rubens Barrichello Brazil Honda 69 1 Lap
15. Kazuki Nakajima Japan Williams-Toyota 69 1 Lap
16. Nico Rosberg Germany Williams-Toyota 69 1 Lap
17. Sebastien Bourdais France Toro Rosso-Ferrari 69 1 Lap
18. Giancarlo Fisichella Italy Force India-Ferrari 69 1 Lap
19. Adrian Sutil Germany Force India-Ferrari 69 1 Lap
R Jenson Button Britain Honda 16 Damage
FASTEST LAP: Kimi Raikkonen Finland Ferrari 16 1:16.630

Points standings (after 8 rounds)
DRIVERS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT POINTS
1. FELIPE MASSA Brazil Ferrari 48
2. ROBERT KUBICA Poland BMW Sauber 46
3. KIMI RAIKKONEN Finland Ferrari 43
4. LEWIS HAMILTON Britain McLaren-Mercedes 38
5. NICK HEIDFELD Germany BMW Sauber 28
6. HEIKKI KOVALAINEN Finland McLaren-Mercedes 20
7. MARK WEBBER Australia Red Bull-Renault 18
JARNO TRULLI Italy Toyota 18
9. FERNANDO ALONSO Spain Renault 10
10. NICO ROSBERG Germany Williams-Toyota 8
11. KAZUKI NAKAJIMA Japan Williams-Toyota 7
12. DAVID COULTHARD Britain Red Bull-Renault 6
13. TIMO GLOCK Germany Toyota 5
SEBASTIAN VETTEL France Toro Rosso-Ferrari 5
RUBENS BARRICHELLO Brazil Honda 5
16. JENSON BUTTON Britain Honda 3
17. SEBASTIEN BOURDAIS France Toro Rosso-Ferrari 2
NELSON PIQUET Brazil Renault 2

CONSTRUCTORS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS CONSTRUCTOR POINTS
1. FERRARI 91
2. BMW SAUBER 74
3. MCLAREN-MERCEDES 58
4. RED BULL-RENAULT 24
5. TOYOTA 23
6. WILLIAMS-TOYOTA 15
7. RENAULT 12
8. HONDA 8
9. TORO ROSSO-FERRARI 7

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