domingo, 31 de maio de 2009

CD ao vivo - Iron Maiden "Flight 666 - The Original Soundtrack" (2009)

Poderia ser mais um dos tantos discos ao vivo do Iron Maiden (os caras lançam um cd duplo, pelo menos, para cada turnê, com, pelo menos, duas finalidades: manter os fãs saciados entre os lançamentos dos discos de estúdio e evitar a inevitável disseminação de bootlegs com gravações dos shows e lucrar alguma coisa com isso). Mas "Flight 666 - The Original Soundtrack" é um excelente registro, tão bom quanto os "A Real Live One", "A Real Dead One" e o "Live at Donnington" - que são os meus favoritos -, melhor que "Live After Death" (para muitos - provavelmente a maioria esmagadora - esse é o melhor de todos os tempos), e muito melhor que o "Rock in Rio". É espantoso que as 17 faixas do disco foram gravadas em cidades diferentes durante a turnê que se desenvolveu em 2008, e a qualidade de som foi preservada, desde logo servindo para demonstrar a excelência da voz de Bruce Dickinson (disparado é o melhor álbum que contém registro do vocalista), agregada à boa qualidade das três guitarras e do baixo (não tão alto quanto em outros discos) e até dos teclados (gostei muito de ouvi-los no refrão de "Powerslave" - nem sabia que tinha teclados naquela parte...).

Essa turnê tinha como propósito (o qual ainda não consigo entender exatamente) de recriar a lendária "World Slavery Tour", de 1985, na qual a banda divulgava o fenomenal "Powerslave", e para isso a banda tocou grande parte do set list da época e formatou o palco de forma similar à de 23 anos atrás. Logo no início dessa "Somewhere Back in Time Tour" foi lançada uma coletânea e o próprio DVD oficial do "Live After Death". Agora podemos ver e ouvir os registros dessa turnê de 2008 que passou por Porto Alegre (estive lá, como tantos, no emocionante show de 04.03.2008, não sem exagero um dos melhores shows da história da cidade). Além disso, da turnê resultou o documentário "Flight 666", que até ficou em cartaz por algumas semanas (ainda não assisti, o DVD foi lançado simultaneamente, então é uma questão de tempo). O nome do documentário faz referência ao fato de que a banda se deslocou entre as cidades durante a turnê pelo avião "Ed Force One" pilotado pelo próprio Dickinson (como se sabe, o cara é esgrimista e também piloto). O show em São Paulo acabou se notabilizando por contar com o maior público da banda (sem contar os festivais).

Honestamente, preferia algo que contivesse músicas que ainda não tivessem constado de outros cds ao vivo (apenas "Moonchild" e "Wasted Years" são novidades), bem como alguma novidade no set list (sempre previsível com a maior parte das músicas sendo executadas obrigatoriamente). Mas ouvindo apenas uma vez "Flight 666" (e algumas vezes depois disso) constato que se trata de um registro único e muito bem feito de músicas que - segundo as palavras de Steve Harris no encarte do cd - não mais serão apresentadas ao vivo (provavelmente é o caso de "Revelations" e "Rime of the Ancient Mariner", e com sorte será o caso de "Iron Maiden").

Do set list, que desta vez não é apresentado como se fosse de um show só (há fade in e fade out em todas as faixas, e não constam as falas de Dickinson entre uma música e outra), destaco "Aces High" (muito emocionante o refrão, com as guitarras executando aqueles fáceis e bem posicionados power chords, e o público cantando junto com Dickinson, além de que o próprio vocalista tomou algumas liberdades com a melodia que ficaram muito legais), "Moonchild" (nunca foi das minhas favoritas, mas essa versão ao vivo ficou matadora e muito superior a de estúdio, com Adrian Smith tocando com todos os delays possíveis aquela melodia de abertura; particularmente entendo que a versão que eles tocaram aqui em Porto Alegre ficou melhor do que Porto Rico que eles usaram nesse disco), "Powerslave" (pela presença dos teclados no refrão e pelo timbre das guitarras, bem evidenciado no perfeitamente afinado acorde Em que precede a parte com dedilhado e guitarras limpas e solos inspirados após o segundo refrão). Também achei melhor e mais pesada - e mais emocionante - a versão de "Rime of the Ancient Mariner" apresentada por aqui ao invés da apresentada em New Jersey que eles escolheram para o disco).

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ensaio The Osmar Band: "Seventeen" 26.05.2009

Superada a pressão psicológica das esposas, dos cachorros e da filha (no caso do Marcelo), reunimo-nos, após longo período de inatividade, e o fizemos de maneira low profile: levei apenas o baixo (que não toquei), não gravamos nada (o micro não está instalado) e tocamos basicamente os clássicos da banda. O Marcão teve problemas com a bateria eletrônica, que está em vias de ser substituída; esses problemas têm sido recorrentes, e nos faz questionar a seriedade do trabalho da assistência técnica da marca do instrumento. O Alemão tocou o tempo todo no Triton, e eu no violão de cordas de aço Yamaha. Começamos com uma jam, e logo afinei o violão no estilo dropped-D para facilitar a execução dos acordes que o Alemão estava tocando (D-A-G, algo do tipo); fiz um riff com acordes Am-G que ficou bem legal e diferente com a afinação alternativa. O Marcelo começou a cantar versos de clássicos da banda sobre uns acordes F#-A-G que estávamos tocando. Em seguida tocamos as faixas propriamente ditas: aquela em Am-G-F sobre um problema que aflige parte do sexo masculino; uma das favoritas com os acordes Am-(...). Na maioria dos casos o Alemão não recordou do timbre do Triton que servia para cada música. Esse não foi o caso de uma das clássicas da época anterior ao meu ingresso, e tive a oportunidade para aprender os acordes: Fm e C7 (para mim é F5 e C5), embora não tenha conseguido acompanhar o Alemão nas trocas entre um e outro acorde. Ao final ainda deu tempo de acompanhar o último quarto do quarto jogo entre Cavaliers e Magic (vitória do time de Orlando, que jogava em casa e fez 3x1 na final da conferência leste).

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Discos Essenciais - Megadeth "Youthanasia" (1994)

É bem provável que assistir ao vídeo de "Train of Consequences" na MTV na época do lançamento de "Youthanasia" tenha contribuído decisivamente para a aquisição deste disco e de "Countdown to Extinction" no verão de 1995. Megadeth estava, então, no auge da sua popularidade - pelo menos na sua terra natal - ganhando boa exposição nos canais dedicados à música e boas colocações no Top 200 da Billboard; assim, era ficar esperto nos programas mais legais que apareceria o vídeo cedo ou tarde.

"Youthanasia" é um disco bem diferente do que lhe precedeu, "Countdown to Extinction", e isso fica evidente nas letras mais pessoais (e menos politizadas), na afinação das guitarras (meio tom abaixo), no andamento das faixas (li em algum lugar que o produtor Max Norman sugeriu que todas as faixas se submetessem ao metrônomo a 120bpm, que facilitaria a assimilação nas rádios e aos ouvidos dos não iniciados), e no próprio visual dos caras (o encarte tem várias fotos nas quais Mustaine/Ellefson/Friedman/Menza aparecem com roupas fashion). Além disso, o álbum contém uma faixa que é o mais próximo que Mustaine chegou, até então, de compor uma balada, a clássica "A Tout Le Monde". Bem vistas as coisas, trata-se de mais um passo dado por Mustaine em busca do seu sonho - confessado nas notas da edição remasterizada - de emplacar um disco n.º 1 na Billboard Top 200.

As melhores do disco são "Train of Consequences", "Reckoning Day", "A Tout Le Monde", "Family Tree", "The Killing Road" e "Victory".

Algumas músicas são tão bem compostas - todas as suas partes se encaixam, não há nada que poderia ter ficado de fora ou com menores repetições, enfim, todas as partes são enfatizadas adequadamente e não tem nada fora do lugar - que eu costumo chamá-las de "músicas perfeitas". Um exemplo de música perfeita é "Train of Consequences". Temos um riff ao mesmo tempo marcante e tecnicamente sofisticado: não há notas nos primeiros compassos, apenas o som das cordas abafadas pela mão esquerda, e o ritmo é dado por palhetadas para cima e para baixo com a mão direita (numa coluna do Mustaine na Guitar World ele ensinou que a primeira palhetada nesse riff é para cima, ao contrário do que seria natural). Esse riff é espetacular, e serve também para acompanhar os versos. O pre-chorus (ou ponte) é um riff com as notas soltas dos power chords de F#, C# e A com floreios rápidos, que flui para o refrão perfeito, com as notas dos arpejos dos acordes fundamentais tocadas uma-a-uma e todas soando ao mesmo tempo, casando perfeitamente com a letra cantada por Mustaine (prestar atenção na parte "Set the ball a-ro-llin´ (...) My thinking is de-railed (...)". Após a segunda repetição vem o interlúdio ou breakdown: um riff cheio de notas, muito legal, que acaba servindo de base para o solo de Friedman. Volta para o pre-chorus, chorus, e riff principal para encerramento, com uns solos de harmônica. As mudanças mais significativas da edição remasterizada foram a supressão das baquetas "one, two, three, four" de Nick Menza no começo da faixa, e o acréscimo de um solo inútil de Mustaine no final. Parece-me que todas as alterações promovidas por Mustaine para essa edição remasterizada foram impertinentes.

"Reckoning Day" é a música que abre o disco e nunca vou esquecer do dia, no colégio, em que uma amiga da época (Dige) emprestou o cd-player no meio da aula e tão logo pressionei o play dei um pulo da cadeira: o volume estava alto e a música começa com uma paulada na cabeça. O riff principal é simples mas muito efetivo, utilizando a 6.ª corda solta e os power chords invertidos nas posições 7, 6 e 5 nas 5.ª e 4.ª cordas. Durante os versos as guitarras progridem para uma modulação para F# e depois para A, seguindo-se o pre-chorus e o chorus. A fórmula é consagrada, e Mustaine conhece com perfeição: após a segunda repetição do refrão, vem o interlúdio ou breakdown, e dessa vez uma das guitarras faz arpejos com timbre limpo e outra toca uma melodia com distorção e com dobra oitavada. Volta para o refrão e encerra com o riff principal (na verdade encerra com a batida típica no surdo).

"A Tout Le Monde" tem um dedilhado que sempre achei típico de Friedman, mas parece que foi o próprio Mustaine quem o compôs. Acho bem sofisticado; exige um pouco de abertura das mãos e força (ou jeito) para fazer com que todas as notas soem corretamente. Não é das minhas faixas favoritas, mas reconheço que é um dos clássicos da banda e uma boa música lenta de heavy metal. O solo de Friedman é perfeito. Mustaine, por alguma razão, resolveu regravar essa faixa para o disco "United Abominations" de 2007, com participação da vocalista do Lacuna Coil; particularmente, prefiro o original, com interpretações muito melhores na bateria e na guitarra solo.

A partir de certo momento da audição do disco fica a impressão de que todas as faixas começam com um power chord em Em, aliado ao andamento típico de 120 bpm de quase todas as faixas. Uma das melhores desse estilo é "Family Tree", que conta com um refrão marcante.

Uma das poucas que abre direto com um riff, sem acompanhamento de bateria ou dos outros instrumentos, é de "The Killing Road", que começa bem fácil mas depois ganha uma porção de notas e mudanças na posição da mão esquerda. No refrão, há um padrão de power chords bem parecido com o de "Psychotron", entre outras. Para a base do solo há um outro riff bem legal. É uma música com andamento mais acelerado, e serve para dar uma energizada no track list.

A música que fecha o disco é "Victory", que se notabiliza pela letra, na qual Mustaine se vale da sacada genial de mencionar os nomes de várias composições de todos os discos da banda, tudo para dizer no refrão que ele passou por várias dificuldades, mas ao final é um vitorioso. A parte mais legal é o sensacional duelo de solos entre Mustaine e Friedman, no qual fica bem evidente a diferença de estilos entre os guitarristas: Friedman é mais técnico e seus solos são mais sofisticados; Mustaine é mais emotivo e seus solos, por vezes, são mais expressivos (nos discos mais recentes tenho achado os solos de Mustaine repetitivos, seguindo os mesmos padrões já explorados em "Holy Wars", por exemplo).

Encontrei a edição remasterizada na Musimundo por menos de 10 reais, e notei diferença (para pior) no som da bateria e em algumas modificações introduzidas por Mustaine (já referidas). As faixas bônus trazem como curiosidade (em "Millenium of the Blind") parte introdutória de uma das músicas de "The World Needs a Hero", assim como uma faixa com a parte acústica de "Trust" (em "Absolution"). Além disso, a já conhecida "New World Order" a uma demo de "A Tout Le Monde", com ligeiras alterações na letra.

"Youthanasia" não é tão bom nem tem tantas músicas quanto o "Countdown to Extinction", mas é um bom álbum de heavy metal e um bom álbum do Megadeth, com momentos inspirados e inspiradores suficientes para fazê-lo um disco essencial.

sábado, 2 de maio de 2009

Bootleg - Kiss "Fuego en Buenos Aires - 16,09.1994"

Para mim é inesquecível a turnê do Kiss pela América do Sul em 1994, pois como já tive oportunidade de enfatizar, a formação Stanley/Simmons/Kulick/Singer era incrível e ainda estava no áuge da forma musical. Dessa turnê saíram registros dos shows na Argentina em 04.09.1994, no Monumental de Nuñez, e em 05.09.1994, no Obras Sanitarias. Em ambos, e também no show em São Paulo alguns dias antes (próximo ao aniversário do Gene Simmons), o repertório foi bastante parecido. De modo que foi com surpresa que tomei conhecimento de um show da mesma época, apenas alguns dias depois, no qual o set list foi totalmente modificado (Paul Stanley esclarece, após a banda executar "Deuce" - a 2.ª daquela noite -, que o repertório será bastante diferente daquele dos shows da semana anterior). Encontrei essa preciosidade há uns 5 ou 6 anos, na já extinta MadHouse (não confundir com a também extinta MadSound), numa promoção que, olhando em retrospecto, era para liquidação do acervo.

Diferentemente dos shows anteriores, nos quais a música de abertura fora "Creatures of the Night", neste show de 16.09.1994 os caras abriram com "Love Gun" - "Creatures..." ficou para a segunda metade do show, depois de "Forever". Além desta balada clássica, foram incorporadas ao repertório "Tears Are Falling", "Strutter" e "She", "100.000 Years" além dos riffs e acordes de "La Bamba". Os argentinos estavam enlouquecidos, como de costume, e cantaram "Soy kissero" a todo momento. Particularmente esse set list me agrada bastante, pois incorpora músicas que faltaram no "Alive III" como "Tears Are Falling" e "War Machine", além de "I Stole Your Love", e "Black Diamond" com os vocais de Eric Singer. Nessa época, talvez mais do que em qualquer outra, Bruce Kulick aprendeu e dominou grande parte do material dos anos 1970 (acho que é a única oportunidade que ouvi essa formação tocar "She", sendo que Kulick tocou o solo de Ace nota-por-nota).

O som da gravação é bom em se considerando que é um bootleg registrado em 1994. Muito bom ouvir com clareza a introdução de bateria de Eric Singer para "Creatures of the Night". Como se sabe, o Kiss utilizou o palco da turnê "Hot in the Shade", e Stanley promete voltar à capital argentina com um "bigger, bigger show". Isso eventualmente ocorreu, mas já com as máscaras de volta.

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