BURNING JAPAN LIVE (1994)
Durante muito tempo, particularmente, tive grande resistência para buscar conhecer a fase do Deep Purple sem Ian Gillan (futura resenha sobre os CDs do Deep Purple será a sede própria para desenvolver essa idéia). Mas fiquei muito impressionado com o alcance vocal de Glenn Hughes quando tomei contato com os registros ao vivo da época (MADE IN EUROPE e os incontáveis bootlegs disponíveis). Assim, tornei-me fã da voz do cara, de modo que providenciei uma fita para os caras da Grammy/Classic´n´Rock gravarem o BURNING JAPAN LIVE. O álbum traz um registro da turnê de divulgação do FROM NOW ON..., e mostra um Glenn Hughes em espetacular forma, com um repertório divino e uma banda de apoio clássica (simplesmente metade do Europe e mais dois guitarristas muito técnicos). Toda a carreira de Hughes até aquela época está representada no CD. O disco inicia com uma bela performance de BURN e segue com uma bela música do disco FROM NOW ON...: THE LIAR. Até esse momento o cara já deu vários gritos incríveis e de tirar o fôlego. Após MUSCLE AND BLOOD, composta com Pat Thrall, seguem mais duas do FROM NOW ON...: LAY MY BODY DOWN e a faixa-título. INTO THE VOID é outra do mesmo disco e é muito boa. Depois de STILL IN LOVE WITH YOU e COAST TO COAST, as coisas ficam de arrepiar com a seqüência de músicas do Deep Purple: THIS TIME AROUND/OWED TO G, GETTIN´ TIGHTER, YOU KEEP ON MOVING, LADY DOUBLE DEALER (essa eu não entendo porque o cara resolveu incluir no repertório pois é uma faixa Coverdale/Blackmore; de qualquer maneira é uma das minhas favoritas e ficou muito bem nesse disco ao vivo). I GOT YOUR NUMBER é uma boa música com um belo refrão e um ritmo legal. O disco encerra com STORMBRINGER, que dispensa comentários. A banda contou com 3/5 do Europe (com o batera Ian Haughland, que não havia tocado no FROM NOW ON...). Demorou anos para eu conseguir o cd, e finalmente o fiz, por incrível que pareça, na Banana por um preço camarada (!).
BLUES (1992)
Numa tarde de inutilidade típica da ingenuidade da época (1996), fui com o grande amigo Giulia na Megaforce e lá encontrei, por preço bastante convidativo, um CD que nem sabia existir (e em versão nacional, ainda por cima): BLUES. Sem dúvida que é um disco bem curioso, pois a proposta é a de mostrar o músico em cenário não tão familiar quanto seria o funk ou o rock. Contando com um grande número de convidados - evidentemente proporcionado pela gravadora Shrapnel do Mike Varney - o disco tem umas músicas muito boas e a melhor delas, certamente, é a primeira com o sugestivo título de THE BOY CAN SING THE BLUES, na qual o grande John Norum toca a introdução e um dos solos - o outro solo é comandado por Warren DeMartini. Os dois guitarristas tocam solos na faixa seguinte, I´M THE MAN, que tem um ritmo bem legal. As outras faixas são boas, mas a audição vai perdendo um pouco o interesse. Vale, basicamente, como a retomada da carreira solo de Hughes, sobretudo porque os gritos estão lá. Tony Franklin divide as funções no baixo com Hughes, e alguns convidados mais destacados são, além dos já citados, Richie Kotzen, Mick Mars, Darren Householder, Mark Kendall, além do baterista Gary Ferguson, que aparecerá nos discos posteriores.
FROM NOW ON... (1994)
A sessão de CDs das Americanas, lá por 1996/1997, às vezes, trazia algumas surpresas muito legais, e uma delas foi encontrar esse belo disco (por um belo preço): FROM NOW ON... As melhores músicas já são aquelas que constaram do BURNING JAPAN LIVE, e as versões de estúdio são muito boas (a gravação é excelente) - mas o disco ao vivo é superior. PICKIN´ UP THE PIECES abre os trabalhos num ritmo acelerado, mas o refrão lembra demais o estilo Robert Plant (do qual não sou fã). Algumas outras faixas são exageradamente comerciais ou produzidas como WHY DON´T YOU STAY. A última música é uma versão para BURN. A bateria é comandada por Hempo Hilden, conhecido também pelo seu trabalho com John Norum. No baixo e nos teclados participam os músicos do Europe, John Levén e Mic Michaeli.
ADDICTION (1996)
Ainda em 1996, em outra tarde desocupada, encontrei na Banana do Praia de Belas na sessão de CDs importados o disco que Glenn estava lançando na época: ADDICTION. Lembro que na hora eu cheguei a hesitar um instante, mas logo fui adiante e adquiri esse baita disco, no qual Hughes registrou uma performance altamente emotiva - e, também por isso, fora de série. No seu site, o cara conseguiu, em poucas palavras, descrever o impressionante registro da sua voz: "I sang with raw emotion, spitting out lyric after lyric of torment and destruction" - não poderia ter sido mais feliz. O disco é muito influenciador - pode muito bem ser considerado um disco essencial - pelo uso talentoso da afinação drop-D, de responsabilidade do guitarrista Marc Bonilla, co-autor de quase todas as faixas. Outra característica que se verifica de logo é a limitação dos solos - durante muito tempo eu me senti desconfortável com esses solos que começam devagar, ou se limitam a uns barulhos e tal, e quando finalmente parece que vão começar os bends, as pentatônicas e tudo mais, termina o solo e a música volta para uma parte cantada. Para mim, às vezes, continua sendo perturbador (não faço idéia de como recriar e reproduzir alguns dos solos desse disco). O disco começa com o 1,2,3,4 no hi-hat em DEATH OF ME, e Glenn Hughes não demora para demonstrar que não está disposto a fazer (muitas) concessões. Quando comprei o disco esperava que o cara berrasse e se esgoelasse daquele jeito que ele fazia nos shows do Purple, de modo que fiquei um tanto desapontado com uma certa contenção do vocalista nesse álbum, mas, de qualquer maneira, alguns gritos legais estão lá, tipo "Pull the rope and SEEEEEEEET me free", e toda última estrofe ("Slam the spike into my vein (...)"). As coisas dão uma acalmada em DOWN, que é uma música muito boa com um refrão bem legal (tanto o riff como o vocal), e o grito legal em "My eyes are burnin´ reeeeeeeeed". A faixa-título é a minha favorita da carreira solo de Hughes. É uma composição coxuda, com um baita riffão que se vale da 6.ª corda em D e que acompanha toda a música. A performance do vocalista é irrepreensível e quem já curtiu essa música certamente sente arrepios toda vez que a ouve. As outras músicas, todas, são muito legais e todas têm algum Momento Lucky Strike - geralmente algum verso cantado/interpretado de uma maneira particularmente brilhante por Hughes. O disco inicia a parceria com o instrumentista e compositor Joakim Marsh.
THE WAY IT IS (1999)
Em meados de 1999 a saudosa MadSound colocou a venda (em versão nacional, recém lançada, e com preço meio salgado) o disco THE WAY IT IS ("Glenn Hughes é Glenn Hughes, vamos lá, vale a pena"). Nesse disco, o cara iniciou a jornada sem retorno em rumo ao seu "verdadeiro som", que sempre cuidou de enfatizar em todas as entrevistas que eu li: o funk. O peso bem colocado de ADDICTION (o produtor é o mesmo Michael Scott) e o hard rock legal de FROM NOW ON... foram postos de lado, em favor de um clima bem mais ameno. Assim é que rocks como YOU KILL ME (com participação de Steve Salas e do bom batera Matt Sorum - mais conhecido por segurar as baquetas do Guns´n´Roses), dividem espaço com músicas mais tranqüilas (e meio ruinzinhas como DON´T LOOK AWAY). O solo shred/virtuose de NEVERAFTER é bem incomum para um disco de Hughes e surpreendente, mas nem isso serve para salvar essa música bem mediana. Outras músicas como RAIN ON ME são bem descartáveis ("filler"). Seguramente não é dos meus favoritos.
BUILDING THE MACHINE (2001)
Depois de lançar mais alguns discos como RETURN OF THE CRYSTAL KARMA (R.O.C.K.), ficou claro que Glenn Hughes passou a investir seriamente na exposição de seu lado funky, conforme sempre apregoou em entrevistas, o que proporcionamente acaba diminuindo o meu interesse nos lançamentos de Glenn Hughes (é triste admitir). Adquiri esse disco numa das promoções da memorável MadSound, mas nunca o ouvi com toda a atenção. O álbum tem faixas boas como a de abertura - CAN´T STOP THE FLOOD, e tem uma versão - inesperada para mim - de HIGH BALL SHOOTER da sua época Deep Purple (STORMBRINGER). Mas sinto falta do cara num ambiente mais rocker (talvez não tão pesado quanto ADDICTION, conquanto este seja o melhor disco, na minha opinião, do músico).
Como fã de Glenn Hughes é altamente positivo ver que o cara lança discos com músicas inéditas regularmente. Hughes está sempre em atividade, tendo gravado 2 discos com um projeto com Joe Lynn Turner, além dos discos solo SONGS IN THE KEY OF ROCK, SOUL MOVER e MUSIC FOR THE DIVINE. Ainda restou tempo para um disco em pareceria com Tony Iommi (FUSED).
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