As Lojas Americanas vêm recuperando seu papel de excelente local para aquisição de cds clássicos por preços acessíveis. No caso presente, parte da discografia do Led Zeppelin está disponível por R$ 14,99, o que substitui com vantagem os downloads.
Estou acostumado com discos de rock que trazem uma ou duas músicas acústicas, baladas ou não, e o restante (8, 9 ou 10, geralmente) de músicas com guitarras distorcidas. Nada a opor a esse formato. Mas não sei muito bem como lidar com discos como LED ZEPPELIN III, no qual mais da metade das músicas é conduzida por violões (numa época em que, evidentemente, sequer haveria de se falar em discos "unplugged"). Às vezes me parece difícil entender como o Led Zeppelin, com um repertório tão variado de composições, influenciou tão decisivamente bandas como Kiss, Aerosmith e todo o hard rock em geral, pois nenhuma dessas bandas parece ter aderido às músicas folk e acústicas da banda de Page, Plant, Bonham e Jones. E nessas condições, é evidente que se trata de uma deficiência minha: deve haver material suficiente aqui, nos dois discos anteriores e nos discos posteriores (notadamente o "IV") que garantem essa supremacia do Led Zeppelin sobre as demais bandas em termos de hard rock.
Como se posicionar, pois, frente a esse "III"? Se quero ouvir o bom hard rock do Led Zeppelin, certamente que não irei recorrer ao "III", a não ser que seja exclusivamente para ouvir IMMIGRANT SONG, SINCE I´VE BEEN LOVING YOU ou OUT IN THE TILES. As faixas acústicas predominam nesse disco, e (conquanto boas) não são tão diferenciadas a ponto de não poder considerá-las como fruto de uma dia produtivo de J. Page com seu violão de cordas de aço. Seja como for, esse "inconveniente" parece não ser suficiente para que se possa considerar o disco como um verdadeiro clássico.
Uma das minhas músicas favoritas da banda é a que abre o disco: IMMIGRANT SONG tem um belo riff de guitarra, e é acompanhado por um "teminha" vocal de Plant (aqui funcionou o talento do cara para os agudos...). No "refrão", quando Page apenas faz power chords, John Paul Jones demonstra que domina o baixo.
Mas a melhor música do disco é SINCE I´VE BEEN LOVING YOU, e me parece evidente que se trata de uma remota inspiração para Coverdale e Blackmore comporem MISTREATED (do "Burn", de 1974 do Deep Purple). Aparentemente, essa música foi gravada ao vivo no estúdio e conta com um trabalho monumental de guitarra de J. Page. Todas as intervenções do cara são dotadas do famigerado "feeling", elemento imprescindível quando se trata de blues.
As composições acústicas, na medida do possível, são muito boas, especialmente GALLOWS POLE e BRON-Y-AUR STOMP, nas quais Page demonstra que se daria muito bem em qualquer roda de violão (só não vale pedir pro cara tocar Raul ou Legião...). Algumas dessas músicas têm solos cortantes de violão, e não é raro encontrar licks posteriormente reproduzidos por guitarristas mais novos, isto é, os guitarristas de todas as bandas de hard rock dos anos 70 e 80.
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