sábado, 21 de fevereiro de 2009

Ensaio - The Osmar Band: "Christine Sixteen" 17.02.2009

Depois de um ensaio tão legal como foi o 15.º, e confirmada a presença do Paulinho para o 16.º, sabia que não poderia perder o último ensaio antes do carnaval, e assim tive rodada dupla: Grêmio 3x0 Brasil de Pelotas no Estádio Olímpico às 20h30min, e depois o ensaio. Quando cheguei os caras já estavam embalados enumerando vários hits, mas ainda deu tempo para aprender - finalmente - os acordes (E-B-A) de uma música muito antiga e clássica da banda, cuja letra - pelo que entendi das histórias e dos comentários - é homenagem a um figuraça que eles conhecem desde tempos atrás. Como não levei o meu equipamento, toquei o baixo que tem lá com captadores ativos (e tomei uns pequenos choques até o Marcão ajeitar os plugues). Resgatamos uma excelente, também das antigas, que é tocada nos acordes G e C9, e que tem letra, digamos, erótica. Outra que é do período anterior ao meu ingresso na banda, com letra irônica sobre um fato policial envolvendo autoridades que ocorreu em 2007 e que trouxe alguma inquietação no meio jurídico, sobre os acordes A e E, também ficou legal. É bom tomar contato com esses hits antigos, para aumentar o repertório dos ensaios e manter todas as músicas tanto quanto possível "executáveis". Os caras tocaram, ainda, uma que parece também dos idos tempos, e pelo nome é homenagem ao (ou do) Marcão, que começa com o riff de "Bad to the Bone" do George Thorogood tocado 3 vezes, e que depois uma descida cromática, encerra abruptamente, para então recomeçar tudo de novo. Para finalizar, gravamos uma versão com violão e baixo para aquela do sotaque de um estado do centro do país, que já estamos tocando perfeitamente e que segue:

O Marcelo disponibilizou na rede o vídeo que o Paulinho fez para uma música antiga (que eles próprios não lembravam); o vídeo é matador (legal e engraçado), e merece reprodução neste espaço:

sábado, 14 de fevereiro de 2009

CD - Yes "90125"

Já escrevi sobre como às vezes (i.é, quando possível) aguardo o melhor momento para comprar um cd, entendido melhor momento como preço mais em conta. Com o tempo percebi que um bom disco lançado há muitos anos e que é colocado novamente nas prateleiras das lojas de cds por preço igual ao de um lançamento (tipo 30 reais) pode, mais tarde, ser colocado em balaio de promoções. Esse foi exatamente o caso de "90125" do Yes. Bem no começo deste blog, escrevi sobre os discos que considero marcantes do Yes, e é consenso que a melhor fase da banda é a da década de 1970, na qual se dedicava ao rock progressivo, pois na década de 1980 e na era da MTV o Yes mudou parte de sua formação consagrada e abandonou a sua marca registrada para lançar discos voltados ao pop-rock de rádio - e talvez não seja exagero dizer que poderiam ser consideradas duas bandas diferentes, o Yes de 1970 e o Yes de 1980, já que um tem pouco a ver com o outro. A banda continua em atividade, mas é notória a preferência pela formação e repertório da época progressiva, o que não serve para desmerecer o material dos anos 1980.

Admito que essa conclusão só me permiti tomar mais recentemente. Em 2000 firmei a convicção de que seria uma boa comprar esse cd "90125", mas o preço sempre foi proibitivo, de modo que somente em 2006 que veio ao condição favorável que tanto esperei: encontrei o disco no balaio das Americanas do Moinhos por 14,99.

Todos sabem o que "90125" representou para o Yes e para o pop-rock em geral; para o Yes foi um novo fôlego para uma trajetória em declínio, pois o auge havia sido em 1971/1972 com "Fragile" e "Close to the Edge", e os caras dividiram opiniões com um disco duplo com apenas quatro músicas, todas com mais de 15min ("Tales From Topographic Oceans"), que acarretou a saída de Rick Wakeman, a gravação de mais um disco grandioso em 1974 ("Relayer"), o retorno de Wakeman e o registro de dois discos com músicas mais curtas, em atenção aos tempos desfavoráveis ("Going for the One" e "Tormato"), e a gravação de um disco essencial e praticamente ignorado pela ausência de Jon Anderson ("Drama" de 1980). A banda praticamente acabou por essa época, sendo que Chris Squire e Alan White tentaram se manter ativos ensaiando com Jimmy Page para formar uma banda nova que alguém falou que se chamaria XYZ ("ex- Yes e Zeppelin"); Squire e White acharam, então, o guitarrista e compositor talentoso Trevor Rabin e chamaram Tony Kaye; Anderson curtiu o material e resolveram lançar essas novas composições sob o nome de Yes. Para o pop-rock, "90125" contribuiu com uma faixa que entrou para a história do gênero, "Owner of a Lonely Heart".

Atribuo o sucesso desse disco ao trabalho de Rabin, pois são conhecidas as demos que ele produziu e que viraram as faixas do disco. Mas a tarefa do cara ficou bastante facilitada no caso pois Squire e White são excelentes instrumentistas (parece-me que a contribuição de Kaye é irrisória). A produção do disco é muito boa (a cargo de Trevor Horn, que foi o vocalista em "Drama"), assim como as faixas, mas admito que o som é datado na maior parte do tempo, especialmente nos vocais, na bateria e timbre de guitarra processado. Então o lance é ouvi-lo e procurar coisas para aprender.

"Owner of a Lonely Heart" é a música mais conhecida, talvez a mais famosa da banda (apesar do senso comum a respeito de "Roundabout" como hino do Yes). O riff inicial e instantaneamente reconhecível e é muito legal, com uma distorção muito boa. Mas Yes não é uma banda de rock convencional, então o riff não fica tocando o tempo todo do mesmo jeito; assim, o riff com guitarra distorcida aparece só no início - depois disso todos já estão familiarizados com a música, mas os versos são conduzidos pelo baixo tocando o riff com notas curtas e guitarra com som limpo e dedilhado

Mas é na segunda faixa, "Hold On", que os caras demonstram que são mestres. Nunca fui fã dessa música, mas uma ouvida mais atenta me permitiu concluir que aqui os caras conseguiram agregar características marcantes do Yes anos 1970 e do Yes anos 1980. O refrão é grudento, pronto para as rádios, assim como o início da música, com um teminha que identifica a música tocado logo de cara pela guitarra. Mas os versos, cantados em dueto por Squire e Anderson, algumas levadas quebradas de White durante esses versos, um riff mais pesado de guitarra lá pelas tantas, uma parada na qual são ouvidas apenas vozes sobrepostas cantando frases dos versos, é que fazem essa uma grande música da época da banda.

"It Can Happen" me parece que é o tipo de música que o Yes começou a se dedicar nos anos 1990, em discos como "Open Your Eyes", sobretudo quando ouço o refrão tipo sacada genial: "It can happen to you, it can happen to me, it can happen to everyone eventually". Diferentemente, porém, de "Open Your Eyes" tem umas guitarras interessantes e uns backing vocals de Rabin muito bons.

Uma das minhas favoritas da banda em todos os tempos é "Changes". Ouvi pela primeira vez num daqueles tantos tributos lançados pela Magna Charta, "Tales From Yesterdays", que reuniu uma quantidade de bandas e músicos talentosos e conhecidos (Steve Morse, o próprio Steve Howe, Shadow Gallery, Magellan, World Trade, Cairo, o próprio Patrick Moraz, o próprio Peter Banks. "Changes" era uma das melhores versões (executada pela banda Enchant), e acho que é até melhor que o original (o vocal de Ted Leonard leva vantagem sobre o de Trevor Rabin e sobre o de Jon Anderson). Seja como for, a música é espetacular, pelos versos bem colocados sobre um dedilhado marcante e pelo refrão matador acompanhado por uma guitarra com pausas e distorção. Aliás, essa guitarra com bastante distorção no refrão é bem incomum em se tratando de Yes, e o resultado é muito bom.

O projeto Rabin, White e Squire se chamaria Cinema, e só virou Yes a partir do ingresso de Anderson e Kaye. Nesse disco há uma faixa instrumental, registrada ao vivo no estúdio, com pouco mais de 2min e que se chama, justamente, "Cinema". É muito legal, pena que curta. White faz uma levada na caixa, Squire manda ver numa linha de baixo com bastante efeito (bem característico dele) e com vários slides longos, e uma melodia na guitarra. Belo momento do disco, dando uma amostra do que os caras fariam se o disco fosse para o lado do progressivo.

"Leave It" tem vocais principais de Rabin melhor que os de Anderson nos versos, até porque são mais num estilo de rock não muito familiar ao segundo. Aqui também tem as sobreposições de voz que caracterizam a banda. Mas a faixa se ressente do som datado da bateria, dos vocais e dos teclados.

"Our Song" começa como uma música antiga do Bon Jovi ("Runaway"), mas conta com umas guitarras distorcidas e evolui em seguida para umas partes boas de riffs com pausas, levada de baixo com os slides típicos de Squire e quebrada na bateria.

Dessas faixas mais obscuras uma das melhores é "City of Love", que tem um peso inesperado nos versos (acho que os acordes são F# e E). E o refrão é muito legal ("We´ll be waiting for the night, we´ll be waiting for the night to coooome"). Boas guitarras, bons versos e bom refrão.

O disco finaliza com uma longa e lenta, porém típica faixa do Yes: "Hearts" tem mais de 7min, um insistente riff sincopado no sintetizador, e no geral lembra o som que a banda devenvolveu nos anos 1990. A faixa só fica interessante depois da marca de 4min, com um riff rocker de guitarra.

É um disco clássico para o Yes e para o rock dos anos 1980.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ensaio - The Osmar Band: "Alguém conhece música com '15' no título?"" 10.02.2009

Semana passada foi curta, então não deu para avisar com antecedência a ausência. Esse 15.º ensaio foi especial por um acontecimento inédito desde o meu ingresso na banda: além da tradicional platéia formada pela cachorrada, o Paulinho acompanhou o evento na íntegra, e se ocupou o tempo todo, fotografando, filmando, fazendo caricaturas muito legais, e também dando conta do back-up vocals nos principais hits da banda. Antes, porém, vimos os dois clipes (muito engraçados, acho que em breve estarão disponíveis) que ele produziu com músicas antigas dos caras, que eles sequer lembram de terem composto; além disso, atualizamos o material para os próximos clipes. Além de muito talentoso, e figuraça, o Paulinho se revelou conhecedor profundo do bom hard rock dos anos 70, do rock progressivo, do heavy metal, e também de todas as vertentes do rock; para finalizar, é a única pessoa que conheço que não curte Deep Purple mas adora Rainbow. Mais uma vez levei apenas a BFG e o XT, e estava com os dedos em forma após dois dias praticando bastante. Utilizei timbres com distorção mais rocker, então as músicas ficaram com maior pegada do que de costume - particularmente, gostei bastante. O Alemão, inicialmente, também ficou na guitarra - até arrebentar a corda D (sobrou, então, para o violão de cordas de aço). Ainda não estamos com as condições ideais de gravação, mas o Marcão arranjou uma maneira de registrar os ensaios com a filmadora e manter a qualidade do áudio (o ensaio passado, que não participei, ficou com umas gravações muito boas). Abrimos com uma da época de Rio Grande que depois tocamos no 13.ª ensaio e tem letra que se vale do sotaque de um estado do centro do país. Finalmente descobri que os acordes dessa são simplesmente Dm, G e Am, com o refrão em F e G. Fiz uns solos com pentatônica que ficaram legais da primeira vez; na segunda, valendo para a gravação, o resultado não foi tão expressivo. O mesmo se deu quando tocamos uma cuja letra versa sobre um sério problema masculino, e é sobre os acordes A G F, com refrão em F e E. Seja como for, ambas ficaram muito legais, e na última o Paulinho se empolgou e contribuiu com backing vocals. Rolou uma versão alternativa em B A G e G F#. Sem distorção, tocamos duas das minhas favoritas: uma com levada andina em G, F e E - dessa vez o Marcelo não colocou vocais -, e a outra com a sequência de acordes Am - Dmadd9 - Dmadd11 - Asus4/5+ (se ganhássemos 10mil reais para cada vez que um de nós disse que essa música é muito boa, poderíamos comprar um outro Triton ou uma Gibson Les Paul Standard - de fato, essa música é muito legal, não requer ensaios, e levou o Paulinho a dizer que se parecia com algo do Pink Floyd no disco "Animals", o que foi bom ouvir, pois é um dos meus discos favoritos da banda, conforme já escrevi aqui). Já no final, rolou outro hit, na qual faço uma linha tipo "walking bass" e depois toco os acordes C, Bb, Eb e F. Agora está ficando mais forte a convicção de eleger e ensaiar adequadamente um repertório fixo de músicas para eventual apresentação para os amigos. Abaixo segue a primeira e memorável versão da música andina, executada no longínquo 10.º ensaio:



Ao final, lancei para os caras uns cds que tenho repetidos em casa, e que são dos favoritos da coleção: o bootleg Kiss "Alive V - live at Obras Sanitarias, três do Rainbow ("Rising", "Difficult to Cure", e "Bent Out of Shape"), "Stained Class" do Judas Priest, "Tarkus" do Emerson, Lake & Palmer, "A Trick of the Tail" do Genesis, "When Dream and Day Unite" do Dream Theater. Por outro lado, o Alemão emprestou cds de três grandes guitarristas, para consolidar a troca de influências: John McLaughlin, Larry Carlton e Mike Stern.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

CD - Metallica "Death Magnetic" (2008)

Por aproximadamente 1 ano e meio acompanhei as notícias sobre as sessões de gravação do novo disco do Metallica, e desde o início se disse que se trataria de uma espécie de retorno à sonoridade da banda na época de "Ride the Lightning" ou de "...And Justice for All". Saudou-se o ingresso de Rick Rubin (RHCP, Slayer, AC/DC, entre muitos outros) na produção, em lugar de Bob Rock, e seu estilo bastante peculiar no comando das gravações (diferentemente de Bob, que ficava o tempo todo no estúdio com a banda, e nos últimos tempos já estava compondo - ?!?! - e gravando instrumentos, Rubin aparece de vez em quando só para conferir a evolução do trabalho e dar uns toques, o que lhe permite produzir diversas bandas simultaneamente). Bem, só dizer que o disco seria um retorno ao "Ride the Lightning" (não é dos meus favoritos - quando quero ouvir "Creeping Death", "For Whom the Bell Tolls" e "Fade to Black" recorro aos discos ao vivo) ou ao "...And Justice for All" (esse é um disco espetacular e essencial), por si só, não quer dizer nada, mas já é alguma coisa.

Mesmo sendo desacreditado pelos mais recentes lançamentos de todas as minhas bandas favoritas nos últimos tempos, ainda acredito ser possível o lançamento de grandes discos, então continuei acompanhando com interesse as notícias sobre o novo álbum do Metallica. Surgiram, então, no Whiplash, notícias sobre resenhas de audições prévias ao lançamento do disco. E nesses "faixa-a-faixa" basicamente todas diziam as mesmas coisas, mas não necessariamente das mesmas músicas (isto é, o que um dizia a respeito de uma música, outro dizia o mesmo a respeito de outra música...), e o denominador comum, em apertada síntese é o seguinte: músicas longas, riffs pesados, voltaram os solos virtuosos com wah-wah de Kirk Hammet, som da bateria voltou a ser aceitável, Lars Ulrich continua não sabendo tocar bateria, música instrumental muito boa sem superar "Orion", lembra muito "Ride the Lightning" e "...And Justice for All".

Casualmente estava na Cultura no dia do lançamento mundial do disco, em 13.09.2008, e conseguir trazê-lo para casa, já esperando por uma cacetada espetacular - senão pela música, pelo menos pelo som das guitarras. Botei para ouvir sem tirar, as músicas foram passando, e fiquei com a sensação de falta de peso nas guitarras e de composições não muito consistentes. Ouvi, então, mais umas quantas vezes, e nas últimas 4 ou 5 semanas (isso em novembro/2008), pelo menos 2 vezes por semana. E agora já tenho uma opinião muito mais favorável, embora seja um dos que acham que o som do disco é ruim.

Discordo de quem diz que "Death Magnetic" lembra os discos mais antigos do Metallica; em nenhum momento lembrei de qualquer coisa de "Ride the Lightning", ou "...And Justice for All", ou mesmo de "Master of Puppets". Pelo contrário, lembrei de "St. Anger" (em "The End of the Line", "Cyanide", "The Judas Kiss") e "Reload" ("The Unforgiven III" parece ter sido composta nessa época). Não entendo, também, como podem dizer que Lars Ulrich continua não sabendo tocar bateria... afinal, essa queixa eu só tinha ouvido, até hoje, do Bruce, e desde sempre discordei, pois acho que Lars improvisa bastante e toca umas levadas boas e inesperadas na bateria (o cara definiu como se utiliza o bumbo duplo num contexto heavy ou thrash metal, com "riffs de bateria" em "One", "Fade to Black" e umas levadas certeiras e até com algum groove como em "Wherever I May Roam", sem contar ainda os andamentos matadores de "For Whom the Bell Tolls" e "Sad But True"), sendo certo que neste disco achei que Lars estava no modo econômico (utilização esparsa do bumbo duplo, por exemplo).

Tão logo consegui o álbum, vim para casa e toquei-o na íntegra. Esperava um som grandioso de guitarra e uma paulada na orelha de muitos riffs espetaculares. Pois então. O disco começa bem (não "espetacularmente" bem), mas só levantei a sobrancelha com o riff da terceira música. Não sei se estava cansado pelo dia intenso e a hora adiantada, mas o fato é que a primeira impressão de "Death Magnetic" foi a de que não tinha impressionado o suficiente. Achei o som das guitarras bem magro, e posteriormente, ouvindo nos headphones, verifiquei que o som estava alto demais: para ouvi-lo tinha que botar o volume mais baixo do que o de costume, e vim a descobrir que isso virou uma queixa generalizada entre o público norte-americano (diz-se que o mesmo álbum na versão para o Guitar Hero tem som muito melhor - há inclusive uma comparação entre os dois no youtube, mas aí não sei dizer até que ponto o som não foi manipulado em um para parecer ruim e no outro para parecer excelente). O certo é que no volume costumeiro não consigo aguentar além da 2.ª faixa, e no volume mais baixo a audição dos riffs e dos detalhes das músicas fica comprometida.

Como disse, ouvi esse disco durante outubro e novembro de 2008 pelo menos duas vezes por semana, na íntegra. Agora já tenho uma opinião muito mais favorável sobre "Death Magnetic", muito embora ainda faça todos os reparos e as reservas anteriores. Acho que é um disco muito bom para essa fase do Metallica, mas custo a acreditar que, apesar de bons, esses são os melhores riffs de Hetfield e Hammet dos últimos 5 anos (i. é, desde "St. Anger").

"That Was Just Your Life" tem vocais acelerados, ficando difícil acompanhar a letra. O instrumental é bom, pelo menos. "The End of the Line" tem riff que me lembra muito a época "St. Anger". "Broken, Beat and Scarred" é excelente, com andamento cadenciado bem característico na bateria, e riff matador. "The Day That Never Comes" tem uma parte mais calma seguida de uma parte instrumental mais pesada. Algumas resenhas deram conta de que uma faixa era estranha mas divertida; para mim se trata da melhor e mais empolgante composição do disco: "All Nightmare Long" tem guitarras excelentes, riff espetacular, e refrão arrasa-quarteirão. É uma baita música. "Cyanide" me pareceu um pouco fraca, tanto em riff quanto em estrutura. Não entendo qual é a necessidade de compor uma terceira parte para "The Unforgiven", ainda mais que, particularmente, a segunda parte deixou a desejar em comparação com a primeira (que é um clássico absoluto), então ouvi "The Unforgiven III" com todas as reservas possíveis; atualmente até curto a faixa, mas me remete à época do "ReLoad". "The Judas Kiss" é uma faixa boa de ouvir, mantém o espírito e tal, mas não é nenhum clássico. Geralmente o material da época de Cliff Burton é cultuado como obra-prima, mas a mim parece que algumas vezes é super-apreciado; então não posso concordar que "Suicide & Redemption" não-chegue-aos-pés de "Orion". Acho que nem cabe a comparação (embora tentadora), mas ao final não entendo porque essa faixa não tem vocais: diferentemente de "Orion", na qual não há que se falar em letra para conduzi-la, "Suicide & Redemption" ficaria muito melhor se fosse cantada, pois tem riffs fortes que poderiam acomodar a voz de Hetfield com melhor proveito. Efetivamente, "My Apocalypse" segue o estilo de faixas como "Battery", "Damage Inc." e "Dyers Eve", mas particularmente entendo que a última música de "Death Magnetic" tem vantagem.

As faixas de destaque são, nessa ordem, "All Nightmare Long", "Broken, Beat & Scarred", "My Apocalypse" e "Suicide & Redemption", "That Was Just Your Life", "The End of the Line" e "The Day That Never Comes". O melhor, no entanto, é ouvir um monte de riffs bons, distribuídos sem economia nas faixas, muitos dos quais com palhetadas incríveis na 6.ª corda, o que em regra é muito bom.

Os solos de Kirk nesse disco, em geral, não são memoráveis - o cara repete os mesmos licks rápidos, sem se preocupar em criar melodias legais, como em outros discos - mas dois solos merecem destaque: a parte final em "The Day That Never Comes", em que há uma descida (acho que cromática) matadora na 2.ª corda, e que pouco depois descobri que se trata da reprodução de um lick de saxofone de Wayne Shorter no disco clássico "Bitches Brew" de Miles Davis; o outro solo muito legal é o último de "Suicide & Redemption", sobre um riff de guitarra dos melhores da música, e Kirk utiliza com muita eficiência o wah-wah.

Utilizou-se a afinação padrão nas guitarras; apesar disso, a voz de Hetfield não se ressentiu tanto quanto nos álbuns anteriores (após o "Black Album"), nos quais parecia um fiapo (isso fica muito claro nos registros dos shows). Quanto a Trujillo, acho mais importante que o cara se integrou definitivamente à banda, contribuindo eventualmente com alguns riffs. Não sou dos que ficam ofendidos por não ouvir o baixo nos discos do Metallica.

Depois de um bom disco, aguardo os lançamentos do CD e DVD ao vivo com registros da turnê.

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