A primeira música (As I Am) já sugere a tônica do disco - riffs retões, repetidos aos pares, de 2 ou 4 compassos, bem no estilo do metal tradicional. E, seguindo essa tendência, não há muito como inovar - as referências surgem facilmente durante a audição.
Em se tratando de Dream Theater, isso pra mim é lamentável, pois a banda justamente se diferenciava por criar verdadeiras seções musicais - em retrospecto, vemos que são raras as músicas que giram em torno de um riff em especial, ou que tenha um riff retão (geralmente o riff parecia retão, mas em seguida Petrucci tratava de seguir para outros caminhos, ao invés de repetir até a parte seguinte). Lembro de Pull me Under - no começo tem aquele riff pesadão, que vai se transformando até chegar à parte cantada. Nesse retrospecto, falando de riffs retões, e tirando o primeiro disco, só lembro de Lie, Caught in a Web e Burning My Soul.
Outra característica desse disco, que o distancia dos demais, é a quantidade de solos de Petrucci por metro quadrado. Sempre respeitei muito essa atitude do Petrucci, de solar em poucas músicas (eu realmente não lembro de muitas em que tenha solo de guitar - Another Day, Lie, Voices, Silent Man), sendo que a maioria ou tinha solo de teclado (e Kevin Moore costumava solar bem melhor que o guitarrista - 6:00; além do Derek Sherinian - Burning My Soul), ou resumia-se àqueles duetos fantásticos guitarra/teclado (Metropolis pt. I, Just Let Me Breath, New Millenium). Enfim, o cara resolveu descontar tudo de uma vez, mas acho que se quebrou.
As I Am não tem quase vestígios de teclado. Nessa música, o vocal ficou legal, diferenciando bastante do tom mais contido que o James Labrie vem adotando desde Falling into Infinity, em respeito ao seu alcance limitado nos shows.
Na parte do solo de guitar, a música aparentemente pára - baixo e teclado tocam um riff como base, emendando depois com o riff principal. Não há uma guitarra base. Essa característica é totalmente do Pantera (que só tem um guitar e um baixista), onde na parte dos solos fica um vazio, que batera e baixo não conseguem preencher. Cumpre notar que em A Change of Seasons, no solo de guitar a base também é com baixo/teclado, e não tem vazio nenhum, mesmo nas apresentações ao vivo. O solo, propriamente, é dos mais jacuzzi (depois vêm me dizer que o Malmsteen é que é o cdt...), mas aquela corrida no final salva a pátria.
A parte que eu mais me abri é no segundo verso, onde o Portnoy faz umas quebradas , dando aquela impressão desconfortável (e muito legal) de que o cara tá errando a levada. É sensacional, e o Portnoy sabe fazer bem essa parte.
No final, quando a música já devia ter acabado uns 2 minutos antes, os caras bolaram aqueles feedbacks muito legais, com 2 guitars (uma em cada lado do headphone).
A música é boa, mas não impressiona. Não entra pro top 20 Dream Theater.
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