sábado, 27 de agosto de 2005

Shows XX - Stratovarius (25/08/2005 - Bar Opinião)

O Stratovarius teve duas oportunidades para tocar no Rio Grande do Sul, há alguns anos, em Caxias do Sul e em Porto Alegre. Em ambas os shows foram cancelados na véspera, sob alegações de gripes dos músicos (Kotipelto). Dessa forma, quando vi no Whiplash que a banda finlandesa tocaria no Opinião em 25/08 eu duvidei até o último momento, sobretudo pelo fato de não ter visto cartaz algum anunciando o show. Foi só no dia do evento, lendo a ZH, que obtive a confirmação.

Acertei detalhes da ida com o Christian no decorrer do dia (comprei os ingressos na Zeppelin). Chegamos pouco antes das 22:00 e de cara já encontramos o famigerado e onipresente Jorge. O bate-papo foi breve, pois o Jorge (que trabalha no Opinião agora - e presenciou a passagem de som do baterista Jörg Michael pela tarde) avisou que a banda seria pontual. Foi o tempo de entrar no bar e se posicionar na parte de cima (eu fiquei atrás da cabine de iluminação, ao lado do Richard Powell - outra figurinha fácil nos shows).

Em seguida, as luzes se apagaram e os telões passaram a mostrar imagens filmadas pelos próprios músicos desde o aeroporto Salgado Filho até o Millenium Flat (do lado do Praia de Belas). Muito legais as filmagens de Porto que os caras fizeram - a vista da piscina da cobertura do Millenium é o ouro. Durante essas imagens tocou uma música erudita facilmente reconhecível, mas que não sei o nome, nem o compositor.

MANIAC DANCE, do último disco, abriu o show. Belo riff. De cara deu para perceber que Kotipelto encontra-se no auge, cantando a plenos pulmões, e interagindo com o público (inevitáveis "Porto Alegrrree", "tudou boem", "bataam paalmas"). A banda veio com a formação quase-clássica - o baixista, Lauri Porra é novo. O sobrenome do músico foi bastante explorado por Kotipelto pelo significado em português, o que rendeu coros da galera ("Porra, Porra", "Olêee, Olê, Olê, Oláaaa... Porraaa, Porraaa"). Divertidos momentos.

Por outro lado, percebi claramente que Timo Tolkki lembra muito o mágico (ilusionista) gaúcho Kronnos (de quem eu fui colega em algumas cadeiras na PUCRS). O guitarrista utilizou-se apenas de duas caixas de ampli, e impressionou por raramente olhar para a guitarra durante as músicas. O cara, que sempre foi gordo, estava enorme. Jens Johansson, que ficou à esquerda no palco, tocou com o teclado Yamaha virado para o público (como Sherinian fizera no show do Malmsteen). Jörg Michael tem um jeito estranho de tocar - só movimenta os braços para cima e para baixo, com a cabeça voltada para frente. Passou o show inteiro jogando as baquetas para o público, para os roadies, para Tolkki (que, de costas, jogava-as para o público). Porra impressionou pela magreza (tipo os caras do Hellacopters) e pelo baixo Fender, fazendo com que lembrasse Glenn Hughes no California Jam'74.

O set-list seguiu com SPEED OF LIGHT, KISS OF JUDAS e LEGIONS, dando a impressão de que o álbum Visions seria passado em revista. Tolkki, por alguma razão, executou os solos mecanicamente, apenas palhetando rapidamente as notas. Em alguns momentos pareceu travado. Inexplicavelmente, em duas dessas músicas, Tolkki trocou de guitarra após alguns segundos depois da música ter começado. O show prometia, e Kotipelto anunciou uma música do álbum Fourth Dimension: TWILIGHT SYMPHONY, que não é das minhas favoritas (me agradaria mais DISTANT SKIES). Os músicos, então, abandonaram o palco deixando Porra para o seu solo de baixo. O cara fez umas boas improvisações com escalas rápidas, e surpreendeu tocando clássicos da bossa nova. Muito aplaudido, o baixista emendou um trecho massa de slap. Sem competição, foi o músico mais aclamado pela galera.

O violão (preso a um pedestal) ingressou no palco e a banda tocou LAND OF ICE AND SNOW, do último disco. A péssima música serviu para acalmar os ânimos; bizarro foi o baterista voltar ao palco atrasado para a parte com guitarras distorcidas da música. UNITED foi precedida de um vídeo no telão, naquele esquema de introduzir mensagens anti-guerra ("tantos milhões de dólares são gastos em guerra", "X milhões de pessoas morreram por causa das guerras", "we are all in the same BOAT"). A música tem aquela levada copiadíssima de HEAVEN AND HELL (por causa do baixo e bateria), mas conta com um riff bem legal por cima. A música, no entanto, perde o pique e fica longa demais depois dos "ô-ô-ô", de modo que foi brilhante a colocação de AGAINST THE WIND em seguida. Esta conta com um pre-chorus dos mais legais que eu já ouvi, com troca de frases entre Tolkki e Kotipelto. O guitarrista fez backing vocals muito bons em boa parte das músicas.

Seguiu-se, então, a música mais "progressive" (segundo Kotipelto) do set-list: a dispensável SEASON OF CHANGE. COMING HOME (outra do Visions, e que guarda muita semelhança com GLORY OF THE BRAVE do 1.º disco do Hammerfall) foi a seguinte, e ficou legal até. A partir daqui não lembro a ordem correta das músicas, mas seguramente foram tocadas DESTINY (que começa legal, mas é longa demais e cansa), FATHER TIME (matadora, riff nas mesmas posições de BURN), WILL THE SUN RISE?, HUNTING HIGH AND LOW (muito empolgante), FOREVER (melhor momento acústico - a música é perfeita), e BLACK DIAMOND que finalizou o set brilhantemente. Senti falta de músicas do Dreamspace (SHATTERED e REIGN OF TERROR, notadamente), do Destiny (NO TURNING BACK, por exemplo) e dos dois Elements (EAGLEHEART e SOUL OF A VAGABOND poderiam ter rolado, entre outras). Muitos momentos ociosos foram proporcionados pelo uso do violão, e essas músicas poderiam ter sido excluídas em prejuízo algum.

Valeu a pena pelo fato de ver os caras após meses de notícias no Whiplash sobre o péssimo estado de saúde (física e mental) de Tolkki, e das entrevistas e especulações sobre o fim da banda, e do retorno com outra formação (o que, felizmente, acabou não se concretizando). Sabiamente, os músicos voltaram e se prepararam para gravar um DVD ao vivo logo, pois não se sabe se a formação durará para outro disco de estúdio e outras turnês.

Lamentável foi eu não ter levado a máquina fotográfica. Em que pese o aviso do verso do ingresso (no sentido da impossibilidade de entrar com máquinas), pude ver muita gente tirando fotos o show inteiro (inclusive o Jorge tirou de sua posição estratégica, de dentro da cabine de iluminação - vou ver se consigo que ele me mande algumas). Próximo show: Judas Priest e Whitesnake.

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