domingo, 7 de janeiro de 2007

Discoteca Erga Omnes – Cds despiciendos

Nenhuma coleção de cds está livre da existência de algumas “maçãs podres”, i. é, discos ruins, imprestáveis; numa palavra, desprezíveis. Não vou incluir os cds ruins que fazem parte do catálogo de bandas como Kiss, Deep Purple, Black Sabbath, Metallica, Megadeth, Dream Theater, Yes e outras, pois pretendo me concentrar nos cds adquiridos isolada e impensadamente, para fins de mero incremento da coleção. Convém enfatizar que não é a intenção depreciar ou desmerecer imotivadamente os cds apresentados, mas apenas fazer uma resenha de alguns discos que estão deslocados na minha coleção.

ANGRA – “Rebirth World Tour – Live in São Paulo”

Trata-se de um disco duplo ao vivo lançado pelo Angra na turnê de lançamento do “Rebirth”. “Rebirth” marcou o início das atividades da nova formação da banda, e é um disco que acho muito bom, com algumas músicas muito boas – e boa parte do repertório do show gravado nesse cd é representado por músicas do “Rebirth”. Comprei esse disco ao vivo, por impulso, sem ouvi-lo previamente, no final de 2003, em Capão da Canoa (o preço era acessível para um cd duplo). O som da gravação não é muito bom, de modo que serve para atestar que os caras conseguem reproduzir ao vivo as músicas dos discos de estúdio, e também para mostrar que Edu Falaschi se dá bem com as músicas da época do André Matos (“Angels Cry”, “Nothing to Say” e “Carry On” ficaram bem legais). A última música é uma versão bem fiel de “The Number of the Beast” do Iron.

RUSH – “All the World´s a Stage”

Este eu adquiri há alguns anos no balaio da Boca do Disco. É o primeiro álbum ao vivo do Rush e tem os clássicos da banda à época: “Bastille Day”, “Anthem”, “2112”, “Working Man/Finding My Way”. Entretanto, não me considero fã incondicional da banda; assim, o vocal um tanto prejudicado de Geddy Lee incomoda um pouco na audição. Melhor são os discos ao vivo lançados posteriormente, já com as músicas do excelente disco “Moving Pictures” (acho até que os lançados mais recentemente são melhores – há vários para escolher).

APOCALYPSE - “Live in USA”

No inverno de 2000, a Apocalypse se apresentou gratuitamente no Salão de Atos da UFRGS a fim de promover este cd duplo gravado no ProgDay99, nos Estados Unidos. Todos nós da Burnin´ Boat combinamos de acompanhar esse show, que se deu num domingo às 18h; Sabrina e eu fomos os primeiros a chegar e imediatamente eu adquiri este cd – confiava cegamente que seria um show espetacular. Seja como for, o público foi bom e todos os figuras compareceram: Bruce, Raquel, Carol, Nilton, Cláudio, Jorge Gordo (que fez uma brincadeira impagável durante “Corta”), Diego, entre outros tantos. O palco com os instrumentos impressionava pela presença de um arsenal de teclados e sintetizadores. Após as primeiras 2 ou 3 músicas do show, a gurizada começou a galinhagem, fazendo comentários jocosos sobre (a) as letras das composições, (b) o vocal, (c) os insistentes harmônicos artificiais da guitarra. Várias pessoas pediram covers de músicas do Yes, Emerson, Lake & Palmer, Genesis e Rush (“Xanadu”). E nós pensávamos mesmo que ia rolar um cover de alguma dessas bandas. Mas a Apocalypse resumiu seu repertório às composições próprias, o que eu considerei um desperdício (os caras deviam ter aproveitado aquele monte de teclados do Eloy Fritsch e mostrar um belo cover de alguma música intrincada de progressivo). Eu fui um dos únicos que saiu do evento querendo acreditar que as músicas eram muito boas, apesar do vocal e das letras – não ficamos para o bis, pois a banda optou por repetir uma das músicas tocadas anteriormente, em que pesem as insistentes solicitações para uma cover. Após esse show, jamais ouvi o cd por inteiro em casa. A música de abertura (“Carmina Burana – rock version”) é legal, mas as composições próprias se ressentem do vocal fraco e das letras em português que não parecem combinar com o som. Assim, a banda se sai melhor nas músicas instrumentais como “Clássicos – rock version”, na qual são tocados vários trechos de músicas eruditas em formato rock (“In the Hall of the Mountain King”, “Sinfonia n.º9” de Beethoven, “Minueto” de Bach, “Rondo Alla Turca” de Mozart, “Dança Russa” de Tchaikovsky). É imperioso enfatizar que o cara da banda é o tecladista Eloy Fritsch que utiliza como ninguém o Minimoog – geralmente os melhores momentos das músicas da banda são quando o Minimoog é acionado. O baterista Chico Fasoli também é muito bom. Enfim, tenho grande respeito pela Apocalypse; não tive oportunidade para assistir a outro show, mas há algum tempo atrás estava na Livraria Cultura, no 2.º andar, e percebi que uma banda estava se apresentando e diferentemente do que geralmente ocorre nessas ocasiões, o som era bem interessante e o vocal era excelente – após alguns instantes reconheci a banda pela sonoridade inconfundível dos teclados e obtive a confirmação com o cartaz do show realizado no auditório da livraria. Não lembro de ter visto divulgação da apresentação na ZH, de modo que foi uma pena não ter podido acompanhar a nova formação.

SCHOCKMACHINE – “Schockmachine”

De tempos em tempos o dono da já extinta Mad Sound fazia promoções com os cds encalhados; numa dessas eu adquiri esse projeto paralelo capitaneado pelo então baixista do Helloween Markus Grosskopf (com participação do então baterista da mesma banda, o fenomenal Uli Kusch). Os desconhecidos (para mim) Olly Lugosi e Rolly Feldmann cuidam, respectivamente, de vocais e guitarras solo. Todas as músicas foram compostas por Grosskopf (letra e música, ou letra ou música), e aparentemente são sobras do Helloween (Roland Grapow fez a mesma coisa e lançou uns 2 cds com músicas não aproveitadas – algumas bem melhores das lançadas em discos como “The Dark Ride”). De pronto ressalta o vocal à moda Blaze Bailey (piorado) de Lugosi, que compromete o resultado da maior parte das composições. A primeira música, “Dreamers”, tem um belo riff, assim como “Never Exist” e “The Once Forgotten” (compostas por Kusch). “Running” tem uma boa levada. Entretanto, não há nenhuma música memorável de modo que o álbum é um excelente item para fãs do Helloween (o disco tem, ainda, participações do então guitarrista do Helloween Roland Grapow).

DIO – “Killing the Dragon”

Tenho grande respeito por Dio e gosto de várias músicas da sua época no Rainbow e no Black Sabbath. Mas admito que não acompanho com grande entusiasmo sua carreira solo. Recentemente li num site nacional especializado em rock pesado que o guitarrista Doug Aldrich (ou foi o Craig Goldy?) explicou que discos com músicas lentas como “Angry Machines” e “Magica” são tomados em alta conta por Dio – tipo, o cara gosta mesmo das músicas daquele jeito. “Killing the Dragon” é um pouco melhor e eu adquiri na Mad Sound em uma das promoções de cds “da parede” (os disponíveis para locação). A faixa-título é bem legal. “Along Comes a Spider” tem clima hard rock anos 80. Se “Scream” tem algo de “Heaven and Hell” no riff principal, “Better in the Dark” tem algo de Rainbow em toda ela e “Rock and Roll” tem riff parecido com algo do Led Zeppelin (“Kashmir”?). “Push” é bem decente, mas parece que a letra não encaixa legal na música.

KING DIAMOND – “The Graveyard”

Diferentemente das bandas acima, sou grande fã do Mercyful Fate e dos riffs compostos por King Diamond. Adquiri a habilidade de abstrair das músicas os vocais exagerados de Diamond, pois a qualidade dos riffs e das músicas do Mercyful Fate valem ouro. Mas a carreira solo de King Diamond é realmente difícil de acompanhar. Todos os discos são conceituais, as guitarras são esmagadas pela produção típica dos anos 80, e o timbre do vocalista é bem irritante. A situação mudou parcialmente quando ouvi a versão remasterizada de “Them” que conta com duas faixas-bônus que valem o cd inteiro: tratam-se de duas demo instrumentais, com King Diamond e Andy La Roque tocando as guitarras em um ensaio (numa das faixas eles erram e começam de novo – é bem legal). Ouvi mais alguns discos e resolvi adquirir toda a coleção, assim como havia feito com o Mercyful Fate. Não consegui cumprir meu objetivo pois me deparei com algumas bombas incríveis como esse “The Graveyard” que é, de fato, “inescutável” (adquiri no balaio de uma loja da Gal. Chaves).

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