Posso dizer que depois do show do Symphony X agreguei uma motivação para assistir shows em Porto Alegre, que é fazer filmes e tirar fotos para registrar o evento. Valorizo bastante essas memórias (não por acaso, me empenho em fazer resenhas de todos os shows que assisto, para preservar o máximo de informações e sensações desses momentos únicos), e sempre que puder documentar, com fotos e vídeos, os shows, assim o farei.
Já tive oportunidade para assistir ao Helloween em 2001, no Opinião. A época era outra: a banda contava com Grapow e Kusch (que eu considerava os melhores músicos daquela formação), e a turnê era a de divulgação do The Dark Ride (que eu considerava "fraquíssimo" na época, e agora acho bem legal, especialmente por causa do peso das guitarras, e pelo fato de que os caras tentaram compor algumas coisas diferentes - em que pese algumas músicas-chavão tipo "Salvation", mas isso não vem ao caso agora). O Helloween retornou outras duas vezes em 2003 e 2006 (sempre no Opinião), mas não tive interesse em acompanhar, mesmo que em todas as ocasiões houvesse mudanças na formação e discos sendo promovidos. Para esse show, os alemães estão divulgando o Gambling With the Devil, e junto com os já conhecidos Andi Deris, Michael Weikath e Markus Grosskopf, vieram o guitarrista Sascha Gaerstner e o batera Dani Löble. Ouvi muito pouco esse disco, assim como praticamente desconheço as faixas de Rabbits Don´t Come Easy e da 3.ª parte do Keeper of the Seven Keys, e assim sabia que teria dificuldades para identificar parte do set list.
Há menos de um mês que soube da confirmação da rodada dupla Helloween & Gamma Ray, mas só comprei o ingresso quando tive a certeza de que não teria nenhum outro evento mais urgente e importante para acompanhar. Achei os preços bem razoáveis (pista: 40 pila; mezanino/louge: 60 pila), e mesmo sem saber exatamente a respeito do local, mas querendo sobretudo um lugar melhor possível para as providências referidas acima, resolvi tirar o escorpião do bolso e comprar o ingresso do mezanino.
Antes do show de Porto Alegre, as bandas se apresentaram em Curitiba e no Rio de Janeiro, e assim pude conferir as resenhas que saíram no Whiplash. A esperada reunião das bandas para tocar umas músicas clássicas do Helloween só aconteceu no Rio, de modo que não era possível saber se haveria repeteco por aqui.
Ninguém entrou em contato para combinar nada, e a não ser uma breve troca de idéias com o Rinaldo, não procurei parceria. Dirigi-me ao local depois das 21h30min, e cheguei com bastante tranqüilidade (fica exatamente na frente do aeroporto); o estacionamento é terceirizado e caro (15 pila), mas muito organizado e bastante conveniente tanto para entrar como para sair. A revista foi breve, recebi a pulseira da área "privilegiada", e logo fui buscar a melhor posição possível, enquanto rolava nos telões o recente show do Iron Maiden no Gigantinho. O local é muito amplo, e assim não lotou. Mas o público foi muito bom - se fosse no Opinião, teria lotado. Todo mundo teve espaço sossegado, e por todas as razões estou considerando o Pepsi on Stage o local preferido para shows (apesar do Opinião ser bem perto e tradicional).
Não demorou e em seguida o Gamma Ray iniciou sua apresentação. Reconheço que não sou familiarizado com o repertório da banda de Kai Hansen, de modo que uma avaliação individualizada das músicas fica prejudicada. Mas os caras abriram com uma bem boa, e de cara me abri para o som excelente do Pepsi on Stage, sobretudo o som das guitarras - a combinação Gibson Flying V e parede de Marshalls de Hansen ficou muito legal (na hora pensei como deve ser boa a sensação de tocar uma composição própria, com um equipamento de qualidade e volume afu - talvez tenha experimentado isso no show da Burnin´ Boat na Croco).
No decorrer do set list do Gamma Ray fui perdendo interesse no som da banda, e me concentrei nas fotos. Um dos melhores momentos foi quando foi interpretada uma música do Helloween, da época de Hansen: a rápida "Ride the Sky". Fiz valer a prerrogativa do ingresso e me desloquei pelo local inteiro, na pista e no mezanino. Lá pelas tantas encontrei a Hadige, com um cara que também era do Sévigné, e logo em seguida o Sávio, ex-batera da Hibria (da turma eles mantêm contato apenas com o famigerado Jorge Gordo).
Apesar de não ser fã das composições do guitarrista, reconheço que Kai Hansen (a) é um excelente frontman; (b) toca guitarra muito bem; (c) canta bem (discordo de quem diz que o cara não manda bem no vocal); (d) bem ou mal conseguiu montar uma banda, que se não é tão bem-sucedida quanto o Helloween que ele ajudou a fundar, pelo menos é bem reputada dentro do "metal melódico" e conta com uma carreira consolidada. O cara ainda teve um momento para mexer com a galera durante "Heavy Metal Universe", e mostrou-se carismático. Além dele, os músicos de apoio são bem competentes (não os conheço o suficiente para saber quem é da formação original ou não).
O Gamma Ray se despediu rapidamente e as atividades foram interrompidas por uma meia-hora. Aí lembrei do set list do Helloween no show de Curitiba, e sabendo que música de abertura seria a que dá nome à banda (que tem 10 minutos - daria tempo para um monte de fotos), e a segunda seria "Sole Survivor" (uma das minhas favoritas), me programei para fazer as fotos durante a primeira na pista, e o vídeo da segunda na parte de cima.
Aí foi isso: os caras entraram após a música introdutória e executaram "Halloween". Depois dos muitos riffs e solos, subi para o mezanino e me preparei para "Sole Survivor". Não me decepcionei: a música é excelente e a performance dos alemães, matadora. O som ambiente é muito bom, e deu para ouvir claramente todos os instrumentos e o vocal.
Sole Survivor
Seguiu-se, então, uma das antigas e obscuras, "March of Time", com a qual não era muito familiarizado. Deris anunciou o single do novo álbum, "As Long As I Fall", que achei muito fraca. Depois os caras tocaram outra que não é das minhas conhecidas, "A Tale That Wasn´t Right", que não me animou muito. Resolvi, então, descer e fui avançando até chegar bem do lado esquerdo do palco.
Rolou um solo de bateria absolutamente dispensável, tanto mais quando se sabe o que é um bom solo de bateria após ver um solo de Eric Carr (RIP), como aquele memorável de 1988 no Japão (Dani Löble solou, ainda, sobre uma base pretensamente samba, e aí a coisa piora, porque o melhor solo nesse esquema é o de Ivan Busic, registrado no disco Brutal com o nome "Kizumba"). Avancei mais um pouco e fiquei bem perto do Weikath (não sabia que o cara era tão magro e medonho), e aproveitei o momento para registrar a próxima, um clássico do metal melódico: "Eagle Fly Free". Não tinha ângulo para enquadrar o palco inteiro, então resolvi mirar nos que ficavam mais perto do canto (sobretudo o próprio Weikath).
Eagle Fly Free
Mesmo antes daquele momento já tinha ficado claro que os caras estão em excelente forma, dominando completamente o repertório. O novato Sascha é tão agitador quanto o Grosskopf, e achei legal o entusiasmo de Deris, que interpretou as músicas o tempo todo enquanto cantava (e o cara mandou muito bem no vocal), além de se dirigir à cidade ("Porto Alegreei") e arranhar um espanhol.
A próxima foi uma do disco novo que achei absolutamente brilhante: "The Bells of the Seven Hells". Trata-se de uma baita composição, com belos riffs e um invejável refrão fácil de assimilar, do tipo "simples mas sofisticado". Lá pelo meio tem um riff mais "moderno", não muito típico do Helloween, e foi aí que entendi o que o Weikath quis dizer numa entrevista para o Whiplash que os caras procuravam sempre evoluir (ao invés de sempre fazer o mesmo tipo de disco), inclusive incorporando sons mais novos para "agradar os filhos do Deris". Compreendi perfeitamente o recado e fiquei satisfeito com essa disposição para evoluir, pois nada mais aborrecedor do que ouvir versões para músicas já consagradas pelos caras nos discos mais antigos.
Ainda durante "Eagle Fly Free", mas sobretudo a partir dessa "Bells of the Seven Hells", comecei a sofrer os efeitos da exposição prolongada às caixas de som com volume brutal (cada pedalada no bumbo parecia um soco no peito). Bem perto do palco como eu estava o som estava alto, mas estava bom e não havia como se afastar dali.
No mesmo esquema de "composições novas = músicas boas", seguiu uma do disco anterior, a 3.ª parte do Keeper of the Seven Keys: "King for a 1000 Years". Trata-se de uma música bem longa, mas muito boa.
Começava a me afastar da beira do palco, quando Deris anunciou uma do disco Dark Ride; nessa hora, sabia que se tratava de "If I Could Fly", que diferentemente da opinião de outros, acho uma bela música (mais lenta, espécie de balada com peso).
If I Could Fly
Os caras encerraram o set list regular com outro clássico indispensável da época de Hansen: "Dr. Stein". É notável isso de terem certas músicas infalíveis para tocar durante o show. Essa, em especial, certamente, era uma das favoritas de todos os que estavam presentes. Os caras foram muito inteligentes no bom-humor da letra e na levada quase rocker, e isso é bastante difícil de alcançar (nos discos há exemplos de como isso não deu certo).
Tão rápido quanto se retiraram, os músicos voltaram para um medley de boas músicas: "Perfect Gentleman", "I Can" (de um dos meus discos favoritos, Better Than Raw, que só eu considero essencial - ainda vou acrescentar à lista), "Where the Rain Grows" (mais uma bela faixa do Master of the Rings), novamente "Perfect Gentleman" (com a tradicional participação da platéia), "Power" (verdadeiro hino, do excelente disco Time of the Oath), e "Keeper of the Seven Keys".
O show, até aqui, já tinha sido muito bom, apesar de que, para o meu gosto, uma banda como o Helloween, que tem vários discos lançados, deveria montar um repertório no qual contivesse, no mínimo, uma música de cada disco (afinal, se cada disco lançado "é o melhor do que os anteriores", nada mais justo do que incluir uma faixa por disco para dar uma espécie de satisfação àquele que, eventualmente, comprou determinado cd). Seja como for, para aguardar a provável reunião Gamma Ray & Helloween para o grande final, resolvi subir de volta ao mezanino.
E assim, sem maiores introduções, o batera chamou no hi-hat e do backstage os caras começaram a tocar "Future World". Hansen e Deris dividiram os vocais de forma bem equilibrada, e os quatro guitarristas destruiram ao fazer os "duetos" simultaneamente.
Future World
Sem tempo para respirar, emendaram outra da época de Hansen, "I Want Out".
I Want Out
Finalmente os quatro guitarristas, dois baixistas, um vocalista e um baterista se despediram, e rapidamente deixaram o palco.
Agora espero que se confirmem outras atrações em Porto Alegre, como Symphony X, Scorpions, Megadeth, entre outros, e espero ainda que estejamos todos em ordem até lá.
2 comentários:
Po, não tinha visto a "reportagem" integral do show.
Parabens, ta profissional
E se eu não soubesse que é tu mesmo que tira as fotos, não acreditaria... hehehehe
Sou tão estúpido que perdi o show dos caras aqui em fortaleza no mês anterior, uma oportunidade rara que jamais terei, parabéns pela disposição da banda de vir tb até aqui no Nordeste onde o lixo musical é enorme, foi muito raro mesmo, bela descrição do show no blog aí em POA !!!
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