segunda-feira, 2 de junho de 2008

CD – Rush “Signals”

É raro mas acontece de me deparar com um disco que curto desde a primeira audição. Geralmente, nesses casos, a primeira música é muito boa, e a seguinte é diferente, mas também muito boa, assim como a próxima e também a que vem depois. Ou seja, o disco conta com uma sucessão de faixas bem marcantes e diferentes entre si, e todas muito boas.

Esses dias, não sei explicar a razão, tomei interesse pelos discos do Rush. Encontrei no balaio da Multisom o “Presto” e o “Roll the Bones” (outros eu já tinha), e acreditava que ainda poderia encontrar o “Power Windows”, o “Grace Under Pressure” e o “Hold Your Fire”, em relação aos quais sempre tive opinião desfavorável, mas que resolvi que podia encarar em razão do preço. Acabou que não os encontrei, mas entendi conveniente escutar alguma coisa por conta para ver se valia a pena correr atrás do resto, e então, meio por acaso, cheguei em “Signals”. O meu mp3 player é bem palha e com pouca capacidade, de modo que não houve espaço para mais de 4 músicas desse disco. E, assim, durante algumas semanas, no caminho para o trabalho, ouvi essas quatro primeiras músicas de “Signals” e repeti a experiência de encontrar um cd com faixas diferentes e muito boas.

Desde o ano passado (ou 2006) firmei a convicção de que da discografia do Rush, somente “Moving Pictures” seria um realmente clássico (basta ver as músicas do disco – só tem músicas matadoras). Os outros cds, alguns bons por certo, mas seriam só para fãs. Talvez por esse motivo não tenha acompanhado o show do Rush no Estádio Olímpico em 2002 (evidentemente que fracassei nessa). Esse “Signals”, se não para outra coisa, serviu para mudar meu entendimento a respeito da banda.

O disco abre com “Subdivisions”, que é marcante pelo riff grandioso de sintetizador OB-X Oberheim. O resto da música é muito legal, e me despertou o interesse nos timbres de Alex Lifeson e também pela sua técnica, que sempre foi muito elogiada por guitarristas como John Petrucci, sobretudo pelo modo como o cara, num trio com baixo/bateria/guitarra, consegue preencher os espaços musicais com acordes e dedilhados. Não é coisa fácil de se fazer, ainda mais com guitarras distorcidas, então finalmente pude reconhecer e comprovar a influência de Lifeson sobre os guitarristas que se dedicam ao metal progressivo (existem muitas bandas derivadas no som do Rush, ou que tomam como referência ou ponto de partida, sendo o Dream Theater uma das mais expressivas).

“Analog Kid” é a seguinte e é completamente diferente. Mais rápida e caracterizada pela presença dominante da guitarra (no riff inicial, por exemplo), é igualmente muito boa. Já conhecia desde o tributo ao Rush da Magna Charta, mas só agora gostei da faixa. Destaco a linha de bateria bastante fluida de Neal Peart (é legal ouvir essas levadas soltas, apesar de que Ian Paice continua sendo o representante insuperável desse tipo de condução). A próxima é “Chemistry”, com andamento mais lento e com início um pouco mais grandiloqüente. Há umas boas melodias de guitarra, inclusive o solo - e me lembra um pouco de Yes. Finalmente, a 4.ª faixa é "Digital Man", que conta com uns momentos nos quais a banda apresenta elementos reggae e ska, e que conforme a excelente resenha disponível no wikipedia, foi o motivo pelo qual "Signals" acabou se tornando o último registro da parceria do Rush com o produtor Terry Brown.

Procurei o disco em todas as lojas conhecidas, e acabei localizando apenas uma versão importada na Grammy (no 3.º andar da Gal. Chaves) por 30 pila. O cara baixou a pedida e levei para a casa, e só depois me dei conta de que, apesar de importada, não se tratava da versão remasterizada. Seja como for, ouvi as faixas restantes e, para minha surpresa, constatei que essas outras 4 faixas não são tão boas quanto as prévias. Tirante alguns bons momentos, o material não me pareceu tão memorável. Seja como for, o disco é muito bom, com gravação que parece atual e interpretações inspiradas e inspiradoras.

8 comentários:

vinícius disse...

"Talvez por esse motivo não tenha acompanhado o show do Rush no Estádio Olímpico em 2002 (evidentemente que fracassei nessa)."

tem coisas que um dia o cara tem que reconhecer, mesmo. MAS ISSO TU ERA PRA TER TE DADO CONTA NA HORA! aehuiaehiae

Guilherme disse...

Pois é, honestamente não sei onde estava com a cabeça nessa época. E isso que já havia perdido (e me arrependido) o show do Yes no Opinião.

vinícius disse...

depois de ler teu post decidi ir na cultura comprar o signals. não achei, mas comprei o moving pictures e o presto por um total de 37 reais.

Guilherme disse...

Como eu disse, procurei o disco em TODOS os lugares conhecidos (e andei até em uns desconhecidos, tipo uma loja "museu do disco" naquela rua debaixo do viaduto para a rodoviária, entre a Alberto Bins e a Farrapos. Fizeste boas compras, com exceção do Presto (o moving pictures é fora de série; o Presto adquiri recentemente e ouvi algumas vezes, sem me impressionar... talvez na 34.ª audição firme uma opinião mais conclusiva - e favorável. Enqto isso, ouço Vapor Trails, Test for Echo e Snakes and Arrows).

Guilherme disse...

Em tempo: "ouço VP, TFE e SAA" sem ainda ter formado opinião favorável sobre esses discos (algumas músicas são notoriamente boas, tipo One Little Victory, Far Cry, The Main Monkey Business, Driven, mas as outras...).

vinícius disse...

cara, eu acho o test for echo espetacular. o vapor trails tem em freeze e earthshine minhas preferidas disparadas. o snakes and arrows eu mal ouvi.

e o counterparts? tu tem? considero ele um album praticamente perfeito. é o rush com um rock bem pegado e bem pesado, também. é do caralho.

Guilherme disse...

por coincidência já tinha um post dedicado ao Counterparts que tava guardando na manga para soltar no meio da semana, mas resolvi antecipar para hj.

Guilherme disse...

por coincidência já tinha um post dedicado ao Counterparts que tava guardando na manga para soltar no meio da semana, mas resolvi antecipar para hj.

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