Metallica em Porto Alegre (Parque Condor, 28.01.2010) |
Comprei o ingresso no primeiro dia de vendas, em novembro de 2009, e não foi barato. O local seria o Estádio do Zequinha, e todos os que foram no show do REM (acho que em 2008) recomendaram bastante a área vip. Só que duas semanas antes do show, não houve liberação do Estádio pelos bombeiros, então a produtora alterou o local para o Parque Condor, que pela primeira vez receberia show de grande porte (ou de qualquer porte, que eu saiba). Particularmente, achei melhor o novo local, pois haveria melhores condições de estacionamento (no aeroporto, no Pepsi On Stage, nas imediações, enfim).
Em férias, pude planejar a ida com antecedência. Dirigi-me ao aeroporto às 18h30min - a Hibria entraria no palco às 20h, e o Metallica às 21h30min - e tão logo virei à direita após o aeroporto antigo encarei um baita trânsito. Estava com tudo para estacionar no aeroporto, mas tomei um balão da EPTC: os caras disseram que ali estava lotado e que seria melhor ir para o estacionamento do aeroporto antigo, mais longe só que com vagas disponíveis. Pois descobri da pior forma que não há vagas disponíveis no estacionamento do aeroporto antigo, só para funcionários. Desde logo, então, tomei uma lição simples: jamais confiar nas informações prestadas pelos azuizinhos. Foi um verdadeiro desserviço, pois poderia ter estacionado tranquilamente no aeroporto, com um pouco de paciência. Bolei, então, a estratégia de sair do show no decorrer da última música (o bis só tem três músicas) e tentaria evitar o trânsito caótico da saída.
Havia uma fila imensa, e depois de uma boa caminhada fiquei sabendo que a fila era única, que só depois de entrarmos é que seríamos divididos por setores (público de 26mil). Seja como for, não levou meia-hora para chegar à frente do palco. Posicionei-me bem centralizado e aguardei menos de 30min para ver a Hibria abrindo os trabalhos.
Os caras mandaram "Tiger Punch" e outras do disco "The Skull Colectors". A Hibria tocou com luz natural, e mais para o final senti falta de uma iluminação melhor, sobretudo na última música, a minha favorita "Steel Lord on Wheels" (que tem um riff extraordinário composto pelo Diego num estilo Zakk Wylde). Notei que o Diegão trocou de guitarra - tá com uma Ibanez estilo Telecaster preta. De qualquer maneira, curti o fato de que ele, assim como eu, abandonou guitarras de ponte móvel em favor de guitarras de ponte fixa. O Abel segue com a Washburn, e o Marco com um baixo de muitas cordas. Gostei bastante da performance do batera Eduardo Baldo - é figuraça com caretas o tempo todo, e levantando os braços para alcançar os pratos ou agitar a galera. O Iuri mandou muito bem, como sempre, nos vocais, cantando alto o tempo todo, e tive oportunidade de cumprimentá-lo na saída do show do Metallica durante "Seek and Destroy" (deveria ter pedido para tirar uma foto também, mas fica para a próxima).
Com 50min disponíveis, a Hibria enfileirou músicas rápidas e deu tempo até para os tradicionais "oh-oh-oh" com o público. Como banda de abertura, não tiveram as prerrogativas de iluminação e som adequados, mas cumpriram muito bem o seu papel.
Se a Hibria ingressou no palco pouco antes das 20h, o Metallica atrasou uns 20min para começar o show principal. Deu tempo para fazer rápida amizade com dois caras que vieram do Tocantins (raciocinaram, com propriedade, que valia mais a pena economicamente comprar o ingresso para o show de Porto Alegre do que para o de São Paulo no Morumbi - a diferença de preço era o dobro). Já na passagem de som vimos que o som seria muito mais alto: o som da bateria foi uma estupidez, na caixa e no bumbo. Finalmente a intro tape de "Ecstasy of Gold" foi iniciada e nos telões laterais apareceram cenas do clássico filme do Clint Eastwood "The Good, The Bad and The Ugly". Não foi surpresa a primeira música: "Creeping Death". Gostei de ver que James Hetfield tem um pequeno macete para tocar o riff principal dessa faixa durante os versos cantados. Acima de tudo, o que se pode ver foi a banda em forma excelente, com os vocais perfeitos. Além disso, achei que Kirk Hammet estava tocando melhor do que no DVD dos shows no México em 2009 (resenha sobre a caixa de 2 DVDs e 2 CDs seguirá em breve).
Durante a passagem de som um roadie praticou brevemente com o baixo utilizando distorção e wah, e isso foi suficiente para que sacássemos que "For Whom the Bell Tolls" seria executada. Diferentemente do que eu previa, essa música agitou muito a galera. Os caras emendaram essa com "Ride the Lightining", sobre a qual tenho tido renovado interesse ultimamente.
Sabe-se que o Metallica altera os set-lists todos os shows, mantendo algumas músicas constantes. Então me surpreendeu a ausência de algumas do "Master of Puppets" e do próprio "Death Magnetic". Hetfield exigiu a participação do público e mandou "The Memory Remains". Se o "Reload" não teve venda expressiva, pelo menos os fãs do Metallica sabem cantar "Memory" na íntegra. Não achei que "Fade to Black" seria executada, e nem que seria tão cedo no repertório. Filmei essa a partir da parte rápida, e antes disso aproveitei para algumas fotos. Aqui, em particular, achei Hammett perfeito nos solos, principalmente nas partes com os licks bem rápidos típicos de pentatônicas.
O vocalista se empenhou na comunicação com o público, largando uns "estão prontos?" e "estão comigo?". Mas o cara se mostrou extremamente desinformado ao dizer que o Metallica estava pela primeira vez em Porto Alegre, quando é certo que há 10 anos a banda já havia se apresentado em Porto Alegre, na época do "Garage Inc." (resenha desse show de 1999, aqui). Particularmente, interessava-me as músicas do "Death Magnetic", então curti quando veio a introdução "heartbeat" de "That Was Just Your Life". A esta seguiu-se "The End of the Line", que nas pausas acentuadas com o acorde E ficou ultrapesada. Após um breve solo de Kirk Hammet, Hetfield introduziu "The Day That Never Comes", que foi cantada por todos.
Hetfield anunciou que a próxima seria pesada, e essa era a senha para a troca de guitarras afinadas um tom abaixo (DGEFAD) que caracteriza "Sad But True". Essa música é perfeita, com riff matador, e gosto bastante do fato de Hammett sempre tocar essa com a Jackson Flyng V Randy Rhoads preta. O solo foi melhor que o da versão do DVD no México, mas na segunda parte ainda fica distante da versão original do "Black Album".
James perguntou se o pessoal curtia "Death Magnetic", pois a próxima seria desse disco. Questinou qual o pessoal queria ouvir. Pensei comigo que essa era a hora de "Broken, Beat and Scarred" ou, mais remotamente, "All Nightmare Long", pois essas duas são disparado as melhores do disco. Alguém do meu lado disse "Cyanide", e logo em seguida James gritou, "vocês acertaram, 'Cy-Cy-Cy-Cyanide". Acho essa bem fraquinha, mas ficou legal ao vivo, diferentemente do que pensava.
A partir daí o repertório seria só das clássicas. E finalmente pude curtir a intro tape de "One". Afinal, nos CDs e bootlegs ao vivo só ouvimos aquele barulho de como se estivesse em um campo de batalha, mas ao vivo pudemos ver que há um espetáculo pirotécnico. Além dos fogos de artifício, aparecem umas labaredas de fogo, e todos nós sentimos o ar mais quente nessas horas (cheguei a pensar que caso desse algum problema alguém sairia bastante queimado, como de fato já ocorreu com o próprio Hetfield há quase 20 anos em show da banda no Canadá). Ainda vou ver o vídeo com mais calma, mas na hora me pareceu que alguém errou no final de "One" e todos se atrapalharam para encerrar a faixa. É a tal da coisa: a parte é um pouco complicada, mas de fácil execução para quem compôs e está bem ensaiado; só que nada disso adianta quando um erra e um ou outro vacila achando que os outros vão errar tudo, ou que o cara que errou não vai perceber o erro e vai errar de novo. Evidente que os caras são profissionais e conseguiram encerrar numa boa, mas não ficou redondinho como de costume (primeira vez que vi errarem essa parte).
"Master of Puppets", favorita de 9 entre 10 (eu sou o 10.º) dos presentes, foi mandada em seguida. Filmei até a parte lenta e depois tirei fotos. Felizmente havia tempo para surpresas, e os caras tocaram uma que não é executada com muita frequencia: "Battery". Essa é outra das que tenho renovado interesse para ouvir. E ficou uma paulada. Robert Trujillo foi um cara difícil de filmar ou fazer fotos, pois a iluminação não chega nele e o cara ainda se postou quase o tempo todo do lado direito do palco, e sempre havia uma mão/braço no meu caminho quando apontava a câmera para o baixista. Em todo o caso, "Battery" foi a música que ele tocou no teste para ingressar no Metallica e talvez não por acaso seja o seu melhor momento.
Kirk apareceu, então, com uma magnífica Gibson Les Paul Custom preta e ficou brincando com um dedilhado (pareceu-me mal executado) e depois emendou "Nothing Else Matters". No final, Hetfield estava agachado e no telão aparecia apenas a sua mão; achei muito legal que mostrou o cara aumentando o botão de volume e trocando de captador, quando Hetfield mostra a palheta com a capa de "Death Magnetic", e depois, com a outra mão, o dedo do meio, e então o sinal com os dedos mínimo e indicador popularizado pelo Ronnie James Dio. Baita momento do show. Parecia que ele encerraria "Nothing Else Matters", mas na verdade iniciou "Enter Sandman". Gravei toda a sequência.
Os caras saíram do palco e a pausa foi bem curta, nem deu tempo de gritar chamando a banda de volta. Já sabia que haveria apenas mais 3 músicas e que seriam ou covers ou músicas do "Kill ´em All", então fui me dirigindo para a saída do Condor. Não deu outra: tocaram "Die Die My Darling" (felizmente, a única cover), "Phantom Lord" e "Seek and Destroy". Fiquei até o primeiro refrão desta, e aí me mandei, às 23h45min (o show acabaria 5min depois). Corri até o carro e o trânsito foi muito tranquilo até em casa.
Excelente espetáculo de uma banda em plena forma. Em março teremos outro show muito aguardado (por mim): Dream Theater (no mesmo dia de Axl Rose & Guns´n´Roses).
(não consegui postar o vídeo de "Nothing Else Matters & Enter Sandman" pois excede o limite de 10min do youtube)