sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Shows XXIX - Metallica (abertura Hibria - 28.01.2010, Parque Condor, Porto Alegre/RS)

Metallica em Porto Alegre (Parque Condor, 28.01.2010)
Há 15 anos, quando recém estava começando a ouvir heavy metal, curtindo o "Black Album" e tal, e o Diego Kasper, guitarrista da Hibria, me disse numa aula do colégio: "tem que ouvir o 'Master of Puppets'". Pois em 2010 o Metallica voltou a Porto Alegre (última vez fora em 1999, no Jockey Club) e a Hibria seria a banda de abertura.

Comprei o ingresso no primeiro dia de vendas, em novembro de 2009, e não foi barato. O local seria o Estádio do Zequinha, e todos os que foram no show do REM (acho que em 2008) recomendaram bastante a área vip. Só que duas semanas antes do show, não houve liberação do Estádio pelos bombeiros, então a produtora alterou o local para o Parque Condor, que pela primeira vez receberia show de grande porte (ou de qualquer porte, que eu saiba). Particularmente, achei melhor o novo local, pois haveria melhores condições de estacionamento (no aeroporto, no Pepsi On Stage, nas imediações, enfim).

Em férias, pude planejar a ida com antecedência. Dirigi-me ao aeroporto às 18h30min - a Hibria entraria no palco às 20h, e o Metallica às 21h30min - e tão logo virei à direita após o aeroporto antigo encarei um baita trânsito. Estava com tudo para estacionar no aeroporto, mas tomei um balão da EPTC: os caras disseram que ali estava lotado e que seria melhor ir para o estacionamento do aeroporto antigo, mais longe só que com vagas disponíveis. Pois descobri da pior forma que não há vagas disponíveis no estacionamento do aeroporto antigo, só para funcionários. Desde logo, então, tomei uma lição simples: jamais confiar nas informações prestadas pelos azuizinhos. Foi um verdadeiro desserviço, pois poderia ter estacionado tranquilamente no aeroporto, com um pouco de paciência. Bolei, então, a estratégia de sair do show no decorrer da última música (o bis só tem três músicas) e tentaria evitar o trânsito caótico da saída.

Havia uma fila imensa, e depois de uma boa caminhada fiquei sabendo que a fila era única, que só depois de entrarmos é que seríamos divididos por setores (público de 26mil). Seja como for, não levou meia-hora para chegar à frente do palco. Posicionei-me bem centralizado e aguardei menos de 30min para ver a Hibria abrindo os trabalhos.

Os caras mandaram "Tiger Punch" e outras do disco "The Skull Colectors". A Hibria tocou com luz natural, e mais para o final senti falta de uma iluminação melhor, sobretudo na última música, a minha favorita "Steel Lord on Wheels" (que tem um riff extraordinário composto pelo Diego num estilo Zakk Wylde). Notei que o Diegão trocou de guitarra - tá com uma Ibanez estilo Telecaster preta. De qualquer maneira, curti o fato de que ele, assim como eu, abandonou guitarras de ponte móvel em favor de guitarras de ponte fixa. O Abel segue com a Washburn, e o Marco com um baixo de muitas cordas. Gostei bastante da performance do batera Eduardo Baldo - é figuraça com caretas o tempo todo, e levantando os braços para alcançar os pratos ou agitar a galera. O Iuri mandou muito bem, como sempre, nos vocais, cantando alto o tempo todo, e tive oportunidade de cumprimentá-lo na saída do show do Metallica durante "Seek and Destroy" (deveria ter pedido para tirar uma foto também, mas fica para a próxima).





Com 50min disponíveis, a Hibria enfileirou músicas rápidas e deu tempo até para os tradicionais "oh-oh-oh" com o público. Como banda de abertura, não tiveram as prerrogativas de iluminação e som adequados, mas cumpriram muito bem o seu papel.

Se a Hibria ingressou no palco pouco antes das 20h, o Metallica atrasou uns 20min para começar o show principal. Deu tempo para fazer rápida amizade com dois caras que vieram do Tocantins (raciocinaram, com propriedade, que valia mais a pena economicamente comprar o ingresso para o show de Porto Alegre do que para o de São Paulo no Morumbi - a diferença de preço era o dobro). Já na passagem de som vimos que o som seria muito mais alto: o som da bateria foi uma estupidez, na caixa e no bumbo. Finalmente a intro tape de "Ecstasy of Gold" foi iniciada e nos telões laterais apareceram cenas do clássico filme do Clint Eastwood "The Good, The Bad and The Ugly". Não foi surpresa a primeira música: "Creeping Death". Gostei de ver que James Hetfield tem um pequeno macete para tocar o riff principal dessa faixa durante os versos cantados. Acima de tudo, o que se pode ver foi a banda em forma excelente, com os vocais perfeitos. Além disso, achei que Kirk Hammet estava tocando melhor do que no DVD dos shows no México em 2009 (resenha sobre a caixa de 2 DVDs e 2 CDs seguirá em breve).



Durante a passagem de som um roadie praticou brevemente com o baixo utilizando distorção e wah, e isso foi suficiente para que sacássemos que "For Whom the Bell Tolls" seria executada. Diferentemente do que eu previa, essa música agitou muito a galera. Os caras emendaram essa com "Ride the Lightining", sobre a qual tenho tido renovado interesse ultimamente.





Sabe-se que o Metallica altera os set-lists todos os shows, mantendo algumas músicas constantes. Então me surpreendeu a ausência de algumas do "Master of Puppets" e do próprio "Death Magnetic". Hetfield exigiu a participação do público e mandou "The Memory Remains". Se o "Reload" não teve venda expressiva, pelo menos os fãs do Metallica sabem cantar "Memory" na íntegra. Não achei que "Fade to Black" seria executada, e nem que seria tão cedo no repertório. Filmei essa a partir da parte rápida, e antes disso aproveitei para algumas fotos. Aqui, em particular, achei Hammett perfeito nos solos, principalmente nas partes com os licks bem rápidos típicos de pentatônicas.





O vocalista se empenhou na comunicação com o público, largando uns "estão prontos?" e "estão comigo?". Mas o cara se mostrou extremamente desinformado ao dizer que o Metallica estava pela primeira vez em Porto Alegre, quando é certo que há 10 anos a banda já havia se apresentado em Porto Alegre, na época do "Garage Inc." (resenha desse show de 1999, aqui). Particularmente, interessava-me as músicas do "Death Magnetic", então curti quando veio a introdução "heartbeat" de "That Was Just Your Life". A esta seguiu-se "The End of the Line", que nas pausas acentuadas com o acorde E ficou ultrapesada. Após um breve solo de Kirk Hammet, Hetfield introduziu "The Day That Never Comes", que foi cantada por todos.







Hetfield anunciou que a próxima seria pesada, e essa era a senha para a troca de guitarras afinadas um tom abaixo (DGEFAD) que caracteriza "Sad But True". Essa música é perfeita, com riff matador, e gosto bastante do fato de Hammett sempre tocar essa com a Jackson Flyng V Randy Rhoads preta. O solo foi melhor que o da versão do DVD no México, mas na segunda parte ainda fica distante da versão original do "Black Album".



James perguntou se o pessoal curtia "Death Magnetic", pois a próxima seria desse disco. Questinou qual o pessoal queria ouvir. Pensei comigo que essa era a hora de "Broken, Beat and Scarred" ou, mais remotamente, "All Nightmare Long", pois essas duas são disparado as melhores do disco. Alguém do meu lado disse "Cyanide", e logo em seguida James gritou, "vocês acertaram, 'Cy-Cy-Cy-Cyanide". Acho essa bem fraquinha, mas ficou legal ao vivo, diferentemente do que pensava.



A partir daí o repertório seria só das clássicas. E finalmente pude curtir a intro tape de "One". Afinal, nos CDs e bootlegs ao vivo só ouvimos aquele barulho de como se estivesse em um campo de batalha, mas ao vivo pudemos ver que há um espetáculo pirotécnico. Além dos fogos de artifício, aparecem umas labaredas de fogo, e todos nós sentimos o ar mais quente nessas horas (cheguei a pensar que caso desse algum problema alguém sairia bastante queimado, como de fato já ocorreu com o próprio Hetfield há quase 20 anos em show da banda no Canadá). Ainda vou ver o vídeo com mais calma, mas na hora me pareceu que alguém errou no final de "One" e todos se atrapalharam para encerrar a faixa. É a tal da coisa: a parte é um pouco complicada, mas de fácil execução para quem compôs e está bem ensaiado; só que nada disso adianta quando um erra e um ou outro vacila achando que os outros vão errar tudo, ou que o cara que errou não vai perceber o erro e vai errar de novo. Evidente que os caras são profissionais e conseguiram encerrar numa boa, mas não ficou redondinho como de costume (primeira vez que vi errarem essa parte).



"Master of Puppets", favorita de 9 entre 10 (eu sou o 10.º) dos presentes, foi mandada em seguida. Filmei até a parte lenta e depois tirei fotos. Felizmente havia tempo para surpresas, e os caras tocaram uma que não é executada com muita frequencia: "Battery". Essa é outra das que tenho renovado interesse para ouvir. E ficou uma paulada. Robert Trujillo foi um cara difícil de filmar ou fazer fotos, pois a iluminação não chega nele e o cara ainda se postou quase o tempo todo do lado direito do palco, e sempre havia uma mão/braço no meu caminho quando apontava a câmera para o baixista. Em todo o caso, "Battery" foi a música que ele tocou no teste para ingressar no Metallica e talvez não por acaso seja o seu melhor momento.





Kirk apareceu, então, com uma magnífica Gibson Les Paul Custom preta e ficou brincando com um dedilhado (pareceu-me mal executado) e depois emendou "Nothing Else Matters". No final, Hetfield estava agachado e no telão aparecia apenas a sua mão; achei muito legal que mostrou o cara aumentando o botão de volume e trocando de captador, quando Hetfield mostra a palheta com a capa de "Death Magnetic", e depois, com a outra mão, o dedo do meio, e então o sinal com os dedos mínimo e indicador popularizado pelo Ronnie James Dio. Baita momento do show. Parecia que ele encerraria "Nothing Else Matters", mas na verdade iniciou "Enter Sandman". Gravei toda a sequência.

Os caras saíram do palco e a pausa foi bem curta, nem deu tempo de gritar chamando a banda de volta. Já sabia que haveria apenas mais 3 músicas e que seriam ou covers ou músicas do "Kill ´em All", então fui me dirigindo para a saída do Condor. Não deu outra: tocaram "Die Die My Darling" (felizmente, a única cover), "Phantom Lord" e "Seek and Destroy". Fiquei até o primeiro refrão desta, e aí me mandei, às 23h45min (o show acabaria 5min depois). Corri até o carro e o trânsito foi muito tranquilo até em casa.

Excelente espetáculo de uma banda em plena forma. Em março teremos outro show muito aguardado (por mim): Dream Theater (no mesmo dia de Axl Rose & Guns´n´Roses).

(não consegui postar o vídeo de "Nothing Else Matters & Enter Sandman" pois excede o limite de 10min do youtube)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ensaio The Osmar Band - "Dreissig" 21.01.2010

Depois de assistir à vitória do Grêmio sobre o Caxias no Estádio Olímpico, larguei o Átila em casa e me dirigi para o ensaio da Osmar Band, o primeiro de 2010. Praticamos um pouco de jams e de composições clássicas, falamos brevemente sobre a ideia de um pocket show, alternamos instrumentos (não levei meu equipamento, então toquei a PRS e o baixo de captadores ativos do Alemão). O Momento Lucky Strike foi numa jam capitaneada por uns acordes do Alemão no Triton no tom de C, que já havíamos tocado em ensaio anterior (som tipo dos episódios do Charlie Brown). Fiquei fazendo uns mini solos e tal, e o Marcelo escrevendo uma letra no notebook. Em instantes o cara se virou e começou a cantar uma letra classe A sobre a própria banda. Clássico instantâneo e perfeita para abertura de shows. Cogitamos emendá-la ao final com outra, e discutimos sobre possíveis candidatas (teria que encaixar alguma coisa que aproveitasse o último acorde em D). Provavelmente os caras vão se encontrar no mesmo dia do show do Metallica, em 28.01.2010.











segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CDs do Kiss - Parte XII "Alive!" (1975)


“Alive!” é tido como o álbum definitivo do Kiss. Os próprios integrantes contam que os primeiros três discos de estúdio não fizeram nada expressivo em termos de vendas, apesar dos shows serem acompanhados por um número crescente de espectadores. Esse disco duplo ao vivo serviu para capturar a energia das apresentações da banda e com o impulso de um grande single, a versão ao vivo de “Rock and Roll All Nite”, o álbum atingiu vendagem expressiva, ensejando premiações com múltiplos discos de platina, e colocou a banda definitivamente no mapa. Comprei esse disco no meio do feriado de Páscoa de 1994, na Stoned.

Considero “Alive!” um disco referência para guitarristas que desejam aprender a solar com a utilização de pentatônicas. Aqui Ace Frehley registrou seus solos definitivos, e até hoje o guitarrista que se propõe a tocar as músicas de “Alive!” têm que executar nota-por-nota todos os bends, slides, hammer-ons e pull-offs tais quais se apresentam no disco. Afinal, Ace é conhecido por tornar seus solos partes integrantes músicas, a ponto de que podemos identificar qual música se trata mesmo que estejamos ouvindo apenas o solo de guitarra.

Admito que a audição do álbum me custou bastante, pois estava acostumado com o som das guitarras e a produção caprichada do “Alive III”, de maneira que estranhei as guitarras com distorção magra de “Alive!”. Entretanto, a banda estava muito bem entrosada à época, e todos os integrantes desempenharam perfeitamente suas tarefas, embora seja certo que até hoje se discute o quanto “Alive!” se trata, de fato, de um disco ao vivo, ou se recebeu significativo tratamento com overdubs em estúdio, sem falar das notícias que dão conta de que parte do material foi registrado em passagens de som, sem participação do público.

Particularmente, gosto bastante de como "Hotter Than Hell" é emendada com "Firehouse", a execução de Parasite (com o riff bem pesado), os solos de Ace Frehley em "She" e "100.000 Years", os vocais de Paul Stanley e as guitarras, baixo e bateria em "100.000 Years", o vocal de Peter Criss em "Nothin´ to Lose" (no refrão todas as frases que Criss canta entre "You got, got, nothin´ to lose" são muito legais, especialmente o "tchi-tchi-tchi-tchi-tchi-tchi-yeah").

Paul Stanley e Gene Simmons são particularmente gratos ao “Alive!”, a tal ponto que os caras dedicaram recentemente ao disco uma turnê para comemorar os seus 35 anos, na qual não perderam a oportunidade para executar o álbum na íntegra (como tem sido de rigor ultimamente, com bandas que lançam discos que reputam importantes, ou que querem celebrar algum álbum clássico). Para isso colaborou Tommy Thayer, notório estudioso de todos os licks de Ace Frehley, e Eric Singer, que infelizmente deixou de lado sua técnica impecável e seu virtuosismo na bateria em favor de uma simplificação irritante das coisas para parecer tanto quanto possível com Peter Criss (ou então para mascarar a passagem do tempo que tem começado a comprometer as performances de Paul e Gene).

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

CDs do Kiss - Parte XI "Killers" (1982)


Essa coletânea de 1982 já encontrei com os mais diversos repertórios, variando em função do país fabricante. O que não muda, entretanto, é o que faz dela um item para colecionador: o fato de trazer quatro faixas inéditas, que fariam parte do disco retorno-às-origens em 1981, até que o projeto foi abandonado em favor do “Music From the Elder”. Todas as composições novas são de Paul Stanley - “I´m a Legend Tonight”, “Down on Your Knees”, “Nowhere to Run” e “Partners in Crime -, e apesar de tudo o que se disse sobre um retorno ao hard rock original, bem como das participações de Eric Carr e Bob Kulick (o cara finalmente foi dada a oportunidade de pode fazer os solos de guitarra ao seu estilo, sem necessidade de incorporar o feeling de Ace Frehley), e da produção de Michael James Jackson (que participou das sessões de “Creatures of the Night” e “Lick It Up”, essas faixas são medianas. A melhor delas é “Nowhere to Run”, que tem um riff que posteriormente serviu de inspiração para o riff de “Thrills in the Night”, além da letra muito boa e a tradicional interpretação arrebatadora de Paul.

Em fevereiro de 1994, na mesma oportunidade em que adquiri outros CDs do Kiss na Boca do Disco (mediante troca com centenas de LPs), pedi para trazer a versão japonesa do “Killers”, que vinha com duas faixas extra: “Escape From the Island” e “Shandi”. Posteriormente, troquei o CD por outro do Kiss na própria Boca ou na Stoned, o que me arrependo até hoje. Na antiga The Wall que ficava no Iguatemi, comprei em 1997 a versão alemã, sem bônus, e quase uma década depois trouxe para casa a versão australiana, encontrada numa loja do térreo da Gal. Chaves, com versões ao vivo de algumas faixas do show da lendária turnê da banda na Austrália em 1980.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Resenha de livro – “Mötley Crüe: The Dirt”


Admito que fiquei interessado em ler a biografia dos Engenheiros do Hawaii, escrita por Humberto Gessinger, sobretudo pela promessa de conter descrições de todas as fases da banda, discografia e comentários das letras. Vi na Cultura, mas numa folheada bastante perfunctória, achei que o livro era superficial de mais (muita foto e pouco texto), e que os comentários sobre as letras se resumiam a um parágrafo. Mas o que me impediu, por ora, de trazer o livro para casa foi o preço: mais de 40 pila. Olhei para o lado e vi, por 40 pila, um livro importado, de mais de 400 páginas de texto com letra miúda, com apenas umas 10 páginas de fotos, contendo a biografia de uma das maiores bandas de hard rock dos anos 1980. Trata-se de “The Dirt”, coescrito por todos os membros do Mötley Crüe, e ainda seus empresários. Assim, a leitura da biografia do Mötley Crüe parecia muito mais apreciável do que a dos Engenheiros do Hawaii, seja pelo critério do custo-benefício, seja pelo fato de que os caras do Mötley Crüe transaram com muito mais mulheres do que os caras dos EngHaw (conforme o próprio Gessinger admitiu em entrevista publicada em 11.01.2010 num jornal local: o cara disse que em duas páginas da biografia do Slash, o guitarrista do Guns´n´Roses já tinha vivido mais do que ele em 5 idas).

Já tinha visto em algum lugar (tipo Wikipedia), que “The Dirt” foi um livro que recebeu aclamação de crítica e público. Particularmente, favoreceu o fato de que andei ouvindo uns discos da banda em data recente, e assim estava familiarizado com parte do repertório. Como a minha maior curiosidade residia sobre o período no qual ingressou John Corabi no lugar de Vince Neil – pois é nesse período em que houve a mudança mais significativa para melhor no som da banda -, iniciei a leitura após a metade do livro, exatamente na fase de transição. E ao final, me convenci de que essa é a melhor parte do livro. A contribuição de Corabi, tanto musicalmente no “Mötley Crüe” de 1994, quanto em “The Dirt” é a melhor parte. O vocalista/guitarrista narra parte de sua história pessoal, seu envolvimento com o The Scream, sobre como tomou contato com Nikki Sixx, seu recrutamento, os ensaios e o processo de composição, ressaltando-se a diferença em relação à época anterior. Agregados os comentários dos demais (notadamente de Tommy Lee, mas também de Sixx, Mick Mars e dos empresários), fica claro que a banda estava muito satisfeita com o rumo seguido após o ingresso de Corabi, e que os caras estavam efetivamente empolgados com o novo som (e nisso concordo plenamente com todos eles – as músicas dessa época são excelentes, conforme já tive oportunidade de enfatizar). Fica-se sabendo, assim, pelos próprios músicos, que as vendagens de “Mötley Crüe” não foram satisfatórias, e que houve pressões da gravadora e dos empresários para o retorno de Vince Neil. Muito embora Lee e os demais quisessem manter Corabi na banda, e até iniciarem os trabalhos para a gravação do que viria a ser o “Generation Swine”, o fato é que os caras sucumbiram e deixaram as coisas tomarem o seu rumo, ao invés deles darem o rumo para as coisas. Particularmente é muito interessante o depoimento de Corabi, segundo o qual a banda e o produtor do álbum lhe davam orientações conflitantes, genéricas e bizarras a todo momento, tornando tormentoso o processo de composição e gravação das novas faixas. Isso levou a que Corabi pedisse demissão, ao mesmo tempo em que era trazido Neil (cogitou-se brevemente na manutenção de Corabi como segundo vocalista, mas parece que essa proposta jamais foi considerada seriamente por Sixx). Seja como for, Neil retornou a tempo de finalizar “Generation Swine” e o vocalista expressou aquilo que é minha opinião também, de que se trata de um disco muito ruim. A partir daí, a leitura já está quase no fim, e restam poucos comentários sobre “New Tattoo”, sem Tommy Lee (preso por suposta agressão à Pamela Anderson), com Randy Castillo na bateria, e com uma música que curto muito, “Hell On High Heels”.

O restante do livro, isto é, referente ao período de 1980 até 1994, é focado nos excessos de bebidas, drogas, festas e mulheres. Nisso não há diferença significativa quanto às biografias de Eric Clapton e de Slash. Referências a outras bandas da época são muito poucas, com uma que outra história envolvendo Ozzy, Iron Maiden, AC/DC e comentários curtos e negativos sobre o Kiss (Mick Mars é o único guitarrista de hard rock que conheço que não curte a banda de Ace Frehley – “prefiro os músicos de verdade tipo Jeff Beck” – e Sixx referiu que a turnê com o Kiss foi muito chata, e que ironicamente Gene Simmons lhe procurou para adquirir os direitos de transformar em filme a história da banda). Mais escassas, ainda, são as informações sobre a composição e gravação das músicas, que é o que mais me interessa em leituras desse tipo.

Entretanto, há que se respeitar caras que se casaram com mulheres como Pamela Anderson, Heather Locklear e Donna D´Errico. A biografia do EngHaw fica para a próxima Feira do Livro ou quando encontrar com desconto expressivo.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

CDs do Kiss - Parte X "Unmasked" (1980)



“Unmasked” tem uma capa com história em quadrinhos muito legal. O conteúdo, no entanto, é um choque para quem quer ouvir um bom hard rock do Kiss. Afinal, a banda seguiu a tendência manifestada no álbum anterior, “Dynasty”, de 1979, no sentido de polir o som (agregando teclados ao lado das guitarras) e diminuindo o “hard” que geralmente era agregado ao rock do Kiss. Tem-se, então, uma espécie de pop rock bem datado do início dos anos 1980. Curiosamente é o disco que contém mais contribuições autorais de Ace Frehley. Às vezes me parece que se houvesse maior destaque para as guitarras, sem teclados, acompanhado de maior agressividade na bateria, o disco seria muito bom. Como exemplo, dou a faixa de abertura, que é de um compositor desconhecido (McMahon) e provavelmente a gravação dessa faixa decorreu da falta de material próprio de Paul Stanley. Se prestarmos atenção apenas às guitarras, podemos perceber que há um riff nos versos com utilização da 6.ª corda solta, o que, com o abafamento necessário, geralmente produz um bom riff de hard rock/heavy metal. Entretanto o pré-chorus com backing vocals em falsete compromete com o estilo pop rock e a partir do refrão a música se torna alegre demais.

Estamos em 1980, então não há que estranhar músicas como “Shandi”, uma balada breguíssima... só que é uma das minhas favoritas desde a primeira vez que ouvi-la, sendo certo que é uma das favoritas de muita gente (é sucesso na Austrália, a tal ponto que Paul Stanley sempre tem que tocar essa, mesmo a capella, nos shows em “Down Under”). A interpretação de Paul é muito boa, os acordes são legais, e o refrão é matador. Diz-se que é uma faixa que foi registrada por apenas um integrante: Paul gravou as guitarras e vocal, um roadie tocou o baixo, Holly Knight e Viny Poncia tocaram teclados e backing vocals, e o batera foi o grande Anton Fig (que capitaneou as baquetas o disco inteiro, no lugar do ausente Peter Criss).

Gosto bastante de “Easy As It Seams”, uma das minhas favoritas das músicas obscuras dessa época, perfeitamente bem construída ao estilo Paul Stanley, e com letra muito boa. O cara compôs, ainda, duas que parecem bons exercícios genéricos sobre pop rock: “Tomorrow” e “What Makes the World Go Round”.

Das três contribuições de Gene Simmons, a melhor é “She´s So European”, apesar do clima alegrinho... é mais uma do tipo que seria um belo hard rock caso fosse dado o tratamento necessário nas guitarras e na bateria. “Naked City” é a faixa mais diferente do disco, com os versos conduzidos pelo baixo “You´re All That I Want”, como está no disco, é bem fraca, possivelmente a pior do álbum.

Ace Frehley se aproveitou da exposição gerada pelo seu disco solo de 1978 e apresentou três faixas para “Unmasked”: a mais conhecida é “Talk To Me”, que chegou a fazer parte do set list da turnê respectiva. As demais são “Two Sides of the Coin” e “Torpedo Girl”, ambas com refrões marcantes, o que demonstra a capacidade do guitarrista de compor na mesma linha dos demais, conquanto se reserve o direito de empregar com mais ênfase riffs de guitarra.

Esse foi o último disco com Peter Criss como integrante da banda. Logo após o lançamento de “Unmasked” foram anunciados testes para a eleição do seu substituto. Dessa peneira saiu Eric Carr, que já assumiu o posto para a turnê europeia do disco, e só saiu em 1991. Apesar do sucesso da parte da turnê na Austrália, o resultado pífio das vendas do disco no mercado interno motivou uma mudança de atitude em favor de um retorno às origens. A banda chegou a compor músicas com essa mentalidade, algumas das quais foram lançadas na coletânea “Killers”, que apareceu tardiamente em 1982, após a nova mudança de rota que culminou com o “Music From The Elder”.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

CDs do Kiss - Parte IX "Double Platinum" (1978)


No verão de 1994, o meu pai e eu resolvemos liquidar todo o acervo de discos de vinil. Dirigimo-nos à Boca do Disco – que ainda ficava na José do Patrocínio – e mostramos a coleção de mais de 500 discos. Nosso amadorismo impediu um negócio em condições favoráveis, então trocamos tudo por um vale-CD com valor suficiente para adquirir uns poucos CDs importados. Como ainda não tinha me decidido a ter todos os discos do Kiss, pareceu-me conveniente trazer para casa essa coletânea de 20 músicas muito bem selecionadas do repertório da banda até 1978, e serviu para me familiarizar com algumas músicas dos primeiros discos da banda que não constavam de “Alive!” e “Alive II” (outros CDs que vieram nessa leva foram “Unmasked”, “Killers” versão japonesa. Até hoje não restou suficientemente esclarecida a razão pela qual foi regravada “Strutter”. Além disso, a introdução de “Rock Bottom” (aqueles arpejos com guitarras harmonizadas) apareceu nessa coletânea como introdução para “She”. Apesar de praticamente não conter faixas de “Love Gun” (a não ser a faixa-título), “Double Platinum” é a melhor coletânea disponível do Kiss (dentre as muitas que aparecem com regularidade).

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails