segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

CDs do Kiss - Parte X "Unmasked" (1980)



“Unmasked” tem uma capa com história em quadrinhos muito legal. O conteúdo, no entanto, é um choque para quem quer ouvir um bom hard rock do Kiss. Afinal, a banda seguiu a tendência manifestada no álbum anterior, “Dynasty”, de 1979, no sentido de polir o som (agregando teclados ao lado das guitarras) e diminuindo o “hard” que geralmente era agregado ao rock do Kiss. Tem-se, então, uma espécie de pop rock bem datado do início dos anos 1980. Curiosamente é o disco que contém mais contribuições autorais de Ace Frehley. Às vezes me parece que se houvesse maior destaque para as guitarras, sem teclados, acompanhado de maior agressividade na bateria, o disco seria muito bom. Como exemplo, dou a faixa de abertura, que é de um compositor desconhecido (McMahon) e provavelmente a gravação dessa faixa decorreu da falta de material próprio de Paul Stanley. Se prestarmos atenção apenas às guitarras, podemos perceber que há um riff nos versos com utilização da 6.ª corda solta, o que, com o abafamento necessário, geralmente produz um bom riff de hard rock/heavy metal. Entretanto o pré-chorus com backing vocals em falsete compromete com o estilo pop rock e a partir do refrão a música se torna alegre demais.

Estamos em 1980, então não há que estranhar músicas como “Shandi”, uma balada breguíssima... só que é uma das minhas favoritas desde a primeira vez que ouvi-la, sendo certo que é uma das favoritas de muita gente (é sucesso na Austrália, a tal ponto que Paul Stanley sempre tem que tocar essa, mesmo a capella, nos shows em “Down Under”). A interpretação de Paul é muito boa, os acordes são legais, e o refrão é matador. Diz-se que é uma faixa que foi registrada por apenas um integrante: Paul gravou as guitarras e vocal, um roadie tocou o baixo, Holly Knight e Viny Poncia tocaram teclados e backing vocals, e o batera foi o grande Anton Fig (que capitaneou as baquetas o disco inteiro, no lugar do ausente Peter Criss).

Gosto bastante de “Easy As It Seams”, uma das minhas favoritas das músicas obscuras dessa época, perfeitamente bem construída ao estilo Paul Stanley, e com letra muito boa. O cara compôs, ainda, duas que parecem bons exercícios genéricos sobre pop rock: “Tomorrow” e “What Makes the World Go Round”.

Das três contribuições de Gene Simmons, a melhor é “She´s So European”, apesar do clima alegrinho... é mais uma do tipo que seria um belo hard rock caso fosse dado o tratamento necessário nas guitarras e na bateria. “Naked City” é a faixa mais diferente do disco, com os versos conduzidos pelo baixo “You´re All That I Want”, como está no disco, é bem fraca, possivelmente a pior do álbum.

Ace Frehley se aproveitou da exposição gerada pelo seu disco solo de 1978 e apresentou três faixas para “Unmasked”: a mais conhecida é “Talk To Me”, que chegou a fazer parte do set list da turnê respectiva. As demais são “Two Sides of the Coin” e “Torpedo Girl”, ambas com refrões marcantes, o que demonstra a capacidade do guitarrista de compor na mesma linha dos demais, conquanto se reserve o direito de empregar com mais ênfase riffs de guitarra.

Esse foi o último disco com Peter Criss como integrante da banda. Logo após o lançamento de “Unmasked” foram anunciados testes para a eleição do seu substituto. Dessa peneira saiu Eric Carr, que já assumiu o posto para a turnê europeia do disco, e só saiu em 1991. Apesar do sucesso da parte da turnê na Austrália, o resultado pífio das vendas do disco no mercado interno motivou uma mudança de atitude em favor de um retorno às origens. A banda chegou a compor músicas com essa mentalidade, algumas das quais foram lançadas na coletânea “Killers”, que apareceu tardiamente em 1982, após a nova mudança de rota que culminou com o “Music From The Elder”.

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