quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Fórmula 1 - GP da China (19.ª etapa, 16/10/2005, 4:00)

Na última corrida do campeonato mais longo da história da Fórmula 1 restava, ainda, a disputa pelo campeonato de construtores, com vantagem de 2 pontos da Renault sobre a McLaren. A Renault, a fim de consagrar-se campeã, correu com os motores sem a limitação das provas anteriores.

Por alguma razão, perdi o treino de classificação às 2h da madrugada de sexta para sábado. De qualquer sorte, Alonso e Fisichella formaram a 1.ª fila, seguidos de Raikkonen. Montoya fez o 5.º tempo, Schumacher o 6.º, e Massa o 11.º. Karthikeyan surpreendeu e fez tempo melhor que os pilotos da Minardi, do seu companheiro na Jordan, Villeneuve e Pizzonia.

O GP da China tinha largada prevista para as 4h de sábado para domingo, já sob o horário de verão brasileiro. No warm up, antes dos carros alinharem para o grid, Schumacher foi estranhamente abalroado por Albers, acarretando a destruição de ambos os carros. Os dois pilotos largaram dos boxes com os carros reserva.

Na largada, Alonso saiu na ponta e Fisichella soube conter os pilotos da McLaren. Sato queimou a largada e foi penalizado com uma passagem pelos boxes. A corrida seguia sem maiores emoções quando Montoya, em determinada curva, passou sobre uma tampa de drenagem do circuito. O objeto permaneceu na pista e determinou a entrada do carro madrinha por algumas voltas. Montoya ainda foi duas vezes aos boxes - para trocar o pneu avariado e para abastecimento -, mas foi obrigado a desistir da prova.

A corrida foi novamente interrompida após forte batida de Karthikeyan - seu carro, destroçado, parou no meio da reta. Cumpre salientar que a transmissão de TV perdeu de mostrar devidamente esse acidente, assim como a incrível rodada de Schumacher, atrás de Massa, numa curva de baixa velocidade e com o carro-madrinha na pista. E por falar em transmissão de TV, por causa da corrida da Stock Car em Tarumã neste fim-de-semana, ficamos privados dos sempre pertinentes comentários do Luciano Burti. O narrador Cléber Machado mostrou-se particularmente irritante, sobretudo quando insinuou que as equipes teriam de pedir previamente à direção de prova para trocar de pneu quando este estivesse a ponto de causar perigo ao piloto. Reginaldo Leme viu-se obrigado a intervir e esclarecer que a equipe é quem assume a incumbência de efetuar a troca, justificando-se com a direção de prova ao final da corrida. Não entendo porque o narrador do SporTV, Lucas Pereira, não é convocado para tomar conta do automobilismo na Globo. Até o seu substituto, Daniel Pereira, que eu não conhecia, se mostrou mais competente que os da Globo.

No final da prova, Fisichella, que perdera a 2.ª posição para Raikkonen nos boxes (2.ª parada), foi penalizado com uma passagem nos boxes por ter bloqueado indevidamente a entrada dos demais pilotos nos boxes; a intenção do italiano era guardar em movimento o pit de Alonso, tentando resguardar sua posição na volta à pista. Tal expediente foi utilizado pela McLaren no GP da Bélgica, sem maior constrangimento e sem conseqüência alguma, de modo que eu não entendi a razão da
punição ao Fisichella.

Com isso, Ralfinho assumiu a 3.ª posição e subiu ao pódio. Klien fez uma bela corrida e pressionou muito o Massa nas últimas 15 voltas; o brasileiro, apesar do equipamento inferior, suportou as ameaças do austríaco e marcou pontos suficientes para finalizar o campeonato na frente de Villeneuve. Barrichello, por sua vez, com pneus bastante desgastados, não teve a mesma sorte, e sucumbiu diante de Weber, Button e Coulthard.

O GP da China serviu para consolidar o título de Alonso, pois foi a sua 7.º vitória em 2005 - o espanhol terminou empatado com Raikkonen em número de vitórias, mas superou o finlandês em termos de regularidade.

A temporada de 2005 foi mesmo longa e cansativa, sobretudo pela série de corridas no domingo pela manhã (teve mês com 4 GP´s!). Foi positivo, pelo menos, o fim da supremacia da Ferrari e de Schumacher, com a ascensão de novos pilotos com futuro promissor e uma disputa de campeonato empolgante entre um piloto veloz e já experiente, correndo por uma equipe bem estruturada e com carro competitivo, e outro igualmente veloz, que adquiriu muita experiência, correndo com o carro mais veloz mas com problemas de confiabilidade do motor. É indiscutível que Alonso e Renault mereceram os títulos; os destaques, no entanto, ao longo da temporada foram Raikkonen e a McLaren, que aparecem como postulantes diretos para a disputa de 2006, juntamente com Montoya, que aparentemente acertou o passo na equipe inglesa. Foi legal de ver, também, o bom desempenho da RBR com Coulthard e Klien, bem como algumas apresentações empolgantes do Massa. A Toyota e a BAR, igualmente, tiveram bons momentos. Jordan e Minardi correram com os pilotos mais destacados dos últimos anos, e fizeram uma boa temporada, em comparação com as anteriores. Lamentável foi ver o campeão do mundo Jacques Villeneuve correndo sem inspiração e com o futuro
comprometido na categoria. Pizzonia foi outra decepção - não dá nem pra torcer pelo cara, depois das fracas atuações nas 5 provas em que teve chance como piloto titular, ao substituir o demissionário Heidfeld. Barrichello cumpriu uma temporada melancólica, ao ser desprezado de vez pela Ferrari e especialmente pelo companheiro Schumacher (a ultrapassagem na última volta em Mônaco foi equiparável a um insulto, na minha opinião; sem contar a fechada na 1.ª curva de Indianápolis, na volta do alemão dos boxes).

Em 2005, praticamente todos os pilotos pontuaram, e todas as equipes tiveram chances de aparecer nas transmissões. Essa temporada, mais do que as anteriores desde 1986 (ou antes até, nas quais tenho memória fragmentária), eu pude acompanhar o desenrolar de todas as corridas e a performance de todos os pilotos. Nesse sentido, a revista Racing e, sobretudo, as conversas com o Gilberto (não o Dioberto) e as resenhas neste blog, foram muito proveitosas - as resenhas cumpriram a finalidade que eu me propus no início deste ano, e certamente essa iniciativa será direcionada para outros eventos (v.g., Copa do Mundo da Alemanha).

A categoria se aproxima cada vez mais de se tornar uma disputa entre montadoras, após a venda da Jordan para Midland, da Minardi para a RBR, da Sauber para a BMW, e da BAR para a Honda. Espera-se que o ano de 2006 conte com mais equipes e pilotos brigando pelo título. McLaren e Renault naturalmente correm pelo campeonato; Honda desponta como outra favorita, especialmente por ter assumido de vez a BAR e com a dupla de pilotos dos sonhos (Button e Barrichello). Toyota, que teve um bom final de temporada, também poderá andar mais forte. A temporada de 2006 reserva algumas atrações particulares, como será observar a performance das equipes RBR júnior - que assume a Minardi -; Midland, que adquiriu a Jordan; Williams que correrá sob novo patrocinador e com motores Cosworth, após anos de patrocínio da HP e motores BMW; e, finalmente, a BMW e a Honda com equipes próprias. Para os brasileiros será de particular interesse acompanhar como se comportarão Rubinho na Honda e Massa na Ferrari. Depois de muitos anos poderemos contar com pilotos em equipes de ponta, e em condições de brigar por vitórias. Mas o melhor é aguardar e torcer para que tudo dê certo - o que vier é lucro.

CHINESE GRAND PRIX RESULTS - OCTOBER 16, 2005 - 56 LAPS
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT LAPS TIRE TIME/RETIRE
1. FERNANDO ALONSO Spain Renault 56 1h39m53.618
2. KIMI RAIKKONEN Finland McLaren-Mercedes 56 4.015
3. RALF SCHUMACHER Germany Toyota 56 25.376
4. GIANCARLO FISICHELLA Italy Renault 56 26.114
5. CHRISTIAN KLIEN Austria Red Bull-Cosworth 56 31.839
6. FELIPE MASSA Brazil Sauber-Petronas 56 36.400
7. MARK WEBBER Australia Williams-BMW 56 36.842
8. JENSON BUTTON Britain BAR-Honda 56 41.249
9. DAVID COULTHARD Britain Red Bull-Cosworth 56 44.247
10. JACQUES VILLENEUVE Canada Sauber-Petronas 56 59.977
11. TIAGO MONTEIRO Portugal Jordan-Toyota 56 1m24.648
12. RUBENS BARRICHELLO Brazil Ferrari 56 1m32.812
13. ANTONIO PIZZONIA Brazil Williams-BMW 55 1 Lap
14. ROBERT DOORNBOS Netherlands Minardi-Cosworth 55 1 Lap
15. JARNO TRULLI Italy Toyota 55 1 Lap
16. CHRISTIJAN ALBERS Netherlands Minardi-Cosworth 51 5 Laps
R TAKUMA SATO Japan BAR-Honda 34 Gearbox
R NARAIN KARTHIKEYAN India Jordan-Toyota 28 Accident
R JUAN PABLO MONTOYA Colombia McLaren-Mercedes 24 Damage
R MICHAEL SCHUMACHER Germany Ferrari 22 Spin
FASTEST LAP: Raikkonen Finland McLaren-Mercedes 56 1:33.242


DRIVERS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT POINTS
1. FERNANDO ALONSO Spain Renault 133
2. KIMI RAIKKONEN Finland McLaren-Mercedes 112
3. MICHAEL SCHUMACHER Germany Ferrari 62
4. JUAN PABLO MONTOYA Colombia McLaren-Mercedes 60
5. GIANCARLO FISICHELLA Italy Renault 58
6. RALF SCHUMACHER Germany Toyota 45
7. JARNO TRULLI Italy Toyota 43
8. RUBENS BARRICHELLO Brazil Ferrari 38
9. JENSON BUTTON Britain BAR-Honda 37
10. MARK WEBBER Australia Williams-BMW 36
11. NICK HEIDFELD Germany Williams-BMW 28
12. DAVID COULTHARD Britain Red Bull-Cosworth 24
13. FELIPE MASSA Brazil Sauber-Petronas 11
14. JACQUES VILLENEUVE Canada Sauber-Petronas 9
CHRISTIAN KLIEN Austria Red Bull-Cosworth 9
16. TIAGO MONTEIRO Portugal Jordan-Toyota 7
17. ALEXANDER WURZ Austria McLaren-Mercedes 6
18. NARAIN KARTHIKEYAN India Jordan-Toyota 5
19. CHRISTIJAN ALBERS Netherlands Minardi-Cosworth 4
PEDRO DE LA ROSA Spain McLaren-Mercedes 4
21. PATRICK FRIESACHER Austria Minardi-Cosworth 3
22. ANTONIO PIZZONIA Brazil Williams-BMW 2
23. VITANTONIO LIUZZI Italy Red Bull-Cosworth 1
TAKUMA SATO Japan BAR-Honda 1

CONSTRUCTORS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS CONSTRUCTOR POINTS
1. RENAULT 191
2. MCLAREN-MERCEDES 182
3. FERRARI 100
4. TOYOTA 88
5. WILLIAMS-BMW 66
6. BAR-HONDA 38
7. RED BULL-COSWORTH 34
8. SAUBER-PETRONAS 20
9. JORDAN-TOYOTA 12
10. MINARDI-COSWORTH 7

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