domingo, 24 de fevereiro de 2008

Livro - Invasão de Campo

Desde criança sempre tive simpatia pela marca, então foi com natural interesse que resolvi ler o livro sobre a história da Adidas, lançado recentemente por aqui. Conquanto no título e na capa se diga que também será coberta a história da Puma, o fato é que o livro se ocupa enormemente da Adidas. Particularmente, já sabia que a origem das empresas foi decorrência de uma disputa familiar entre os irmãos Adolf e Rudolf Dassler, sendo que o primeiro foi criativo ao criar o nome da empresa agregando o seu apelido (Adi) às primeiras letras do sobrenome, e o segundo foi esperto ao rapidamente abandonar o nome inicialmente cogitado (Ruda) em favor do que acabou consagrado.

Só que o livro é bem mais minucioso, e esclarece com certa precisão o surgimento e a consolidação da Adidas de forma cronológica, acompanhando os grandes eventos esportivos – Copa do Mundo e Olimpíadas. Além disso, são preciosas as referências indiretas, como o aparecimento de outras empresas esportivas como Umbro, Nike, Reebook e Le Coq Sportif, e ainda os bastidores das eleições dos presidentes das grandes associações esportivas, Fifa e COI. Dá até para entender, de certa forma como, essas associações reuniram tantos recursos e, conseqüentemente, poder. Consta, além de tudo, a origem da famigerada ISL, criada por Horst Dassler (maior responsável pelo desenvolvimento internacional da marca Adidas) para gerenciar direitos esportivos. Notáveis são ainda as estratégias para a consolidação da marca, especialmente acordos com atletas como Kareem Abdul Jabbar e Muhammad Ali.

O livro é bem escrito, as referências históricas e factuais (inclusive ao Brasil) me parecem corretas, e a leitura é favorecida justamente pelo entrelaçamento da corrida pela expansão da marca com os Jogos Olímpicos e as Copas do Mundo. É difícil acompanhar todos os esquemas e decorar todos os nomes das pessoas envolvidas (gerentes e administradores, contatos e atletas e distribuidores), mas o texto supera isso repetindo os nomes e as funções das pessoas, possivelmente para evitar consultas sucessivas às páginas anteriores. O desfecho do livro acaba praticamente coincidindo com o falecimento de Horst Dassler, na época da Copa da Itália em 1990, numa época de dificuldades para a marca, restando poucas páginas para a descrição do seu restabelecimento e continuidade em outras mãos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

CD - Queen: "Live Magic" (1986)

No meu aniversário de 1988 ganhei de presente do Fabrício K., grande amigo daqueles tempos de colégio, um LP do Queen, o “Live Magic”, lançado em 1986 com registros de shows daquela que seria a última turnê da banda com Freddie Mercury. Lembro que minha mãe comentou a respeito de algumas músicas que fizeram muito sucesso no Brasil, notadamente no Rock in Rio (do qual eu tenho recordações dessa apresentação do Queen, além de outros como a folclórica Nina Hagen). Assim, depois de alguns meses com o LP parado na estante, acabei tomando gosto por “Radio Ga-Ga” e, por fim (como sempre acontece nesses casos) saindo pelas lojas do Centro atrás de outros LPs da banda. Eventualmente, apenas no verão de 1989, em Pelotas, ganhei da minha tia o lançamento da banda na época, o LP “The Miracle”. Nessas condições, esses são dois dos poucos discos que eu tinha em LP e agora tenho em CD.

Bem, em 1986 o Queen se empenhou numa extensa turnê mundial que culminou em um show no Estádio de Wembley. Os músicos estavam na melhor forma, e a gravação é perfeita: as performances de Freddie Mercury e de Brian May são as mais inspiradas.

O Queen é uma banda com repertório muito variado, com praticamente todo tipo de música, mas o material rocker é mais forte, e nesse “Live Magic” é o que prevaleceu. A mais rocker e a melhor é “Tie Your Mother Down”, que tem um riff matador. Todas as músicas têm umas guitarras muito boas fornecidas por Brian May, um dos melhores guitarristas britânicos (que talvez não tenha recebido, injustificadamente, os mesmos créditos de J. Page, T. Iommi, R. Blackmore e E. Clapton), além dos eficientes baixo e bateria de Roger Taylor e John Deacon.

É notável como os caras conseguem fazer umas músicas desse tipo, simples e diretas, mas ao mesmo tempo sofisticadas, como “I Want to Break Free”, "One Vision" e “Hammer to Fall”. Em apertada síntese, pode-se dizer que as músicas têm estrutura simples, mas lá pelas tantas há uma mudança de acordes, ou de andamento, ou então um mero arpejo colocado na medida certa (por exemplo, pouco antes do verso "Strange but it´s true" de "I Want to Break Free").

Não faltam os clássicos “We Are the Champions”, “We Will Rock You” ("Friends Will Be Friends" me parece meio deslocada entre uma e outra) e “Bohemian Rhapsody”, conquanto nesta última tenha sido cortada toda a parte “Oh mamma mia, figaro”. Gosto muito de uma bem curta (menos de 2min) com Mercury ao piano e muito melodiosa: “Seven Seas of Rhye”. Outra legal é uma totalmente calcada num riff de baixo: “Another One Bites the Dust”.

A banda vem tendo bastante audiência desde há um certo tempo, pois algumas músicas vêm sendo tocadas em inserções comerciais, como “A Kind of Magic”, e outras tocam com freqüência nas rádios, tipo “Under Pressure”. Além disso, os dois cds “Greatest Hits”, há anos nas prateleiras das lojas, vem tendo sucessivas reedições, provavelmente com boas vendagens.

Bem vistas as coisas, esse "Live Magic" é um dos melhores discos ao vivo de bandas de rock.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Ensaio Burnin´ Boat (Até 2010)

Passados dois anos do último ensaio, reunimo-nos para aproveitar a rápida passagem do Cláudio, que vem fixando residência na Finlândia. Foi no novo estúdio Toca Aí, às 21h, terça-feira, 07.02.2008. Antes, porém, o Cláudio, eu e o Nilton passamos na casa do Bruce, da Cris e da Agatha (cresceu bastante e está bem esperta) para buscar todo o material que o Bruce tivesse disponível sobre a banda (fotos e vídeos, principalmente), a fim de que eu digitalize tudo e continue no meu projeto de escrever a história da Burnin´ Boat (afinal, estamos comemorando 10 anos de banda). O Gilberto nos encontraria direto no local do ensaio.

Fomos a pé ao estúdio (os quatro mais a Cris), que fica na Av. Benjamin Constant. Pluguei a minha guitarra direto no amplificador Fender que tinha lá, e logo percebi que o aparelho não tinha um bom som. O Cláudio utilizou-se de todo o seu equipamento, de maneira que o amplificador não fez a menor diferença. O Nilton, que, assim como o Cláudio e eu, também alegou não tocar há meses, parecia em plena forma, pois o som do baixo ficou muito bom. Valemo-nos da afinação normal. Tão logo nos instalamos, após alguma hesitação, nos pusemos a tocar HIGHWAY STAR, o que se revelou uma decisão precipitada, e a nossa versão (principalmente o meu solo) foi precária, digamos assim. Restou-nos praticar com as músicas próprias, e tocamos ACE´S HIGH (não baixamos a afinação para dropped-D) e BLACK DRESSING SOUL – e o resultado, em ambos os casos, foi bem melhor.

O Gilberto chegou e praticamos um pouco de DARSKIDE OF AQUARIUS (sem vocal), que era uma música para ser coverizada desde que o Nilton entrou para a banda em 2000. Seguimos, então, para território conhecido: MAN ON THE SILVER MOUNTAIN. Aqui ficou evidente que eu teria dificuldades para solar, afinal não toco regularmente há muitos anos, e os aquecimentos em casa no violão não foram suficientes para que se pudesse encarar duas horas de bends e licks, sobretudo quando as cordas da guitarra estão com tensão alta em relação ao braço (me dei conta disso no decorrer do ensaio). Tocamos PERFECT STRANGERS, que rolou muito bem (se acertamos os primeiros acordes C-D, é certo que a execução vai ser boa), inclusive nas partes que geralmente acarreta algum tropeço.

Não estou certo da ordem das músicas, mas pelo fato de que o Gilberto não lembrava a letra de nenhuma das próprias, tocamos só covers, o que para mim foi uma pena. A única exceção foi uma da extinta Bed Reputation (que eu gostaria de incorporar ao repertório da Burnin´ Boat): LOVE IS NOT A FAIRYTALE, letra do Gilberto, dedilhado meu, refrão do Nilton, base do solo minha, solo do Cláudio. Essa música ficou muito boa, e acredito que tenha sido registrada pela máquina do Cláudio (manejada com muita eficiência pela Cris, a quem agradeço muito por ter fotografado e filmado o ensaio inteiro com três! máquinas).

A todo momento brincávamos de tocar BURN ou KILL THE KING, mas tínhamos de esperar a hora certa. Assim, atacamos de FOOL FOR YOUR LOVING (o Cláudio que lembrou dessa, e ainda desempenhou o solo do Steve Vai com a costumeira naturalidade). Pedi que tocássemos um Iron Maiden, que sempre funciona nessas ocasiões, mas os caras sugeriram THE EVIL THAT MEN DO... não é das minhas favoritas, então fomos de NEON KNIGHTS. Quando chegou a hora do solo, o Nilton e eu não lembramos das notas, e assim comecei a fazer a base do solo de RUN TO THE HILLS (na verdade, queria tocar parte de THE EVIL...), e fomos nessa até o final (o Gilberto cantou uns versos). 2 MINUTES TO MIDNIGHT o Gilberto refugou, então puxei THE WICKER MAN, que é muito fácil e boa.

O Nilton insistiu bastante até que fizemos uma versão tosca de YOU GIVE LOVE A BAD NAME, seguida de uma versão razoável de IT´S MY LIFE. Mais para o final, chegou o momento para KILL THE KING, que rolou, bem ou mal (não lembrei do tom do solo, enfim).

Com pouco tempo antes do término do horário do estúdio, cogitou-se PARANOID, prontamente afastada; veio, então, BURN, que foi legal, com os solos invertidos (primeiro o Cláudio, depois eu). O Gilberto deu uma insistida em MISTREATED, mas achei que não estava em condições de lembrar dos riffs, quanto mais interpretá-los; além disso, pensava que o Cláudio não sabia essa, só que o cara pegou de ouvido de tantas vezes que tocamos em ensaios passados. Acabou rolando uma versão muito boa desse clássico do Deep Purple. Já no final, o Nilton puxou (do nada, pois jamais praticamos para shows) N.I.B., e acompanhamos.

Para fechar a noite, já nos descontos, SMOKE ON THE WATER, a qual toquei sem a palheta e ainda fiz o meu melhor solo da noite - que acabou não registrado, para minha decepção, pelo esgotamento da memória da câmera.

Ao final, voltamos e lamentavelmente o Nilton foi vitimado pela violência urbana – levaram o rádio-cd do carro dele. O cara acionou o seguro (não havia nada que podíamos fazer), e como é costume em situações do tipo, fizemos todo o tipo de
gozação a respeito.

Seja como for, a brincadeira certa é a de que nos encontraremos de novo em 2010.

Seguem alguns vídeos.

1) Aquecendo: "Darkside of Aquarius"



2) "Man on the Silver Mountain"



3) "Faltam 4 minutos e meio", anunciou a Cris:



4) Segue um excerto de BURN, do Deep Purple.



5) Fool for your loving



6) Kill the King



7) Neon Knights & Run to the Hills

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Livros - Eric Clapton: A Autobiografia

Ocupei-me boa parte deste feriado de Carnaval com a leitura da autobiografia do Eric Clapton, que havia adquirido há alguns meses. O depoimento do Marcelo M.A.B. serviu de incentivo e a época não poderia ser mais apropriada.

Já conhecia boa parte da trajetória do guitarrista (Yardbirds, John Mayall, Cream, etc), conquanto não seja muito familiarizado com boa parte dos seus discos. Já tive uma coletânea "The Cream of Eric Clapton" e o cd "Unplugged" (acho que negociei os dois com o M. Pacheco, há uns dez anos atrás), mas ressalvados os maiores sucessos, desconheço grande parte da discografia de Clapton. Tenho apenas um belo cd lançado no começo dos anos 1990, FROM THE CRADLE, que comprei numa época em que estava procurando um determinado tipo de blues, e intuitivamente achei tudo resumido nesse disco (acho que é mais do que oportuno fazer uma resenha desse disco em breve...). Como sempre achei essas músicas mais conhecidas tipo "I Shot the Sheriff" e "Wonderful Tonight" um tanto comerciais para o meu gosto, e pelo fato de não me sentir muito influenciável pelas músicas do Cream, acabou que não desenvolvi muito interesse pelo cara, e quando ele veio para Porto Alegre, pela segunda vez (em 10.10.2001; a primeira foi em 1990, e lembro das manchetes no jornal local dando conta do mau-humor do guitarrista), para se apresentar no Estádio Olímpico, não me empolguei para ir. Todos os lançamentos mais recentes contaram com resenhas no jornal local, mas jamais tive curiosidade de ouvi-los.

Contudo, o livro vem tendo boa acolhida desde o lançamento e por se tratar de uma autobiografia, somada ao fato de que há poucos livros sobre música interessantes o suficiente para serem lidos, resolvi adquiri-lo, pois certamente serviria para lançar luzes sobre a carreira do guitarrista, e me estimular para sair atrás dos discos dele.

Pois bem. De fato, ler o livro me deixou com vontade de ouvir os discos do Clapton, pois sempre me intrigou certas entrevistas como algumas de Eddie Van Halen, que cita E.C. como uma de suas maiores influências. Preciso saber o que há de tão espetacular na maneira como ele toca, pois conheço a maneira espetacular com a qual o E.V.H. toca guitarra (e teclado/piano). Só que o livro deixou a desejar nessa parte que me interessa grandemente, isto é, a discografia dele. Seria basante interessante para mim que fossem dedicadas mais páginas para a descrição das sessões de gravação dos discos, bem como das composições das músicas. A opção de Clapton foi ir em outra direção, e focar nas suas experiências pessoais. Depois da parte inicial, em que relata sua infância, o livro dá uma decolada quando é retratada a sua ascenção musical até o Cream (impressionou-me como ele conheceu praticamente todo mundo - Page, Hendrix, Stones, Beatles, etc etc - muito embora, reparando atentamente, percebi que não são mencionados Tony Iommi e o Black Sabbath, além de outros grupos britânicos como Yes e Emerson, Lake & Palmer); o que se segue, no entanto, é uma porção de páginas sobre seus relacionamentos pessoais e seu envolvimento com drogas e bebida. Pareceu-me que a vida do cara era muito vazia mesmo, e mesmo sendo repetida a informação de que a música foi para ele fundamental, na verdade acabei encontrando a confirmação de que suas músicas não eram mesmo interessantes.

A tarefa que me proponho agora é ouvir o que puder dos seus discos para ver se essa impressão é, afinal, correta ou não.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails