sábado, 28 de junho de 2008

Discos essenciais – Winger “Pull” (1993)

Dentre os discos que aguardo há anos para encontrar um dos mais significativos é o “Pull” do Winger; e em data bem recente achei essa jóia numa loja do 3.º andar da Gal. Chaves, na frente do elevador por um barbada (considero barbada um cd bom ou de banda boa por até 15 pila). Trata-se de uma gravação lançada em 1993, no auge do sucesso das bandas grunge, e que marcou o início do ostracismo das bandas de hard rock farofa. Só que “Pull” (eventualmente se tornou o último registro dos caras, até o retorno em 2006, viabilizado pela consolidação do momento favorável para as bandas do gênero que se dispersaram no início dos anos 1990) é um baita disco de hard rock. É indiscutível que a banda é formada por músicos excepcionais, mas os discos anteriores, apesar de qualificados, repetiam a fórmula de hard rock radiofônico que era seguido por um sem número de bandas da época. “Pull” tem mais peso e mais diversidade, e ainda conta com muitas melodias marcantes. Enfim, trata-se de um disco essencial.

Ouvi “Pull” pela primeira vez no início dos anos 2000, quando estava disponível para locação na Espaço Vídeo. Admito que, até então, não tinha o menor interesse em Winger, inclusive achava que o álbum “In the Heart of the Young” valia exclusivamente pela melhor power ballad de todos os tempos, “Miles Away”, pois o restante das músicas era despiciendo. Minha opinião a respeito da banda se modificou completamente quando ouvi “Pull”, que já começa com um dedilhado bem complicado, que acompanha os versos bem interpretados por Kip Winger em “Blind Revolution Mad” (por si só, a letra já tem uma melodia legal). Trata-se da melhor música do disco, e a segunda melhor da carreira da banda (superada apenas por “Miles Away”). Esse início conta com dois violões com dedilhados complementares, e ao vocal de Kip se agrega a harmonização de Reb Beach. Após uma espécie de clímax, entram os instrumentos ao som de um riff pesado e muito legal de guitarra (sem contar a levada tipo empolgante de bateria), que depois é acompanhado por versos cantados meio em rap, e que encaixam perfeitamente. O refrão é bem marcante. Enfim, essa faixa é um baita cartão de visitas do disco.

A seguinte é “Down Incognito", muito boa (apesar do violão no chorus, que geralmente não curto – em regra não gosto quando a música tem guitarras nos versos e aparece um violão no pre-chorus e tal, porque é uma manobra tranqüila de fazer em estúdio, mas bem complicada de reproduzir ao vivo). A interpretação do vocal é excelente, como o é em todo o disco, e o refrão é arrasa-quarteirão de tão radiofônico - e legal. É outra que tem um riff de guitarra distorcida nos versos. O solo é tocado na harmônica.

Uma balada legal ("Spell I´m Under", com vocal arrebatador de Kip Winger) e um hard rock "uptempo" ("In my Veins", lembra mais os trabalhos anteriores dos caras) depois, e aí vem uma grande novidade para a banda que é uma música pesada, com afinação dropped-D e tudo: "Junkyard Dog (Chains on Stone)". É uma baita duma música, com um riff simples e cavalo típico para "headbanging". Essa é uma composição perfeita, inclusive com o pequeno dedilhado de violão no pré-chorus, que já serve para antecipar o que virá na parte "Chains on Stone". Afinal, essa música com um título de duas partes na verdade contém duas músicas diferentes: "Junkyard Dog", essa pesada, com riffão, versos e refrão massa, solo virtuoso e tal; depois de uns 4min, "Junkyard" evolui para "Chains on Stone", que se aproveita daquele gancho acústico do pré-chorus e segue assim mesmo, com dedilhados no violão, com outra letra e com vocais harmonizados. A parte "Junkyard" me inspirou a compor um riff que eventualmente virou a primeira versão de "Heal my Soul" na Burnin´ Boat em 2001/2002.

"The Lucky One" é outra boa balada acústica e "In for the Kill" é outro bom hard rock, com refrão em registro bem alto. "No Man´s Land" tem umas guitarras bem legais, e a levada típica de hard rock nos versos, mas se caracteriza pelos melhores pre-chorus/chorus do disco. "Like a Ritual" não tem introdução - já começa direto nos versos, diferenciando-se bastante do resto das músicas - e tem um refrão bem legal, além duma pequena parte instrumental antes do solo de Reb Beach. O álbum finaliza com "Who´s the One", uma balada no violão das preferidas de Kip Winger.

Então "Pull" é um disco de hard rock que alia guitarras distorcidas e dedilhados no violão, interpretações marcantes no vocal e linhas de bateria bastante fluidas e que conduzem "espertamente" as músicas. Apesar de que me parece que o lance de Rod Morgenstein seja Dixie Dregs, o cara desempenha um baita papel no contexto de uma banda de hard, pois consegue se desincumbir da difícil tarefa de deixar as coisas simples e ao mesmo tempo sofisticadas. Reb Beach é o guitarrista virtuose que todas as bandas do estilo são obrigadas a ter, e ele deixa isso claro em todas as faixas, sem, no entanto, tornar as coisas enfadonhas para o ouvinte casual. E Kip Winger é mestre.

5 comentários:

MARCELO disse...

Po, rapá, como que tu sai de férias e nem avisa? E o ensaio quinta?

Gilberto disse...

Wow, figura... é quando leio blogs tipo o teu que lembro do meu finado bligog, que ainda pretendo ressuscitar qqr horas dessas, mas vá lá: Winger eu nunca ouvi muito,. na real, sou muioto neglignte com boas bandas, pecado que vou redmindo com a velocidade de um Barrichelo reumático - mas vou trocar aqui umas figurinhas contigo: tô caindo de cabeça no Journey. Belíssima banda. Até resenhei um lançamento mais recente dos caras e o momento da atual da banda na comunidade deles no Orkut. Dá um bico lá, mestre. E dê notícias!!!

Guilherme disse...

Grande Dioberto! Avisa quando reativares o teu blog. Abraço.

DANIEL "ACES HIGH" SICCHIEROLLI disse...

Gostei da análise! Parabens! Sugiro escutar de novo o "heart of the young" pois é um disco fantástico!
Abraço

Guilherme disse...

Daniel, o "heart of the young" é muito bom, já escrevi sobre ele: http://erga-omnes.blogspot.com/2007/04/cd-winger-in-heart-of-young-1990.html
Abraço.

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