sábado, 31 de janeiro de 2009
Ensaio - The Osmar Band: "14 Years" 27.01.2009
Ainda sem as condições ideais para registrar os ensaios (utilizamos a câmera fotográfica do Alemão), talvez tenha sido melhor mesmo não termos nos dedicado a compor novas músicas. Levei só a guitarra, para tentar retomar a prática do instrumento e me acostumar definitivamente com as cordas 0.10. Além disso, tentei utilizar timbres novos, e acho que devo seguir essa tendência para os próximos ensaios. Fizemos algumas jams, com acordes D e G (conduzida pelo Alemão), e outra com F# e E (sugerida por mim, quando lembrei de "Meeting of the Spirits" da Mahavishnu Orchestra). Tocamos parcialmente uma das que ainda estão no MySpace, embora o Marcelo não recordasse a letra; puxei a espanhola do ensaio que o Marcelo não participou ano passado, para ver se agora ganhava uma letra (e deu certo); o Alemão pediu a clássica do primeiro ensaio, e acho que é bem possível que consigamos tocá-las todas sem erros se decidirmos nos dedicar a acertar as partes de cada um - o que nem sempre é divertido (é muito mais legal compor, simplesmente). Ao final, o Marcão me emprestou uma caixa com todos os EPs dos Beatles.
Gravações caseiras - Re-Ignitin´ I
Há algumas semanas o Cláudio (lead guitar da Burnin´ Boat) esteve entre nós para um breve encontro no Cavanha´s. Não pude encontrá-los, mas tomei notícia da idéia que o Bruce teve na oportunidade: regravar, na íntegra, nosso CD, "Ignitin´", com os atuais recursos, já que (a) o Cláudio poderia gravar seus solos e partes da Finlândia, e (b) o Luciano e o Nilton se dispuseram a registrar suas partes na casa do Bruce. Essa idéia, na verdade, não é nova, pois eu mesmo cogitei disso tão logo reuni condições de fazer gravações caseiras; no entanto, abandonei essa idéia por achar que o esforço não compensaria, pois apesar de "Ignitin´" se ressentir de um som não tão forte quanto pensávamos que seríamos capazes de fazer, por outro lado, alguns registros daquela época são muito bons, que sequer faria sentido tentar repetir ou superar (particularmente, cito o solo de guitarra de "Noise Garden"), além do fato de que entendo mais produtivo se dedicar a coisas novas (gosto bastante do material que gravei ano passado). Mas se todos concordaram que essa é uma boa idéia, não sou eu quem vai dizer que não, então resolvi começar a fazer a minha parte e gravei as bases de "Boats Are Burning" e "Cold Wind". Como a intenção é também contar com participações especiais de ex-integrantes e parceiros musicais, algumas faixas serão acrescidas a título de bônus, e nessas condições gravei mais uma vez "Ace´s High". Para essas músicas mais agressivas, utilizei uma distorção no estilo Metallica. Em "Boats Are Burning" acabei alterando inadvertidamente a ordem da parte harmonizada daquela parada que vem logo após o refrão e antes do solo. O Bruce já mandou de volta a faixa com os riffs colocados todos em ordem e com uma linha de bateria que acredito ser provisória; apesar do som de bateria estar muito alto (não consegui ouvir a guitarra na parte dos versos), gostei bastante do timbre eleito, e achei que a música se beneficiou enormemente dos novos recursos. Pretendo gravar em breve alguns efeitos especiais e idéias para o meu solo. Ocorreu-me de que a linha de bateria deveria ser no estilo Cozy Powell (o cara é muito bom nas faixas rápidas, basta lembrar "Kill the King" do Rainbow). Para "Cold Wind", nossa música mais calma (não sei se se trata de uma balada), utilizei o captador P90 do braço, um timbre limpo (não estou certo se é do amplificador AC30 - deveria anotar imediatamente esse tipo de informação), e um efeito que gosto bastante "rotary drum". O Bruce havia sugerido, inicialmente, que fizesse experiências com várias afinações (drop-D, tom abaixo, etc), e repliquei que gravaria com afinação normal, mais ou menos no espírito do Metallica no "Death Magnetic". Mas logo nessa primeira sessão achei oportuno baixar afinação meio tom, então gravei tudo em Eb. Após receber o resultado preliminar de "Cold Wind" e "Ace´s High", e de gravar alguma coisa para "Boats Are Burning", segurei registrando as demais do disco, sempre pensando se há alguma coisa a ser acrescentada ou ligeiramente modificada.
sábado, 24 de janeiro de 2009
CD - Guns´n´Roses "Chinese Democracy" (2008)
A primeira coisa que penso quando ouço um recém lançado disco de uma banda após longo período desde o álbum anterior é: "então são essas as melhores músicas que os caras compuseram esses anos todos?". Em alguns casos a resposta é positiva, como parece que é o que está acontecendo com o AC/DC (depois de oito anos, a banda lançou um disco que está com vendas expressivas). O que pensar, no entanto, do Guns´n´Roses, que demorou 13 anos para lançar um disco que já estava virando lenda urbana após tantos adiamentos, o "Chinese Democracy". Pessoalmente, como não-fã (mas não indiferente), não o aguardei com nenhuma ansiedade, mas tão logo soube que as músicas estavam todas disponíveis no myspace para audição, fiz questão de ouvi-las na íntegra. É evidente que a condição não é das mais favoráveis, então não me impressionei - a não ser alguns solos de guitarra que me pareceram muito bons e inspirados (por exemplo, um que se destacou desde logo foi o solo de Robin Finck em "Better"). Quando vi na Saraiva pela primeira vez, quase trouxe para casa, mas acabei me decidindo pela curiosidade depois de ler a autobiografia de Slash.
Já ouvi o disco várias vezes desde então, e posso dizer que é um bom disco: a produção é caprichada, ouve-se bem todos os instrumentos, tudo bem executado e claro. A voz de Axl se sobressai e está excelente, com todos os registros perfeitamente afinados (falsetes, agudos, gritos, limpos e rasgados). Uma das tarefas divertidas é a de ler o encarte do cd para conferir quem tocou em qual música (para cada uma há uma detalhada identificação de cada participante), e no mais das vezes há dois bateristas, dois baixistas, dois tecladistas e de quatro a cinco guitarristas por faixa.
As melhores do disco são "Better", "If the World" e "Sorry". As duas primeiras têm as melhores e mais marcantes melodias (ouvi a primeira vez, rapidamente, no myspace, e já reconheci quando ouvi depois no cd). "Better" é mesmo a melhor de todas, com várias partes excelentes, como a introdução, os versos com umas guitarras muito boas em riff com pausas, um riff mais pesado e com timbre industrial lá pelo meio, uns rápidos trechos instrumentais, um solo virtuoso de guitarra de Buckethead e um monumental solo de guitarra de Robin Finck com timbre de Stratocaster e distorção contida mas muita sustentação e uma pegada matadora: "bends", "slides", "hammer-ons" e "pull-offs" num solo com muito "feeling". Não tenho dúvidas de que esta é uma das faixas mais legais da banda, embora seja discutível que se possa vincular esse Guns ao Guns que todos conhecemos (conhecíamos).
"If the World" também tem uma melodia vocal muito boa nos versos, do tipo que não sai da cabeça e tal. É outra faixa perfeita. Mais adiante no tracklist está "Sorry", que me lembra muito Black Sabbath, no clima, nos riffs e no próprio vocal (dá pra imaginar Ozzy cantando os versos). Aqui há outro momento de pura inspiração no solo de guitarra de Robin Finck. Esse cara me surpreendeu no bom gosto para a escolha das notas e da maneira de executá-las, e é o contraponto em comparação com Buckethead e Ron Thal (chamado de "Bumblefoot"), que são do tipo virtuose, com muitas notas executadas rapidamente.
Mais do que outra coisa, "Chinese Democracy" me parece um disco de muitas guitarras boas, e nesse sentido às vezes é mais interessante do que boa parte do material do Guns "antigo". As duas primeiras faixas ("Chinese Democracy" e "Shackler´s Revenge") são as mais pesadas, mas no resto o disco segue tranquilo de ouvir. Além disso, Axl parece em excelente forma, mas estou certo de que isso só vale em condições normais de temperatura e pressão (CNTP) em estúdio (acho que não é por acaso que o cara não saiu em turnê para divulgar o disco, e historicamente cancela shows ou começa atrasado - Axl não tem voz e fôlego para conduzir um show inteiro, sendo certo que ninguém vai comprar ingresso e sair de casa para assistir a uma apresentação de menos de 90 min).
Tentei mas não consegui ligar esse registro do "novo" Guns ao material consagrado pelo Guns "antigo", mas também não considero o disco como um solo de Axl. Mas é um álbum muito bom de ouvir, e não há que se desprezá-lo apenas por não contar com Slash, Duff, Izzy e Sorum/Adler, pois algumas músicas de "Chinese Democracy" são muito superiores às melhores produções desses caras fora do Guns. Quanto tempo será que demora para a reunião da formação original?
Já ouvi o disco várias vezes desde então, e posso dizer que é um bom disco: a produção é caprichada, ouve-se bem todos os instrumentos, tudo bem executado e claro. A voz de Axl se sobressai e está excelente, com todos os registros perfeitamente afinados (falsetes, agudos, gritos, limpos e rasgados). Uma das tarefas divertidas é a de ler o encarte do cd para conferir quem tocou em qual música (para cada uma há uma detalhada identificação de cada participante), e no mais das vezes há dois bateristas, dois baixistas, dois tecladistas e de quatro a cinco guitarristas por faixa.
As melhores do disco são "Better", "If the World" e "Sorry". As duas primeiras têm as melhores e mais marcantes melodias (ouvi a primeira vez, rapidamente, no myspace, e já reconheci quando ouvi depois no cd). "Better" é mesmo a melhor de todas, com várias partes excelentes, como a introdução, os versos com umas guitarras muito boas em riff com pausas, um riff mais pesado e com timbre industrial lá pelo meio, uns rápidos trechos instrumentais, um solo virtuoso de guitarra de Buckethead e um monumental solo de guitarra de Robin Finck com timbre de Stratocaster e distorção contida mas muita sustentação e uma pegada matadora: "bends", "slides", "hammer-ons" e "pull-offs" num solo com muito "feeling". Não tenho dúvidas de que esta é uma das faixas mais legais da banda, embora seja discutível que se possa vincular esse Guns ao Guns que todos conhecemos (conhecíamos).
"If the World" também tem uma melodia vocal muito boa nos versos, do tipo que não sai da cabeça e tal. É outra faixa perfeita. Mais adiante no tracklist está "Sorry", que me lembra muito Black Sabbath, no clima, nos riffs e no próprio vocal (dá pra imaginar Ozzy cantando os versos). Aqui há outro momento de pura inspiração no solo de guitarra de Robin Finck. Esse cara me surpreendeu no bom gosto para a escolha das notas e da maneira de executá-las, e é o contraponto em comparação com Buckethead e Ron Thal (chamado de "Bumblefoot"), que são do tipo virtuose, com muitas notas executadas rapidamente.
Mais do que outra coisa, "Chinese Democracy" me parece um disco de muitas guitarras boas, e nesse sentido às vezes é mais interessante do que boa parte do material do Guns "antigo". As duas primeiras faixas ("Chinese Democracy" e "Shackler´s Revenge") são as mais pesadas, mas no resto o disco segue tranquilo de ouvir. Além disso, Axl parece em excelente forma, mas estou certo de que isso só vale em condições normais de temperatura e pressão (CNTP) em estúdio (acho que não é por acaso que o cara não saiu em turnê para divulgar o disco, e historicamente cancela shows ou começa atrasado - Axl não tem voz e fôlego para conduzir um show inteiro, sendo certo que ninguém vai comprar ingresso e sair de casa para assistir a uma apresentação de menos de 90 min).
Tentei mas não consegui ligar esse registro do "novo" Guns ao material consagrado pelo Guns "antigo", mas também não considero o disco como um solo de Axl. Mas é um álbum muito bom de ouvir, e não há que se desprezá-lo apenas por não contar com Slash, Duff, Izzy e Sorum/Adler, pois algumas músicas de "Chinese Democracy" são muito superiores às melhores produções desses caras fora do Guns. Quanto tempo será que demora para a reunião da formação original?
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Ensaio - The Osmar Band: 15.01.2009 "13 Steps to Nowhere"
A Osmar Band iniciou as atividades de 2009 em grande estilo, com champanhe e barril holandês para comemorar um casamento e um aniversário recentes. Bastante calor, o bunker ainda não está pronto, mas ainda assim é apto para nos acomodar. Levei todo o meu equipamento, e o Marcão levou filmadora que ficou apoiada num providencial tripé de mais de 1m e era acionada por controle remoto. O micro não foi instalado, então o Marcelo gravou as jams no note (a qualidade da gravação é, por ora, incerta). Antes de tocarmos, ouvimos alguns dos clássicos da banda, e ainda há quem se surpreenda que algumas músicas são realmente muito boas. Alternei entre guitarra e baixo, e o Marcão entre copo e bateria. Com o note, o Marcelo escreveu direto as letras no processador de texto. O Alemão, por sua vez, se valeu de uma agenda para anotações de timbres e nomes de músicas (faltaram as fotos para o folder do ensaio). Com a guitarra, toquei basicamente no timbre do famoso (Queen, U2, entre tantos outros) amplificador Vox AC30; só mais para o final utilizei o timbre de uma música do disco mais conhecido do AC/DC (o Alemão foi presenteado pelo Marcão com um DVD da banda, de 1996, com a edição remasterizada do “No Bull”). Perdi o costume de tocar guitarra e observar as notas que o Alemão toca no Triton – ainda tenho dificuldade para identificar o tom, mas no método tentativa e erro descobri que estávamos alternando D e G na primeira jam. Passamos por algumas do repertório como a do sotaque de um estado do centro do país, além da mais clássica desde o primeiro ensaio. Tive mais tranquilidade tocar com o baixo, acompanhando o Alemão na guitarra, e depois no Triton. Durante o meu tempo fora, os caras desenvolveram um método de gravação, que consiste em compor e só gravar depois da letra encaminhada. Pelo que vi, as músicas ficam melhores, com cara de música (ao invés de longos trechos nos quais ficamos improvisando até encontrar o “groove”), mas a contrapartida é o risco de, na perda da espontaneidade, esquecer algumas partes, ou a própria levada. Então, temos que gravar imediatamente a partir do momento em que há um consenso sobre “aqui temos uma música”. A criatividade, no entanto, fala mais alto, e não raro compomos outra música sem gravar a que havia sido recém criada. Isso aconteceu quando toquei aquela linha de baixo que havia trazido no ensaio anterior, com as notas E-C-B, sobre a qual o Marcelo criou outra letra (aparentemente, ninguém lembrou que estava tocando algo que já tínhamos agregado ao repertório); quando chegou na hora de gravar, tocamos outra, na qual fiz um riff com várias notas no baixo, sobre o qual o Alemão utilizou no Triton os sons de solo de guitarra, tipo Derek Sherinian, que acho muito legais. Essa faixa ficou com duas partes, riff e refrão, e o Marcelo até cantou umas letras, mas resolvemos gravar a anterior e essa ficou de fora. Fizemos uma jam de duas guitarras com uns riffs que o Alemão foi tocando com a 6.ª corda solta, o que facilita a vida pois estou familiarizado (apenas) com a escala de Em (ou G). Aparentemente o resultado ficou bom e gravamos. Num dos primeiros ensaios toquei na guitarra uma linha de baixo tipo “walking bass” e depois fiz um riff com os acordes C-Bb-Eb-F-C; agora, com o baixo, entendo oportuno tocar essa faixa que ganhou uma letra legal do Marcelo. (Só) Com o baixo, rolou ainda uma versão para “Paranoid”. A gata Osmar não acompanhou o ensaio; Bartô, Pepe e Niki fizeram a sua parte na cozinha.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
CD - Guns´n´Roses "Use Your Illusion I"
Até hoje em dia é um fato notável que a banda, no auge do sucesso, tenha lançado um disco duplo separadamente, isto é, ao invés de lançar um disco duplo, foram lançados dois discos individuais simultaneamente. Talvez por isso, e na ausência de um critério para diferençar um disco do outro (as músicas parecem ter sido divididas arbitrariamente, ou seja, não há um disco de rocks e outro de baladas, por exemplo), não há como tomá-los separadamente. Use Your Illusion I tem, simplesmente, 16 faixas. Os destaques são o cover muito legal de Paul McCartney ("Live and Let Die", com umas guitarras bem boas - só assim para conhecer uma do Macca) e a bela balada (com solo de guitarra muito bem colocado) "Don´t Cry". O disco tem uma série de músicas rápidas bem parecidas umas com as outras ("Right Next Dooor to Hell", "Perfect Crime") sendo "Garden of Eden" a melhor disparado (conta com um clip legal - dessa música gostei desde a primeira vez que vi, pelo ritmo acelerado, e bom refrão, digamos assim). Algumas outras são interessantes como "Dust ´n Bones" (mais uma boa do Izzy Stradlin), "You Ain´t the First" (acústica estilo Lynyrd Skynyrd ou Allman Brothers, em compasso 3/3), "Double Talkin´ Jive" e "Don´t Damn Me".
domingo, 11 de janeiro de 2009
CD - Guns´n´Roses "Use Your Illusion II"
Há quase dois anos esbocei uma resenha dos então recém adquiridos (no balaio da Saraiva do Praia) três discos do Guns ´n´ Roses: os clássicos "Appetite for Destruction", "Use Your Illusion I" e "Use Your Illusion II". Como abandonei a idéia de escrever sobre vários discos num mesmo texto - tenho preferido dedicar um para cada álbum - somente depois que li a autobiografia do Slash me motivei a ouvir novamente esses discos, bem como os discos do Velvet Revolver e o "Chinese Democracy". Assim, começo pelos discos lançados lá no início dos anos 1990.
Pois bem.
A MTV só começou a ser retransmitida para o RS em 1991, e lembro que o primeiro programa que assisti foi o Disk MTV, com a Astrid, e o vídeo que ocupou o 1.º lugar no ranking, naquele dia, foi YOU COULD BE MINE, de um dos discos que o Guns lançou na época (no caso, "Use Your Illusion II"). Não há dúvidas de que o Guns era a maior banda do mundo no começo dos anos 1990: os vídeos da banda, alguns com alta produção quase cinematográfica, eram apresentados em primeira mão no Fantástico (lembro de "Don´t Cry", "November Rain", "Estranged"). Em que pese tudo isso, eu jamais fui fã dos caras - pelo contrário (o Barboza, sim, durante bom tempo curtiu Axl, Slash & Cia.). Acabei até incorporando algumas opiniões de outras pessoas em relação à banda, do tipo "Slash é enganador, não toca nada", mas hoje é imperioso admitir que (a) Slash é talentoso com as pentatônicas, e (b) o Guns fazia um hard rock competente e, muitas vezes, bem legal. Seja como for, YOU COULD BE MINE sempre foi uma das minhas músicas (tanto o vídeo como a composição é muito legal), com uma bela introdução de bateria, riff invejável (quase metal para o estilo da banda) e um bom refrão ("Youuuuuuuuuu could be mi-ine..."). Então, desde logo, meu favorito é esse "Use Your Illusion II" é meu preferido, exclusivamente por conter essa faixa: realmente se trata de uma música perfeita, com um riff sensacional, e uma introdução competente a cargo de Matt Sorum, Duff (o som do baixo é bem característico e presente em todas as faixas) e Slash (no feedback).
As demais faixas têm bons momentos: o riff de "Locomotive", o refrão de "Pretty Tied Up" (essa composição, de Izzy, é toda muito boa) e de "14 Years"; "Yesterdays" é boa de ouvir, mas o disco contém outras que me parecem do tipo "filler": "Shotgun Blues", "Get in the Ring", "Breakdown", e a maior de todas, "My World". Inexplicavelmente há uma versão com letra alterada para "Don´t Cry" (a música é muito boa, mas qual é a moral de apresentá-la duas vezes com o mesmo instrumental, só mudando a letra?). Há ainda os épicos "Civil War" e "Estranged", este último contou com um clip grandioso para a MTV. Assim como na parte I, há um cover, neste caso, "Knockin on Heaven´s Door" de Bob Dylan, e este não é dos meus momentos favoritos da banda.
Apesar do lançamento simultâneo mas separado, não há como avaliar individualmente os dois "Use Your Illusion", e uma opinião que acho defensável é aquela segundo a qual teria sido melhor o lançamento de apenas um disco com os melhores momentos dos dois - certamente sairia um disco matador, mas talvez o impacto não fosse o mesmo, sendo certo que ao final os dois discos alcançaram vendas expressivas (ambos receberam sete discos de platina).
Pois bem.
A MTV só começou a ser retransmitida para o RS em 1991, e lembro que o primeiro programa que assisti foi o Disk MTV, com a Astrid, e o vídeo que ocupou o 1.º lugar no ranking, naquele dia, foi YOU COULD BE MINE, de um dos discos que o Guns lançou na época (no caso, "Use Your Illusion II"). Não há dúvidas de que o Guns era a maior banda do mundo no começo dos anos 1990: os vídeos da banda, alguns com alta produção quase cinematográfica, eram apresentados em primeira mão no Fantástico (lembro de "Don´t Cry", "November Rain", "Estranged"). Em que pese tudo isso, eu jamais fui fã dos caras - pelo contrário (o Barboza, sim, durante bom tempo curtiu Axl, Slash & Cia.). Acabei até incorporando algumas opiniões de outras pessoas em relação à banda, do tipo "Slash é enganador, não toca nada", mas hoje é imperioso admitir que (a) Slash é talentoso com as pentatônicas, e (b) o Guns fazia um hard rock competente e, muitas vezes, bem legal. Seja como for, YOU COULD BE MINE sempre foi uma das minhas músicas (tanto o vídeo como a composição é muito legal), com uma bela introdução de bateria, riff invejável (quase metal para o estilo da banda) e um bom refrão ("Youuuuuuuuuu could be mi-ine..."). Então, desde logo, meu favorito é esse "Use Your Illusion II" é meu preferido, exclusivamente por conter essa faixa: realmente se trata de uma música perfeita, com um riff sensacional, e uma introdução competente a cargo de Matt Sorum, Duff (o som do baixo é bem característico e presente em todas as faixas) e Slash (no feedback).
As demais faixas têm bons momentos: o riff de "Locomotive", o refrão de "Pretty Tied Up" (essa composição, de Izzy, é toda muito boa) e de "14 Years"; "Yesterdays" é boa de ouvir, mas o disco contém outras que me parecem do tipo "filler": "Shotgun Blues", "Get in the Ring", "Breakdown", e a maior de todas, "My World". Inexplicavelmente há uma versão com letra alterada para "Don´t Cry" (a música é muito boa, mas qual é a moral de apresentá-la duas vezes com o mesmo instrumental, só mudando a letra?). Há ainda os épicos "Civil War" e "Estranged", este último contou com um clip grandioso para a MTV. Assim como na parte I, há um cover, neste caso, "Knockin on Heaven´s Door" de Bob Dylan, e este não é dos meus momentos favoritos da banda.
Apesar do lançamento simultâneo mas separado, não há como avaliar individualmente os dois "Use Your Illusion", e uma opinião que acho defensável é aquela segundo a qual teria sido melhor o lançamento de apenas um disco com os melhores momentos dos dois - certamente sairia um disco matador, mas talvez o impacto não fosse o mesmo, sendo certo que ao final os dois discos alcançaram vendas expressivas (ambos receberam sete discos de platina).
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Livro - "Slash"
Depois da boa experiência de ler a autobiografia do Eric Clapton, seguindo oportuna recomendação do Marcelo, tão logo soube do lançamento do livro do Slash me programei para obedecer ao mesmo ritual: aquisição durante os descontos da Feira do Livro e leitura na praia, no feriado de Ano Novo (rendeu bastante com a chuvarada). Estava com expectativa de que seria um bom livro, e que teria algumas partes chocantes, notadamente pela chamada que dava conta de que até David Bowie havia se impressionado com os períodos mais altos (alto querendo significar "high", na gíria, em inglês) do guitarrista.
As mais de 400 páginas são dedicadas a toda a vida do cara, desde as mais remotas lembranças, até o lançamento do segundo disco do Velvet Revolver em 2007. Particularmente fiquei satisfeito com a descrição da reunião da formação clássica do Guns´n´Roses, e mais ainda com as partes nas quais Slash comenta como algumas músicas foram compostas (tipo, "fiz umas jams com Izzy e Duff e saíram as músicas tal e tal", além da versão definitiva para a criação de "Sweet Child O´Mine". Vale observar, no entanto, que a palavra "jam" jamais é utilizada na tradução do livro - acho que o cara preferiu "improviso" e, por outro lado, não há qualquer referência ao Black Sabbath como influência de Slash, sabendo-se como se sabe da semelhança do riff de um dos maiores clássicos do Guns com o riff de uma música obscura do Sabbath sem Ozzy), a rotina nos estúdios de gravação dos discos "Appetite for Destruction" (mais concentrada, com todos os caras motivados, tocando e compondo juntos) e "Use Your Illusion" I e II (muita dispersão, sem a presença de Izzy e principalmente Axl em boa parte das sessões de gravação e mixagem). Basicamente é esse o tipo de informação que busco em livros desse tipo. Outra das histórias que já tinha lido há muito e que é confirmada no livro é a vez em que ele, então adolescente e longe da fama, deixou de se entreter com uma mulher na qual ele estava muito interessado a partir do momento em que ela botou para tocar o disco "Rocks" do Aerosmith - banda que passou a adotar como influência principal. Outra influência bastante enfatizada no início do livro é da banda Hanoi Rocks, inclusive em relação ao vocal - vou checar isso mais além.
Entretanto, o que para mim ainda não restou esclarecido é o tanto de verdade do que se dizia na época em que o Guns era a maior banda do mundo: de que Izzy Stradlin não se conformava em ser guitarra base, pois alegadamente seria mais talentoso que Slash para ser guitarra solo, e que esse seria um dos motivos para a sua saída da banda. No livro sempre fica bastante definido o papel de Izzi como guitarrista "complementar" do estilo de Slash - secundário, portanto. Assim, ainda resisto em admitir que Slash era mais guitarrista que Izzy, e a minha resistência é, a essas alturas, alimentada apenas pela predominância de Izzy nos créditos dos dois "Use Your Illusion", em comparação com Slash - e talvez pelo fato de que Izzy compôs a minha música favorita da banda, "You Could Be Mine" (já evolui para reconhecer que Slash faz alguns solos muito bons, rápidos e inspirados com as pentatônicas - gostei de ler um excerto de uma entrevista dele num site no qual admite que não é um guitarrista com a técnica de Satriani ou Vai).
A cronologia, por vezes, não é muito fácil de seguir, pois o guitarrista e o escritor não se esforçam muito para situar os fatos narrados no tempo (não custaria dizer "no início de 1986", "no verão de 1988", "no final de 1991" com mais frequência). As coisas se complicam quando ele resolve refletir sobre consequências futuras de fatos que vão sendo relatados - não há uma ligação boa para o fim do comentário e a volta ao texto.
Há que se dizer, desde logo, que a tradução me pareceu boa; não tive problemas e nem identifiquei erros grosseiros na tradução de expressões - aliás, a tradução deve ter sido uma barbada, pois foi bem fácil identificar a utilização de frases padrão tipo "all things considered", e "next thing I know", por exemplo.
Assim como o fora no livro do Eric Clapton, as partes dedicadas aos episódios com drogas são longas e enfadonhas; realmente é preciso paciência para superar um monte de páginas para saber que o cara esteve drogado em parte significativa da sua carreira desde meados dos anos 1980.
Talvez o grande mérito do livro seja o esclarecimento de como o Guns ficou inativo por tanto tempo, e a razão da saída de Slash. Ainda me espanto com a falta de pressão da gravadora para a banda lançar discos com mais regularidade, e com a própria falta de motivação dos caras para gravar logo discos com músicas inéditas (no livro não há referência se a banda desfrutava de alguma espécie de liberdade criativa ou de uma maior autonomia livre de pressões para compor e gravar álbuns e sair em turnê). Slash faz questão de enfatizar que apresenta apenas a sua versão, e que sabe que Axl tem a dele e admite que esta é tão válida quanto a dele. Gostaria, então, de saber a versão de Axl para os atrasos nas apresentações e nas gravações, bem como outros comportamentos em relação à banda. E também seria bom para confrontar certas posturas que Slash disse ter adotado: tipo, o guitarrista diz que queria saber era de tocar, e não ligava muito para questões de direitos autorais, e também que deixou passar muitas coisas que lhe incomodaram para não tumultuar o ambiente. Sei e entendo tudo isso que o cara quis dizer, mas é possível cogitar que o cara não seja tão "low profile" ou "easy going" quanto propaga - as coisas não são tão simples quando se trata de um fenômeno do rock dos anos 1990.
Particularmente, o outro mérito do livro também foi o de cumprir com outra expectativa que sempre tenho ao ler livros de música: reacendeu a vontade de ouvir discos do Guns´n´Roses (os clássicos e o novo) e do Velvet Revolver.
As mais de 400 páginas são dedicadas a toda a vida do cara, desde as mais remotas lembranças, até o lançamento do segundo disco do Velvet Revolver em 2007. Particularmente fiquei satisfeito com a descrição da reunião da formação clássica do Guns´n´Roses, e mais ainda com as partes nas quais Slash comenta como algumas músicas foram compostas (tipo, "fiz umas jams com Izzy e Duff e saíram as músicas tal e tal", além da versão definitiva para a criação de "Sweet Child O´Mine". Vale observar, no entanto, que a palavra "jam" jamais é utilizada na tradução do livro - acho que o cara preferiu "improviso" e, por outro lado, não há qualquer referência ao Black Sabbath como influência de Slash, sabendo-se como se sabe da semelhança do riff de um dos maiores clássicos do Guns com o riff de uma música obscura do Sabbath sem Ozzy), a rotina nos estúdios de gravação dos discos "Appetite for Destruction" (mais concentrada, com todos os caras motivados, tocando e compondo juntos) e "Use Your Illusion" I e II (muita dispersão, sem a presença de Izzy e principalmente Axl em boa parte das sessões de gravação e mixagem). Basicamente é esse o tipo de informação que busco em livros desse tipo. Outra das histórias que já tinha lido há muito e que é confirmada no livro é a vez em que ele, então adolescente e longe da fama, deixou de se entreter com uma mulher na qual ele estava muito interessado a partir do momento em que ela botou para tocar o disco "Rocks" do Aerosmith - banda que passou a adotar como influência principal. Outra influência bastante enfatizada no início do livro é da banda Hanoi Rocks, inclusive em relação ao vocal - vou checar isso mais além.
Entretanto, o que para mim ainda não restou esclarecido é o tanto de verdade do que se dizia na época em que o Guns era a maior banda do mundo: de que Izzy Stradlin não se conformava em ser guitarra base, pois alegadamente seria mais talentoso que Slash para ser guitarra solo, e que esse seria um dos motivos para a sua saída da banda. No livro sempre fica bastante definido o papel de Izzi como guitarrista "complementar" do estilo de Slash - secundário, portanto. Assim, ainda resisto em admitir que Slash era mais guitarrista que Izzy, e a minha resistência é, a essas alturas, alimentada apenas pela predominância de Izzy nos créditos dos dois "Use Your Illusion", em comparação com Slash - e talvez pelo fato de que Izzy compôs a minha música favorita da banda, "You Could Be Mine" (já evolui para reconhecer que Slash faz alguns solos muito bons, rápidos e inspirados com as pentatônicas - gostei de ler um excerto de uma entrevista dele num site no qual admite que não é um guitarrista com a técnica de Satriani ou Vai).
A cronologia, por vezes, não é muito fácil de seguir, pois o guitarrista e o escritor não se esforçam muito para situar os fatos narrados no tempo (não custaria dizer "no início de 1986", "no verão de 1988", "no final de 1991" com mais frequência). As coisas se complicam quando ele resolve refletir sobre consequências futuras de fatos que vão sendo relatados - não há uma ligação boa para o fim do comentário e a volta ao texto.
Há que se dizer, desde logo, que a tradução me pareceu boa; não tive problemas e nem identifiquei erros grosseiros na tradução de expressões - aliás, a tradução deve ter sido uma barbada, pois foi bem fácil identificar a utilização de frases padrão tipo "all things considered", e "next thing I know", por exemplo.
Assim como o fora no livro do Eric Clapton, as partes dedicadas aos episódios com drogas são longas e enfadonhas; realmente é preciso paciência para superar um monte de páginas para saber que o cara esteve drogado em parte significativa da sua carreira desde meados dos anos 1980.
Talvez o grande mérito do livro seja o esclarecimento de como o Guns ficou inativo por tanto tempo, e a razão da saída de Slash. Ainda me espanto com a falta de pressão da gravadora para a banda lançar discos com mais regularidade, e com a própria falta de motivação dos caras para gravar logo discos com músicas inéditas (no livro não há referência se a banda desfrutava de alguma espécie de liberdade criativa ou de uma maior autonomia livre de pressões para compor e gravar álbuns e sair em turnê). Slash faz questão de enfatizar que apresenta apenas a sua versão, e que sabe que Axl tem a dele e admite que esta é tão válida quanto a dele. Gostaria, então, de saber a versão de Axl para os atrasos nas apresentações e nas gravações, bem como outros comportamentos em relação à banda. E também seria bom para confrontar certas posturas que Slash disse ter adotado: tipo, o guitarrista diz que queria saber era de tocar, e não ligava muito para questões de direitos autorais, e também que deixou passar muitas coisas que lhe incomodaram para não tumultuar o ambiente. Sei e entendo tudo isso que o cara quis dizer, mas é possível cogitar que o cara não seja tão "low profile" ou "easy going" quanto propaga - as coisas não são tão simples quando se trata de um fenômeno do rock dos anos 1990.
Particularmente, o outro mérito do livro também foi o de cumprir com outra expectativa que sempre tenho ao ler livros de música: reacendeu a vontade de ouvir discos do Guns´n´Roses (os clássicos e o novo) e do Velvet Revolver.
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