
Já ouvi o disco várias vezes desde então, e posso dizer que é um bom disco: a produção é caprichada, ouve-se bem todos os instrumentos, tudo bem executado e claro. A voz de Axl se sobressai e está excelente, com todos os registros perfeitamente afinados (falsetes, agudos, gritos, limpos e rasgados). Uma das tarefas divertidas é a de ler o encarte do cd para conferir quem tocou em qual música (para cada uma há uma detalhada identificação de cada participante), e no mais das vezes há dois bateristas, dois baixistas, dois tecladistas e de quatro a cinco guitarristas por faixa.
As melhores do disco são "Better", "If the World" e "Sorry". As duas primeiras têm as melhores e mais marcantes melodias (ouvi a primeira vez, rapidamente, no myspace, e já reconheci quando ouvi depois no cd). "Better" é mesmo a melhor de todas, com várias partes excelentes, como a introdução, os versos com umas guitarras muito boas em riff com pausas, um riff mais pesado e com timbre industrial lá pelo meio, uns rápidos trechos instrumentais, um solo virtuoso de guitarra de Buckethead e um monumental solo de guitarra de Robin Finck com timbre de Stratocaster e distorção contida mas muita sustentação e uma pegada matadora: "bends", "slides", "hammer-ons" e "pull-offs" num solo com muito "feeling". Não tenho dúvidas de que esta é uma das faixas mais legais da banda, embora seja discutível que se possa vincular esse Guns ao Guns que todos conhecemos (conhecíamos).
"If the World" também tem uma melodia vocal muito boa nos versos, do tipo que não sai da cabeça e tal. É outra faixa perfeita. Mais adiante no tracklist está "Sorry", que me lembra muito Black Sabbath, no clima, nos riffs e no próprio vocal (dá pra imaginar Ozzy cantando os versos). Aqui há outro momento de pura inspiração no solo de guitarra de Robin Finck. Esse cara me surpreendeu no bom gosto para a escolha das notas e da maneira de executá-las, e é o contraponto em comparação com Buckethead e Ron Thal (chamado de "Bumblefoot"), que são do tipo virtuose, com muitas notas executadas rapidamente.
Mais do que outra coisa, "Chinese Democracy" me parece um disco de muitas guitarras boas, e nesse sentido às vezes é mais interessante do que boa parte do material do Guns "antigo". As duas primeiras faixas ("Chinese Democracy" e "Shackler´s Revenge") são as mais pesadas, mas no resto o disco segue tranquilo de ouvir. Além disso, Axl parece em excelente forma, mas estou certo de que isso só vale em condições normais de temperatura e pressão (CNTP) em estúdio (acho que não é por acaso que o cara não saiu em turnê para divulgar o disco, e historicamente cancela shows ou começa atrasado - Axl não tem voz e fôlego para conduzir um show inteiro, sendo certo que ninguém vai comprar ingresso e sair de casa para assistir a uma apresentação de menos de 90 min).
Tentei mas não consegui ligar esse registro do "novo" Guns ao material consagrado pelo Guns "antigo", mas também não considero o disco como um solo de Axl. Mas é um álbum muito bom de ouvir, e não há que se desprezá-lo apenas por não contar com Slash, Duff, Izzy e Sorum/Adler, pois algumas músicas de "Chinese Democracy" são muito superiores às melhores produções desses caras fora do Guns. Quanto tempo será que demora para a reunião da formação original?
2 comentários:
Comprei este cd para dar de presente e acabei ouvindo e com bastante atenção mais pela demora do lançamento do que pela própria banda. Não era fã, mas gostava das baladas, principalmente.
Por isso, não chega a tanto, mas a melhor também é BETTER (e o titulo já indica isso)... por tudo o q foi dito na resenha. E IF THE WORLD. O resto é conversa para o Slash dormir...
BETTER e IF THE WORLD são as melhores e as mais melódicas e complexas...
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