No começo do ano vi que ficou em cartaz por algumas poucas semanas o filme-documentário do Iron Maiden a respeito da turnê "Somewhere Back in Time" de 2008. Agora lamento ter deixado passar a oportunidade de ver na tela grande imagens muito boas da banda. O que me consola é que o documentário não é do tipo espetacular. A direção ficou por conta dos mesmos caras que fizeram o bom "Metal, A Headbangers Story", e isso fica bem claro logo no início quando aparece o mesmo sujeito apresentando o filme da mesma forma pessoal do outro filme, i. é, em primeira pessoa ("fui convidado para fazer um documentário sobre a turnê da minha banda favorita"). É o mesmo recurso que utilizo neste espaço, mas não sou cineasta; achei que faltou criatividade - será que o cara vai aparecer em todos os seus filmes e declarar suas preferências musicais (quantas bandas favoritas o cara tem?)?
Acredito que em seis semanas devem ter sido filmadas cenas melhores que muitas das que aparecem, e achei exagerado o número de cenas que vamos ver no DVD bonus, com o set list na íntegra, com cada música registrada em uma cidade diferente. Independentemente disto, algumas sequências são antológicas, como as bonitas cenas captadas na Argentina e uma brilhante com Nicko McBrain: no show em Los Angeles apareceram diversas figuras conhecidas, como Dio, Tom Morello entre outros; Lars Ulrich é perguntado sobre eventual influência de Nicko em seu estilo, e o líder do Metallica responde "com certeza, a única coisa sobre Nicko é que ele deveria tocar numa bateria menor para podermos ver o que ele está tocando"; a cena seguinte mostra Nicko praticando numa bateria bem menor, com poucas peças, para aquecimento, e o baterista exclama "veja, tenho plateia", e então aparece o grande Vinny Appice. Momento Lucky Strike do vídeo. Além disso, e como mera curiosidade, ainda em Los Angeles, é bem documentado o estilo workaholic de Steve Harris; o baixista vai ao estúdio para encontrar Kevin Shirley e conferir a mixagem de "For the Greater Good of God", e finalmente descobri porque o produtor também atende pela alcunha de "Caveman" (conforme consta dos encartes dos discos do Dream Theater e do próprio Iron).
No DVD bônus com a íntegra do set list ainda é emocionante a performance da banda e do público durante "Ace´s High". Particularmente, achei interessantes as cenas da câmera posicionada na bateria mostrando o bumbo; Nicko toca descalço e não se vale de pedal duplo ou de dois bumbos, mesmo nas passagens mais rápidas: o cara tem o pé direito bem rápido mesmo (conferir o final de "2 Minutes to Midnight", entre outras até mais expressivas). Nicko sempre aparece tirando sarro ou falando bobagem, ao mesmo tempo em que só conhecemos o seu trabalho no Iron, de maneira que fica difícil levá-lo a sério, mas devo admitir que se trata de um excelente baterista de heavy metal. Não lembrava que havia um dueto de solos em "Can I Play With Madness" e foi interessante ver Murray e, principalmente, Smith deixando para Gers alguns solos das músicas das antigas.
De todos os CDs e DVDs ao vivo lançados pelo Iron, esse "Flight 666" é talvez o mais valoroso.
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