Kiss "Live in Japan'88" |
O padrão do Kiss nos anos 1980 foi o de lançar um disco com faixas inéditas e promovê-lo com uma turnê caseira (EUA e Canadá) que não ultrapassa meia dúzia de meses. Em 1984 a banda voltou a visitar a Europa, face a boa acolhida do “Animalize” e seu single “Heavens on Fire”. Em 1985 veio o “Asylum”, concomitantemente a oficialização de Bruce Kulick, e um pequeno recesso para o retorno, em 1987, com o “Crazy Nights”. Este contou com a produção de Ron Nevison (guitarras polidas e teclados) e músicas feitas para arena (“Crazy Crazy Nights”, “Turn on the Night”, “Bang Bang You”, “Reason to Live”). Após a turnê tradicional, foi agendada uma turnê em solo japonês, que serviria como retorno após mais de uma década sem shows por lá. Os caras se reuniram para ensaiar um repertório com algumas alterações em comparação com o da turnê do “Crazy Nights” e fizeram shows espetaculares em meados de 1988.
Em 1994 ouvi um bootleg com registro de parte de um destes shows: trata-se do segundo volume do CD duplo “Dr. Love´s House”. O som não era muito bom, mas o repertório, fantástico: com “War Machine”, solo de Eric Carr, etc. Acredito, inclusive, que o solo de bateria de Carr é o melhor que já ouvi, e no youtube existem vídeos com a performance. Lá por 1997/1998 encontrei numa loja de CDs do Praia de Belas, no balaio, um bootleg contendo quase toda a apresentação do Kiss em Tóquio: “Live in Japan'88”.
Diferentemente de tantos outros bootlegs, aqui a qualidade de som é muito boa, direto da mesa de áudio. Além disso, a banda estava muito bem ensaiada e as performances de todos estava em alto nível, de maneira que bem podia ter sido lançado como um “Alive III” (lembrando que não contamos com nenhum “Alive” com Eric Carr, apesar dos tantos anos que ele serviu à banda).
O repertório contou com faixas antigas (“Love Gun”, “Cold Gin”, “Calling Dr. Love”, “Black Diamond”, “Shout It Out Loud”, “Strutter”, “Rock and Roll All Nite” e “Detroit Rock City”) e mais recentes (“Bang Bang You”, “Fits Like A Glove”, “Crazy Crazy Nights”, “No, No, No”, “Reason to Live”, “Heavens on Fire”, “War Machine”, “I Love it Loud”, “Lick It Up”), além de recuperar um clássico: “I Was Made For Lovin You”. A execução das músicas, como padrão da época, era bem acelerado (reparar em “Love Gun” e “Detroit Rock City”), então temos versões únicas e matadoras para “Lick It Up”e “Shout It Out Loud”, destacando-se os vocais de Paul Stanley (o cara estava no auge da fase “cantar tão alto a ponto dos olhos saírem da órbita”).
O tempo todo Paul e Gene Simmons interagem com a plateia, inclusive com frases em japonês (muito aplaudidas essas tentativas de comunicação na língua materna dos anfitriões). Praticamente todas as faixas são anunciadas previamente, e acho marcantes esses momentos: “I think is time for us to call the doctor... not just any doctor... a doctor for this! We need... DR. LOVE!” (introdução para “Calling Dr. Love”), “We´re goin´ to do a song now... this is a ballad... everybody loves a ballad... comes off... “Crazy Nights”... This song is called... ooooh (diz algo em japonês)... this song is called “Reason (pausa curta) to live” (introdução para “Reason to Live”).
Nesse CD não constam “War Machine” e o solo de bateria de Eric Carr, nem “No, No, No” e o solo de guitarra de Bruce Kulick (acompanhado em alguns momentos por Carr, numa referência à introdução de “Hot for Teacher” do Van Halen). Por outro lado, o solo de Gene Simmons (com participação de Carr) antecede “I Love it Loud”, na qual há uma desafinada de Gene na parte em que se exige o canto do público.
Esse bootleg fica muito bom especialmente a partir da metade do set list, quando são executadas as músicas antigas, sendo certo que as versões para “Lick it Up”, “Shout It Out Loud” e “Black Diamond” são grandes momentos da apresentação.
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