segunda-feira, 31 de maio de 2004

Shows XIX - DR. SIN (30/05/2004 - Bar Opinião)

- nós já deveríamos saber, mas a verdade é que um show do Dr. Sin é sempre imprevisível. Acredito que até os seus integrantes sabem, por mais ensaiados que estejam, que um show (do Dr. Sin) nunca é igual ao outro - essa álea é inevitável. Por essas e outras é que eu considero este show memorável para o público e para a banda.

Lamentável foi a pífia divulgação do show, prejudicando sobremaneira a presença de maior público. Eu só fui porque o Bruce ligou avisando no início da noite - não fosse por ele, até agora eu não saberia do show. Dirigi-me ao Opinião perto das 20h, disposto a comprar o ingresso e voltar pra casa (não estava muito a fim de ficar naquela fila, nem de ver as bandas de abertura). No começo da fila estava o Luis Carlos, baixista de muitas bandas da Capital (nomeadamente, Silent Storm, Worldengine e um tributo ao Guns´n´Roses). Deu tempo do cara contar o fato de ter encontrado os irmãos Busic na Av. Borges de Medeiros, perto da Esquina Democrática, ocasião em que rolou um papo de leve. Maiores detalhes sobre a conversa com o próprio Luis “parceiro-dos-Busic” Carlos. Mais além, já no Opinião, encontrei o Abel, guitarrista da Hibria, que confirmou a expectativa de lançamento do 1.º cd da banda, com nove músicas, para setembro. Eu e o Bruce esperamos que siga a linha da música STEEL LORD ON WHEELS, que é uma das melhores de todos os tempos (baita riff).

Antes do Dr. Sin, entretanto, 3 bandas locais se apresentaram: Spartacus, Predator e Magician. Só não assisti a primeira. A Predator era um power trio da Gringolândia, com um death/black metal competente. Não é, nem de perto, o meu som, mas reconheço que nestas bandas de metal superpesado sempre há boas idéias de riffs. Destaque para o baterista, muito presença. Em seguida subiu a Magician, na linha metal melódico, bem poser. Não ouvi nenhum riff inspirado – os caras investem mais nos teminhas e arpejos, que cansam já na primeira música. Das bandas de metal melódico, só curto as que tocam riffs de verdade, tipo Stratovarius em LEGIONS, REIGN OF TERROR e FATHER TIME. Mas valeu para assistir dois conhecidos no palco: um, o guitarrista Cristiano Schmitt, que tocava nos primórdios da Hibria (quando a banda ainda não tinha esse nome); o outro, o baterista Zé Cabelo (não sei o nome de fato dele), que demonstrou muita segurança e domínio invulgares da bateria – realmente, parecia um Mike Terrana.

Depois de algum tempo, surgiu o Dr. Sin. Eu achava que ainda seria a Spartacus – só então descobri que a banda havia sido a 1.ª da noite, de modo que tomei um susto quando vi o Edu bem à direita do palco (eu estava bem afastado). Consegui me posicionar bem, de frente para o meio do palco – Andria à minha esquerda, Ivan ao centro, Edu à direita e o tecladista “Gollum” bem na ponta esquerda. Esperava que os caras abrissem com TIME AFTER TIME, como no dvd/cd duplo, mas, como os caras são imprevisíveis, a primeira música foi mesmo FLY AWAY. Se não é das minhas favoritas, pelo menos é uma boa música, com um belíssimo solo do Edu. Essa fica bem melhor no vocal de Andria. Em seguida rolou SOMETIMES. Nestas duas primeiras pudemos notar que os irmãos Busic estava muito empolgados, especialmente o Ivan que ria e espancava com muita vontade a bateria. Foi um belo início de show.

A terceira música foi a minha favorita: TIME AFTER TIME. Passei o tempo todo reparando como o Edu toca essa. Legal que rolou um espaço para solo de teclado (o segundo solo da música). O tecladista (não guardei o nome) merece um destaque, pois toca completamente insandecido, parece que vai quebrar tudo. Performático e virtuoso. Não demorou e veio outro petardo: KARMA, na versão do “Alive” (com aquela introdução, que é um riff de outra música do Brutal, se não me engano). É outra das favoritas, muito empolgante.

NO RULES seguiu. Edu impressionava bastante com uns agudos muito expressivos, nos quais ele puxava a primeira corda (mais aguda) pra fora da escala (se eu faço isso, minha corda arrebenda na primeira...). Andria não é frontman, mas é perfeito na interação com a galera. Chamou ETERNITY, na qual Edu trocou a guitar laranja pela preta (que tinha mais “ação” – soava mais alto que a outra). Foi a mais fraca do repertório, mas parece que os caras da banda curtem bastante.

Andria, então, anunciou DOWN IN THE TRENCHES, antecipando, ainda, que haveria uma surpresa lá pelo meio. Realmente, há um espaço para jam no meio da música, e no caso desse show foi preenchida com a presença do Frank Solari. A partir do momento em que este baixinho guitarrista foi chamado ao palco, rolou uma jam duns 20 minutos, com apresentação dos músicos, solo de baixo/bateria (destaque para aquele andamento com slaps do Andria, entrosadíssimo com o Ivan), solo de bateria e longo solo de Frank Solari, com intervenções do Edu. Depois os caras começaram a trocar licks, e o melhor momento foi no duelo de bends. Terminaram com uma sessão de arpejos harmonizados (em terças?), que ficou muito legal e encerrou a música e a jam.

Ainda com Frank, tocaram HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN, que ficou legal com os dois guitarristas. Frank despediu-se, e então a banda retomou com REVOLUTION. A música se desenvolvia bem até o segundo verso (depois do primeiro refrão), quando notamos que o Andria ficava tentando afinar uma corda do baixo enquanto cantava. Não estava dando certo, e na hora do refrão não conseguia acertar as notas. O Edu foi o primeiro a parar, e parece ter reclamado com o roadie. Ivan dava risada e parou. Andria desculpou-se fazendo umas piadas (se não me engano, falou algo do tipo “estou cantando em fu bemol essa”), enquanto Edu trocava de guitar (a laranja pela preta). Pelo modo como se resolveu a situação, fiquei com a impressão de que a guitar do Edu (a laranja, que havia sido afinada nos bastidores) é que estava em outra afinação. Se foi esse o caso, acho que o roadie não dura muito nessa turnê. O Andria manteve a galera cantando o refrão da música, que seguiu de onde parou quando os problemas estavam resolvidos.

Andria, então, anunciou a “última” música: “quem conhece o primeiro clip da banda?”. EMOTIONAL CATASTROPHE foi executada com perfeição – é uma das melhores músicas de hard de todos os tempos, não deixa nada a dever a qualquer Van Halen. Quando sairam do palco eu e o Bruce concordamos que o bis seria FUTEBOL, MULHER E ROCK´N´ROLL e FIRE. Eu ainda gritei para os que estavam perto - “ISOLATED!”.

Não demorou, e os caras voltaram ao palco. O tecladista fez uma introdução no piano, que ninguém estava entendendo, mas em seguida o Ivan (bem mais magro do que no outro show, no Teatro de Elis) assumiu os vocais e cantou (bem) IT´S ALRIGHT do Black Sabbath. Quem tocou batera foi o seu roadie, e se saiu muito bem. Foi uma bela surpresa. Depois os caras surpreenderam de novo, e tocaram ISOLATED (essa é uma que eu nem tento tirar, porque já naquele riff inicial me dá dor nas mãos, de tantas inversões de dedos que são exigidas). Andria, ao anunciar essa, revelou que o solo do Edu era um dos seus favoritos – e de fato, é um baita solo, com um arpejo violentíssimo lá pelo final (esse e o de TIME AFTER TIME são dos mais violentos que já ouvi – são, realmente, arpejos estúpidos de tão bem colocados e executados, dando a dimensão exata do virtuosismo e da musicalidade do Edu, que não precisa se utilizar do recurso toda hora e com 4 ou 8 repetições, como alguns costumam fazer). Já é hora de ressaltar o fato de que Andria, mesmo depois de todos esses anos, não perdeu nada do alcance da sua voz – atingiu todos os agudos, e cantou perfeitamente e com facilidade todas as músicas.

A última música foi mesmo FUTEBOL, MULHER E ROCK´N´ROLL, e serviu muito bem para encerrar a apresentação. Pode não ser a melhor da banda, nem a favorita de ninguém, mas é a ideal para shows, ainda mais no encerramento. É o tipo de música que funciona ao vivo, e não no cd em casa. É realmente muito divertida aquela parte “eta, eta, eta, brasileiro quer...”, na qual eu gritei com vontade a rima em todas as vezes. O solo do Edu é matador, bem rocker com viruose. Sem muita cerimônia, os caras se retiraram do palco e o roadie começou a desmontar a batera. Não rolou FIRE, mas estávamos exaustos e satisfeitos.

Quem estiver lendo este blog pela primeira vez, e quiser ler mais sobre Dr. Sin por aqui, pode procurar o post de 16/04/2004, onde fiz uma resenha do outro show da banda em Porto Alegre (no Teatro de Elis, em 2000, com Mike Vescera), e o post de 23/03/2004, onde se lê um comentário sobre o cd duplo “Dez anos ao vivo”.

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