segunda-feira, 29 de novembro de 2004

Ensaio BURNIN´ BOAT (Black label)

No Hurricane, sábado (27/11/2004), das 16h às 18h. Pela primeira vez, utilizamo-nos da afinação um tom abaixo (todas as cordas com um tom abaixo - DGEFAD). Por causa disso, na primeira meia-hora de ensaio o Cláudio enfrentou problemas com a Floyd Rose (ele baixou na hora todas as cordas, o que, sabidamente, é temerário em termos de afinação). Usei todo o meu equipamento (Digitech + Jackhammer) plugado no Marshall que tem lá.

A primeira música, enquanto o Cláudio se arrumava, foi STORMBRINGER, que poderá ser agregada ao repertório. Tocamos, então ACE´S HIGH, HIDDEN, CRAZY TRAIN (que, com a afinação mais baixa, ficou "menos faceira"), FOR WHOM THE BELL TOLLS, BLACK DRESSING SOUL, NOISE GARDEN.

Toquei trechos de BLACKENED e HARVESTER OF SORROW do Metallica. Rolou, mais ao final, belos covers de STRUTTER (reconhecida e aplaudida pelo dono do estúdio), LOVE GUN (que ficou magnífica com a afinação um tom abaixo). PEACE SELLS foi até quase o final. Desencavamos KISS OF DEATH (acho que desde 2000 não tocávamos essa música), que emocionou o dono do estúdio (os caras tocam death metal, mas são fanáticos pelo "glam" dos anos 80 e 70).

Com a afinação nova, pudemos tocar SAD BUT TRUE até a metade. HUNTING HIGH AND LOW ficou surpreendentemente boa - ficou menos ufanista e exigiu menos dos vocais (divididos entre Luciano e Luke).

COLD WIND não ficou muito boa, mas acredito que em seguida, se continuar sendo praticada, o Bruce encontrará um jeito de incorporar a influência Opeth nas linhas de bateria - ou então, em último caso, simplesmente reproduzir a versão de estúdio (Ignitin').

Outro "clássico" da BB foi resgatado: HEARTBREAKIN', que rolou muito bem com a nova afinação (acho até que ficou melhor com essa afinação, e com a linha de baixo do Luke no estilo LICK IT UP, ou AC/DC).

Finalizamos, então, com outra das antigas: MAN ON THE SILVER MOUNTAIN.

segunda-feira, 22 de novembro de 2004

Show BURNIN´ BOAT (21/11/2004 - Coruja de Minerva)

O local do show tem nome inusitado, mas se trata de um centro comercial no estilo do Guion (mal comparando), com vários bares com sinuca, salas de musculação, tatuagem e até uma com parede para prática de "alpinismo". O lugar é decente, perto do Estádio Olímpico, e tem uma parada de ônibus bem na frente (vimos várias linhas de ônibus e lotação passando por ali). Mas o horário, o belo tempo que fez neste domingo, e a distância em relação ao Centro e ao Bom Fim, afugentaram o público. De minha parte, fiquei honrado pelas presenças qualificadas do André e do Dieter.

Encontramo-nos diretamente no local às 16h (o show estava previsto para 18h). Como a nossa seria a primeira banda, fizemos a passagem de som por último. Tocamos apenas a metade de HIDDEN com o Vinícius. Rolou, após, uma pequena jam (alguns riffs nossos) entre eu, Bruce e Márcio (guitarrista da Hiléia). O show começou pouco depois das 19h.

O set-list foi tacitamente determinado por mim, em atenção às trocas de afinações e à participação do Vinícius: ACE´S HIGH, BLACK DRESSING SOUL, NOISE GARDEN, HEAL MY SOUL, CRAZY TRAIN, FOR WHOM THE BELL TOLLS, HIDDEN e PERFECT STRANGERS - e SPECTREMAN. De modo geral, a execução das músicas foi boa. Rolou alguma empolgação em ACE´S HIGH (por ser a primeira, e por ser boa). Aparentemente, segundo o Bruce ao final do show, era essa que o Vinícius havia pedido para tocar; mas, em razão de uma falha na comunicação entre os dois, acabou tocando em HIDDEN. CRAZY TRAIN, como era de se esperar, foi outra que empolgou (um dos presentes posicionou-se bem a frente do Cláudio na hora do solo).

A participação do Vinícius, mais uma vez, foi muito boa. Ele, efetivamente, tirou os riffs de HIDDEN e ainda solou naquela parte lenta da versão de estúdio, que não tocávamos há bastante tempo, e que foi resgatada exclusivamente para esse show. PERFECT STRANGERS foi perfeita - é daquelas extremamente chatas de tocar nos ensaios, só com as guitarras, mas altamente compensadoras quando executadas ao vivo, com o acréscimo dos teclados.

Em seguida subiu ao palco a Hiléia. Todos os integrantes possuem invejável técnica. Abriram com ANOTHER DIMENSION do Liquid Tension Experiment, tocaram um pouco do riff de AS I AM do Dream Theater e emendaram com uma composição própria (THE WORST DAY OF YOUR LIFE), se não estou enganado. Mas o melhor momento da noite, para mim, foi quando eles tocaram EROTOMANIA do Dream Theater. É, seguramente, o melhor instrumental do DT, que exige muito do guitarrista. E o Márcio, que confidenciou que a banda não havia ensaiado para o show, desempenhou brilhantemente o papel de John Petrucci - o cara tem uma palhetada muito boa, e é muito ágil na mão esquerda. Sem contar que alcançou timbres decentes da pedaleira Digitech 7 (eu tenho a 6, e não uso mais). Rolou um cover de MASTER OF PUPPETS. Quando deram por encerrado o show, exigimos que tocassem um Rush. Luke sugeriu YYZ, que foi perfeitamente executada.

A Silent Storm fechou com vários covers de clássicos do metal e uma composição própria (bem melhor que Gamma Ray). Abriram com KILL THE KING do Megadeth (bela música). Em geral as execuções foram bem aceleradas - mas não vejo nada de errado nisso, pois acabou até sendo positivo, uma vez que reprisaram FOR WHOM THE BELL TOLLS e MASTER OF PUPPETS. Tocaram um Iced Earth que é muito bom (não lembro o nome da música), um Iron (TRANSYLVANIA), outro Metallica (SEEK AND DESTROY), e outro Megadeth (SYMPHONY OF DESTRUCTION). O guitarrista solo tem boa técnica, mas o timbre não ajudou. O Luke mandou bem no baixo e nos vocais (é afinado, e compensa alguma falta de alcance da voz com uma presença de palco altamente carismática - o lance do "Concurso garota Silent Storm" foi hilário).

De modo geral, considerei positivo o show, pois não houve problemas com o som (que muitas vezes esteve bem alto) e nem com a organização. A falta de público é mesmo um problema crônico, que só será resolvido quando se fizer propaganda mais agressiva, como cartazes nas ruas, inserções nas rádios e até apresentação em programas tipo Radar e aquele da TV COM, além de consolidar o Coruja de Minerva (que nome!) como local para shows de som pesado.

sábado, 20 de novembro de 2004

Ensaio BURNIN´ BOAT (Pagan black metal)

No Hurricane, em horário ingrato - 8h/10h. Toquei só com o Jackhammer. Cláudio enfrentou problemas com seu equipamento nas primeiras 3 músicas. Não houve gravação pois o responsável pelo estúdio não foi encontrado para dar o play+rec na fita (certamente o cara foi dormir depois que entramos).

Dessa vez não houve espaço para galinhagem. Tocamos o set list duas vezes, e aparentemente as coisas vão bem. Alguns erros são inevitáveis e certamente se repetirão no show. Mas são aqueles erros "clássicos", como em PERFECT STRANGERS, ou então aquela parte no meio de FOR WHOM THE BELL TOLLS em que eu falho grosseiramente.

A ordem das músicas será: ACE´S HIGH, BLACK DRESSING SOUL, NOISE GARDEN, HEAL MY SOUL, CRAZY TRAIN, FOR WHOM THE BELL TOLLS, HIDDEN e PERFECT STRANGERS.

Convencionamos que a parte lenta de HIDDEN será resgatada - eu imagino que ali funcionaria um belo solo de teclado furioso do Vinícius.

Ao final, reparei num cartaz pendurado na parede da "sala de espera com mesa de sinuca" do estúdio, no qual havia indicação de uma banda que se apresentava como representante do estilo "pagan black metal". Eu nunca tinha ouvido falar de tal vertente do black metal, mas o Luke me assegurou que são estilos bem diferentes - o "black metal" e o "pagan black metal".

sexta-feira, 19 de novembro de 2004

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

Ensaio BURNIN´ BOAT (Addicted to that RIFF)


Das 20:00 - 22:00, no Groove (aparentemente, agora Music Box). Formação completa. Nesse estúdio eu não me atrevo a usar meus pedais - tem um magnífico Marshall JCM, com uma magnífica distorção (é uma experiência memorável e "indescritível" tocar o riff de NOISE GARDEN nesse ampli). O Cláudio teve problemas com a dúzia de fontes que ele levou para alimentar sua pedaleira, de modo que se utilizou somente do Sansamp plugado no outro Marshall. Alcançou um timbre não menos divino. Espero que as fitas tenham captado bem as guitarras.

Sem a pedaleira do Cláudio, tivemos contratempos com a afinação - ele teve que baixar a 6a corda para D nas nossas músicas, e voltar para a afinação normal nos covers (e em HIDDEN). A ordem das músicas é previsível: ACE´S HIGH, BLACK DRESSING SOUL, NOISE GARDEN (insisto que o riff ganhou muita "presença" com a distorção do Marshall) e a nova HEAL MY SOUL. Esta última fica melhor a cada execução. HIDDEN está sendo tocada com afinação normal, uma vez que no show contaremos com a participação valorosa e sempre aguardada do Vinícius (da Hiléia) nos teclados.

Os covers são PERFECT STRANGERS, FOR WHOM THE BELL TOLLS e CRAZY TRAIN. Sobre a do Metallica, apesar de ser uma música muito fácil (provavelmente, é a mais simples e fácil do Metallica - não tem solos -; inobstante, é uma das melhores) não é o tipo de música que estamos acostumados a tocar. Esclareço: nosso esquema funciona basicamente em cima de riffs (e alguns acordes), um após o outro. E, pra mim (que não sou nenhum virtuose) é o esquema que funciona. Assim, quando determinada música exige "algo a mais", ou seja, quando tem um trecho que não seja fundado em riffs ou acordes, como é o caso de FOR WHOM THE BELL TOLLS (refiro-me àquela parte no meio, depois do primeiro "refrão"), ou, por exemplo, qualquer música do Van Halen, temos sérios problemas (eu, principalmente). Tenho que talvez funcione melhor se o Cláudio tocar essa parte, pois ele é mais dado a solos e outras intervenções que não sejam só riffs e acordes. Sem contar que essa música, especialmente, tem um "feel" ou "feeling" que é impossível de reproduzir - só o Metallica faz essa música ficar boa, de modo que qualquer comparação que se faça com a nossa versão é covardia (essa advertência serve para os meus amigos fanáticos, como eu, por Metallica - os grandes Barboza e Frau - bem como para todos os que se fizerem presentes no dia do show).

Já no que se refere à do Ozzy, tivemos um verdadeiro Momento Lucky Strike. Não deveríamos mais nos surpreender com isso, mas o fato é que o Cláudio reproduziu fielmente, nota-por-nota, o (fantástico) solo do Randy Rhoads. Nós já vimos o Cláudio (aka Clóvis) reproduzindo os solos do Black Sabbath, do Iron Maiden (até do Steve Vai, em FOOL FOR YOUR LOVING), mas dessa vez o cara se superou. O resto da música, com as participações dos demais, ficou muito bom também.

Particularmente, eu também tive um Momento Lucky Strike: foi já ao final do ensaio, quando o Luke se aproximou e estatuiu que "o diabo é que esses teus riffs são viciantes" (referiu-se ao riff de HEAL MY SOUL). É o tipo de comentário que eu mais valorizo; o que diz respeito aos riffs e às músicas. Afinal, não é fácil compor músicas próprias (que não sejam reproduções descaradas das bandas que tocam na Pop Rock) e montar uma banda para tocá-las. A impressão com a qual eu sempre convivi é a de que só os integrantes da banda é que curtem essas músicas. Mas esse comentário do Luke, que eu reputo isento (não tem rabo preso com ninguém, e tem uma história recente com a banda), é do tipo de comentário que redime e inspira - pra continar compondo.

Por fim, cabe registrar os backing vocals do Luke em BLACK DRESSING SOUL, HEAL MY SOUL (quando ficar pronta RESTLESS SOUL, teremos a "trilogia soul") e até FOR WHOM. O momento galinhagem ficou por conta do Luciano, que assumiu minha guitarra e fez uma jam com alguns riffs do álbum SABBATH BLOODY SABBATH.

terça-feira, 16 de novembro de 2004

Ensaio BURNIN´ BOAT (Four Horseman)


Foi na segunda-feira (feriado), 15/11, às 18:00, no Hurricane (do uruguaio gente fina). A formação, que aparentemente está se consolidando, contou com Luke no baixo, eu, Bruce e Luciano. Cláudio ausentou-se, mas parece que assumirá a guitarra solo nos próximos ensaios e no show (o que para mim é motivo de tranqüilidade). Toquei com os meus equipamentos (Digitech e Jackhammer) ligados no Marshall do estúdio. Não gostei muito do meu som. Conforme as músicas, fui alternando afinação normal e drop-D.

As músicas próprias: além das já clássicas ACE´S HIGH, BLACK DRESSING SOUL, HIDDEN (INTERPOLATING FOR WHOM THE BELL TOLLS - com afinação normal), NOISE GARDEN, acrescentamos uma nova, HEAL MY SOUL, que ficou boa. RESTLESS SOUL foi outra nova que tocamos, mas esta ainda não está pronta. Quanto aos covers: PERFECT STRANGERS, FOR WHOM THE BELL TOLLS, PARASITE (que eu assassinei - foi prontamente retirada do repertório), e o acréscimo de última hora: CRAZY TRAIN, que ficou decente.

Aproveitei e puxei uma composição recente, "inspirada" nas minhas últimas audições - Genesis (Selling England by the Pound e Foxtrot) e Opeth (Damnation). Ficou bem legal - todos acompanharam, inclusive o Luciano que tentou algumas vocalizações. No mesmo esquema, desencavei COLD WIND, que afinal, é uma boa música, merecendo só uma "releitura" (principalmente na parte da bateria).

Depois de muito tempo, finalmente tivemos o ensaio gravado em fita (o Bruce, felizmenente, já providenciou os mp3, que ficaram bons).

As tradicionais galinhagens ficaram por conta dos covers de Dokken, que eram requisitados pelo Luke: BREAKING THE CHAINS e UNCHAIN THE NIGHT, ambas (bem) cantadas pelo próprio Luke.

terça-feira, 9 de novembro de 2004

Discos Essenciais: LES CONCERTS EN CHINE - Jean Michel Jarre

Efetivamente, tudo o que eu entendo por musicalidade, harmonia e melodia, todas as minhas referências musicais; enfim, tudo o que eu entendo por MÚSICA se acha nos discos desse tecladista francês. Desde sempre, eu ouvi com atenção todas as notas e procurei entender todas as composições ("como é possível fazer essas músicas? aparentemente simples, mas cheias de estruturas e detalhes complexos?").

Conheci Jarre nas férias de verão de 1987 (em Pelotas), quando passou no Fantástico um clip de RENDEZ-VOUZ IV (aquela que todo mundo conhece), no qual o músico se apresenta com um teclado em forma de meia lua, cujas teclas (para serem tocadas com as mãos, e não com os dedos) acendem com o toque. Por coincidência e sorte, minha mãe comprara o disco (RENDEZ-VOUS), e a partir daí eu comprei todos os vinis e fitas k7 que encontrei na época (OXYGENE, EQUINOXE e o disco essencial epigrafado; posteriormente, em fita: REVOLUTIONS e WAITING FOR COUSTEAU).

Poderia escolher como essencial qualquer dos discos citados (com exceção de OXYGENE, que, apesar de tido por muitos como o melhor do francês, não é do meu total agrado); escolhi CONCERTS IN CHINA pois, além de ser gravado ao vivo (sempre preferi esse formato), contém uma boa amostra do que Jarre é capaz com os teclados e sintetizadores. Aliás, trata-se do meu tipo de tecladista - aquele que utiliza simultaneamente dezenas de teclados, de maneira que uma de minhas ocupações é tentar identificar qual deles produz determinado som em determinada música. E o fato de esses instrumentos serem relacionados nos booklets, os respectivos nomes (ainda, e lamentavelmente) não me dizem nada - Mellophonium, Mellotron, Farfisa Organ, VCS 3 Synthesizer, AKS, Arp, Vocoder, Oberheim, Fairlight, Roland TR-808, Roland JD800, Emulator, Fairlight CMI, Fairlight III, Roland D50, Cristal Bachet, entre muitos outros.

As músicas, praticamente todas, são essenciais. Eu consegui identificar um padrão em certas músicas, que é o que eu acredito ser um método de composição de Jarre brilhante. As músicas são complexas porque construídas em "camadas". Mas cada camada é bastante simples. Geralmente começam com um tema, ao qual vai-se, aos poucos agregando um e outro elemento. Em determinado instante, temos 3, 4 ou 5 (ou mais) "camadas" interagindo harmonicamente. Além disso, o músico adiciona alguns sons "acessórios", simulando elementos da natureza como chuva, vento, e até a passagem de um cometa ou estrela cadente. Honestamente, sei que essa é uma descrição bizarra, e sobretudo inútil, mas talvez a audição de músicas como THE OVERTURE ou ARPEGIATOR me redima.

Nos "concertos na China", Jarre fez-se acompanhar apenas por Dominique Perrier, Frederic Rousseau e Roger Rizzitelli (este último responsável pela "bateria" - por certo, algum tipo de bateria eletrônica, mas sem o som enjoado de uma bateria eletrônica. É digno de nota, ainda, o solo, simples e eficiente, na música ORIENT EXPRESS).

As melhores músicas são as do cd 1: THE OVERTURE, ARPEGIATOR, EQUINOXE 4, FISHING JUNKS AT SUNSET, EQUINOXE 2. Do cd 2 são destacáveis: ORIENT EXPRESS e MAGNETIC FIELDS 4 (uma das melodias mais bonitas).

Por fim, é pertinente colacionar uma observação do allmusic.com, que apesar de proferida em comentário ao disco SESSIONS 2000, é procedente aqui e em qualquer disco do francês: "Jarre is, for most, an acquired taste, so those not accustomed to the musician's musings, or not in love with instrumental experiments in melodic fusion probably won't get it - at all. But that's fine, because that just leaves more glee for the rest of us"

sábado, 6 de novembro de 2004

Discos Essenciais: FLICK OF THE SWITCH - AC/DC

Curiosamente, a respeito desse álbum o www.allmusic.com diz o seguinte: "AC/DC's music has always been simple, but here it sounds underdeveloped and unmemorable". É "curiosa" tal observação, pois entendo justamente o contrário.

Não lembro exatamente quando e como ouvi esse álbum (provavelmente alugando o cd na extinta locadora da R. Mal. Floriano, perto do Colégio Sévigné; exatamente no mesmo local onde, atualmente, encontra-se a Boca do Disco). Só sei que mesmo ouvindo poucas vezes o disco, os refrões de quase todas as músicas "vêm" (e "ficam") freqüentemente na minha cabeça. Mesmo tendo ficado com uma impressão positiva do álbum, demorei pra perceber que isso é um indício forte da sua essencialidade. E é justificável: afinal, desde que passei a acompanhar a banda, em 1993, nunca soube de algum show em que foram tocadas músicas do álbum epigrafado.

Todos (ou a maioria) dos discos de estúdio do AC/DC sofrem com produções canhestras - o som das guitarras, geralmente, é bisonho, e os vocais (especialmente na fase Brian Johnson) inadequados e exagerados (FLY ON THE WALL e BLOW UP YOUR VIDEO são os exemplos mais evidentes). As versões ao vivo de todas as músicas da banda são muito melhores que as registradas em estúdio. Contudo, em FLICK OF THE SWITCH, apesar de lançado em 1983, tem um som muito bom - vocais e guitarras, principalmente. Neste quesito, é o tipo de disco que "resiste ao teste do tempo".

Mas as músicas é que são fundamentais - diferentemente do que entendeu o all.music, considero todas "excelentes" composições. Até a ordem das músicas é perfeita. Os riffs são muito bons. Mas o que eu considero mais marcante, como já divulgado acima, são os refrões. Todos são brilhantes, do tipo chiclete. Os mais recorrentes (na minha cabeça): GUNS FOR HIRE, DEEP IN THE HOLE, NERVOUS SHAKEDOWN, RISING POWER e THIS HOUSE IS ON FIRE, sem prejuízo das demais. É realmente um fato notável esse de que se trata de um álbum obscuro, sim, mas que agrega músicas de boa qualidade (ao contrário do que costuma acontecer em álbuns do próprio AC/DC, Black Sabbath e Iron Maiden - para ficar em alguns exemplos - nos quais só umas 3 músicas são realmente boas - as demais "preenchem o espaço").

O ponto fraco que pode ser apontado, mas que não interfere no resultado final, posto que acessórios, são os solos de Angus Young. Todos parecem ter sido gravados em um só take, em uma só tarde (ou noite), após uma grande bebedeira. Ficaram bem baixos na mixagem, de modo que se tem que fazer algum esforço para ouví-los. Mas são todos dispensáveis, limitando-se a ocupar o espaço tradicionalmente destinado aos solos. O único que tem alguns bens e licks bacanas é NERVOUS SHAKEDOWN.

O disco conta com alguns dos melhores riffs da banda: FLICK OF THE SWITCH, GUNS FOR HIRE, BEDLAM IN BELGIUM, RISING POWER, THIS HOUSE IS ON FIRE, etc.

Fácil perceber a essencialidade desse disco obscuríssimo da banda: (a) refrões "que grudam que nem chiclete" magníficos (ou seja, não são daqueles "irritantes"); (b) boa produção, que deixou todos os instrumentos soando bem; (c) todas as músicas são boas; (d) bons riffs, e boas guitarras.

quarta-feira, 3 de novembro de 2004

Burnin´ Boat's gonna get all of you

Discos Essenciais: O FABULOSO FITTIPALDI - Azymuth & Marcos Valle


Esse é mais dos previamente comentados neste blog.

No sábado de Páscoa de 1993 eu aluguei na TV3 dois vídeos: AC/DC Live (banda que eu estava viciado na época) e O Fabuloso Fittipaldi (documentário de 1974 sobre o piloto bicampeão da Fórmula 1). Por 120 minutos fiquei hipnotizado pelas músicas de Angus Young e, na seqüência, 90 minutos pelas cenas de corridas dos anos 70. Mas nestas havia um componente inesperado: a trilha sonora.

A música VITÓRIA é a que foi marcante; trata-se daquele tipo de música que parece já termos ouvido em algum lugar (de fato, recentemente descobri que ela é o prefixo musical de um programa da Rádio Guaíba). Daí em diante, tornou-se imperioso descobrir que banda tocou naquela trilha e quem compôs aquelas músicas. Pela sonoridade, imaginei que era uma banda americana ou inglesa de rock progressivo, tipo Yes.

Anos depois aluguei de novo, e aí reparei nos créditos finais que a trilha era autoria de uma banda chamada Azymuth. Nunca ouvira falar; e acredito que não era o único. Pois Azymuth é uma banda brasileira, e que não fica devendo em nada a Yes, Genesis e Emerson, Lake & Palmer.

Desde então, procurei incessantemente qualquer cd, vinil ou mp3 com a trilha desse filme. E todas as tentativas restaram infrutíferas (o Bruce colaborou nessa busca, trazendo até o depoimento do Getúlio da Boca do Disco, in verbis "nunca ouvi falar desse disco"). E nem podíamos mesmo encontrar cd ou vinil - ao que parece, somente há disponível em cd no Japão, o que inviabiliza qualquer esperança de aquisição.

Só recentemente, através de uma resenha excelente do www.discotecabasica.com, tive notícias da existência de mp3 no Soulseek. E enquanto não for devidamente lançado em cd, é a única maneira de ouvir esse disco essencial (a essencialidade: (a) a música VITÓRIA (uma das melhores músicas que já ouvi); (b) boas composições, algumas lembrando as boas bandas de rock progressivo dos anos 70; (c) um baixista e um baterista fenomenais (dupla tão valiosa quanto Chris Squire/Alan White).

segunda-feira, 1 de novembro de 2004

Discos Essenciais: ANIMALIZE - Kiss

Animalize é outro que já foi objeto de comentários neste blog, de modo que eu me reporto a todas as considerações oportunamente expendidas. Aqui cabem observações meramente complementares.

1993 foi o ano em que (aqui em casa) compramos um aparelho de cd. Na época (junho), locação de cds só na TV3 e na Vídeo World (uma praticamente ao lado da outra). A banda que eu estava viciado na época era AC/DC, de modo que fiquei encantado quando encontrei, na Vídeo World, em julho daquele ano, o cd DIRTY DEEDS DONE DIRT CHEAP (importado). Também encontrei, importado, o disco essencial epigrafado. Já havia lido algo sobre o Kiss, num catálogo de cds da Revista Bizz, além de ter as minhas próprias lembranças de infância (quando a banda esteve no Brasil em 1983).

E desde a primeira vez que ouvi, gostei de ANIMALIZE (não tanto quanto agora), gravando-o inteiro no lado B de uma fita de 90 minutos (o lado A foi ocupado por DIRTY DEEDS). As músicas que eu julguei as melhores na época, as tenho como melhores até hoje: I´VE HAD ENOUGH (melhor riff da banda), UNDER THE GUN e THRILLS IN THE NIGHT. Só que, durante algum tempo, eu confundia os vocalistas: achava que Paul era Gene e Gene era Paul. "Nossa, esse Gene canta muito!". E pior: achava que Paul era o guitarrista solo e Mark St. John, o guitarrista base.

Explica-se: na época, já sabia que Paul era da formação original - e assim, "raciocinei" que seria muito mais "lógico" que o guitarrista base fosse o substituído, pois, afinal, os solos eram muito "difícieis", e eu imaginava ser "impossível" a substituição de um cara que tocasse "tão bem" (tipo, que alguém tivesse de substituir um membro da formação original e tirar todos os solos antigos e tal). Enfim, mal sabia que 11 anos depois, ainda estaria ouvindo este e os outros discos essenciais da banda.

Não é segredo que esse disco, além de essencial, é um de meus favoritos de todos os tempos, pelos seguintes fatores: (a) um grande disco do Kiss, registrado em época desfavorável para a banda - 1984; (b) boas músicas, especialmente as de Paul, com as guitarras no melhor estilo hard rock dos anos 80; (c) a música I´VE HAD ENOUGH; (d) a participação brilhante de Eric Carr na bateria (as levadas de I´VE HAD ENOUGH e THRILLS IN THE NIGHT são matadoras); (e) único disco com Mark St. John, cuja meteórica passagem pela banda é motivo de muito interesse (pessoalmente falando) - e o cara, realmente, tocava muito bem.

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