Curiosamente, a respeito desse álbum o www.allmusic.com diz o seguinte: "AC/DC's music has always been simple, but here it sounds underdeveloped and unmemorable". É "curiosa" tal observação, pois entendo justamente o contrário.
Não lembro exatamente quando e como ouvi esse álbum (provavelmente alugando o cd na extinta locadora da R. Mal. Floriano, perto do Colégio Sévigné; exatamente no mesmo local onde, atualmente, encontra-se a Boca do Disco). Só sei que mesmo ouvindo poucas vezes o disco, os refrões de quase todas as músicas "vêm" (e "ficam") freqüentemente na minha cabeça. Mesmo tendo ficado com uma impressão positiva do álbum, demorei pra perceber que isso é um indício forte da sua essencialidade. E é justificável: afinal, desde que passei a acompanhar a banda, em 1993, nunca soube de algum show em que foram tocadas músicas do álbum epigrafado.
Todos (ou a maioria) dos discos de estúdio do AC/DC sofrem com produções canhestras - o som das guitarras, geralmente, é bisonho, e os vocais (especialmente na fase Brian Johnson) inadequados e exagerados (FLY ON THE WALL e BLOW UP YOUR VIDEO são os exemplos mais evidentes). As versões ao vivo de todas as músicas da banda são muito melhores que as registradas em estúdio. Contudo, em FLICK OF THE SWITCH, apesar de lançado em 1983, tem um som muito bom - vocais e guitarras, principalmente. Neste quesito, é o tipo de disco que "resiste ao teste do tempo".
Mas as músicas é que são fundamentais - diferentemente do que entendeu o all.music, considero todas "excelentes" composições. Até a ordem das músicas é perfeita. Os riffs são muito bons. Mas o que eu considero mais marcante, como já divulgado acima, são os refrões. Todos são brilhantes, do tipo chiclete. Os mais recorrentes (na minha cabeça): GUNS FOR HIRE, DEEP IN THE HOLE, NERVOUS SHAKEDOWN, RISING POWER e THIS HOUSE IS ON FIRE, sem prejuízo das demais. É realmente um fato notável esse de que se trata de um álbum obscuro, sim, mas que agrega músicas de boa qualidade (ao contrário do que costuma acontecer em álbuns do próprio AC/DC, Black Sabbath e Iron Maiden - para ficar em alguns exemplos - nos quais só umas 3 músicas são realmente boas - as demais "preenchem o espaço").
O ponto fraco que pode ser apontado, mas que não interfere no resultado final, posto que acessórios, são os solos de Angus Young. Todos parecem ter sido gravados em um só take, em uma só tarde (ou noite), após uma grande bebedeira. Ficaram bem baixos na mixagem, de modo que se tem que fazer algum esforço para ouví-los. Mas são todos dispensáveis, limitando-se a ocupar o espaço tradicionalmente destinado aos solos. O único que tem alguns bens e licks bacanas é NERVOUS SHAKEDOWN.
O disco conta com alguns dos melhores riffs da banda: FLICK OF THE SWITCH, GUNS FOR HIRE, BEDLAM IN BELGIUM, RISING POWER, THIS HOUSE IS ON FIRE, etc.
Fácil perceber a essencialidade desse disco obscuríssimo da banda: (a) refrões "que grudam que nem chiclete" magníficos (ou seja, não são daqueles "irritantes"); (b) boa produção, que deixou todos os instrumentos soando bem; (c) todas as músicas são boas; (d) bons riffs, e boas guitarras.
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