- foram 2: Angra "Holy Land" e Deep Purple "Bananas". O Angra era já um desejo antigo, catalisado pelo preço em conta (10 pila na Multisom). Aliás, sou partidário do entendimentio que "o preço faz o cd". Sim, quanto mais barato, melhor é o cd e mais prazeroso ouvir as suas músicas. Nesse contexto também encaixo o cd em promoção, vendido por preço abaixo da lista. Aí entra o novo do Deep Purple, que na Saraiva tava por 22,80 (o preço original era 34,00).
Honestamente, o "Bananas" eu comprei só por causa do preço. Tinha ouvido os mp3 antes, e não havia me animado. No entanto, outra foi a minha opinião quando ouvi o cd em casa (foi quarta, antes do show). O Bruce/Walmortz já tratou de fazer uma (muito boa) resenha; então, para evitar tautologismos, vou me limitar a algumas observações pessoais.
HOUSE OF PAIN, a música que abre o disco, é a melhor da fase Steve Morse. Baita música, bem Purple, com um clima que remete a "Fireball" e "Who do we think we are". HAUNTED é a tão decantada faixa de trabalho - uma balada sentimental e cafona. Mas o defeito da música não é a cafonice (porque WHEN A BLIND MAN CRIES e SOLDIER OF FORTUNE também o eram, mas é induvidoso que são grandes músicas). Ian Gillan tem uma bela interpretação, mas o que afunda a música (que até não é de todo ruim), é a produção (aqueles backing vocals ficaram imprestáveis), sem contar que o refrão é fraco.
Não tinha reparado, mas 2 músicas foram compostas ainda com Jon Lord (PICTURE OF INNOCENCE e I GOT YOUR NUMBER). Em recente entrevista, ele comentou que achou o disco estranho, bem diferente do que eles estavam compondo na época das jams (quando ele ainda tava na banda). SILVER TONGUE é outra música que eu curti bastante, com aquele riff pesadão nos versos (e funcionou magnificamente no show). Outra coisa que tem com freqüência nesse disco são uns riffs Morse, dobrados pelo Airey, que não tem relação direta com a música, mas são instrumentais de qualidade, que eu prezo muito (ocorrem em HOUSE OF PAIN, SILVER TONGUE, I GOT YOUR NUMBER).
Agora, imaginem: como seria WALK ON com David Coverdale? Essa música é perfeita para a voz chorosa e sofrida do grande Coverdale, que emprestaria a essa canção uma interpretação com muito sentimento. PICTURE OF INNOCENCE parece ter saído das mesmas jams do Purpendicular. I GOT YOUR NUMBER eu não curti de início. Mas, lendo uma entrevista do Roger Glover acabei entendendo o que há de errado nessa música: o refrão. A música já estava razoavelmente pronta, mas o produtor Michael Bradford sugeriu o acréscimo do refrão. E aí, no meu sentir, a música se tornou comum.
BANANAS, a música-título, é um baita rock, com levada 7/4, muito legal e bem natural. Tem um duelinho instrumental de Morse vs. Airey do tipo "pergunta-e-resposta", que me lembrou Mahavishnu Orchestra. DOING IT TONIGHT tem um clima caribenho (!?) meio absurdo (!?), que destoou do resto do disco. O solo de Airey, pelo menos, é legal. Teria sido muito melhor, no lugar desta, aquela instrumental THE WELL-DRESSED GUITAR.
Vou ouvir de novo - e com atenção - o "Purpendicular" e o "Abandon", mas por enquanto, tenho "Bananas" como o melhor disco do Purple desde "Perfect Strangers".
Quanto ao Angra, trata-se de um disco qualificado pela tentativa sincera dos músicos de recriar o heavy melódico (ou pelo menos acrescer novos elementos a esse estilo que rapidamente se tornou bem monótono). NOTHING TO SAY é a melhor música da carreira da banda - e uma bela música mesmo, em retrospecto. No entanto, acho que a banda acabou exagerando no "brasilianismo", passando do ponto muitas vezes, insistindo demasiadamente em certos temas (HOLY LAND, a faixa-título, por exemplo). Teria funcionado melhor se o "brasilianismo" (aqui representado pelos ritmos nordestinos tradicinais) fosse um ingrediente, um "plus a mais" e não o recheio completo. Mas, no geral, trata-se de um grande avanço para a banda, mas que acabou se revelando insuficiente para manter a unidade dos integrantes, que, a partir daí, foram se dispersando, até o racha depois do "Fireworks".
Nenhum comentário:
Postar um comentário