
Lembro que nessa época passou no Fúria Metal (depois, apenas Fúria) um clip do Mercyful Fate tocando a música WITCHES DANCE (do disco Time), o qual me impressionou positivamente - tinha um bom refrão, e boas idéias para pre-chorus e chorus. Mas os vocais histriônicos de King Diamond, naturalmente, não são muito animadores. Lembro de ter alugado na Madsound esse disco (Time), e algum tempo depois o disco Don´t Break the Oath (este eu cheguei a gravar, mas gostei só de alguns riffs - as letras satanistas são exageradas, e o resto não impressionou).
Foi então que o Metallica, em 1999, lançou o álbum duplo de covers (Garage Inc). O Bruce comprou na hora, e automaticamente me deu o recado: "Tem um cover do Mercyful Fate que tem um riff que é exatamente o teu estilo de riff". Tratava-se do MERCYFUL FATE MEDLEY, e o riff em questão era o da música CURSE OF THE PHARAOHS. E o Bruce tinha toda a razão. O riff era justamente o tipo de riff que eu gosto. E a partir daí eu fui atrás dos cds (todos) do Mercyful Fate.
No Praia de Belas tinha uma pequena loja de cds, perto da Wall Street Posters, que vendia alguns cd´s da Paradoxx Music por R$ 3,90, e um desses era o disco essencial epigrafado. Comprei na hora - mal sabia que seria o melhor cd pelo menor preço da minha coleção.
Os vocais do King Diamond, eu reconheço, são muitas vezes difíceis de ouvir. Mas quando ele canta com a voz normal - e mesmo quando ele canta com vocal gutural - as coisas melhoram consideravelmente. Mas tirante essa parte - que eu considero, efetivamente, acessória -, o instrumental é magnífico. A fase que normalmente os fãs da banda curtem (a dos dois primeiros discos) não é a minha favorita - os discos mais recentes são muito melhores.
Até hoje me surpreende o fato de que a maioria das músicas - e todas as melhores músicas - são compostas pelo King Diamond. E os riffs são realmente magníficos. A minha favorita é THE UNINVITED GUEST, sem prejuízo de outras excelentes - THE GHOST OF A CHANGE, HOLY WATER, entre outras. A partir daí, nem os vocais nem as letras incomodam mais - o instrumental e os riffs (uns 50 em cada música! todos excelentes) compensam.
Os cds seguintes do Mercyful Fate são igualmente essenciais - DEAD AGAIN e 9. Em todos há a participação de um dos meus bateristas favoritos - Bjarne T. Holme (que também é ilustrador das capas). Trata-se de um daqueles bateristas que faz a gente voltar um pouco a música para ouvir melhor um determinado "rolo", ou aumentar o volume para acompanhar as levadas, sempre criativas e fluidas. É um baterista de heavy metal numa banda de heavy metal - ninguém há de esperar nada próximo ao Mike Portnoy ou Neal Peart. Mas isso não o impede de contribuir positiva e ativamente, engrandecendo, em regra, as músicas. Enfim, é um baterista inquieto e inquietante.
Outro destaque é o baixista Sharlee D´Angelo, também típico de heavy metal, mas muito competente. Em relação às guitarras, os comentários são dispensáveis: qualquer um que conseguir empunhar a guitarra e tocar as músicas inteiras do Mercyful Fate será um grande guitarrista.
A essencialidade do Mercyful Fate, e de INTO THE UNKNOWN em particular, reside, então, nas contribuições dos instrumentistas, e na qualidade das composições e dos riffs. Um heavy metal muito diferente dos clássicos Iron Maiden (é mais pesado e mais complexo) e Motorhead (é mais complexo). As músicas geralmente contam com várias partes independentes entre si, interligadas apenas pelo título da música. Ou seja: se a música começa de um jeito, necessariamente ela terminará de outro completamente diferente. E a beleza de tudo isso é que as músicas, em regra, funcionam (estou tratando, como é intuitivo, do INTO THE UNKNOWN, DEAD AGAIN e 9).
Em 2000 ou 2001 foram lançados nacionalmente todos os cds da banda, remasterizados e com bônus. No caso deste disco, teve o acréscimo de uma excelente versão ao vivo de CURSE OF THE PHARAOHS e de BLACK FUNERAL. E a Saraiva disponibilizou todos com preços bastante acessíveis - na época.
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