Há um ano atrás, em Rio Grande, o Marcelo mandou uma msg para o celular: "cinco novas". Era a Osmar Band, seguindo em frente e mandando ver no tradicional formato power trio. Todos nós vivemos muitas coisas novas nesse ano que passou, e agora já estamos de volta e com regularidade inédita. Esse 25. ensaio foi especial por diversas razões: (a) teve Totosinho em comemoração ao meu aniversário, em data próxima; (b) pela mesma razão, o Marcão teve a grandeza de não deixar a data esquecida (valeu, Marcão); (c) o Alemão conseguiu afastar o óbice que lhe impedia de trocar as cordas de sua magnífica PRS (afinei o instrumento, e nesses poucos instantes confirmei a impressão de que se trata da guitarra com braço mais confortável de tocar, melhor pegada e tocabilidade incrível). Já podendo contar com a PRS, o Alemão havia anunciado que compusera um punhado de riffs para novos mega hits. Lá para o final do ensaio, então, o cara resolveu mandar um deles, e aí lembrei de duas coisas que li recentemente: (a) no "Rough Guide" do Led Zeppelin, consta que John Paul Jones dizia ser muito fácil saber se um riff tinha sido composto por ele ou por Jimmy Page: se o riff era bem elaborado, com várias notas, idas e voltas, pausas sofisticadas e batidas inusitadas, era certo que se tratava de um riff do baixista - e não do guitarrista como seria de supor (e.g., "Black Dog"); (b) Brian May admitiu que só Freddie Mercury seria capaz de compor um riff de guitarra como o da parte pesada de "Bohemian Rhapsody", pois utiliza notas e padrões não usuais para um guitarrista (se não me engano é em C# e G#, numa região do braço pouco frequentada por guitarristas de rock). Pois o Alemão veio com um riff bem intrincado em G, utilizando de forma incomum notas cromáticas uma oitava acima, exigindo posição igualmente incomum dos dedos para executá-lo; não bastassem as notas, havia ainda a questão da batida, com nuanças difíceis de acompanhar (o Marcão foi o primeiro a conseguir acompanhar, e quando vi que só eu tava apanhando, redobrei o esforço até virar "master" do riff). É a confirmação da tese de que um músico que domina um instrumento qualquer (teclado, baixo, etc.) e se dedica a tocar guitarra com alguma proficiência, possivelmente é mais apto para criar algo realmente criativo e diferente em termos de guitarra e em comparação com os guitarristas. Quero dizer que o Alemão criou um riff de guitarra muito bom, do qual jamais seria capaz de cogitar, e é isso que faz a banda capaz de criar os seus mega hits. O interessante, além disso, é que o riff esse cria uma tensão que depois é resolvida com acordes bem tradicionais e sem muitas firulas: D, G/B, C. O Marcelo criou uma letra na hora, inclusive com uma melodia na hora das mudanças de acordes. Antes disso, porém, repassamos com êxito aquela do sotaque do centro do país. De forma bizarra, passamos um tempão tentando passar o clássico do primeiro ensaio; é claro que jamais conseguimos passar dos versos para o pré-chorus e para o chorus e de volta para os versos com tranquilidade, mas aos trancos sempre fomos adiante. Pois dessa vez, nada parecia funcionar, nem o vocal do Marcelo estava confiante como o de costume. De tantos start-stop, achei que alguém ia perder a paciência, mas acabamos finalizando uma versão qualquer (ouvimos as versões anteriores, e mesmo algumas bem antigas, e conclui que tocamos o riff como sempre, embora admita que havia algo estranho na execução da faixa). Apesar de não tocar guitar desde o último ensaio, me senti bem confortável com a BFG e soltei vários solos, provavelmente inspirado nos licks de Keith Richards, Ron Wood e Mick Taylor que ando ouvindo ultimamente. Fizemos jams com Triton e BFG. Também para o fim, no momento "músicas novas do Alemão", ele executou (agora no Yamaha de cordas de aço) um padrão de acordes que me é bem familiar e, assim, facilitou-me as coisas enormemente: D-A-E. Depois dessa ele tocou outra com os mesmos acordes, mas aí acompanhei com umas melodias com a pentatônica de Em uma oitava acima dos acordes, e me pareceu que a pegada era parecida com a do Santana (acho que estava utilizando os dois captadores simultaneamente: burstbucker e P90).
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