Para quase todos os discos de estúdio do Dream Theater há um correspondente disco ao vivo da respectiva turnê. No caso de “Falling Into Infinity”, a banda lançou um duplo ao vivo e um DVD “Once in a Livetime” em 1998. Comprei o disco logo no lançamento, na Saraiva do Praia de Belas, por um preço tranquilo (acredito que já tinha alugado, poucos dias antes, na MadSound).
Assim como o anterior “Live at the Marquee”, acho que o timbre de guitarra distorcida de Petrucci está um pouco magro nessa gravação. No entanto, essa deficiência acaba sendo compensada com um set list abrangente e com diversas surpresas positivas. Apesar de não ser exibida na íntegra, é legal ouvir partes de “A Change of Seasons” e também o modo como os caras juntam trechos de diversas faixas para comporem um medley: o disco abre com as duas primeiras partes da sua faixa de 24min, emendam com “Puppies on Acid” (que nada mais é do que a introdução de “The Mirror” de “Awake”), culminando em “Just Let Me Breathe”. O trocadilho é inevitável: a sequência dá pouco espaço para respirar uma pausa. Ainda no CD 1 constam duas faixas longas de “Awake” (“Voices” e “Scarred”), além de “Take the Time” (com uma interminável jam “Freebird” do Lynyrd Skynyrd ao final, e o riff de “Moby Dick” do Led Zeppelin para concluir). O CD2, por sua vez emenda três do então disco novo (“Trial of Tears”, “Hollow Years” e “Take Away My Pain”), duas do “Awake” (“Caught in a Web” e “Lie” para dar uma acordada após duas baladas), mais uma do “FII” (“Peruvian Skies”), e finaliza com “Pull Me Under” e um medley com “Metropolis Pt. 1”, “Learning to Live” e a última parte de “A Chagne of Seasons” (“The Crimson Sunset”).
Essa ainda era a época em que havia espaço para tocar “Ytse Jam”, e ainda dedicar preciosos minutos para solos de guitarra, bateria e teclado. Se no primeiro e segundo casos, o resultado é previsível, o “Momento Lucky Strike” fica por conta do excepcional solo de piano de Derek Sherinian, que tenho como o melhor solo de um tecladista que já ouvi. Tem pouco menos de 2min e mostra delicadeza e agressividade, simultaneamente. No youtube há vídeos de pessoas tentando reproduzir o solo, mas infelizmente não há o registro do próprio Sherinian.
Esse duplo ao vivo representou, ainda, a tentativa do DT de agregar backing vocals: Petrucci e Portnoy se esforçam nesse sentido, mas o resultado ainda não é totalmente convincente (é um pouco irritante a voz anasalada e alta de Portnoy nos primeiros versos rápidos de “Take the Time”: “I´ve seen the promises, I´ve seen the MISTAAAAAAAAAKES”). De qualquer forma, era algo que eles precisavam incorporar para melhorar as performances ao vivo (e mesmo as gravações em estúdio) e com o tempo conseguiram resultados bem mais favoráveis.
Além disso, na época gostamos bastante dos trechos de covers inseridos subrecepticiamente em algumas músicas: “Have a Cigar” e “Enter Sandman” em “Peruvian Skies”, o tema de Luke Skywalker (ou da Força) no início de “Voices”, “Paradigm Shift” no solo de Petrucci foram os melhores momentos.
Em retrospecto, trata-se de um excelente e oportuno registro da formação com Derek Sherinian, bem como da competência dos caras na formação do repertório, com espaços para medleys e covers, o que serviu para abrir nossas cabeças quanto às possibilidades de uma apresentação ao vivo.
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