sábado, 20 de fevereiro de 2010
Discos essenciais - Glenn Hughes "Addiction" (1996)
Já tive oportunidade para escrever brevemente sobre "Addiction" quando me propus a fazer uma resenha sobre a discografia que eu tenho do Glenn Hughes. No entanto, acho que não fiz justiça a esse excelente álbum de 1996, o qual tenho dedicado cuidadosa audição ultimamente, somado ao fato de que se trata de um disco essencial que, por razões que me fogem à compreensão, está fora de catálogo ou não foi lançado de maneira apropriada em muitos mercados e, de certa forma, parece rejeitado pelo Glenn Hughes. Pesquisei na rede e não achei nenhuma informação valiosa sobre o CD. Não há vídeos no youtube, sequer de pessoas fazendo covers de guitarra. É intuitivo, porém, mediante simples audição do disco, que se cuidam de composições bem pessoais do ex-baixista do Glenn Hughes, e que as faixas são mais pesadas em comparação com o trabalho que o cara costuma(va) desenvolver. Sabe-se bem do período no qual o cara esteve no ostracismo por causa dos seus vícios, e que se recuperou no início dos anos 1990, sendo certo que isso ainda repercute nas letras desse álbum de 1996 (vale lembrar que são desse ano as sessões de Glenn com o Tony Iommi, numa colaboração que frutificou tardiamente, pois foi lançado o disco com o resultado da parceria muitos anos depois da gravação, apenas para deixar de capitalizar diante da intensa circulação de bootlegs). Li em alguma entrevista que "From Now On..." fez grande sucesso no Japão, e uma gravadora de lá bancou um disco ao vivo (o espetacular "Burning Japan Live") e solicitou outro disco de inéditas (o "Feel"). Este último foi tido como um álbum demasiadamente fraco, pois Glenn teria aproveitado para registrar seu álbum mais soul, sabendo-se como se sabe que o cara curte um monte esse tipo de som. A gravadora japonesa, então, pediu um disco com mais peso, e aí veio "Addiction" (e parece que os caras disseram, "hummm, não tão pesado..."). Em todo o caso, trata-se de um disco caprichosamente produzido, composto e executado por músicos competentes. Glenn voltou a assumir o baixo, além dos vocais, e contou com a colaboração de Marc Bonilla nas guitarras e composição. O som é muito claro de todos os instrumentos, e os timbres de guitarra e bateria são exemplares. Parece-me que o timbre das guitarras é típico de Fender Stratocaster (ou outra com captadores simples) com distorção e afinação dropped-D, e acho que é um exemplo glorioso do que se pode fazer com guitarras desse tipo em ambiente mais distorcido; então single-coil + drive/ganho + dropped-D é pesado, mas não tanto (acho que não dá para se dizer que é um disco de heavy metal). As músicas são bem diversificadas entre si, há muita melodia nos instrumentos e na voz, e todo o material é consistente e de muito boa qualidade. Não há nada que esteja no repertório apenas para preencher espaço. Então me causa espécie o fato de que não há registros de apresentações ao vivo de Glenn Hughes tocando as músicas de "Addiction". E de que não há maiores informações a respeito das gravações e das composições, além das óbvias constatações que nós todos podemos fazer por conta própria. Reproduzo a breve resenha que escrevi em abril de 2007 nesse blog:
Ainda em 1996, em outra tarde desocupada, encontrei na Banana do Praia de Belas na sessão de CDs importados o disco que Glenn estava lançando na época: ADDICTION. Lembro que na hora eu cheguei a hesitar um instante, mas logo fui adiante e adquiri esse baita disco, no qual Hughes registrou uma performance altamente emotiva - e, também por isso, fora de série. No seu site, o cara conseguiu, em poucas palavras, descrever o impressionante registro da sua voz: "I sang with raw emotion, spitting out lyric after lyric of torment and destruction" - não poderia ter sido mais feliz. O disco é muito influenciador - pode muito bem ser considerado um disco essencial - pelo uso talentoso da afinação drop-D, de responsabilidade do guitarrista Marc Bonilla, co-autor de quase todas as faixas. Outra característica que se verifica de logo é a limitação dos solos - durante muito tempo eu me senti desconfortável com esses solos que começam devagar, ou se limitam a uns barulhos e tal, e quando finalmente parece que vão começar os bends, as pentatônicas e tudo mais, termina o solo e a música volta para uma parte cantada. Para mim, às vezes, continua sendo perturbador (não faço idéia de como recriar e reproduzir alguns dos solos desse disco). O disco começa com o 1,2,3,4 no hi-hat em DEATH OF ME, e Glenn Hughes não demora para demonstrar que não está disposto a fazer (muitas) concessões. Quando comprei o disco esperava que o cara berrasse e se esgoelasse daquele jeito que ele fazia nos shows do Purple, de modo que fiquei um tanto desapontado com uma certa contenção do vocalista nesse álbum, mas, de qualquer maneira, alguns gritos legais estão lá, tipo "Pull the rope and SEEEEEEEET me free", e toda última estrofe ("Slam the spike into my vein (...)"). As coisas dão uma acalmada em DOWN, que é uma música muito boa com um refrão bem legal (tanto o riff como o vocal), e o grito legal em "My eyes are burnin´ reeeeeeeeed". A faixa-título é a minha favorita da carreira solo de Hughes. É uma composição coxuda, com um baita riffão que se vale da 6.ª corda em D e que acompanha toda a música. A performance do vocalista é irrepreensível e quem já curtiu essa música certamente sente arrepios toda vez que a ouve. As outras músicas, todas, são muito legais e todas têm algum Momento Lucky Strike - geralmente algum verso cantado/interpretado de uma maneira particularmente brilhante por Hughes. O disco inicia a parceria com o instrumentista e compositor Joakim Marsh.
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