Soundgarden "Superunknown" (1994) |
Essa época foi o auge do que se convencionou chamar de “grunge”, que era o som das bandas de Seattle e de outras que lhe seguiram, com as características que todos conhecem (som distorcido, músicas simples, apelo anticomercial, temáticas depressivas, visual despojado, etc), como uma reação ao hard rock farofa que predominou na década anterior (músicas melódicas, virtuosismo, apelo comercial e radiofônico, temáticas de festas e mulheres, visual escandaloso, etc). E nunca tive interesse por essas bandas de Seattle – as músicas não pareciam boas e toda aquela falação não me apelava.
Todos esses anos passados, reuni as condições de firmar opiniões sobre o som de algumas das bandas da época. Em 2009 acompanhei com interesse o retorno do Alice in Chains. Afinal, essa era uma banda de heavy metal de Seattle, com riffs bem construídos e derivados de Tony Iommi como devem ser os bons riffs de heavy metal (“Man in the Box”, “Angry Chair”, “We Die Young”, dentre outros), e capitaneada por um bom guitarrista de heavy metal (Jerry Cantrell). A única característica em comum com as bandas de grunge foi a cidade de origem, Seattle.
Outra banda que não tinha muito a ver com Nirvana, Pearl Jam e similares era o Soundgarden. Na época não conseguia identificar o que tinha de bom em músicas como “Black Hole Sun”, que dominavam os “Disk MTV” e “Top 20 Brasil”. Por alguma razão, em abril/2009, aproveitei os baixos preços dos CDS na Musimundo e trouxe para casa o disco mais bem sucedido do Soundgarden, o “Superunknown”.
Bem vistas as coisas, a banda de Chris Cornell e Kim Thayl (e Matt Cameron e bem Shepperd) é outra das que buscaram inspiração em bandas como Black Sabbath (dentre outras). Os caras utilizam afinações alternativas, mais pesadas, guitarras com captadores duplos e timbres com bastante distorção, e as estruturas das músicas contêm riffs bons de heavy metal e andamentos quebrados. Além disso, há melodias nos vocais de Cornell. O som resultante é (possivelmente) único e é imperioso considerar o Soundgarden (pelo menos dessa época) como uma grande banda de som pesado.
“Superunknown” vendeu como água na época, e emplacou vários hits. De fato, é um disco muito bom, com várias composições fortes, e de maneira geral as músicas estão dispostas numa ordem favorável, sem repetições de temas. As melhores são “Let Me Drown” (abertura com um bom riff simples e uma levada esperta de bateria), “My Wave”, “Fell on Black Days” (timbre quase limpo, andamento quebrado, refrão muito melódico, um dos hits), “Superunknown” (excelente riff, com variação nos versos), “Black Hole Sun” (faixa mais conhecida, com dedilhados e acordes majestosos no refrão marcante), “Spoonman” (andamento quebrado, riff pesado, boas melodias nas vozes, inclusive os versos entre Cornell e Shepperd), “The Day I Tried to Live” (outro hit, sonoridade esquisita por cortesia da afinação alternativa, vocais matadores). Esse grande número de boas músicas é balanceado com algumas fracas como “Kickstand” (parece umas daquelas rapidinhas do Guns tipo “Get in the Ring”). Talvez o disco tenha ficado longo demais (70min) – na época estávamos na iminência da predominância do formato CD sobre o vinil.
Hoje em dia não é mais comum ouvir um disco com composições inéditas tão boas e homogêneas em termos de som pesado. Por isso acabo ouvindo sempre as mesmas, apesar de tentar ouvir bandas novas. Esse “Superunknown” é de 1994, mas consigo apreciá-lo como se fosse o lançamento de agora. A banda retomou atividades recentemente, e espera-se um novo disco de material inédito (o último disco data de 1996), e que tenha o mesmo êxito do Alice in Chains.
Nenhum comentário:
Postar um comentário