Rush “Permanent Waves” (1980) |
Detive maior atenção a esse álbum em meados de 2008, na mesma época em que ouvi o “Signals”; mas diferentemente deste, não encontrei o CD para venda nas lojas daqui. Em data recente a Cultura disponibilizou nas estantes vários dos Cds remasterizados do Rush, dentre os quais o “Permanent Waves”; apesar de importado, resolvi levar pra casa, pois não era do tipo com preço de importado proibitivo (acima de 50 reais).
Diz-se, então, que “Permanent Waves” foi o primeiro passo da banda em abandono dos discos conceituais, das faixas longas e das partes instrumentais complicadas que marcaram a fase anterior (talvez o maior exemplo seja o álbum “2112”); aqui o trio canadense se concentrou em faixas enxutas, sem prejuízo da orquestração sofisticada e das demonstrações virtuosísticas (em bom nome da música, sem gratuidade). Além disso, os caras se abriram para novos ritmos como o reggae (evidentemente que os caras não compuseram músicas estilo Bob Marley ou Jimmy Cliff; com talento a banda faz breves referências).
Não há quem não conheça “The Spirit of Radio”, ainda que não ligue o nome à pessoa (quem não lembra da abertura do Jornal do Almoço, por aqui, nos anos 1980). Trata-se de uma das melhores composições do Rush, e é a música que abre “Permanent Waves”. Particularmente foi muito legal lá por meados de 2008 ir para o trabalho ouvindo essa faixa cuja letra começa falando sobre a alegria do rádio (e das músicas que tocam no rádio) na vida das pessoas. Marcante é a introdução de Alex Lifeson, com um riff rápido e hipnótico, o qual segue um riff pesado dobrado pela guitarra e baixo de Geddy Lee, o qual, por sua vez, cede espaço para uma bela sequência de acordes: E, G#/B, A, B. Há espaço, ainda, para uma parada na música, na qual há uns acordes reggae e depois um solo de guitarra shred de Lifeson. É o tipo de música que não enjoa. Enfim, é perfeita.
Disco bom é aquele que abre com uma música espetacular e segue com outra paulada. No caso, os trabalhos seguem com “Freewill”, que tem uma letra do tipo sacada genial de Neal Peart (se você decidiu não decidir, ainda assim decidiu-se por alguma coisa: não decidir). É mais uma música perfeita, musical e tecnicamente.
O disco conta com duas faixas longas: “Jacob´s Ladder” e “Natural Science”. A primeira tem uma introdução marcial, e segue toda ela bem pesada e escura. A segunda, por seu turno, começa com acordes num violão de cordas de aço, simples mas muito melódicos. Seguem-se várias partes, inclusive com riffs pesados e vocais bem altos de Lee (no limite entre o expressivo e o irritante).
Acho notável o trabalho da banda nesse álbum: fazer músicas com as características que consagraram a banda, e torná-las assimiláveis e enxutas. Mesmo faixas de 7 a 9min tem audição tranquila, sobretudo num ambiente no qual as faixas anteriores eram composições espetaculares como “The Spirit of Radio” e “Freewill”. Nada destoa, portanto. As faixas restantes, “Entre Nous” e “Different Strings” são boas mas não se destacam, servindo para manter as coisas num bom patamar.
“Permanent Waves”, enfim, é o primeiro da trinca dos meus discos favoritos do Rush.
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