terça-feira, 10 de novembro de 2009

CDs do Kiss - Parte I "Animalize" (1984)

Já tive duas oportunidades para escrever sobre um dos meus discos favoritos do Kiss (e de hard rock em geral), o “Animalize” de 1984. Não por acaso, trata-se do primeiro álbum da banda que tomei contato, nas férias de inverno de 1993. A primeira resenha foi logo no começo deste blog (2003), quando me propus a escrever sobre os “discos obscuros” do Kiss. Anos depois, numa série sobre “discos essenciais” (2004), registrei as opiniões que me levavam a considerá-lo como tal. Convém, então, reproduzir esses comentários iniciais para inaugurar a série de resenhas sobre discos do Kiss (não perdi a oportunidade para atualizar algumas anotações, devidamente marcadas pela chave []):

26.07.2003 - ANIMALIZE – lançado em 1984, segue a linha hard rock dos discos anteriores (CREATURES OF THE NIGHT e LICK IT UP), mas sugere o som que viria nos discos posteriores. Mark St. John, um desconhecido professor de guitarra, entra no lugar de Vinnie Vincent, despedido em razão de sua personalidade extravagante. O racha da banda entre Gene Simmons e Paul Stanley é bem marcante – basicamente, um não participa das faixas compostas pelo outro. Nas músicas de Paul, quem gravou o baixo foi Jean Beauvoir; nas de Gene, quem gravou guitarras foi o próprio ou então Mark. Cada um produziu suas próprias faixas. Entendo que a produção desse disco é muito boa – [sobretudo diante do fato de que, em regra,] os discos de estúdio do KISS tendem a não refletir as performances das apresentações ao vivo. No caso de ANIMALIZE, as músicas aparecem muito bem, e resistem ao teste do tempo (com exceção dos solos de Mark, que, pelo timbre, soam extremamente datados). O bumbo da bateria também ficou prejudicado (mal se ouve o bumbo duplo em UNDER THE GUN).

As melhores músicas de ANIMALIZE são as de Paul. I´VE HAD ENOUGH abre o disco de forma vigorosa (como geralmente acontece nos discos da banda). Muito boa letra, riffs pesados e rápidos – gosto muito dessa música. Destaque para Eric Carr, numa levada bem criativa
[hi-hat, caixa e bumbo, além da expressiva utilização dos ton-tons nos rolos], acompanhando o riff e desenvolvendo nos versos. Aqui se encontra o melhor solo gravado por Mark. Há um interlúdio antes e depois do solo, muito bem sacado [pois cria uma tensão bem legal que se resolve num grito bem alto de Paul e na volta para o refrão].

HEAVENS ON FIRE é o hit que ajudou a alavancar as vendas do álbum (teve até um vídeo promocional, bem veiculado pela MTV
[e é notável por servir como única "apresentação" oficial de Mark St. John com a banda]). Extremamente simples, sedimenta a parceria entre Paul e Desmond Child (o mesmo que compôs músicas para Aerosmith, Bon Jovi e Ricky Martin [- e para o próprio Kiss, como "I Was Made For Lovin´ You"]).

BURN BITCH BURN começa com um riff bem pesado e traz Gene numa letra jocosa, sobre mulheres e sexo, bem ao seu gosto. Eric acompanha muito bem na bateria.

GET ALL YOU CAN TAKE é a música mais fraca de Paul nesse disco
[agora já me acostumei e até curto a faixa]. No riff principal (que serve de refrão) há uma ‘virada’ característica (veja THE OATH e KEEP ME COMIN). Os vocais de Paul estão extremamente agudos (high-pitch).

LONELY IS THE HUNTER começa com um riff interessante, mas exaustivamente repetido durante a faixa. Curiosidade: inexplicavelmente o solo é de Bruce Kulick (mas isso não faz a menor diferença, pois é bem similar aos registrados por Mark).

UNDER THE GUN é a correria de Paul no disco. Eu gosto dessas músicas rápidas de Paul – dão uma equilibrada no disco. Fantástico o final da música, com Mark correndo atrás da bateria.
[Da mesma forma que em "I´ve Had Enough", há um interlúdio muito bem composto antes dos solos. Até hoje não sei tocar essa parte e nem imagino como tocaria, apesar de já ter prestado bastante atenção nos movimentos da mão esquerda de Paul naquele vídeo da "Animalize Tour".]

THRILLS IN THE NIGHT é outra que eu gosto bastante. O som remete totalmente aos anos 80, mas a música é muito bem feita. Eric é o maior destaque, acompanhando os versos no tom
[o cara preticamente não utiliza a caixa aqui], de maneira bastante original. O solo de Mark é bom também, pertinente à música (dentro do possível). Aqui, Paul também é muito feliz nos interlúdios (antes e depois do solo).

WHILE THE CITY SLEEPS e MURDER IN HIGH HEELS são de Gene e fecham o disco. Nada memoráveis: ambas apresentam boas idéias, mas pecam pela falta de objetividade – ficam girando em torno do riff, não apresetando nada inovador, ou que valha alguma audição mais atenta.

Concluindo: honestamente, admito que ANIMALIZE é um disco apenas razoável
["Animalize" é do car@lho, "honestamente admito" que é um baita disco, isso sim]. Mas que eu gosto bastante, particularmente (há pelo menos 3 grandes músicas, todas de Paul: I´VE HAD ENOUGH, UNDER THE GUN e THRILLS IN THE NIGHT, sem contar o hit HEAVENS ON FIRE). Vendeu bem na época, e marcou o último disco [até o "Revenge" de 1992] em que os integrantes apareceram nas fotos do encarte vestindo preto: a partir desse disco, a banda se tornaria irremediavelmente mais uma da onda hair metal que assolou o mundo musical nos anos 80. Esse disco representou também o início da fase improdutiva de Gene, que já se mostrava mais comprometido com sua (insípida) carreira cinematográfica. Dali em diante, Paul é quem iria comandar o destino musical da banda, tentando manter sua condição entre as bandas top, com resultados bastante irregulares.”

“02.11.2004 - Animalize é outro que já foi objeto de comentários neste blog, de modo que eu me reporto a todas as considerações oportunamente expendidas. Aqui cabem observações meramente complementares.

1993 foi o ano em que (aqui em casa) compramos um aparelho de cd. Na época (junho), locação de cds só na TV3 e na Vídeo World (uma praticamente ao lado da outra). A banda que eu estava viciado na época era AC/DC, de modo que fiquei encantado quando encontrei, na Vídeo World, em julho daquele ano, o cd DIRTY DEEDS DONE DIRT CHEAP (importado). Também encontrei, importado, o disco essencial epigrafado. Já havia lido algo sobre o Kiss, num catálogo de cds da Revista Bizz, além de ter as minhas próprias lembranças de infância (quando a banda esteve no Brasil em 1983).

E desde a primeira vez que ouvi, gostei de ANIMALIZE (não tanto quanto agora), gravando-o inteiro no lado B de uma fita de 90 minutos (o lado A foi ocupado por DIRTY DEEDS). As músicas que eu julguei as melhores na época, as tenho como melhores até hoje: I´VE HAD ENOUGH (melhor riff da banda), UNDER THE GUN e THRILLS IN THE NIGHT. Só que, durante algum tempo, eu confundia os vocalistas: achava que Paul era Gene e Gene era Paul. "Nossa, esse Gene canta muito!". E pior: achava que Paul era o guitarrista solo e Mark St. John, o guitarrista base.

Explica-se: na época, já sabia que Paul era da formação original - e assim, "raciocinei" que seria muito mais "lógico" que o guitarrista base fosse o substituído, pois, afinal, os solos eram muito "difícieis", e eu imaginava ser "impossível" a substituição de um cara que tocasse "tão bem" (tipo, que alguém tivesse de substituir um membro da formação original e tirar todos os solos antigos e tal)
[essa confusão só se desfez quando tive contato com o "Alive III", em julho de 1993, conforme resenha a seguir]. Enfim, mal sabia que 11 anos depois, ainda estaria ouvindo este e os outros discos essenciais da banda.

Não é segredo que esse disco, além de essencial, é um de meus favoritos de todos os tempos, pelos seguintes fatores: (a) um grande disco do Kiss, registrado em época desfavorável para a banda - 1984; (b) boas músicas, especialmente as de Paul, com as guitarras no melhor estilo hard rock dos anos 80; (c) a música I´VE HAD ENOUGH; (d) a participação brilhante de Eric Carr na bateria (as levadas de I´VE HAD ENOUGH e THRILLS IN THE NIGHT são matadoras); (e) único disco com Mark St. John, cuja meteórica passagem pela banda é motivo de muito interesse (pessoalmente falando) - e o cara, realmente, tocava muito bem
.”

Bem, para completar, registro que o Giuliano adquiriu o CD importado na Boca do Disco em 1995, e acho que no ano seguinte fizemos uma troca (por um bootleg do Metallica) e agora o CD está comigo. Ainda avalio a conveniência e oportunidade de adquirir a versão remasterizada (só importado: até quando??), pois o "Creatures of the Night" remasterizado tem um som espetacularmente melhor que o da versão anterior. Deve valer a pena, sobretudo porque é um disco que não canso de ouvir - e isso já faz 15 anos.

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