segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Resenha de CD - Slipknot "All Hope is Gone" (2008)
A partir de "Subliminal Verses Vol. 3" (sobre o qual escrevi resenha aqui) que consegui ouvir mais pacificamente o som do Slipknot. Afinal, nesse disco que os caras começaram a baixar a bola com o som ultraagressivo e abrir espaço para riffs thrash metal e alguns solos, além de momentos com violões e vocais melódicos (e não gritados o tempo todo). Acompanhei com atenção os comentários prévios ao lançamento de "All Hope is Gone" em 2008 e baixei os mp3 para ouvir o resultado final. Não é a mesma coisa ouvir mp3 e ouvir o CD (presto mais atenção no segundo caso), mas o preço cobrado pelo novo disco do Slipknot (quase 40 reais) considero proibitivo, então foi só em Buenos Aires que consegui trazer para casa o CD (lá o preço é aproximadamente de 25 reais, muito mais aceitável).
Agora com as melhores condições pude conferir que os caras compuseram músicas ainda mais perto do meu estilo de heavy metal. Há bastante espaço para os riffs thrash metal, que não são arruinados pela bateria estupidamente agressiva como em algumas músicas dos discos anteriores, o vocal é predominamtenemte melódico, e os guitarristas detonam nos solos.
Depois da faixa de abertura instrumental, a inquietante e desconfortável nos ouvidos ".execute", "Gematria (The Killing Name)" é um belo exemplo dessa nova direção, pois os caras detonam com uns 15 riffs muito legais antes de ingressarem os vocais. Há espaço para solos curtos porém fritados de guitarra. Um riff old school muito bem posicionado encerra essa espetacular música de heavy metal. A seguinte mantém as coisas em ótimo patamar, com acordes e notas dissonantes características da banda; "Sulfur" também tem riffs legais nos versos (Joey Jordison alterna as levadas na bateria), e os vocais típicos de Corey Taylor são muito bons (o cara costuma se dar bem nos refrões).
A melhor música e o melhor riff do álbum provavelmente são de "Psychosocial". Estrutura familiar de verso, ponte e refrão, fica fácil acompanhar. Os solos de guitarra parece que efetivamente vieram para ficar; e não há razão para excluí-los, pois não ocupam muito espaço nas composições e geralmente são bons, sobretudo porque os guitarristas dominam a palhetada alternada estilo John Petrucci-fritador (diferença é que no caso do guitarrista do Dream Theater, os solos nesse estilo tem tomado de 2 a 3min das músicas dos discos mais recentes, como já visto nas resenhas publicadas neste espaço).
O melhor refrão do disco está em "Dead Memories": Taylor é competente nas melodias vocais, e é bom que o cara está deixando cada vez mais dos gritos guturais dos discos anteriores. Não há nada como um disco de heavy metal com músicas bem diversificadas, e "Dead Memories" é do tipo que não é pancadaria do início ao fim: é possível compor músicas melódicas com guitarras afinadas vários tons abaixo.
"Vendetta" começa agressiva ao melhor estilo metal extremo, para depois dar lugar a um riff cadenciado tipo Slayer, com vantagem para o Slipknot por contar com um vocalista que sabe cantar. É mais uma música muito boa desse belo disco, com perfeito balanço entre agressividade e um certo groove. "Butcher´s Hook" é dominado por dissonâncias e talvez um andamento quebrado.
Seguindo a fórmula de alternar faixas rápidas com outras mais tranquilas, segue "Gehenna", que é bem lenta e com tendência fantasmagórica. Há espaço para o baixo aparecer nos versos. Até que vem o refrão perfeito, como é regra nesses discos mais recentes do Slipknot. Possivelmente o melhor solo do disco seja o dessa faixa: não tem fritação, e aparentemente não há muita distorção. O solo é bem construído e climático, casando com o estilo da música. Os riffs matadores e a bateria ultra rápida no bumbo duplo voltam em "This Cold Black". Mais melodia no refrão de "Wherein Lies Continue".
No disco anterior os caras mostraram que também sabiam compor unplugged, e no caso vieram com uma delicada balada, "Snuff", conduzida por acordes em violões e melodia nos vocais, como as bandas modernas de metal costumam fazer, com bastante ênfase nas partes mais dramáticas. Riff complicado e rápido, do tipo que tentei fazer uma época, com hamer-ons e slides bem dinâmicos na 6.ª corda, aparecem na faixa título. Nos versos, mais uma demonstração de metal extremo nas guitarras e na bateria.
As bandas novas de heavy metal estão mudando seu estilo, incorporando solos de guitarra e mais melodia nos vocais, facilitando minha tarefa de ouvi-las. Admito que Slipknot pode estar alienando seus fãs mais ardorosos do período inicial, mas acho que essa evolução é produtiva e inspiradora.
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