Megadeth em Porto Alegre (Pepsi On Stage - 26.04.2010) |
O dia foi de muita chuva, mas próximo da hora do show o tempo estava seco. Combinei brevemente com o Valmor/Bruce de se encontrar na frente, e logo fomos para a fila, junto com a Cris. Fila é modo de dizer, pois a (des)organização foi a tônica da nossa espera de 2h30min. Ficamos desde as 20h do lado de fora, sendo certo que a Distraught, banda de abertura, iniciou o set pouco antes das 22h, que era o horário reservado para a atração principal. Não houve explicações para o fato de nos terem deixado do lado de fora enquanto a Distraught tocava... fato é que encontramos o Diego "se achar a área VIP, me avisa" Kasper, e lamentamos não termos comprado bilhetes para o mezanino (essa foi a fila mais tranquila, e lá dentro vimos que os caras eram os melhores acomodados). Quando finalmente ingressamos, a Distraught estava se despedindo. Tentamos um lugar no meio do palco, mais para trás, junto à divisão da área vip para a pista. Ocorre que a grade e os seguranças do local não estavam conseguindo conter a galera da pista, que empurrava a grade e os seguranças. Resolvi esperar começar o show (que demorou) para ver se era o caso de ir para a frente ou para os lados. Mas a situação não era tranquila.
"Com a bola rolando", a galera pulou muito em "Dialetic Chaos" e depois em "This Day We Fight". Essa abertura com as duas primeiras do "Endgame" foi surpreendente, pois via de regra os caras abriam com "Skin O´ My Teeth", "In My Darkest Hour" e "She-Wolf". Pois o show de Porto Alegre teve a peculiaridade de fazer seguir a dupla do "Endgame" com a clássica "In My Darkest Hour". Aqui a situação foi crítica e não consegui registrá-la na íntegra. Chato é não poder se concentrar no que acontece no palco, pois com a multidão daquele jeito, e o problema da grade e dos seguranças, era importante ficar atento, o que tira a atenção da música e da performance dos caras.
Dialetic Chaos - This Day We Fight
In My Darkest Hour
Seja como for, a banda está no auge da forma. Dave Mustaine estava com a voz muito boa, o retorno de David Ellefson dá mais legitimidade a essa formação do Megadeth (ficando parecendo menos uma banda de apoio de Mustaine), e Chris Brodderick comprova que é o mais novo shredder das 6 cordas. O mais fraco é o batera Shawn Drover, que embora tenha tocado corretamente todas as batidas e levadas, o cara é mecânico e tanto em estúdio como ao vivo soa monótono. O pior, no entanto, foi o timbre das guitarras: a de Brodderick tinha um som abelhudo, embora o cara tenha feito miséria tocando nota-por-nota todos os solos de Marty Friedman; a de Mustaine tinha um som tão ruim que comprometeu todos os riffs com harmônicos artificiais, geralmente em partes cruciais das músicas (v.g., "Holy Wars", "Tornado of Souls"). Acredito que isso é decorrência da utilização dos captadores ativos da EMG, que fazem parte do setup de todos os guitarristas de heavy metal (acho que deveria ser apropriada apenas para guitarristas que baixam exageradamente a afinação, como os do Slipknot - para bandas com afinação normal ou meio tom abaixo, como Megadeth, Metallica e Slayer, o melhor são os velhos e bons captadores do tipo Seymour Duncan ou DiMarzio).
O show seguiu com uma das minhas favoritas, "Skin O´ My Teeth".
Skin O´ My Teeth
Mustaine troca de guitarra e pede para a galera se acalmar, pois ninguém quer ver pessoas sendo machucadas e tal. Então o cara pergunta se sabemos do que o show se trata, e manda ver a sua mais perfeita composição, "Holy Wars... The Punishment Due".
Holy Wars... The Punishment Due
Sem tempo para respirar, exatamente como no disco original, segue "Hangar 18". No decorrer desta, o Valmor e a Cris passaram por mim (eu já havia me afastado um pouco das grades) dizendo que não havia condições de permanecer por ali, pois os seguranças colocaram mais grades e machucaram a perna da Cris. Mais uma vez lamento esses incidentes extrapalco que tiram a graça de acompanhar as músicas e as performances dos caras no palco. Independentemente disso, tentei prestar atenção no trabalho das guitarras, e pude notar o quanto Brodderick se dedicou a tocar todos os solos de Marty Friedman com fidelidade ao original. Naturalmente que a pegada não é a mesma (é só ver como Friedman tem uma palhetada de mão direita inimitável, posicionando-a abaixo das cordas - para não abafá-las -, junto com os botões de volume e tom das gutiarras), mas é legal ver o "Rust in Peace" o tanto igual ao original quanto possível com metade da formação que gravou aquele disco.
Hangar 18
"Sessão cavalice" seguiu com "Take No Prisoners", que é uma faixa curta - e uma paulada, com várias pausas e corridas.
Take No Prisoners
Dei-me conta do quanto "Rust in Peace" é um excelente álbum quando iniciou "Five Magics". A longa introdução dá uma equilibrada no ânimo, após três faixas impiedosas. Recentemente tive renovado o interesse por essa faixa prog-metal do Megadeth ao observar que a letra efetivamente fala das cinco magias (ou poderes) e se baseia em algum personagem de história em quadrinhos (ou algo do tipo).
Five Magics
Uma música com um dos riffs mais rápidos de Mustaine: essa é "Poison Was the Cure", que termina com um solo de guitarra, tão rápido quanto começou.
Poison Was the Cure
A essas alturas já estava levando desvantagem para uma guria que filmava o show com uma Sony com tela enorme e sem muito zoom - a imagem era imensa, qualidade parecia muito boa, e cobria o palco inteiro, sem necessidade de maior zoom, e mesmo assim os músicos pareciam mais perto da lente do que com as minhas máquinas, com zoom 2x ou 3x, e tal. "Lucretia" é outras das belas faixas de prog metal do Megadeth.
Lucretia
O refrão de "Tornado of Souls" foi uma das melhores partes da noite.
Tornado of Souls
Assim como no começo de "Five Magics", David Ellefson tentou levantar a galera durante "Dawn Patrol". Filmei parcialmente esta e deixei emendar com a última do "Rust in Peace", a faixa-título.
Dawn Patrol - Rust in Peace... Polaris
A participação da plateia foi solicitada no início de "Headcrusher", o single de "Endgame". Para essa parte do show, Mustaine abandonou as guitarras formato Flying V e adotou uma branca com formato Explorer. Essa música rápida e rasteira funciona bem ao vivo.
Headcrusher
Até então nenhuma faixa do "Youthanasia" havia sido tocada. Ao contrário do que pensava, os caras mandaram "A Tout Le Monde", e foi legal porque vi Brodderick tocar o solo de guitarra igual ao de Marty Friedman, ao invés da versão mais fraca de Glenn Drover.
A Tout Le Monde
Se existia alguma dúvida do quanto a banda estava disposta a reproduzir ao vivo as versões de estúdio, no momento em que ouvimos "Symphony of Destruction" pudemos conferir que os caras não estavam dispostos a fazer versões alternativas ou aumentadas das músicas. Essa música foi a que teve melhor resposta da plateia, sendo certo que David Ellefson sorria abertamente com a galera cantando os versos e depois acompanhando o riff com o tradicional "Me-ga-deth, Me-ga-deth".
Symphony of Destruction
Após rápida pausa, Shawn Drover iniciou a melhor faixa do "Cryptic Writings" - e provavelmente uma das favoritas de Mustaine, já que desde sempre integra os set lists da banda - "Trust". Aqui Brodderick caprichou nos backing vocals, mostrando-se um guitarrista completo para o Megadeth.
Trust
Uma das mais fracas do novo disco foi anunciada por Ellefson: "The Right to Go Insane" me permitiu tirar mais umas fotos.
The Right to Go Insane
O encerramento se deu perante "Peace Sells", a música mais antiga do set list. Ao final os caras fizeram uma espécie de "The Punishment Due - reprise", a partir do riff com harmônicos artificiais que segue ao apocalíptico solo de Mustaine, só que nessa repetição o cara se empolgou e errou alguns licks. Mas o que importa é a energia e a atitude, e o cara mostrou isso de sobra.
Peace Sells
Mustaine e Cia nos mostraram que estão em excelente forma e aptos a garantir um show com performance sem reparos. O bônus foi assistir a um show especial, comemorativo dos 20 anos de Rust in Peace. Quem mandou mal foi a (des)organização do evento, que nos deixou do lado de fora além do devido (perdemos a banda de abertura), e cobraram ingresso para área vip sem que se possa falar que estávamos na área vip, sem contar o mais importante, que foi a preocupação constante com a grade de proteção e o reduzido número de seguranças. Nessas condições, acho difícil que vá acompanhar os próximos shows, Aerosmith e ZZ Top. Uma pena, mas semestre que vem voltamos (nem que seja para o Bon Jovi).
(os vídeos faltantes estão sendo descarregados, na medida do possível do youtube).