segunda-feira, 12 de abril de 2010

CDs do Kiss - Parte XXIII "Rock and Roll Over" (1976)

Nos anos 1970, diferentemente dos dias atuais, o comum era as bandas lançarem discos com músicas inéditas anualmente. Não raro lançavam dois discos por ano. E em 1976 ocorreu isso com o Kiss. A banda havia estourado no ano anterior com um espetacular disco duplo ao vivo (“Alive!”) e se desincumbira satisfatoriamente da tarefa de soltar um disco de alo nível com músicas inéditas para aproveitar esse sucesso (“Destroyer”) em 1976. Pouco mais de um semestre depois, após turnê que chegou à Europa, os caras voltaram ao estúdio para gravar “Rock and Roll Over”. Trata-se de um disco de rock´n´roll hard honesto, no sentido de que não há destaques imediatos (hits) como nos discos anteriores (tipo “Detroit Rock City”, “Beth”, “Rock and Roll All Nite”), e sim um punhado de boas e decentes músicas de hard rock setentista, na linha do “Dressed to Kill”.

Algumas dessas faixas já me eram conhecidas por ter ouvido “Double Platinum” e “Alive II”. Então, já sabia o que esperar de “I Want You”, “Calling Dr. Love”, “Hard Luck Woman” e “Makin´ Love”, assim como era familiarizado com “Love ´Em and Leave ´Em”, cujo vídeo fez parte do documentário “X-Treme Close Up”.

“I Want You” parece ser uma das favoritas de Paul Stanley, pois apareceu com frequência nos set lists das várias turnês desde então. Geralmente o cara aproveita para interagir com a plateia, gritando “I Want” e a galera reagindo com “Youuuuuuuu”. Durante a época do “Alive III” abriu espaço para um curto solo de bateria de Eric Singer.

“Calling Dr. Love” é uma das clássicas composições de Gene Simmons, com o título inspirado numa tirada do antigo seriado Three Stooges. O riff inicial é bem simples, com power chords e pausas, nas tradicionais posições E-G-D-A. O refrão já é um pouco mais sofisticado, com um riff utilizando as mesmas notas. O solo de Ace Frehley é um tanto incomum, pois no início há uma espécie de “dive bomb”, como se utilizasse uma alavanca de Floyd Rose ao estilo Eddie Van Halen.

“Hard Luck Woman” e “Makin´ Love” são das minhas favoritas da banda. Ambas são de Paul Stanley. A primeira foi composta tendo em mente o vocal de Rod Stewart, similar a “Maggie May”. Optou-se por gravá-la com os característicos vocais rasgados de Peter Criss, embora a música fique igualmente muito boa na voz de Paul (conferir os bootlegs da época das Kiss Conventions em 1995/1996). Desde a primeira vez que ouvi “Makin´ Love” – no “Alive II” – curti bastante e notei uma influência Led Zeppelin, sobretudo na virada que precede à repetição do riff principal. Tem andamento mais acelerado e contribui para a diversidade do álbum, embora tenha sido reservada só para o final do track list. “Love ´Em and Leave ´Em” é pulsante e se trata de uma boa composição de Gene Simmons, com belo trabalho complementar de guitarras de Paul e Ace.

Das demais, “Take Me” é outra das minhas favoritas. Mais uma das aceleradas de Paul, tem um refrão matador, no qual uma das guitarras dobra o baixo com um riff e outra faz uns acordes acompanhando os vocais. O solo de guitarra de Ace é brilhante. Stanley ainda compôs “Mr. Speed”, em coautoria com o recentemente falecido Sean Delaney, e me parece que é uma das faixas obscuras mais requisitadas pelos fãs para ser incorporada nos repertórios dos shows. É bem rocker e tem uma estrutura fechada de verso e refrão. “Ladies Room” é o rock de Gene, e me parece uma composição tão comum que sobra no “Alive II”. O baixista ainda foi o responsável por “See You in Your Dreams”, que é praticamente só refrão (o backing vocal de Paul Stanley é tão destacado que quase vira vocal principal)), e depois foi regravada para o disco solo de 1978. A contribuição de Peter Criss é outro rock, “Baby Driver”.

Nada mal para um disco que sucedeu a um clássico. A banda incrementaria ainda mais suas turnês, com visita ao Japão, e a agitação em torno dos caras só aumentou, de maneira que o ambiente era mais do que favorável quando, em 1977, chegou a época de lançar “Love Gun”.

Esse disco eu já podia ter comprado em 1994/1995, na Boca do Disco, mas como já conhecia mais da metade das faixas, optei por adquirir outros CDs da banda. Só fui comprá-lo em 1997, na extinta The Wall do Iguatemi, quando decidi ter em casa toda a discografia da banda.

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