No segundo semestre de 1974 o Kiss lançou seu segundo álbum, “Hotter Than Hell”. Tanto quanto o primeiro disco, há uma série de composições clássicas aqui, como “Got to Choose”, “Parasite”, “Hotter Than Hell”, “Let Me Go, Rock´n´Roll” e “Watchin´ You”, todas bem conhecidas por aparecerem no “Alive!” de 1975, e nos set lists de várias turnês desde então, com maior ou menor frequência. Apesar disso, a banda não curtiu o período de gravação em Los Angeles, e o álbum sofreu com vendas insignificantes.
Ace Frehley contribuiu com duas composições: “Parasite” e “Strange Ways”. A primeira, cantada por Gene (Paul o refrão), tem um marcante riff utilizando a técnica staccato. O solo de Ace registrado no “Alive!” é exemplar e definitivo. “Strange Ways”, cantada por Peter Criss, é uma das obscuras muito queridas pelos fãs e é boa opção para quem não quer fazer um cover óbvio (parece que o Megadeth já gravou uma versão).
Tanto Gene como Paul compuseram faixas clássicas e obscuras. “Got to Choose” e “Hotter Than Hell” são duas bem conhecidas de Paul, sendo certo que a segunda foi inspirada num grande hit do Free, “All Right Now”. Melhor é a versão do “Alive!”, que emenda com “Firehouse”. Ao final há um riff que serve de base para um solo vibrante de Ace. “Mainline” é uma obscura de Paul que a voz de Peter Criss, num rock bem simples.
Gene, por sua vez, puxou uma dos tempos de Wicked Lester, em coautoria com Stephen Coronel, “Goin´ Blind”, que ganhou uma versão muito superior no “MTV Unplugged” (tanto quanto “Comin´ Home”, numa inusual coautoria de Stanley e Frehley – em ambas as guitarras ficaram travadas, e com os violões ganharam muito mais dinâmica). “All the Way” é a sua obscura, e é das boas. Destaque é “Watchin´ You”, com várias partes (riff introdutório, pré-verso, verso, refrão, interlúdio, pré-verso, verso, refrão, interlúdio, solo de guitarra, refrão) que exigem bastante ensaio dos músicos, pois cada instrumento tem hora apropriada para ingressar.
Na época ainda havia espaço para coautorias de Gene e Paul, e uma das melhores é “Let Me Go, Rock´n´Roll”. Quem canta é Simmons, o riff é bem rock´n´roll – como sugerido pelo título – e Ace Frehley comanda com uma série de licks e solos bem sacados com as onipresentes pentatônicas.
Inegável que se trata de um competente disco de rock, embora o som precário comprometa a audição. Tenho em casa a edição anterior ao remaster, adquirida na extinta The Wall do Iguatemi em 1997, mas já vi disponível o remasterizado em fabricação nacional por aproximadamente 20pila.
Um comentário:
Excelente review. Concordo em muito! Um dos meus discos TOP 5 do KISS. A gravação é uma droga, mas, mesmo assim, temos grandes canções neste disco. Basta ver como elas soaram melhores nos outros registros.
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