Depois do grande “Laranja Mecânica”, e das indicações acaloradas dos amigos John e Bruce, aluguei e vi ontem de madrugada o “Nascido para matar”. Estou empenhado mesmo em assistir a esses filmes do Kubrick, agora que finalmente começo a entendê-lo e admirar sua obra.
Todos já sabem, mas não custa referir que o filme se passa na Guerra do Vietnã e retrata uma corporação de fuzileiros, desde o treinamento nos EUA até o enfrentamento bélico no Vietnã. Algumas características de Kubrick, que eu tenho observado em outros filmes, se repetem aqui, e pra mim, demonstra sobremaneira o conhecido perfeccionismo do diretor. O filme se passa quase todo em campo aberto, e das quase duas horas de duração, uma hora e meia se passa no Vietnã. E há uma total predominância de claridade – quase não há cenas noturnas. E isso é muito positivo – filmes muito escuros são irritantes. Há o personagem com expressão perversa – soldado Pyle, o gordão - , bem na esteira de outros personagens de Kubrick (Alex de “Laranja Mecânica”, Jack Nicholson de “O Iluminado”, Tom Cruise bem fraco em “De Olhos bem Fechados”, e até o computador Hal de 2001, se pudesse, mostraria uma expressão perversa, especialmente na cena que ele lê os lábios dos astronautas Dave Bowman e o outro aquele).
A ironia de Kubrick é muito refinada neste filme. Sutilmente ele aproveita algumas falas de personagens – principalmente o Joker – para lançar críticas ao militarismo americano e à própria guerra (absolutamente sem sentido). Os soldados aparecem sendo entrevistados e se mostram confusos, ora falando coisa sem sentido, ora declarando amor pelos EUA e ódio pelo Vietnã. Alguns falam que lutam pela liberdade do povo vietnamita; mas não sabem por que devem lutar por essa liberdade e nem os motivos que levaram os EUA a assumir essa luta. Reproduzem o discurso falacioso dos políticos americanos, sem se dar conta da sua impropriedade. Há um soldado que cita Lyndon Johnson de forma bastante simbólica. Sem contar a dualidade do personagem principal – Joker – que escreveu “Born to kill” no capacete, mas carrega no uniforme um símbolo da paz.
O diretor é bastante insistente na parte do treinamento, ao mostrar o comandante da tropa sempre numa postura de superioridade, tratando jocosamente os soldados (vale lembrar também as cenas que mostram a tropa correndo e cantando hinos de incentivo ditados pelo comandante – começam com frases de amor à pátria, mas ao final descambam para a pornografia).
O outro filme de guerra que vi foi “O Resgate do Soldado Ryan” do Spielberg – e a diferença de estilo entre os diretores é bem marcante. Spielberg apela muito mais para o emocional, buscando cativar o espectador, fazendo-o identificar-se com os personagens e torcer por eles. Kubrick não tem essa preocupação – seu estilo nesse sentido é muito mais seco. Os personagens são mostrados com ênfase nos seus desvirtuamentos e perversões, buscando desenvolver essa dualidade junguiana do homem, como referiu o Joker (ainda vou ler algo sobre isso). Parece-me que o “bom-mocismo” dos personagens é desprezado em favor de mostrá-los como humanos genuínos, claro, com alguma predileção pelo bizarro da personalidade.
O que fica é mais um grande filme de Kubrick, que sedimenta essas características que lhe são únicas. Abstenho-me de tecer qualquer considerações a respeito de técnicas cinematográficas e tudo mais, porque ainda aqui meu conhecimento é nulo. Mas acho que percebo o suficiente para concluir que hoje em dia não se encontram mais filmes com esse tratamento de obra-de-arte dispensada por Kubrick (estou falando de Holywood, pois o cinema europeu ainda não me apeteceu).
quarta-feira, 30 de julho de 2003
segunda-feira, 28 de julho de 2003
LARANJA MECÂNICA (A Clockworck Orange)
Finalmente me encorajei, aluguei e vi esse filme na madrugada do sábado. Trata dum adolescente líder de uma gangue, que se diverte com “ultraviolência” gratuita, agredindo mendigos bêbados, roubando e estuprando pessoas sem nenhum motivo aparente, senão o mero ânimo de delinqüir. Numa dessas “aventuras”, Alex, o personagem principal esse, acaba preso pelo assassinato de uma mulher. No presídio, adota um comportamento exemplar, e acaba conseguindo participar de uma experiência – a técnica Ludovico, que consiste em submeter o delinqüente a um “tratamento” no qual é obrigado a assistir filmes com imagens de violência física e sexual, sem que possa fechar os olhos. Ao cabo de 15 dias, o sujeito estaria “reabilitado”, pois toda vez que pensasse em cometer algum ato de violência (ultraviolência) sofreria uma perturbação psíquica séria.
Não entendo nada de cinema. Mas após assistir alguns filmes de Kubrick (2001, Iluminado, De olhos bem fechados), pude perceber algumas características constantes na sua obra. Os cenários são sempre muito iluminados, e algumas cenas são filmadas em perspectiva cuidadosamente calculada, toda especial, que favorece a captação de ângulos inusitados (na cena do mendigo, a gangue é filmada contra a luz, obtendo um efeito de sombra aterrorizante). Sem contar os closes nos personagens, geralmente buscando expressões doentias. Reparei também o uso da trilha sonora, como componente de sugestão e muitas vezes provocativo (em 2001, nas cenas com o monolito, sempre aparecia aquele coro extremamente perturbador, obra do compositor romeno – ou húngaro? – Ligeti). No caso desse filme, há uma cena de briga de gangues, onde a trilha é uma das simfonias de Beethoven. Kubrick também revela uma predileção por personagens altamente pervertidos – Iluminado é o exemplo mais marcante, mas em LARANJA MECÂNICA, Alex (Malcolm MacDowell) mostra-se também particularmente perverso.
Mas a mais marcante característica que pude notar é a ironia do diretor/roteirista. E LARANJA MECÂNICA é repleto de ironias. A vingança dos companheiros de gangue de Alex (que se rebelam contra a prepotência do líder); o tratamento que Alex recebe dos pais ao voltar para casa, ao final do tratamento; o efeito que Alex sofre ao ouvir a Nona sinfonia de Beethoven. A disputa política que serve de tema mediato do filme – e que proporciona o final do filme - também não deixa de ser uma grande ironia. A própria instituição prisional é tratada de forma caricata, com aquele oficial exageradamente formalista.
O alvo de tanta ironia é a politicagem – aquela postura de arrecadar votos através de medidas popularescas, que atingem os eleitores mais ingênuos (que compõem a grande maioria do eleitorado). No caso de LARANJA MECÂNICA, os politiqueiros identificaram na criminalidade um fator de preocupação social, e a sua eliminação seria fundamental para a captação de votos. E optaram por uma solução simplista – fazer a criminalidade voltar contra o criminoso; não através da retribuição propiciada pela privação da liberdade, mas fazer o impulso criminógeno atuar contra o agente.
O que importa, na verdade, é o raciocínio empregado por Kubrick para desenvolver a história e o modo como ele o reproduziu no filme. Interessante perceber que, basicamente, não há personagens inúteis – todos cumprem uma função definida na trama; e isso também faz parte da ironia do filme. Os “inferiores”, “subalternos” – humilhados pelo personagem principal em geral – acabam recebendo a chance de promover a sua vingança pessoal.
É um filme de aproximadamente 130 minutos, mas apresentado de forma brilhante por um diretor que aos poucos eu vou aprendendo a compreender.
Não entendo nada de cinema. Mas após assistir alguns filmes de Kubrick (2001, Iluminado, De olhos bem fechados), pude perceber algumas características constantes na sua obra. Os cenários são sempre muito iluminados, e algumas cenas são filmadas em perspectiva cuidadosamente calculada, toda especial, que favorece a captação de ângulos inusitados (na cena do mendigo, a gangue é filmada contra a luz, obtendo um efeito de sombra aterrorizante). Sem contar os closes nos personagens, geralmente buscando expressões doentias. Reparei também o uso da trilha sonora, como componente de sugestão e muitas vezes provocativo (em 2001, nas cenas com o monolito, sempre aparecia aquele coro extremamente perturbador, obra do compositor romeno – ou húngaro? – Ligeti). No caso desse filme, há uma cena de briga de gangues, onde a trilha é uma das simfonias de Beethoven. Kubrick também revela uma predileção por personagens altamente pervertidos – Iluminado é o exemplo mais marcante, mas em LARANJA MECÂNICA, Alex (Malcolm MacDowell) mostra-se também particularmente perverso.
Mas a mais marcante característica que pude notar é a ironia do diretor/roteirista. E LARANJA MECÂNICA é repleto de ironias. A vingança dos companheiros de gangue de Alex (que se rebelam contra a prepotência do líder); o tratamento que Alex recebe dos pais ao voltar para casa, ao final do tratamento; o efeito que Alex sofre ao ouvir a Nona sinfonia de Beethoven. A disputa política que serve de tema mediato do filme – e que proporciona o final do filme - também não deixa de ser uma grande ironia. A própria instituição prisional é tratada de forma caricata, com aquele oficial exageradamente formalista.
O alvo de tanta ironia é a politicagem – aquela postura de arrecadar votos através de medidas popularescas, que atingem os eleitores mais ingênuos (que compõem a grande maioria do eleitorado). No caso de LARANJA MECÂNICA, os politiqueiros identificaram na criminalidade um fator de preocupação social, e a sua eliminação seria fundamental para a captação de votos. E optaram por uma solução simplista – fazer a criminalidade voltar contra o criminoso; não através da retribuição propiciada pela privação da liberdade, mas fazer o impulso criminógeno atuar contra o agente.
O que importa, na verdade, é o raciocínio empregado por Kubrick para desenvolver a história e o modo como ele o reproduziu no filme. Interessante perceber que, basicamente, não há personagens inúteis – todos cumprem uma função definida na trama; e isso também faz parte da ironia do filme. Os “inferiores”, “subalternos” – humilhados pelo personagem principal em geral – acabam recebendo a chance de promover a sua vingança pessoal.
É um filme de aproximadamente 130 minutos, mas apresentado de forma brilhante por um diretor que aos poucos eu vou aprendendo a compreender.
sábado, 26 de julho de 2003
Os discos do KISS - parte IV (Animalize)
ANIMALIZE – lançado em 1984, segue a linha hard rock dos discos anteriores (CREATURES OF THE NIGHT e LICK IT UP), mas sugere o som que viria nos discos posteriores. Mark St. John, um desconhecido professor de guitarra, entra no lugar de Vinnie Vincent, despedido em razão de sua personalidade extravagante. O racha da banda entre Gene Simmons e Paul Stanley é bem marcante – basicamente, um não participa das faixas compostas pelo outro. Nas músicas de Paul, quem gravou o baixo foi Jean Beauvoir; nas de Gene, quem gravou guitarras foi o próprio ou então Mark. Cada um produziu suas próprias faixas. Entendo que a produção desse disco é muito boa – os discos de estúdio do KISS tendem a não refletir as performances das apresentações ao vivo. No caso de ANIMALIZE, as músicas aparecem muito bem, e resistem ao teste do tempo (com exceção dos solos de Mark, que, pelo timbre, soam extremamente datados). O bumbo da bateria também ficou prejudicado (mal se ouve o bumbo duplo em UNDER THE GUN).
As melhores músicas de ANIMALIZE são as de Paul. I´VE HAD ENOUGH abre o disco de forma vigorosa (como geralmente acontece nos discos da banda). Muito boa letra, riffs pesados e rápidos – gosto muito dessa música. Destaque para Eric Carr, numa levada bem criativa, acompanhando o riff e desenvolvendo nos versos. Aqui se encontra o melhor solo gravado por Mark. Há um interlúdio antes e depois do solo, muito bem sacado.
HEAVENS ON FIRE é o hit que ajudou a alavancar as vendas do álbum (teve até um vídeo promocional, bem veiculado pela MTV). Extremamente simples, sedimenta a parceria entre Paul e Desmond Child (o mesmo que compôs músicas para Aerosmith, Bon Jovi e Ricky Martin).
BURN BITCH BURN começa com um riff bem pesado e traz Gene numa letra jocosa, sobre mulheres e sexo, bem ao seu gosto. Eric acompanha muito bem na bateria.
GET ALL YOU CAN TAKE é a música mais fraca de Paul nesse disco. No riff principal (que serve de refrão) há uma ‘virada’ característica (veja THE OATH e KEEP ME COMIN). Os vocais de Paul estão extremamente agudos (high-pitch).
LONELY IS THE HUNTER começa com um riff interessante, mas exaustivamente repetido durante a faixa. Curiosidade: inexplicavelmente o solo é de Bruce Kulick (mas isso não faz a menor diferença, pois é bem similar aos registrados por Mark).
UNDER THE GUN é a correria de Paul no disco. Eu gosto dessas músicas rápidas de Paul – dão uma equilibrada no disco. Fantástico o final da música, com Mark correndo atrás da bateria.
THRILLS IN THE NIGHT é outra que eu gosto bastante. O som remete totalmente aos anos 80, mas a música é muito bem feita. Eric é o maior destaque, acompanhando os versos no tom, de maneira bastante original. O solo de Mark é bom também, pertinente à música (dentro do possível). Aqui, Paul também é muito feliz nos interlúdios (antes e depois do solo).
WHILE THE CITY SLEEPS e MURDER IN HIGH HEELS são de Gene e fecham o disco. Nada memoráveis: ambas apresentam boas idéias, mas pecam pela falta de objetividade – ficam girando em torno do riff, não apresetando nada inovador, ou que valha alguma audição mais atenta.
Concluindo: honestamente, admito que ANIMALIZE é um disco apenas razoável. Mas que eu gosto bastante, particularmente (há pelo menos 3 grandes músicas, todas de Paul: I´VE HAD ENOUGH, UNDER THE GUN e THRILLS IN THE NIGHT, sem contar o hit HEAVENS ON FIRE). Vendeu bem na época, e marcou o último disco em que os integrantes apareceram nas fotos do encarte vestindo preto: a partir desse disco, a banda se tornaria irremediavelmente mais uma da onda hair metal que assolou o mundo musical nos anos 80. Esse disco representou também o início da fase improdutiva de Gene, que já se mostrava mais comprometido com sua (insípida) carreira cinematográfica. Dali em diante, Paul é quem iria comandar o destino musical da banda, tentando manter sua condição entre as bandas top, com resultados bastante irregulares.
As melhores músicas de ANIMALIZE são as de Paul. I´VE HAD ENOUGH abre o disco de forma vigorosa (como geralmente acontece nos discos da banda). Muito boa letra, riffs pesados e rápidos – gosto muito dessa música. Destaque para Eric Carr, numa levada bem criativa, acompanhando o riff e desenvolvendo nos versos. Aqui se encontra o melhor solo gravado por Mark. Há um interlúdio antes e depois do solo, muito bem sacado.
HEAVENS ON FIRE é o hit que ajudou a alavancar as vendas do álbum (teve até um vídeo promocional, bem veiculado pela MTV). Extremamente simples, sedimenta a parceria entre Paul e Desmond Child (o mesmo que compôs músicas para Aerosmith, Bon Jovi e Ricky Martin).
BURN BITCH BURN começa com um riff bem pesado e traz Gene numa letra jocosa, sobre mulheres e sexo, bem ao seu gosto. Eric acompanha muito bem na bateria.
GET ALL YOU CAN TAKE é a música mais fraca de Paul nesse disco. No riff principal (que serve de refrão) há uma ‘virada’ característica (veja THE OATH e KEEP ME COMIN). Os vocais de Paul estão extremamente agudos (high-pitch).
LONELY IS THE HUNTER começa com um riff interessante, mas exaustivamente repetido durante a faixa. Curiosidade: inexplicavelmente o solo é de Bruce Kulick (mas isso não faz a menor diferença, pois é bem similar aos registrados por Mark).
UNDER THE GUN é a correria de Paul no disco. Eu gosto dessas músicas rápidas de Paul – dão uma equilibrada no disco. Fantástico o final da música, com Mark correndo atrás da bateria.
THRILLS IN THE NIGHT é outra que eu gosto bastante. O som remete totalmente aos anos 80, mas a música é muito bem feita. Eric é o maior destaque, acompanhando os versos no tom, de maneira bastante original. O solo de Mark é bom também, pertinente à música (dentro do possível). Aqui, Paul também é muito feliz nos interlúdios (antes e depois do solo).
WHILE THE CITY SLEEPS e MURDER IN HIGH HEELS são de Gene e fecham o disco. Nada memoráveis: ambas apresentam boas idéias, mas pecam pela falta de objetividade – ficam girando em torno do riff, não apresetando nada inovador, ou que valha alguma audição mais atenta.
Concluindo: honestamente, admito que ANIMALIZE é um disco apenas razoável. Mas que eu gosto bastante, particularmente (há pelo menos 3 grandes músicas, todas de Paul: I´VE HAD ENOUGH, UNDER THE GUN e THRILLS IN THE NIGHT, sem contar o hit HEAVENS ON FIRE). Vendeu bem na época, e marcou o último disco em que os integrantes apareceram nas fotos do encarte vestindo preto: a partir desse disco, a banda se tornaria irremediavelmente mais uma da onda hair metal que assolou o mundo musical nos anos 80. Esse disco representou também o início da fase improdutiva de Gene, que já se mostrava mais comprometido com sua (insípida) carreira cinematográfica. Dali em diante, Paul é quem iria comandar o destino musical da banda, tentando manter sua condição entre as bandas top, com resultados bastante irregulares.
Top 5 BURNIN´ BOAT
1) Ace's High
2) Hidden
3) Love is not a Fairytale
4) Noise Garden
5) Sluts of Justice & Shark Attack
2) Hidden
3) Love is not a Fairytale
4) Noise Garden
5) Sluts of Justice & Shark Attack
Ensaio BURNIN´ BOAT - "Heaven Café Inc"
25/07/2003 - 20:00.
Dessa vez so faltou o Nilton (baixista) - formacao: eu (guitar), Claudio (guitar), Bruce (bateria), Dioberto & Luciano (vocais).
Eu toquei com a minha Ibanez, plugada direto no ampli com distorcao - combinacao que funcionou muitissimo bem. O Claudio estava desfalcado de sua Ibanez preta e todo o seu equipamento - tocou com a fender do Bruce, com a minha pedaleira Digitech (plugada no mini-Staner). Afinacao normal. A fender do Bruce ainda esta com cordas velhas (no lugar da corda 4 esta uma outra corda 3, gerando um som bem ruim - mas com o Claudio tudo parece funcionar legal.
Nesse ensaio o som "ambiente" ficou bom - guitars, batera e vocais num nivel de volume bem aceitavel.
HIDDEN continua cada vez mais diferente da versao do cd - a cada ensaio ha uma invencao, minha ou do Bruce. Agora estamos aperfeicoando as "influencias" St. Anger e System of a Down. Na jam do meio da musica tocamos a parte lenta de Black Dressing Soul. O Luciano cantou inteira.
BLACK DRESSING SOUL seguiu - enfrentamos alguns problemas para encaixar o vocal nos versos devido a falta do baixo (Niltao, aka DJ Double ASS).
Rolou uma versao meio porca de BURNING MY SOUL do DREAM THEATER, mas eu e o Luciano ficamos bem empolgados (inclusive eh a nossa preferencia para cover). O riff eh muito afu - mas tem que praticar as quebradeiras no solo e no verso que vem depois. O encarte do FALLING INTO INFINITY com as letras foi essencial. Essa o Luciano cantou inteira. E o Bruce arriscou um pedal duplo que ficou legal (sempre fica).
PERUVIAN SKIES - essa tambem nao ficou muito boa, mas pelo menos a ordem das partes conseguimos acertar. O Claudio tocou boa parte dos sons que o Petrucci faz nos overdubs da versao original. Essa o Luciano tambem cantou inteira. Ao final, emendamos ENTER SANDMAN (que o Dioberto cantou inteira). Ficou razoavel, e o que surpreendeu foi o Claudio tocar o solo inteiro bem parecido com a versao do Kirk.
FUEL - emendei essa tb no final de SANDMAN. Ficou bem rapida, mas acho que de acordo com a versao original. Vai funcionar melhor se nao tocarmos tao rapida. Nessa eu fiz o solo, soh que beeeeem diferente do Kirk. Ao final rolou um trecho palhacada - FUEL tocada na metade da velocidade.
Rolou uma versao lochas de YOU NOT ME do DREAM THEATER - nao rolou legal o pre-chorus e o chorus. O Dioberto cantou essa. Ficou legal soh os versos.
Em NEON KNIGHTS eu e o Claudio fomos nos acertando no decorrer. Acho que o Claudio experimentou coisas novas no solo - que por sinal eu cortei, toquei 2 vezes a base (ao inves de 4). Dioberto cantou inteira. Ele aproveitou pra fazer a tradicional emenda com HUNTING HIGH AND LOW do STRATOVARIUS.
O Claudio puxou em seguida um THE WICKER MAN do IRON MAIDEN - eh uma musica que funciona sempre, e fazia tempo que nao tocavamos. Essa a fita nao gravou.
Toquei de canto o trecho CARPE DIEM (III) da musica A CHANGE OF SEASONS do DREAM THEATER. O Dioberto comecou a acompanhar a partir do "Seize the day - I heard them say". De galinhagem rolou alguns riffs da parte DARKEST OF WINTERS. Depois rolou bem legal a parte ANOTHER WORLD.
NOISE GARDEN ficou bem massa. Com a Fender o Claudio pode fazer a afinacao Drop-D. O Dioberto cantou essa. Meu solo ficou bem curto, mas do tamanho suficiente.
Em seguida emendei ACE,S HIGH que foi a melhor musica do ensaio (acho que atualmente eh a melhor do repertorio todo). Ate o Dioberto arriscou uns versos. Particularmente curti um monte o meu solo - bem intenso.
LOVE IS NOT A FAIRYTALE tambem contou com a participacao do Luciano e ficou legal. O Claudio fez uns solinhos massa nessa musica (essa e a tendencia, a medida que fica familiarizado com as partes).
Jah no final rolou WOLF TO THE MOON e TOO LATE FOR TEARS (RAINBOW), FOOL FOR YOUR LOVING (WHITESNAKE) - que tocamos no show do Garagem Hermetica, SLOW AND EASY (WHITESNAKE), KISS OF DEATH (DOKKEN) - que tocamos no Heaven Cafe e no Festival de Talentos da PUCRS/2001.
PS: nao sei pq, mas não rolou acentos nesse post.
Dessa vez so faltou o Nilton (baixista) - formacao: eu (guitar), Claudio (guitar), Bruce (bateria), Dioberto & Luciano (vocais).
Eu toquei com a minha Ibanez, plugada direto no ampli com distorcao - combinacao que funcionou muitissimo bem. O Claudio estava desfalcado de sua Ibanez preta e todo o seu equipamento - tocou com a fender do Bruce, com a minha pedaleira Digitech (plugada no mini-Staner). Afinacao normal. A fender do Bruce ainda esta com cordas velhas (no lugar da corda 4 esta uma outra corda 3, gerando um som bem ruim - mas com o Claudio tudo parece funcionar legal.
Nesse ensaio o som "ambiente" ficou bom - guitars, batera e vocais num nivel de volume bem aceitavel.
HIDDEN continua cada vez mais diferente da versao do cd - a cada ensaio ha uma invencao, minha ou do Bruce. Agora estamos aperfeicoando as "influencias" St. Anger e System of a Down. Na jam do meio da musica tocamos a parte lenta de Black Dressing Soul. O Luciano cantou inteira.
BLACK DRESSING SOUL seguiu - enfrentamos alguns problemas para encaixar o vocal nos versos devido a falta do baixo (Niltao, aka DJ Double ASS).
Rolou uma versao meio porca de BURNING MY SOUL do DREAM THEATER, mas eu e o Luciano ficamos bem empolgados (inclusive eh a nossa preferencia para cover). O riff eh muito afu - mas tem que praticar as quebradeiras no solo e no verso que vem depois. O encarte do FALLING INTO INFINITY com as letras foi essencial. Essa o Luciano cantou inteira. E o Bruce arriscou um pedal duplo que ficou legal (sempre fica).
PERUVIAN SKIES - essa tambem nao ficou muito boa, mas pelo menos a ordem das partes conseguimos acertar. O Claudio tocou boa parte dos sons que o Petrucci faz nos overdubs da versao original. Essa o Luciano tambem cantou inteira. Ao final, emendamos ENTER SANDMAN (que o Dioberto cantou inteira). Ficou razoavel, e o que surpreendeu foi o Claudio tocar o solo inteiro bem parecido com a versao do Kirk.
FUEL - emendei essa tb no final de SANDMAN. Ficou bem rapida, mas acho que de acordo com a versao original. Vai funcionar melhor se nao tocarmos tao rapida. Nessa eu fiz o solo, soh que beeeeem diferente do Kirk. Ao final rolou um trecho palhacada - FUEL tocada na metade da velocidade.
Rolou uma versao lochas de YOU NOT ME do DREAM THEATER - nao rolou legal o pre-chorus e o chorus. O Dioberto cantou essa. Ficou legal soh os versos.
Em NEON KNIGHTS eu e o Claudio fomos nos acertando no decorrer. Acho que o Claudio experimentou coisas novas no solo - que por sinal eu cortei, toquei 2 vezes a base (ao inves de 4). Dioberto cantou inteira. Ele aproveitou pra fazer a tradicional emenda com HUNTING HIGH AND LOW do STRATOVARIUS.
O Claudio puxou em seguida um THE WICKER MAN do IRON MAIDEN - eh uma musica que funciona sempre, e fazia tempo que nao tocavamos. Essa a fita nao gravou.
Toquei de canto o trecho CARPE DIEM (III) da musica A CHANGE OF SEASONS do DREAM THEATER. O Dioberto comecou a acompanhar a partir do "Seize the day - I heard them say". De galinhagem rolou alguns riffs da parte DARKEST OF WINTERS. Depois rolou bem legal a parte ANOTHER WORLD.
NOISE GARDEN ficou bem massa. Com a Fender o Claudio pode fazer a afinacao Drop-D. O Dioberto cantou essa. Meu solo ficou bem curto, mas do tamanho suficiente.
Em seguida emendei ACE,S HIGH que foi a melhor musica do ensaio (acho que atualmente eh a melhor do repertorio todo). Ate o Dioberto arriscou uns versos. Particularmente curti um monte o meu solo - bem intenso.
LOVE IS NOT A FAIRYTALE tambem contou com a participacao do Luciano e ficou legal. O Claudio fez uns solinhos massa nessa musica (essa e a tendencia, a medida que fica familiarizado com as partes).
Jah no final rolou WOLF TO THE MOON e TOO LATE FOR TEARS (RAINBOW), FOOL FOR YOUR LOVING (WHITESNAKE) - que tocamos no show do Garagem Hermetica, SLOW AND EASY (WHITESNAKE), KISS OF DEATH (DOKKEN) - que tocamos no Heaven Cafe e no Festival de Talentos da PUCRS/2001.
PS: nao sei pq, mas não rolou acentos nesse post.
quinta-feira, 24 de julho de 2003
A música que não sai da minha cabeça
é "Fanfare for the common man" do Emerson, Lake & Palmer. Trata-se de uma versão da composição de Aaron Copeland para orquestra, arranjada por Keith Emerson. Tem exatamente o mesmo estilo de "One of these days" do Pink Floyd. A diferença é que, enquanto esta última tem um caráter mais 'misterioso' (tem aquela introdução magnífica no baixo de Roger Waters), "Fanfare..." é mais direta. A "guitarra de colo" de David Gilmour, que toca o tema de "One of...", equivale ao teclado hammond e os sintetizadores de Keith Emerson em "Fanfare...". Esta música, aliás poderia servir como tema de Olimpíadas, ou então do programa "Cadeira Cativa" da TV Guaíba. De outra sorte, "Fanfare..." tem 20 minutos... vários solos de Keith Emerson... mas os primeiros minutos é que são memoráveis.
quarta-feira, 23 de julho de 2003
Os discos do KISS - parte III (Lick it up)
LICK IT UP é de 1983 e inaugurou uma nova fase na história do KISS. No seu lançamento a banda promoveu a retirada das características máscaras (transmitida pela MTV). Além disso, 2 vídeos promocionais foram produzidos, e bastante veiculados na emissora americana. Toda essa estratégia restou bem sucedida: o álbum vendeu bem, e a banda começou a retomar o seu espaço dentre as grandes bandas da época.
Afora isso, musicalmente o disco é muito bom. Pode-se dizer que é uma continuação do álbum anterior (CREATURES OF THE NIGHT). Segue a tendência de músicas pesadas, onde só há espaço para os instrumentos: guitarras, baixo e bateria. Não há nenhuma extravagância (v.g., uso de orquestras), e as composições são simples e eficientes – não há grandes invenções, mas as músicas funcionam e dentro da simplicidade foram muito bem construídas. Entendo que Vinnie Vincent teve papel fundamental para sedimentar esse som mais orgânico (especialmente pelo fato de ter co-composto quase todas as faixas). Pode-se dizer qualquer coisa sobre Vinnie, mas é inegável que se trata de um grande músico. A produção, mais uma vez a cargo de Michael James Jackson, leva ao extremo essa simplicidade – parece mais uma demo ajeitada. Ainda aqui, as guitarras foram prejudicadas com a mixagem. Mas tudo isso não tira a grande qualidade de LICK IT UP: é um grande disco de rock (hard rock), com boas músicas.
EXCITER é uma ótima música de Paul Stanley, construída com várias partes: há uma introdução, o riff principal, o verso, pre-chorus (ou bridge) e refrão. Há um interlúdio antes do solo. O guitarrista que gravou o solo não se sabe com certeza – vi em alguns lugares por aí que foi Rick Derringer; mas não vejo como não ter sido o próprio Vinnie. Muito boa música; é uma de minhas preferidas.
NOT FOR THE INNOCENT é mais contida, no estilo SAINT AND SINNER do álbum antecessor. Música de Gene Simmons, com boa letra. Aqui começa a aparecer com veemência o estilo shred de Vinnie Vincent no solo, com o uso abusivo muitas notas tocadas rapidamente.
A faixa-título é o grande hit do disco, e ajudou a promovê-lo bastante. Não basta toda a campanha de marketing para ressuscitar a banda – o disco tem que ter pelo menos um sucesso comercial. Essa música inicia uma série de hits patrocinada por Paul Stanley (até aquela época, os 2 grandes hits da banda – ROCK AND ROLL ALL NITE e I LOVE IT LOUD – eram composições de Gene). E o empenho de Paul foi recompensado – a música é boa, tem um marcante riff principal que é repetido no refrão. Seria esperado um solo de Vinnie, mas tudo indica que Paul não achou conveniente. Há também um interlúdio, ao que parece, contribuição de Adam Mitchell (não creditada).
YOUNG AND WASTED é uma das melhores músicas de Gene. Durante algum tempo, Eric Carr encarregou-se dos vocais nas apresentações ao vivo. O solo de Vinnie é bem feito e pertinente – ao final, funde-se com o pre-chorus cantado por Gene, criando um efeito que não é nada inovador, mas funciona muito bem. No final, o refrão é repetido várias vezes, mas a banda faz umas paradas bem interessantes quebrando a monotonia que esse recurso (repetir várias vezes o refrão no final da música) geralmente proporciona.
GIMME MORE é uma música acelerada, ao estilo do que Paul costuma fazer em boa parte dos discos da banda (ver, entre outras, DANGER, I STOLE YOUR LOVE, UNDER THE GUN). O vocal já mostra indícios do que seria uma constante nas músicas de Paul – vocais bem agudos (high-pitch).
ALL HELL´S BREAKIN´ LOOSE traz uma colaboração escassa de Eric Carr (o riff principal). É também uma das únicas músicas em que todos os 4 integrantes são creditados compositores. Paul, Gene e Vinnie transfiguraram bastante a idéia inicial de Eric, sendo que o primeiro canta os versos em forma de rap. Mas a música é boa (teve um vídeo promocional hilário), um momento mais leve do disco.
A MILLION TO ONE é uma brillhante composição de Paul & Vinnie. Aqui Eric reina absoluto na bateria – realmente, um grande destaque. A música é toda simples – o riff principal (que funciona também como refrão) chega a ser banal – mas a interpretação de Paul no vocal, e de todos os demais, engrandece a faixa. Vinnie, particularmente, consegue registrar o melhor solo do disco.
As 3 últimas músicas (FITS LIKE A GLOVE, DANCE ALL OVER YOUR FACE e AND ON THE 8TH DAY) são de Gene – a última em colaboração com Vinnie. FITS... segue a linha de YOUNG AND WASTED – tem um bom riff, e no final tem aquelas paradas interessantes. Durante boa parte dos anos 80 fez parte do repertório ao vivo da banda. DANCE é a música mais fraca do disco – destaque para a letra de Gene. A última faixa é imbuida de um tom ufanista, que a banda volta e meia repete (v.g., I, CRAZY CRAZY NIGHTS, PSYCHO CIRCUS, WE ARE ONE), e isso é resumido pelo refrão “And on the 8th day/God created rock´n´roll). A música começa muito bem, mas perde-se depois com a excessiva repetição dessa mensagem ufanista.
Concluindo: LICK IT UP é um grande disco, como o fora CREATURES OF THE NIGHT, mas que dessa vez contou com uma boa estratégia quando do seu lançamento. Considero esses dois discos como gêmeos até – a única diferença entre ambos é que um tem máscaras na capa e o outro não - , mas CREATURES sofreu com a repugnância de público e crítica na época do lançamento. Questões musicais aparte, é também um marco – a partir dele a banda iria se identificar mais e mais com o hard rock praticado pelas bandas da época, num definhamento que viria a tornar o KISS apenas mais uma entre as hair metal band (como Motley Crue e Poison). Em LICK IT UP encontram-se também as últimas músicas realmente decentes compostas por Gene (que só viria a compor boas músicas novamente 10 anos mais tarde).
Afora isso, musicalmente o disco é muito bom. Pode-se dizer que é uma continuação do álbum anterior (CREATURES OF THE NIGHT). Segue a tendência de músicas pesadas, onde só há espaço para os instrumentos: guitarras, baixo e bateria. Não há nenhuma extravagância (v.g., uso de orquestras), e as composições são simples e eficientes – não há grandes invenções, mas as músicas funcionam e dentro da simplicidade foram muito bem construídas. Entendo que Vinnie Vincent teve papel fundamental para sedimentar esse som mais orgânico (especialmente pelo fato de ter co-composto quase todas as faixas). Pode-se dizer qualquer coisa sobre Vinnie, mas é inegável que se trata de um grande músico. A produção, mais uma vez a cargo de Michael James Jackson, leva ao extremo essa simplicidade – parece mais uma demo ajeitada. Ainda aqui, as guitarras foram prejudicadas com a mixagem. Mas tudo isso não tira a grande qualidade de LICK IT UP: é um grande disco de rock (hard rock), com boas músicas.
EXCITER é uma ótima música de Paul Stanley, construída com várias partes: há uma introdução, o riff principal, o verso, pre-chorus (ou bridge) e refrão. Há um interlúdio antes do solo. O guitarrista que gravou o solo não se sabe com certeza – vi em alguns lugares por aí que foi Rick Derringer; mas não vejo como não ter sido o próprio Vinnie. Muito boa música; é uma de minhas preferidas.
NOT FOR THE INNOCENT é mais contida, no estilo SAINT AND SINNER do álbum antecessor. Música de Gene Simmons, com boa letra. Aqui começa a aparecer com veemência o estilo shred de Vinnie Vincent no solo, com o uso abusivo muitas notas tocadas rapidamente.
A faixa-título é o grande hit do disco, e ajudou a promovê-lo bastante. Não basta toda a campanha de marketing para ressuscitar a banda – o disco tem que ter pelo menos um sucesso comercial. Essa música inicia uma série de hits patrocinada por Paul Stanley (até aquela época, os 2 grandes hits da banda – ROCK AND ROLL ALL NITE e I LOVE IT LOUD – eram composições de Gene). E o empenho de Paul foi recompensado – a música é boa, tem um marcante riff principal que é repetido no refrão. Seria esperado um solo de Vinnie, mas tudo indica que Paul não achou conveniente. Há também um interlúdio, ao que parece, contribuição de Adam Mitchell (não creditada).
YOUNG AND WASTED é uma das melhores músicas de Gene. Durante algum tempo, Eric Carr encarregou-se dos vocais nas apresentações ao vivo. O solo de Vinnie é bem feito e pertinente – ao final, funde-se com o pre-chorus cantado por Gene, criando um efeito que não é nada inovador, mas funciona muito bem. No final, o refrão é repetido várias vezes, mas a banda faz umas paradas bem interessantes quebrando a monotonia que esse recurso (repetir várias vezes o refrão no final da música) geralmente proporciona.
GIMME MORE é uma música acelerada, ao estilo do que Paul costuma fazer em boa parte dos discos da banda (ver, entre outras, DANGER, I STOLE YOUR LOVE, UNDER THE GUN). O vocal já mostra indícios do que seria uma constante nas músicas de Paul – vocais bem agudos (high-pitch).
ALL HELL´S BREAKIN´ LOOSE traz uma colaboração escassa de Eric Carr (o riff principal). É também uma das únicas músicas em que todos os 4 integrantes são creditados compositores. Paul, Gene e Vinnie transfiguraram bastante a idéia inicial de Eric, sendo que o primeiro canta os versos em forma de rap. Mas a música é boa (teve um vídeo promocional hilário), um momento mais leve do disco.
A MILLION TO ONE é uma brillhante composição de Paul & Vinnie. Aqui Eric reina absoluto na bateria – realmente, um grande destaque. A música é toda simples – o riff principal (que funciona também como refrão) chega a ser banal – mas a interpretação de Paul no vocal, e de todos os demais, engrandece a faixa. Vinnie, particularmente, consegue registrar o melhor solo do disco.
As 3 últimas músicas (FITS LIKE A GLOVE, DANCE ALL OVER YOUR FACE e AND ON THE 8TH DAY) são de Gene – a última em colaboração com Vinnie. FITS... segue a linha de YOUNG AND WASTED – tem um bom riff, e no final tem aquelas paradas interessantes. Durante boa parte dos anos 80 fez parte do repertório ao vivo da banda. DANCE é a música mais fraca do disco – destaque para a letra de Gene. A última faixa é imbuida de um tom ufanista, que a banda volta e meia repete (v.g., I, CRAZY CRAZY NIGHTS, PSYCHO CIRCUS, WE ARE ONE), e isso é resumido pelo refrão “And on the 8th day/God created rock´n´roll). A música começa muito bem, mas perde-se depois com a excessiva repetição dessa mensagem ufanista.
Concluindo: LICK IT UP é um grande disco, como o fora CREATURES OF THE NIGHT, mas que dessa vez contou com uma boa estratégia quando do seu lançamento. Considero esses dois discos como gêmeos até – a única diferença entre ambos é que um tem máscaras na capa e o outro não - , mas CREATURES sofreu com a repugnância de público e crítica na época do lançamento. Questões musicais aparte, é também um marco – a partir dele a banda iria se identificar mais e mais com o hard rock praticado pelas bandas da época, num definhamento que viria a tornar o KISS apenas mais uma entre as hair metal band (como Motley Crue e Poison). Em LICK IT UP encontram-se também as últimas músicas realmente decentes compostas por Gene (que só viria a compor boas músicas novamente 10 anos mais tarde).
Os discos do KISS - parte II (Creatures of the Night)
Creatures of the Night – trata-se do meu disco favorito de todos os tempos; faço questão de ressaltar isso de início. Lançado em 1982, após o fracasso de Music from the Elder, Creatures retomou a idéia de lançar um disco de rock pesado (hard rock), numa tentativa de mostrar aos fãs que o Kiss ainda era capaz de produzir bons discos como no passado (anos 70). Mas a essas alturas, boa parte dos fãs já havia abandonado a banda, diante do surgimento de novas bandas de heavy metal e hard rock no início dos anos 80. Iron Maiden, Judas Priest, Motorhead, Saxon, Def Leppard, Diamond Head, entre muitas outras bandas inglesas ganharam notoriedade quando o movimento punk foi perdendo espaço.
Desse modo, Creatures não gozou do sucesso esperado. Injustamente, devo dizer. Trata-se de um grande disco de hard rock, composto de 9 músicas comprometidas com o estilo. Em Creatures ouvem-se riffs pesados e rápidos. O baixo também se destaca em algumas músicas. E a bateria de Eric Carr se beneficiou tremendamente com a mixagem, alcançando um dos melhores registros da história do rock. Entendo que nesse processo de mixagem, as guitarras não levaram a melhor, ficando às vezes difícil de ouvir alguns riffs (notadamente em Saint and Sinner e Danger). Mas isso não compromete o álbum, e é daquelas imperfeições que compõem as grandes obras.
O disco inicia com a faixa título, e uma abertura fenomenal de Eric Carr. A edição remasterizada do cd realça ainda mais esses detalhes. Cabe referir, neste passo, que uma das grandes belezas desse disco é que o lead guitar Ace Frehley não participou das gravações. Todos os solos foram gravados por outros guitarristas: e a tarefa de adivinhar que guitarrista gravou qual solo é bastante divertida (na minha opinião). No caso da música Creatures of the Night, o solo principal (um dos melhores que eu já ouvi) foi gravado por Steve Ferris. Como curiosidade, vale lembrar que Eddie Van Halen chegou a comparecer às gravações para gravar o solo da faixa-título, cogitando-se até que seria o guitarrista substituto de Ace. Os demais mini-solos (fills entre os versos) foram obra de Adam Mitchell (que compôs essa música com Paul Stanley). Bela música, belos versos, fantástico solo, e brilhante de bateria de Eric Carr.
Saint and Sinner é a primeira faixa de Gene Simmons. Tem um andamento mais cadenciado. Sobressai aqui a bateria muito criativa de Eric Carr, que acompanha os versos de maneira bem inusitada; no refrão Eric acompanha as guitarras criando um belo efeito com os vocais. O solo (memorável), tudo indica, foi patrocinado por Vinnie Vincent (então Vincent Cusano), que compôs várias músicas nesse álbum e viria a ser o substituto de Ace na turnê e no álbum seguinte.
Keep me Coming é de Paul, e tem um bom refrão que repete o título da música várias vezes. O riff principal tem uma característica de Paul, apresentada também em outras músicas como The Oath (do Elder) e Get all you can take (do Animalize). Outra característica do Paul em muitas músicas é um trecho antes e depois do solo (ver Under the Gun do Animalize). Gosto muito do pre-chorus “Sweet little innocent girl...”. Seguramente o solo foi gravado por Vinnie.
Rock and roll hell foi composta por Gene, Jim Vallance (que compôs muitas outras com o Kiss) e Bryan Adams (o cantor canadense aquele), e é calcada basicamente no baixo de Gene. Bastante marcante e até representativa do ânimo do baixista/vocalista naquela época. “Get me out of this rock and roll hell”. Eric é bastante criativo nessa música (acompanha os versos com o tom, e ajuda a construir a ‘tensão’ que termina com o refrão). Nessa e em todas as músicas Eric produz belos ‘rolos’ na bateria (acho que essa é a melhor característica dele, e nesse disco particularmente – todos os rolos são brilhantes; o modo como ele insere na música, marcando o fim de um trecho e o início de outro). Não estou muito seguro, mas parece que o solo é de Vinnie também.
Danger é uma música bem rápida, composta por Paul e Adam Mitchell (a dupla da faixa título). Aqui acho que a mixagem prejudicou as guitarras. Bom refrão. Solos de Vinnie, com certeza. Eric dá mais um show na bateria – há um overdub no hi-hat. E os rolos são soberbos. Talvez seja a melhor contribuição de Eric no álbum. Repare na tensão criada no pre-chorus que vem depois do solo – Paul cantando com muita emoção.
I love it loud é hino da banda nos anos 80. A música é inconfundível, todo mundo conhece. O bumbo de Eric está com afinação bem mais pesada (como nas outras músicas). O solo é extremamente simples – pode ter sido tocado por qualquer um; não tem como identificar nenhum estilo. Ao final, há uma utilização do recurso fade out – fade in – fade out (a música parece que termina, mas volta pra, aí sim, terminar).
I still love you é a balada de Paul. É tão triste e comovente que eu nao costumo ouvir regularmente. Destaque todo especial pra letra, realmente tocante. Já é de conhecimento público, mas não custa lembrar que Eric foi quem gravou o baixo. O solo, com muito feeling, ao que parece foi gravado por Robben Ford.
Killer até hoje eu a vejo como a música dispensável do disco. O riff lembra Led Zeppelin na fase hard (primeiros discos). Não é ruim a música, mas não é nada memorável. Solos de Vinnie Vincent, seguramente.
War Machine encerra o disco com um peso nunca visto em um álbum do Kiss. Composta pelo trio Gene/Vallance/Bryan Adams, tem uma boa letra e um belo riff, bem heavy mesmo. O solo tem todo o jeito de ser de Vinnie.
Concluindo: é o meu disco favorito de todos os tempos, e minha ligação com ele vai além da questão musical: visualizo nele algumas lembranças de infância – lembro da época em que foi lançado, do poster do disco nas lojas Breno Rossi, e da turnê promocional no Brasil (e do programa especial que foi ao ar pela TV Globo). Mas foi um disco excelente lançado numa época desfavorável para a banda, pois os fãs, após 3 discos desacertados, já haviam abandonado a banda. Sabe-se que os shows no Brasil foram os últimos com máscara – e para a banda retomar o seu lugar dentre as grandes bandas de rock, não bastava lançar apenas bons discos: era preciso mais. Desligar-se do passado de excessos e excentricidades era medida que se impunha e isso passava por tirar as tradicionais máscaras e mostrar que a banda não estava mais para brincadeira.
Desse modo, Creatures não gozou do sucesso esperado. Injustamente, devo dizer. Trata-se de um grande disco de hard rock, composto de 9 músicas comprometidas com o estilo. Em Creatures ouvem-se riffs pesados e rápidos. O baixo também se destaca em algumas músicas. E a bateria de Eric Carr se beneficiou tremendamente com a mixagem, alcançando um dos melhores registros da história do rock. Entendo que nesse processo de mixagem, as guitarras não levaram a melhor, ficando às vezes difícil de ouvir alguns riffs (notadamente em Saint and Sinner e Danger). Mas isso não compromete o álbum, e é daquelas imperfeições que compõem as grandes obras.
O disco inicia com a faixa título, e uma abertura fenomenal de Eric Carr. A edição remasterizada do cd realça ainda mais esses detalhes. Cabe referir, neste passo, que uma das grandes belezas desse disco é que o lead guitar Ace Frehley não participou das gravações. Todos os solos foram gravados por outros guitarristas: e a tarefa de adivinhar que guitarrista gravou qual solo é bastante divertida (na minha opinião). No caso da música Creatures of the Night, o solo principal (um dos melhores que eu já ouvi) foi gravado por Steve Ferris. Como curiosidade, vale lembrar que Eddie Van Halen chegou a comparecer às gravações para gravar o solo da faixa-título, cogitando-se até que seria o guitarrista substituto de Ace. Os demais mini-solos (fills entre os versos) foram obra de Adam Mitchell (que compôs essa música com Paul Stanley). Bela música, belos versos, fantástico solo, e brilhante de bateria de Eric Carr.
Saint and Sinner é a primeira faixa de Gene Simmons. Tem um andamento mais cadenciado. Sobressai aqui a bateria muito criativa de Eric Carr, que acompanha os versos de maneira bem inusitada; no refrão Eric acompanha as guitarras criando um belo efeito com os vocais. O solo (memorável), tudo indica, foi patrocinado por Vinnie Vincent (então Vincent Cusano), que compôs várias músicas nesse álbum e viria a ser o substituto de Ace na turnê e no álbum seguinte.
Keep me Coming é de Paul, e tem um bom refrão que repete o título da música várias vezes. O riff principal tem uma característica de Paul, apresentada também em outras músicas como The Oath (do Elder) e Get all you can take (do Animalize). Outra característica do Paul em muitas músicas é um trecho antes e depois do solo (ver Under the Gun do Animalize). Gosto muito do pre-chorus “Sweet little innocent girl...”. Seguramente o solo foi gravado por Vinnie.
Rock and roll hell foi composta por Gene, Jim Vallance (que compôs muitas outras com o Kiss) e Bryan Adams (o cantor canadense aquele), e é calcada basicamente no baixo de Gene. Bastante marcante e até representativa do ânimo do baixista/vocalista naquela época. “Get me out of this rock and roll hell”. Eric é bastante criativo nessa música (acompanha os versos com o tom, e ajuda a construir a ‘tensão’ que termina com o refrão). Nessa e em todas as músicas Eric produz belos ‘rolos’ na bateria (acho que essa é a melhor característica dele, e nesse disco particularmente – todos os rolos são brilhantes; o modo como ele insere na música, marcando o fim de um trecho e o início de outro). Não estou muito seguro, mas parece que o solo é de Vinnie também.
Danger é uma música bem rápida, composta por Paul e Adam Mitchell (a dupla da faixa título). Aqui acho que a mixagem prejudicou as guitarras. Bom refrão. Solos de Vinnie, com certeza. Eric dá mais um show na bateria – há um overdub no hi-hat. E os rolos são soberbos. Talvez seja a melhor contribuição de Eric no álbum. Repare na tensão criada no pre-chorus que vem depois do solo – Paul cantando com muita emoção.
I love it loud é hino da banda nos anos 80. A música é inconfundível, todo mundo conhece. O bumbo de Eric está com afinação bem mais pesada (como nas outras músicas). O solo é extremamente simples – pode ter sido tocado por qualquer um; não tem como identificar nenhum estilo. Ao final, há uma utilização do recurso fade out – fade in – fade out (a música parece que termina, mas volta pra, aí sim, terminar).
I still love you é a balada de Paul. É tão triste e comovente que eu nao costumo ouvir regularmente. Destaque todo especial pra letra, realmente tocante. Já é de conhecimento público, mas não custa lembrar que Eric foi quem gravou o baixo. O solo, com muito feeling, ao que parece foi gravado por Robben Ford.
Killer até hoje eu a vejo como a música dispensável do disco. O riff lembra Led Zeppelin na fase hard (primeiros discos). Não é ruim a música, mas não é nada memorável. Solos de Vinnie Vincent, seguramente.
War Machine encerra o disco com um peso nunca visto em um álbum do Kiss. Composta pelo trio Gene/Vallance/Bryan Adams, tem uma boa letra e um belo riff, bem heavy mesmo. O solo tem todo o jeito de ser de Vinnie.
Concluindo: é o meu disco favorito de todos os tempos, e minha ligação com ele vai além da questão musical: visualizo nele algumas lembranças de infância – lembro da época em que foi lançado, do poster do disco nas lojas Breno Rossi, e da turnê promocional no Brasil (e do programa especial que foi ao ar pela TV Globo). Mas foi um disco excelente lançado numa época desfavorável para a banda, pois os fãs, após 3 discos desacertados, já haviam abandonado a banda. Sabe-se que os shows no Brasil foram os últimos com máscara – e para a banda retomar o seu lugar dentre as grandes bandas de rock, não bastava lançar apenas bons discos: era preciso mais. Desligar-se do passado de excessos e excentricidades era medida que se impunha e isso passava por tirar as tradicionais máscaras e mostrar que a banda não estava mais para brincadeira.
segunda-feira, 21 de julho de 2003
Os discos do KISS - parte I (Music from the Elder - 1980)
KISS é a minha banda favorita, do coração, e isso não é segredo de ninguém. Proponho-me então a escrever algumas linhas sobre os discos dessa banda (talvez todos, com o tempo), por enquanto, sem preocupações cronológicas.
Music from the Elder - lançado em 1981, é o mais controvertido álbum do Kiss, pelo momento histórico vivido pela banda e também pelo tipo de música registrado no disco. A banda enfrentava uma séria crise de identidade no começo dos anos 80, após o lançamento de 2 discos (Dynasty e Unmasked, 1979 e 1980) fortemente orientados pelo pop e disco music. Os planos de retornar às origens e fazer um álbum pesado (que se chamaria Rockin´ with the boys) foram abandonados quando o produtor Bob Ezrin foi chamado para ajudar a banda a se reerguer. Ezrin, que havia trabalhado no The Wall do PInk Floyd (e antes ainda, em 1976 com o próprio Kiss no álbum Destroyer - o mais bem sucedido até então), sugeriu que o Kiss fizesse também o seu disco conceitual (Gene Simmons e Paul Stanley aceitaram a idéia - Ace Frehley votou vencido, e Eric Carr não gostou da idéia, mas como era músico contratado, nao tinha direito a voto). O conceito do disco foi delineado por Gene, e trata da história de um garoto, mais ou menos no estilo "Senhor dos Anéis".
Fanfare é o tema inicial, interpretado por uma orquestra. É curto, mas crescente e tenso, abrindo caminho para a próxima música.
Just a boy traz Paul cantando em falsete, introduzindo a história do garoto. Apesar de curta, é uma bela música e tem até um solo de Paul. Gosto particularmente do refrão. Aqui já se percebe a intenção de fazer um grande disco, mas totalmente em descompasso com o passado da banda (natural que os fãs, na época, iriam estranhar). Note o belo timbre do baixo. Eric Carr se mostra bastante contido nessa e em todas as faixas de Elder (não é um álbum de rock, é um álbum conceitual).
Odissey é a música mais grandiosa de Elder. Composta por um tal de Tony Powers, é cantada por Paul, numa interpretação bastante diferente do que estamos acostumados (um registro bastante grave). Começa com piano e tem uma orquestra acompanhando (parece mais uma música da Broadway). Essa é uma música realmente difícil de ouvir, pois Ezrin a deixou pomposa demais. Parece-me que o solo também foi gravado por Paul.
Only you é totalmente Gene. Inicia com um riff em D, bastante tenso. Traz uma marca de Gene que o baixo acompanhando o vocal (no início). Não é uma música inesquecível, mas é muito bem feita. Não tem uma estrutura tradicional (verso-refrão), e sim várias partes reunidas (e que funcionam muito bem). Há uma participação de Paul nos vocais. Note que no final há uma retomada sugestiva do tema de Just a boy (bela sacada, afinal, é um álbum conceitual).
Under the rose é outra de Gene. Essa é a que mais me lembra Pink Floyd (The Wall). Sempre tive essa recordação por causa do coro no refrão, que remete a alguma música do The Wall que não lembro. Belo riff segue o coro "Under the rooooose". Há um belo solo de Ace, mas que foi severamente picotado por Ezrin. Mas ainda assim, criou um efeito bacana no final, harmonizando com o refrão.
Dark Light é a música do Ace em Elder. Inicialmente entitulada Don´t Run, a letra foi totalmente re-escrita por Gene, mas preservou toda a melodia que Ace havia criado para o vocal (inclusive as partes faladas - rap? - entre os versos). Há um solo shred de Ace acompanhado somente por bateria.
A world without heroes é a música mais conhecida de Elder. Teve até um vídeo promocional, e foi tocada no MTV Unplugged. Bela música, composta por Paul e com letra de Gene (a partir de uma idéia de Lou Reed). Os solos também são de Paul. Aqui a orquestração de Ezrin funciona bem.
The oath é a melhor música disparado! Começa com um riff heavy, bem cavalgado de Paul, que ainda canta bem alto (note o refrão em falsete). Baita música! Se o disco inteiro fosse assim, sem as perfumarias de Ezrin, o Kiss teria se dado muito melhor na época. No peso, Eric Carr também se destaca - note que nos versos ele alterna o andamento da bateria. E ainda há espaço para sua marca registrada - os rolos, sempre brilhantes.
Mr. Blackwell começa com o baixo distorcido de Gene, parecendo ter sido feito sob medida para apresentações ao vivo (onde ele faria o tradicional 'blood spitting'). A única parte a ser notada é o riff do refrão. Mais um solo de Ace totalmente pervertido por Ezrin.
Escape from the island é uma música instrumental fenomenal! Rápida e pesada. Da última vez que ouvi notei que lembra um pouco de Rush até - o baixo acompanha os rolos da bateria, há uma parada no meio com bateria tribal e baixo. Bom solo de Ace, com direito a um tapping discreto e tudo. Aqui, mais do que nunca, Eric Carr mostra o seu potencial.
I é a última música, e traz uma rara alternância de vocais entre Paul & Gene, no estilo Shout it out Loud (Destroyer, 1976). É uma boa música até, mas sofre um pouco com o refrão ufanista repetido exaustivamente.
Concluindo: atualmente, entendo que esse disco é execrado somente por Gene, Ace e Paul, uma vez que entre os fãs da banda Elder tem boa aceitação. E é um bom disco, nada parecido com o que a banda havia gravado até então e bem distante do que viria a gravar posteriormente. Mas é notável o esforço de fazer um disco bom, que trouxesse de novo o nome Kiss ao estrelado. Na época nao funcionou - foi um erro estratégico que quase acarretou o fim da banda. Mas, por sorte, Gene e Paul nao se deram por vencidos, e ainda iriam produzir um grande álbum em comemoração aos 10 anos da banda em 1982.
Music from the Elder - lançado em 1981, é o mais controvertido álbum do Kiss, pelo momento histórico vivido pela banda e também pelo tipo de música registrado no disco. A banda enfrentava uma séria crise de identidade no começo dos anos 80, após o lançamento de 2 discos (Dynasty e Unmasked, 1979 e 1980) fortemente orientados pelo pop e disco music. Os planos de retornar às origens e fazer um álbum pesado (que se chamaria Rockin´ with the boys) foram abandonados quando o produtor Bob Ezrin foi chamado para ajudar a banda a se reerguer. Ezrin, que havia trabalhado no The Wall do PInk Floyd (e antes ainda, em 1976 com o próprio Kiss no álbum Destroyer - o mais bem sucedido até então), sugeriu que o Kiss fizesse também o seu disco conceitual (Gene Simmons e Paul Stanley aceitaram a idéia - Ace Frehley votou vencido, e Eric Carr não gostou da idéia, mas como era músico contratado, nao tinha direito a voto). O conceito do disco foi delineado por Gene, e trata da história de um garoto, mais ou menos no estilo "Senhor dos Anéis".
Fanfare é o tema inicial, interpretado por uma orquestra. É curto, mas crescente e tenso, abrindo caminho para a próxima música.
Just a boy traz Paul cantando em falsete, introduzindo a história do garoto. Apesar de curta, é uma bela música e tem até um solo de Paul. Gosto particularmente do refrão. Aqui já se percebe a intenção de fazer um grande disco, mas totalmente em descompasso com o passado da banda (natural que os fãs, na época, iriam estranhar). Note o belo timbre do baixo. Eric Carr se mostra bastante contido nessa e em todas as faixas de Elder (não é um álbum de rock, é um álbum conceitual).
Odissey é a música mais grandiosa de Elder. Composta por um tal de Tony Powers, é cantada por Paul, numa interpretação bastante diferente do que estamos acostumados (um registro bastante grave). Começa com piano e tem uma orquestra acompanhando (parece mais uma música da Broadway). Essa é uma música realmente difícil de ouvir, pois Ezrin a deixou pomposa demais. Parece-me que o solo também foi gravado por Paul.
Only you é totalmente Gene. Inicia com um riff em D, bastante tenso. Traz uma marca de Gene que o baixo acompanhando o vocal (no início). Não é uma música inesquecível, mas é muito bem feita. Não tem uma estrutura tradicional (verso-refrão), e sim várias partes reunidas (e que funcionam muito bem). Há uma participação de Paul nos vocais. Note que no final há uma retomada sugestiva do tema de Just a boy (bela sacada, afinal, é um álbum conceitual).
Under the rose é outra de Gene. Essa é a que mais me lembra Pink Floyd (The Wall). Sempre tive essa recordação por causa do coro no refrão, que remete a alguma música do The Wall que não lembro. Belo riff segue o coro "Under the rooooose". Há um belo solo de Ace, mas que foi severamente picotado por Ezrin. Mas ainda assim, criou um efeito bacana no final, harmonizando com o refrão.
Dark Light é a música do Ace em Elder. Inicialmente entitulada Don´t Run, a letra foi totalmente re-escrita por Gene, mas preservou toda a melodia que Ace havia criado para o vocal (inclusive as partes faladas - rap? - entre os versos). Há um solo shred de Ace acompanhado somente por bateria.
A world without heroes é a música mais conhecida de Elder. Teve até um vídeo promocional, e foi tocada no MTV Unplugged. Bela música, composta por Paul e com letra de Gene (a partir de uma idéia de Lou Reed). Os solos também são de Paul. Aqui a orquestração de Ezrin funciona bem.
The oath é a melhor música disparado! Começa com um riff heavy, bem cavalgado de Paul, que ainda canta bem alto (note o refrão em falsete). Baita música! Se o disco inteiro fosse assim, sem as perfumarias de Ezrin, o Kiss teria se dado muito melhor na época. No peso, Eric Carr também se destaca - note que nos versos ele alterna o andamento da bateria. E ainda há espaço para sua marca registrada - os rolos, sempre brilhantes.
Mr. Blackwell começa com o baixo distorcido de Gene, parecendo ter sido feito sob medida para apresentações ao vivo (onde ele faria o tradicional 'blood spitting'). A única parte a ser notada é o riff do refrão. Mais um solo de Ace totalmente pervertido por Ezrin.
Escape from the island é uma música instrumental fenomenal! Rápida e pesada. Da última vez que ouvi notei que lembra um pouco de Rush até - o baixo acompanha os rolos da bateria, há uma parada no meio com bateria tribal e baixo. Bom solo de Ace, com direito a um tapping discreto e tudo. Aqui, mais do que nunca, Eric Carr mostra o seu potencial.
I é a última música, e traz uma rara alternância de vocais entre Paul & Gene, no estilo Shout it out Loud (Destroyer, 1976). É uma boa música até, mas sofre um pouco com o refrão ufanista repetido exaustivamente.
Concluindo: atualmente, entendo que esse disco é execrado somente por Gene, Ace e Paul, uma vez que entre os fãs da banda Elder tem boa aceitação. E é um bom disco, nada parecido com o que a banda havia gravado até então e bem distante do que viria a gravar posteriormente. Mas é notável o esforço de fazer um disco bom, que trouxesse de novo o nome Kiss ao estrelado. Na época nao funcionou - foi um erro estratégico que quase acarretou o fim da banda. Mas, por sorte, Gene e Paul nao se deram por vencidos, e ainda iriam produzir um grande álbum em comemoração aos 10 anos da banda em 1982.
quinta-feira, 17 de julho de 2003
Os discos obscuros do Yes - parte 4 (Drama) final
Drama. Ah, esse sim é um disco obscuro. Execrado por público e crítica desde o seu lançamento em 1980, é um dos mais underrated álbuns de que eu tenho notícia.
Aquela transição dos 70´s para os 80´s foi extremamente complicada para todas as bandas. Vivia-se ainda a disco music e a época de ouro do punk rock. Não havia mais espaço para bandas progressivas como Yes (Emerson, Lake & Palmer havia sucumbido anos antes, e o Genesis mantinha-se na ativa com metade dos integrantes originais e a custa de adequar o som ao que o mercado queria vender).
No final de 1979 o Yes iria reunir-se para gravar o álbum sucessor de Tormato. Entretanto, Rick Wakeman partira definitivamente para sua carreira solo diante das insuperáveis diferenças com os outros músicos. Mas dessa vez, Jon Anderson também não estava disposto a tocar com Yes - passou a investir no seu projeto com Vangelis (que fora o tecladista preterido pela banda em favor de Patrick Moraz em 1974).
Restou o trio Squire-Howe-White. Seguiram ensaiando e compondo, até que encontraram Trevor Horn e Geoff Downes (vocalista e tecladista, respectivamente, do Buggles). Resolveram então unir os esforços sob o nome de Yes, e gravar um disco registrando as composições dessa formação. O resultado é o álbum extremamente intenso (devido ao cenário musical - na Inglaterra predominava o punk - e a própria identidade da banda, que estava ameaçada), diferente de tudo o que já havia sido gravado antes.
Em Drama, encontramos os vocais bastante seguros de Horn escoltados por Squire na maior parte do tempo. O registro de Horn ficou um pouco mais alto na mixagem, mas sua voz e a de Squire confundem-se perfeitamente, de tão bem feita que foi a sobreposição dos vocais. Horn não é Anderson, e não tenta ser; sua voz é muito boa e encaixa-se perfeitamente em todas as músicas. O baixo de Chris Squire, por sua vez, é notoriamente um destaque a parte, mas desta feita o timbre eleito encaixa-se graciosamente em todo o disco. Steve Howe também aproveitou para melhorar seu timbre, graças ao uso de uma Gibson Les Paul Custom.
O que se sobressai, na verdade, é o padrão musical estabelecido pela banda, totalmente diferente do que vinha fazendo até então. Entendo que Geoff Downes teve papel muito importante - em nenhum momento ele ‘climatiza’, sempre está tocando alguma melodia, mais ou menos perceptível aos ouvidos. A banda inteira está TOCANDO - não há espaços para ‘viagens’ sonoras nem “encheção de lingüiça”. O virtuosismo dos músicos nunca foi apresentado de forma tão veemente. E, para quem gosta de ouvir músicos TOCANDO (como eu), Drama é um prato cheio.
O álbum inicia com Machine Messiah, uma de minhas músicas favoritas de todos os tempos. Um riff de guitarra (dobrado pelo teclado e baixo) aparece em fade-in, num começo de disco extremamente pesado e fantasmagórico (e isso os fãs de Yes não estavam acostumados, pois só ouviam as descrições agro-pastoris de Anderson). Nos 10 minutos dessa música, há várias partes que se sucedem e se repetem de forma muito inteligente. Há também riffs malabaristas tocados com precisão e com o cuidado para não tornar as partes instrumentais enfadonhas. O meu destaque (e isso vale para TODAS as outras faixas) é Downes, que se utiliza de MUITOS teclados durante a execução da música (até piano, que não era utilizado com muita freqüência por Wakeman e Moraz). Enfim, uma baita música, sem precedentes no repertório da banda.
White Car é uma vinheta onde só se destacam Horn e Downes (Howe aparece discretamente com violão). Com pouco mais de 1 minuto, Downes cria uma ‘fanfarra’ acompanhada por Horn nos vocais, gerando um efeito muito bonito e preparando o caminho para a terceira música.
Does it really happen começa com um riff quebrado de Squire. E a música segue quebrada até o final - as batidas nunca ‘caem’ ou ‘quebram’ onde nosso ouvido espera. E é notável perceber como eles fazem isso, com total naturalidade. Com a entrada dos vocais, a música tende a assumir um clima mais “alegre” (na falta de outra expressão melhor). Há ainda a utilização de um recurso interessante: a música vai baixando o volume (fade-out), dando todo o jeito de que está acabando - mas, em seguida, o volume volta ao normal (fade-in), para dar espaço a um inesperado solo de Squire. É bem curto, bem simples, mas extremamente eficiente e demonstra a humildade do músico, que sabe que pode tocar o que bem entende, mas utiliza toda a técnica a serviço da música. Que lição!
Into the lens contém uma das introduções mais assombrosas do rock progressivo: há um riff (pode-se chamar disso), onde Alan White acompanha Squire com o bumbo e Downes na caixa. Um malabarismo muito bem composto e executado (o vídeo Greatest Video Hits contém uma versão tocada ao vivo e impressiona pela precisão). Note que durante o refrão é Downes quem canta “I am a camera” e “oh-oh” no vocoder. Há alguns riffs pesados no meio. E Horn demonstra bastante emoção no vocal. Posteriormente, o Buggles (de Horn e Downes) regravou essa música, em versão bem mais simplificada, com o nome de I am a camera.
Run through the light, eu admito, é a música mais fraca do disco. Não tem a força nem o apelo das outras. Nesta faixa assiste-se a uma inusitada troca de instrumentos: Squire assume o piano (que aparece discretamente) e Horn toca fretless bass.
Tempus Fugit retoma a intensidade e finaliza o disco de forma muito enérgica. Segundo Squire, é a música punk do Yes. Destaque para o próprio Squire, com uma linha de baixo bastante complexa - e ele canta junto ainda. Howe se supera dessa vez, conduzindo a banda em quase todas as partes da música (não é muito comum no Yes uma música com a guitarra sobrepujando os demais instrumentos).
Enfim: Drama é um disco memorável, no meu sentir - é um disco sem precedentes no repertório da banda. E depois dele, a banda não compôs nada a altura. Mas na época, as coisas funcionaram muito mal: a Drama tour só foi acompanhada pelos mais fanáticos, que não aceitaram a ausência de Anderson. Horn teve muitos problemas para cantar as músicas antigas da banda, além do seu desgosto por fazer shows em seqüência. Depois disso, a banda caiu no ostracismo. Howe e Downes reuniram-se com outros músicos para formar o Asia (que gozou de muito sucesso nos anos 80), Anderson retornou ao seu projeto com Vangelis e retomou sua carreira solo. Só White e Squire continuaram tocando (chegaram até a ensaiar e compor com Robert Plant e Jimmy Page - o projeto só não se materializou por questões de empresários; Squire também acrescenta que Plant não curtiu muito a experiência, pois as músicas eram muito estranhas em virtude dos tempos quebrados). A banda só voltou a se reerguer (com muito sucesso) anos mais tarde com Trevor Rabin na guitarra e Jon Anderson de volta aos vocais (e também o repatriado Tony Kaye), no álbum hit 90125.
Aquela transição dos 70´s para os 80´s foi extremamente complicada para todas as bandas. Vivia-se ainda a disco music e a época de ouro do punk rock. Não havia mais espaço para bandas progressivas como Yes (Emerson, Lake & Palmer havia sucumbido anos antes, e o Genesis mantinha-se na ativa com metade dos integrantes originais e a custa de adequar o som ao que o mercado queria vender).
No final de 1979 o Yes iria reunir-se para gravar o álbum sucessor de Tormato. Entretanto, Rick Wakeman partira definitivamente para sua carreira solo diante das insuperáveis diferenças com os outros músicos. Mas dessa vez, Jon Anderson também não estava disposto a tocar com Yes - passou a investir no seu projeto com Vangelis (que fora o tecladista preterido pela banda em favor de Patrick Moraz em 1974).
Restou o trio Squire-Howe-White. Seguiram ensaiando e compondo, até que encontraram Trevor Horn e Geoff Downes (vocalista e tecladista, respectivamente, do Buggles). Resolveram então unir os esforços sob o nome de Yes, e gravar um disco registrando as composições dessa formação. O resultado é o álbum extremamente intenso (devido ao cenário musical - na Inglaterra predominava o punk - e a própria identidade da banda, que estava ameaçada), diferente de tudo o que já havia sido gravado antes.
Em Drama, encontramos os vocais bastante seguros de Horn escoltados por Squire na maior parte do tempo. O registro de Horn ficou um pouco mais alto na mixagem, mas sua voz e a de Squire confundem-se perfeitamente, de tão bem feita que foi a sobreposição dos vocais. Horn não é Anderson, e não tenta ser; sua voz é muito boa e encaixa-se perfeitamente em todas as músicas. O baixo de Chris Squire, por sua vez, é notoriamente um destaque a parte, mas desta feita o timbre eleito encaixa-se graciosamente em todo o disco. Steve Howe também aproveitou para melhorar seu timbre, graças ao uso de uma Gibson Les Paul Custom.
O que se sobressai, na verdade, é o padrão musical estabelecido pela banda, totalmente diferente do que vinha fazendo até então. Entendo que Geoff Downes teve papel muito importante - em nenhum momento ele ‘climatiza’, sempre está tocando alguma melodia, mais ou menos perceptível aos ouvidos. A banda inteira está TOCANDO - não há espaços para ‘viagens’ sonoras nem “encheção de lingüiça”. O virtuosismo dos músicos nunca foi apresentado de forma tão veemente. E, para quem gosta de ouvir músicos TOCANDO (como eu), Drama é um prato cheio.
O álbum inicia com Machine Messiah, uma de minhas músicas favoritas de todos os tempos. Um riff de guitarra (dobrado pelo teclado e baixo) aparece em fade-in, num começo de disco extremamente pesado e fantasmagórico (e isso os fãs de Yes não estavam acostumados, pois só ouviam as descrições agro-pastoris de Anderson). Nos 10 minutos dessa música, há várias partes que se sucedem e se repetem de forma muito inteligente. Há também riffs malabaristas tocados com precisão e com o cuidado para não tornar as partes instrumentais enfadonhas. O meu destaque (e isso vale para TODAS as outras faixas) é Downes, que se utiliza de MUITOS teclados durante a execução da música (até piano, que não era utilizado com muita freqüência por Wakeman e Moraz). Enfim, uma baita música, sem precedentes no repertório da banda.
White Car é uma vinheta onde só se destacam Horn e Downes (Howe aparece discretamente com violão). Com pouco mais de 1 minuto, Downes cria uma ‘fanfarra’ acompanhada por Horn nos vocais, gerando um efeito muito bonito e preparando o caminho para a terceira música.
Does it really happen começa com um riff quebrado de Squire. E a música segue quebrada até o final - as batidas nunca ‘caem’ ou ‘quebram’ onde nosso ouvido espera. E é notável perceber como eles fazem isso, com total naturalidade. Com a entrada dos vocais, a música tende a assumir um clima mais “alegre” (na falta de outra expressão melhor). Há ainda a utilização de um recurso interessante: a música vai baixando o volume (fade-out), dando todo o jeito de que está acabando - mas, em seguida, o volume volta ao normal (fade-in), para dar espaço a um inesperado solo de Squire. É bem curto, bem simples, mas extremamente eficiente e demonstra a humildade do músico, que sabe que pode tocar o que bem entende, mas utiliza toda a técnica a serviço da música. Que lição!
Into the lens contém uma das introduções mais assombrosas do rock progressivo: há um riff (pode-se chamar disso), onde Alan White acompanha Squire com o bumbo e Downes na caixa. Um malabarismo muito bem composto e executado (o vídeo Greatest Video Hits contém uma versão tocada ao vivo e impressiona pela precisão). Note que durante o refrão é Downes quem canta “I am a camera” e “oh-oh” no vocoder. Há alguns riffs pesados no meio. E Horn demonstra bastante emoção no vocal. Posteriormente, o Buggles (de Horn e Downes) regravou essa música, em versão bem mais simplificada, com o nome de I am a camera.
Run through the light, eu admito, é a música mais fraca do disco. Não tem a força nem o apelo das outras. Nesta faixa assiste-se a uma inusitada troca de instrumentos: Squire assume o piano (que aparece discretamente) e Horn toca fretless bass.
Tempus Fugit retoma a intensidade e finaliza o disco de forma muito enérgica. Segundo Squire, é a música punk do Yes. Destaque para o próprio Squire, com uma linha de baixo bastante complexa - e ele canta junto ainda. Howe se supera dessa vez, conduzindo a banda em quase todas as partes da música (não é muito comum no Yes uma música com a guitarra sobrepujando os demais instrumentos).
Enfim: Drama é um disco memorável, no meu sentir - é um disco sem precedentes no repertório da banda. E depois dele, a banda não compôs nada a altura. Mas na época, as coisas funcionaram muito mal: a Drama tour só foi acompanhada pelos mais fanáticos, que não aceitaram a ausência de Anderson. Horn teve muitos problemas para cantar as músicas antigas da banda, além do seu desgosto por fazer shows em seqüência. Depois disso, a banda caiu no ostracismo. Howe e Downes reuniram-se com outros músicos para formar o Asia (que gozou de muito sucesso nos anos 80), Anderson retornou ao seu projeto com Vangelis e retomou sua carreira solo. Só White e Squire continuaram tocando (chegaram até a ensaiar e compor com Robert Plant e Jimmy Page - o projeto só não se materializou por questões de empresários; Squire também acrescenta que Plant não curtiu muito a experiência, pois as músicas eram muito estranhas em virtude dos tempos quebrados). A banda só voltou a se reerguer (com muito sucesso) anos mais tarde com Trevor Rabin na guitarra e Jon Anderson de volta aos vocais (e também o repatriado Tony Kaye), no álbum hit 90125.
quarta-feira, 16 de julho de 2003
Charlie´s Angels - Full Throttle. AS PANTERAS!
Fui ver, gostei e recomendo. Baita filme. Não lembro de ter ido ao cinema ver um filme com tantas músicas ouro na trilha sonora. Onde mais se encontraria uma cena em que aquela mulherada toda despenca com um helicóptero ao som de Rage Against the Machine (Sleep now in the fire)?!?! Realmente, de arrepiar os cabelinhos da nuca. Rolou tb Motley Crue (Looks that kill - inegável, uma bela música), Bon Jovi (livin´ on a prayer) e White Zombie (acho que Thunder Kiss '65). Sem contar que a Drew Barrymore aparece com uma camisa do AC/DC e outra do Judas Priest. Muito metal essa slut (yeah)!
Esqueça as cenas de luta de matrix, van damme, jackie chan e outros: elas (as panteras) mandam muito mais. Destaque pra Cameron Diaz - mas Drew Barrymore tb mandou bem. Demi Moore é outra que destrói (apesar da canastrice).
Várias participações especiais: Bruce Willis, Robert Patrick (do T2 e Arquivo X), Joey do Friends e o rival do Ben Stiller em Zoolander (eu sempre esqueço o nome do cara - luke wilson? owen wilson? nao lembro mesmo...). Sobre o Rodrigo Santoro: nao sei o que ele faz no filme. honestamente, quem souber que me diga. Ao que parece ele é bandido, mas durante a corrida de motocross ele é assassinado - por um bandido! Não entendi. Cortaram todas as falas do magrão - podiam ter cortado todas as cenas dele pq nao influi na história. Mas o nome do cara aparece nos créditos no começo e no final - tem que respeitar.
Mas o destaque maior é a participação de Jaclyn Smith (a Kelly Garret do seriado original). A mulher tem mais de 50 anos e deu um banho em todas as outras que aparecem no filme. Muito linda! Bah, sem palavras.
O filme nao tem maiores pretensões. Eu estava preparado pra ver um filme bem ruim, mas acabei surpreendido pela trilha sonora e pelo próprio filme - bastante ação e comédia.
Esqueça as cenas de luta de matrix, van damme, jackie chan e outros: elas (as panteras) mandam muito mais. Destaque pra Cameron Diaz - mas Drew Barrymore tb mandou bem. Demi Moore é outra que destrói (apesar da canastrice).
Várias participações especiais: Bruce Willis, Robert Patrick (do T2 e Arquivo X), Joey do Friends e o rival do Ben Stiller em Zoolander (eu sempre esqueço o nome do cara - luke wilson? owen wilson? nao lembro mesmo...). Sobre o Rodrigo Santoro: nao sei o que ele faz no filme. honestamente, quem souber que me diga. Ao que parece ele é bandido, mas durante a corrida de motocross ele é assassinado - por um bandido! Não entendi. Cortaram todas as falas do magrão - podiam ter cortado todas as cenas dele pq nao influi na história. Mas o nome do cara aparece nos créditos no começo e no final - tem que respeitar.
Mas o destaque maior é a participação de Jaclyn Smith (a Kelly Garret do seriado original). A mulher tem mais de 50 anos e deu um banho em todas as outras que aparecem no filme. Muito linda! Bah, sem palavras.
O filme nao tem maiores pretensões. Eu estava preparado pra ver um filme bem ruim, mas acabei surpreendido pela trilha sonora e pelo próprio filme - bastante ação e comédia.
domingo, 13 de julho de 2003
Os discos obscuros do Yes - parte 3 (Tormato)
Tormato foi lançado em 1978 e segue a tendência iniciada em Going for the one: não há mais espaço para músicas longas. O cd é composto de 8 composições curtas (a mais longa tem 7:45). É também o último disco gravado pela formação clássica do Yes. Na época, a banda estava bastante dividida; as relações entre os músicos havia se desgastado com o passar dos anos de forma irremediável, e lamentavelmente isso transparece claramente durante a audição do cd.
Future Times/Rejoice é uma boa música, no entanto, não segue o padrão de qualidade estabelecido pelo Yes nos álbuns anteriores. Cumpre notar que em várias partes se ouve instrumentos em uníssono, geralmente Howe-Wakeman fazendo ‘runs’ em escalas. Não é um recurso muito comum nas músicas da banda, mas que demonstra ainda uma preocupação em mostrar algum virtuosismo. E funciona muito bem.
Don´t kill the whale é uma ótima música. Manifestamente em defesa da ecologia, todos os músicos se destacam, mas não posso deixar de ressaltar o papel de Howe, no tema inicial e até no solo. Belos vocais de Anderson-Squire (geralmente eles acertam quando cantam em harmonia). Há também um solo brilhante de Wakeman no polymoog.
Madrigal é uma faixa curta (não chega a 3 min), sem bateria, em que Wakeman toca cravo e Howe violão. Nada memorável, mas interessante pela procura de novos sons. Howe sempre se dá bem no violão, e dessa vez não foi diferente. Ótimos solos com influência flamenca.
Release, Release é a melhor faixa disparado. É o ‘heavy metal Yes’. Realmente uma pena que raramente foi reproduzida ao vivo - Alan White chegou a comentar que essa música era um pesadelo pra tocar na turnê do álbum. Tem uma levada bem “straight-forward”, com Jon Anderson cantando bem agressivamente (do jeito Anderson, pelo menos). Steve Howe também contribui ativamente e é bem sucedido. Na metade da música há um solo ‘tribal’ de bateria de Alan White (não lembro de outro solo de batera no Yes). Realmente, uma música estupenda que inova em relação ao repertório da banda.
Arriving UFO e Circus of Heaven seguem uma após a outra. E as trato conjuntamente pois são verdadeiramente péssimas composições. Óbvio que há coisas interessantes a serem notadas, mas predomina o timbre irritante do polymoog de Wakeman e a total falta de criatividade dos demais. Realmente insossas e insones essas músicas. Em Circus... há ainda uma (duvidosa) colaboração do filho pequeno de Anderson. Me admira muito que essa música ainda fez parte do repertório da Tormato tour.
Onward é uma das composições mais tristes da banda. Bem lenta e melancólica, é uma música comovente em todos os sentidos. Contém um dos registros mais graves de Anderson. Não tem bateria. É creditada somente a Squire - nesses casos, a música geralmente é boa (vide Parallels de Going for the one).
On the silent wings of freedom fecha o disco. O seu maior atrativo são os minutos iniciais, onde Squire e White nos presenteiam com uma ‘jam’, por assim dizer. Squire toca repetidamente um riff e White acompanha de forma livre com uma levada estilo Ian Paice. O resto da música não contém nada marcante.
Vale reparar no timbre diferenciado do baixo de Squire em todo o disco.
Concluindo: assim como Going for the one, Tormato não gozou de boa recepção por parte de público e crítica. De fato, não se trata de um álbum no padrão dos lançamentos anteriores, mas trata-se de uma bela banda e não se deve desprezar uma audição desse disco, pois este conta com um punhado de boas composições. Ademais, é um álbum com certa importância histórica para o Yes - depois dele, Jon Anderson passou a se dedicar a seu projeto com Vangelis, Wakeman voltou a sua irregular porém prolífera carreira solo. O trio remanescente Howe-Squire-White, por sua vez, continuou unido e ensaiando, e deu continuidade à banda, com participação de outros músicos, num resultado bastante controvertido.
Future Times/Rejoice é uma boa música, no entanto, não segue o padrão de qualidade estabelecido pelo Yes nos álbuns anteriores. Cumpre notar que em várias partes se ouve instrumentos em uníssono, geralmente Howe-Wakeman fazendo ‘runs’ em escalas. Não é um recurso muito comum nas músicas da banda, mas que demonstra ainda uma preocupação em mostrar algum virtuosismo. E funciona muito bem.
Don´t kill the whale é uma ótima música. Manifestamente em defesa da ecologia, todos os músicos se destacam, mas não posso deixar de ressaltar o papel de Howe, no tema inicial e até no solo. Belos vocais de Anderson-Squire (geralmente eles acertam quando cantam em harmonia). Há também um solo brilhante de Wakeman no polymoog.
Madrigal é uma faixa curta (não chega a 3 min), sem bateria, em que Wakeman toca cravo e Howe violão. Nada memorável, mas interessante pela procura de novos sons. Howe sempre se dá bem no violão, e dessa vez não foi diferente. Ótimos solos com influência flamenca.
Release, Release é a melhor faixa disparado. É o ‘heavy metal Yes’. Realmente uma pena que raramente foi reproduzida ao vivo - Alan White chegou a comentar que essa música era um pesadelo pra tocar na turnê do álbum. Tem uma levada bem “straight-forward”, com Jon Anderson cantando bem agressivamente (do jeito Anderson, pelo menos). Steve Howe também contribui ativamente e é bem sucedido. Na metade da música há um solo ‘tribal’ de bateria de Alan White (não lembro de outro solo de batera no Yes). Realmente, uma música estupenda que inova em relação ao repertório da banda.
Arriving UFO e Circus of Heaven seguem uma após a outra. E as trato conjuntamente pois são verdadeiramente péssimas composições. Óbvio que há coisas interessantes a serem notadas, mas predomina o timbre irritante do polymoog de Wakeman e a total falta de criatividade dos demais. Realmente insossas e insones essas músicas. Em Circus... há ainda uma (duvidosa) colaboração do filho pequeno de Anderson. Me admira muito que essa música ainda fez parte do repertório da Tormato tour.
Onward é uma das composições mais tristes da banda. Bem lenta e melancólica, é uma música comovente em todos os sentidos. Contém um dos registros mais graves de Anderson. Não tem bateria. É creditada somente a Squire - nesses casos, a música geralmente é boa (vide Parallels de Going for the one).
On the silent wings of freedom fecha o disco. O seu maior atrativo são os minutos iniciais, onde Squire e White nos presenteiam com uma ‘jam’, por assim dizer. Squire toca repetidamente um riff e White acompanha de forma livre com uma levada estilo Ian Paice. O resto da música não contém nada marcante.
Vale reparar no timbre diferenciado do baixo de Squire em todo o disco.
Concluindo: assim como Going for the one, Tormato não gozou de boa recepção por parte de público e crítica. De fato, não se trata de um álbum no padrão dos lançamentos anteriores, mas trata-se de uma bela banda e não se deve desprezar uma audição desse disco, pois este conta com um punhado de boas composições. Ademais, é um álbum com certa importância histórica para o Yes - depois dele, Jon Anderson passou a se dedicar a seu projeto com Vangelis, Wakeman voltou a sua irregular porém prolífera carreira solo. O trio remanescente Howe-Squire-White, por sua vez, continuou unido e ensaiando, e deu continuidade à banda, com participação de outros músicos, num resultado bastante controvertido.
sábado, 12 de julho de 2003
Os discos obscuros do Yes - parte 2 (Going for the one)
Going for the one foi lançado em 1977 e marca o retorno de Rick Wakeman aos teclados do Yes. O álbum marca também o início do abandono das músicas de 20 minutos, que marcaram o auge da popularidade da banda na metade dos anos 70. Isso não impede que o disco contenha músicas muito boas e fortes, que até hoje são reproduzidas ao vivo.
O disco inicia com a música título: um rock simples e acelerado, onde Steve Howe é a ‘mola propulsora’. Um ponto negativo é o vocal extremamente “high-pitch” de Jon Anderson - os versos já começam com um agudo intolerável, ao meu sentir. De outra parte, entendo que nesse álbum (com exceções ressalvadas a seguir) Wakeman não foi bem sucedido na escolha dos teclados. Tudo soa bastante datado, e identifico o teclado “Polymoog” como responsável por esse timbre ‘cafona’ (o encarte do cd esclarece quais os instrumentos utilizados nas gravações).
Turn of the century é uma balada predominantemente acústica. Muito bonita, é verdade, mas sem o impacto da outra
balada que vem mais adiante no disco. Considero a música mais fraca e dispensável.
Parallels é uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos. Tudo nela parece funcionar perfeitamente. É uma das músicas que considero ‘perfeitas’ - tem começo-meio-fim. Dura exatamente o tempo necessário - quero dizer, os músicos conseguiram reunir todas as idéias pra essa música funcionar; não existe aquela sensação de que a música já deveria ter acabado (por ser longa demais), ou de que faltou alguma coisa. Destaque absoluto pra Wakeman (que acertou em cheio no teclado) e Chris Squire. Os vocais são basicamente em uníssono Squire-Anderson, e numa altura bem agradável (completamente diferente da música Going for the one). Sobre Steve Howe, a impressão é que a guitarra nessa música não aparece - não faz falta nenhuma. Mas nota-se que Howe faz um interessante contraponto aos vocais nas partes cantadas. Vale reparar no solo de teclado: a banda acompanha um riff de baixo, onde sempre no 4o compasso há uma mudança no “time signature”. Bastante criativo, e o efeito causado mal é percebido pois as atenções estão voltadas ao (belo) solo de Wakeman. Essa idéia foi mais tarde incorporada e desenvolvida ao extremo pelo Dream Theater (Metropolis parte 2).
Wonderous Stories também é uma favorita pessoal. Admito que essa música padece um pouco com a cafonice do timbre de Wakeman. Mas Anderson a canta muito bem, e ela tem um andamento ‘que vai crescendo’. Interessante reparar que do início até o 1o. refrão, Squire toca num “time signature” diferente do resto da banda - cria um efeito de que ele está tocando aleatoriamente; as notas nunca aparecem no momento que o ouvinte está esperando. Belíssima versão ao vivo está contido no cd Yesshows - assim como Parallels.
Awaken é a música longa (15 min) do disco. Anderson afirmou várias vezes que essa é para ele a música mais perfeita do Yes, onde os músicos conseguiram realizar tudo o que ele gostaria de ouvir numa canção. Começa com Wakeman (brilhante) ao piano. Depois de alguns versos cantados por Anderson, acompanhados por um teclado ‘climático’, Howe apresenta um belo riff seguido pela banda - no estilo Siberian Khatru. Nessa parte também se destaca Alan White, numa levada bastante segura e criativa. Há ainda uma seção inteira onde Wakeman reina sozinho - várias camadas de teclado sobrepostas, num tema que remete à algum som oriental ou de civilização inca/maia (!). Não posso deixar de mencionar, ainda, um solo quase ‘shred’ de Howe no meio da música.
Em inúmeras entrevistas, Patrick Moraz revelou que muito do que se ouve em Going for the one (Awaken, especialmente), na verdade, foi ele quem compôs, durante os ensaios e passagens de som da Relayer tour. Chris Squire rebate em outra entrevista afirmando mais ou menos o seguinte: se alguém apresenta um acorde, e outro sugere ‘ao invés de tocarmos esse acorde, que tal esse outro’, só esse fato não o torna compositor da música - só um ‘palpiteiro’, pois a idéia foi apresentada pelo primeiro.
Concluindo: trata-se de um belo disco, onde os músicos encontravam-se em plena forma. Não encontrou a mesma repercussão dos discos anteriores junto ao público e crítica pois foi lançado num momento em que o progressivo já estava perdendo seu espaço (nenhuma banda desse gênero se deu bem nessa época).
O disco inicia com a música título: um rock simples e acelerado, onde Steve Howe é a ‘mola propulsora’. Um ponto negativo é o vocal extremamente “high-pitch” de Jon Anderson - os versos já começam com um agudo intolerável, ao meu sentir. De outra parte, entendo que nesse álbum (com exceções ressalvadas a seguir) Wakeman não foi bem sucedido na escolha dos teclados. Tudo soa bastante datado, e identifico o teclado “Polymoog” como responsável por esse timbre ‘cafona’ (o encarte do cd esclarece quais os instrumentos utilizados nas gravações).
Turn of the century é uma balada predominantemente acústica. Muito bonita, é verdade, mas sem o impacto da outra
balada que vem mais adiante no disco. Considero a música mais fraca e dispensável.
Parallels é uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos. Tudo nela parece funcionar perfeitamente. É uma das músicas que considero ‘perfeitas’ - tem começo-meio-fim. Dura exatamente o tempo necessário - quero dizer, os músicos conseguiram reunir todas as idéias pra essa música funcionar; não existe aquela sensação de que a música já deveria ter acabado (por ser longa demais), ou de que faltou alguma coisa. Destaque absoluto pra Wakeman (que acertou em cheio no teclado) e Chris Squire. Os vocais são basicamente em uníssono Squire-Anderson, e numa altura bem agradável (completamente diferente da música Going for the one). Sobre Steve Howe, a impressão é que a guitarra nessa música não aparece - não faz falta nenhuma. Mas nota-se que Howe faz um interessante contraponto aos vocais nas partes cantadas. Vale reparar no solo de teclado: a banda acompanha um riff de baixo, onde sempre no 4o compasso há uma mudança no “time signature”. Bastante criativo, e o efeito causado mal é percebido pois as atenções estão voltadas ao (belo) solo de Wakeman. Essa idéia foi mais tarde incorporada e desenvolvida ao extremo pelo Dream Theater (Metropolis parte 2).
Wonderous Stories também é uma favorita pessoal. Admito que essa música padece um pouco com a cafonice do timbre de Wakeman. Mas Anderson a canta muito bem, e ela tem um andamento ‘que vai crescendo’. Interessante reparar que do início até o 1o. refrão, Squire toca num “time signature” diferente do resto da banda - cria um efeito de que ele está tocando aleatoriamente; as notas nunca aparecem no momento que o ouvinte está esperando. Belíssima versão ao vivo está contido no cd Yesshows - assim como Parallels.
Awaken é a música longa (15 min) do disco. Anderson afirmou várias vezes que essa é para ele a música mais perfeita do Yes, onde os músicos conseguiram realizar tudo o que ele gostaria de ouvir numa canção. Começa com Wakeman (brilhante) ao piano. Depois de alguns versos cantados por Anderson, acompanhados por um teclado ‘climático’, Howe apresenta um belo riff seguido pela banda - no estilo Siberian Khatru. Nessa parte também se destaca Alan White, numa levada bastante segura e criativa. Há ainda uma seção inteira onde Wakeman reina sozinho - várias camadas de teclado sobrepostas, num tema que remete à algum som oriental ou de civilização inca/maia (!). Não posso deixar de mencionar, ainda, um solo quase ‘shred’ de Howe no meio da música.
Em inúmeras entrevistas, Patrick Moraz revelou que muito do que se ouve em Going for the one (Awaken, especialmente), na verdade, foi ele quem compôs, durante os ensaios e passagens de som da Relayer tour. Chris Squire rebate em outra entrevista afirmando mais ou menos o seguinte: se alguém apresenta um acorde, e outro sugere ‘ao invés de tocarmos esse acorde, que tal esse outro’, só esse fato não o torna compositor da música - só um ‘palpiteiro’, pois a idéia foi apresentada pelo primeiro.
Concluindo: trata-se de um belo disco, onde os músicos encontravam-se em plena forma. Não encontrou a mesma repercussão dos discos anteriores junto ao público e crítica pois foi lançado num momento em que o progressivo já estava perdendo seu espaço (nenhuma banda desse gênero se deu bem nessa época).
sexta-feira, 11 de julho de 2003
Os discos obscuros do Yes - parte 1 (Relayer)
A grande maioria das pessoas conhece Yes pelo hit oitentista Owner of a lonely heart. Pode acontecer, ainda, que muitas pessoas conheçam Roundabout (hit dos anos 70). Mas só fãs da banda estão familiarizados com os álbuns Fragile e Close to the Edge.
No entanto, mesmo entre os fãs mais devotados, existem alguns cds do catálogo do Yes que ou são desconhecidos, ou são execrados pelos mais radicais (pelas mais diferentes razões). Proponho-me, então, as escrever algumas linhas sobre os 'discos obscuros' do Yes, entendidos aqueles como os "underrated albuns", que só os fãs seguidores incondicionais da banda conhecem.
E vou começar pelo Relayer de 1974. Esse disco foi precedido da saída do tecladista Rick Wakeman da banda, descontente com os rumos que estava tomando, intensificado pelo disco de 1973 Tales from Topographic Oceans (duplo com 4 músicas de 20 minutos). Em seu lugar foi trazido o suíço Patrick Moraz, que foi responsável por adicionar novos elementos ao som da banda.
O documentário Yesyears, com efeito, contém algumas imagens da Relayer Tour que se seguiu ao lançamento do álbum, e mostra Moraz entretido com numerosos teclados dispostos em forma de U, uns sobre os outros. Durante muito tempo eu pensei que Moraz era o principal músico daquela formação; que o tecladista era quem mais aparecia. Mas, devo admitir, que novas audições fizeram-me perceber que, na verdade, é Steve Howe quem patrocina grande parte das melodias das músicas (seriamente prejudicado pelo pior timbre de guitarra de todos os tempos).
Isso, porém, nao serve para desmentir o papel fundamental de Moraz no disco, e como ele foi crucial para o desenvolvimento da banda. Mesmo na retaguarda pela maior parte do tempo, o tecladista conseguiu criar texturas e acompanhamentos (clima) muito apropriados às músicas, e num estilo bem diferente de Wakeman.
A obra prima do disco é Gates of Delirium, de quase 25 minutos. A agressividade da letra de Jon Anderson é acompanhada com perfeição pela contribuição dos demais músicos. Aliás, sobre Anderson, o cd Yesshows traz uma versão de Gates extraída da Relayer tour, e é onde eu acredito que se encontra a performance mais "viril" (se é que tal é possível) do vocalista. Moraz conduz a banda em alguns poucos momentos, mas sempre ofuscando os momentos em que Howe aparece com destaque. O melhor segmento é, sem dúvida aquele que se segue à batalha (onde a banda vai numa crescente profusão de sons com o objetivo exclusivo de criar esse clima de guerra). Os solos de Moraz também são bastante criativos e muito melhores que os de Howe (que encontra-se em excelente forma, mas aquele timbre...).
Sound Chaser contém um riff de Chris Squire acompanhado pela banda, num tempo quebrado (alguém falou 7/8?). Essa música demanda várias audições, pois os versos são cantados de forma estridente, e contrastam sobremaneira com aquele riff. Realmente, algo difícil de acostumar o ouvido. Destaque também para o longo solo desacompanhado de Steve Howe, aparentemente improvisado, e que talvez alcançasse melhor efeito nao fosse o timbre horroroso da guitar. Notável, no entanto, o segmento em que a banda alterna andamento rápido-lento em determinado trecho, criando um efeito muito difícil de ser reproduzido, seja em ensaio, seja ao vivo.
To Be Over fecha o disco - segundo muitos, é a única música que realmente soa como Yes. Um exagero, certamente. Trata-se de uma música muito bonita, mas sem a mesma energia das outras. Serve para abrandar os ânimos, finalizando o disco com uma música mais calma e, quem sabe, dispensável (se for por beleza, eu prefiro a parte final de Gates of Delirium: Soon).
Concluindo: esse álbum marcou uma transição na carreira da banda - a partir dele, nao houve mais músicas de 20 minutos. Os integrantes resolveram concentrar-se em composições mais curtas e mais facilmente assimiláveis. É um disco que vale a pena ser ouvido, ainda que só com intuito de pesquisa. Pode ser desnecessário, mas nunca é despiciendo lembrar a performance exuberante do baixista Chris Squire (um destaque sempre) e do batera Alan White. A influência desse disco (e da colaboração de Moraz) em músicos da atualidade é marcante, notadamente em Jordan Ruddess no álbum Six Degrees of Inner Turbulence (Dream Theater - ouça Misunderstood e Goodnight Kiss).
No entanto, mesmo entre os fãs mais devotados, existem alguns cds do catálogo do Yes que ou são desconhecidos, ou são execrados pelos mais radicais (pelas mais diferentes razões). Proponho-me, então, as escrever algumas linhas sobre os 'discos obscuros' do Yes, entendidos aqueles como os "underrated albuns", que só os fãs seguidores incondicionais da banda conhecem.
E vou começar pelo Relayer de 1974. Esse disco foi precedido da saída do tecladista Rick Wakeman da banda, descontente com os rumos que estava tomando, intensificado pelo disco de 1973 Tales from Topographic Oceans (duplo com 4 músicas de 20 minutos). Em seu lugar foi trazido o suíço Patrick Moraz, que foi responsável por adicionar novos elementos ao som da banda.
O documentário Yesyears, com efeito, contém algumas imagens da Relayer Tour que se seguiu ao lançamento do álbum, e mostra Moraz entretido com numerosos teclados dispostos em forma de U, uns sobre os outros. Durante muito tempo eu pensei que Moraz era o principal músico daquela formação; que o tecladista era quem mais aparecia. Mas, devo admitir, que novas audições fizeram-me perceber que, na verdade, é Steve Howe quem patrocina grande parte das melodias das músicas (seriamente prejudicado pelo pior timbre de guitarra de todos os tempos).
Isso, porém, nao serve para desmentir o papel fundamental de Moraz no disco, e como ele foi crucial para o desenvolvimento da banda. Mesmo na retaguarda pela maior parte do tempo, o tecladista conseguiu criar texturas e acompanhamentos (clima) muito apropriados às músicas, e num estilo bem diferente de Wakeman.
A obra prima do disco é Gates of Delirium, de quase 25 minutos. A agressividade da letra de Jon Anderson é acompanhada com perfeição pela contribuição dos demais músicos. Aliás, sobre Anderson, o cd Yesshows traz uma versão de Gates extraída da Relayer tour, e é onde eu acredito que se encontra a performance mais "viril" (se é que tal é possível) do vocalista. Moraz conduz a banda em alguns poucos momentos, mas sempre ofuscando os momentos em que Howe aparece com destaque. O melhor segmento é, sem dúvida aquele que se segue à batalha (onde a banda vai numa crescente profusão de sons com o objetivo exclusivo de criar esse clima de guerra). Os solos de Moraz também são bastante criativos e muito melhores que os de Howe (que encontra-se em excelente forma, mas aquele timbre...).
Sound Chaser contém um riff de Chris Squire acompanhado pela banda, num tempo quebrado (alguém falou 7/8?). Essa música demanda várias audições, pois os versos são cantados de forma estridente, e contrastam sobremaneira com aquele riff. Realmente, algo difícil de acostumar o ouvido. Destaque também para o longo solo desacompanhado de Steve Howe, aparentemente improvisado, e que talvez alcançasse melhor efeito nao fosse o timbre horroroso da guitar. Notável, no entanto, o segmento em que a banda alterna andamento rápido-lento em determinado trecho, criando um efeito muito difícil de ser reproduzido, seja em ensaio, seja ao vivo.
To Be Over fecha o disco - segundo muitos, é a única música que realmente soa como Yes. Um exagero, certamente. Trata-se de uma música muito bonita, mas sem a mesma energia das outras. Serve para abrandar os ânimos, finalizando o disco com uma música mais calma e, quem sabe, dispensável (se for por beleza, eu prefiro a parte final de Gates of Delirium: Soon).
Concluindo: esse álbum marcou uma transição na carreira da banda - a partir dele, nao houve mais músicas de 20 minutos. Os integrantes resolveram concentrar-se em composições mais curtas e mais facilmente assimiláveis. É um disco que vale a pena ser ouvido, ainda que só com intuito de pesquisa. Pode ser desnecessário, mas nunca é despiciendo lembrar a performance exuberante do baixista Chris Squire (um destaque sempre) e do batera Alan White. A influência desse disco (e da colaboração de Moraz) em músicos da atualidade é marcante, notadamente em Jordan Ruddess no álbum Six Degrees of Inner Turbulence (Dream Theater - ouça Misunderstood e Goodnight Kiss).
BURNIN´ BOAT - ensaio 'Fistful of riffs'
Nao vou deixar de aproveitar este espaço pra fazer resenhas e comentários sobre os diversos assuntos relacionados com a minha banda, Burnin´ Boat. São basicamente de cunho "diário de bordo", ou seja, se nao for do seu interesse, ignore completamente.
Dito isso, passo ao seguinte: 10/07 - a formação foi eu, Bruce e Luciano (Gillan) - só batera, guitar e vocal. Tocamos 10 músicas, sendo 4 jams. As demais foram Noise Garden, Hidden, Ace´s High, Aunt Evil, a antigamente conhecida como Come out and play e Shark Attack. Destaque pra versão alterada do chorus de Hidden, que tocamos à parte (e remete imediatamente a System of a Down). Toquei o ensaio inteiro com a fender do Bruce, afinada em "don´t give a fuck tuning", também conhecida popularmente como "anyway tuning".
As jams continuam inspiradas no peso de St. Anger - sempre com a 6a corda 'dropped anything'. Destaque pra jam # 3, com riff meio cavalgado (cordas abafadas). Mas surgiram muitos outros que devem (deverão - deveriam) ser aproveitados. As músicas BB funcionaram bem com essa afinação (que eu tenho gostado bastante).
Por fim, cabe referir o quebra-quebra frustrado do show da Sonic Volt (banda que o Luciano é vocalista tb) no bar 8 e 1/2 na última 2a feira (07/07).
Dito isso, passo ao seguinte: 10/07 - a formação foi eu, Bruce e Luciano (Gillan) - só batera, guitar e vocal. Tocamos 10 músicas, sendo 4 jams. As demais foram Noise Garden, Hidden, Ace´s High, Aunt Evil, a antigamente conhecida como Come out and play e Shark Attack. Destaque pra versão alterada do chorus de Hidden, que tocamos à parte (e remete imediatamente a System of a Down). Toquei o ensaio inteiro com a fender do Bruce, afinada em "don´t give a fuck tuning", também conhecida popularmente como "anyway tuning".
As jams continuam inspiradas no peso de St. Anger - sempre com a 6a corda 'dropped anything'. Destaque pra jam # 3, com riff meio cavalgado (cordas abafadas). Mas surgiram muitos outros que devem (deverão - deveriam) ser aproveitados. As músicas BB funcionaram bem com essa afinação (que eu tenho gostado bastante).
Por fim, cabe referir o quebra-quebra frustrado do show da Sonic Volt (banda que o Luciano é vocalista tb) no bar 8 e 1/2 na última 2a feira (07/07).
quarta-feira, 9 de julho de 2003
St. Anger ´round my neck! O novo cd do Metallica.
Vamos falar sobre música então.
Inicialmente, gostaria de tecer considerações a respeito do novo cd do Metallica (St. Anger), que desde seu lançamento tem gerado bastante controvérsia. Só conheço mais duas pessoas que gostaram do cd, o que é, de certa maneira, preocupante.
Particularmente, entendo que o Metallica estava devendo aos fãs um álbum efetivamente pesado e sem baladas radiofônicas ou 'músicas pra galera'. Enumerei algumas razões pra considerar esse disco muito bom, e seu lançamento foi feito na hora certa:
1) não há como negar que o disco é pesado do começo ao fim. Em que pese a ausência de solos (que eu sinto falta, uma vez que as músicas em geral são longas - sem contar que o Kirk Hammet, em regra, faz solos brilhantes, vide ... And Justice for All, entre outros), o disco está repleto de riffs, o que é sempre positivo, além de mudanças de andamento no decorrer das músicas.
2) não há concessões radiofônicas: a gravação propositalmente tosca, o próprio peso da afinação das guitarras e dos riffs, a bateria bem agressiva (várias correrias no meio das músicas, às vezes até inoportunas) afastam aquela velha reclamação de que o Metallica 'se vendeu' depois do black album.
3) a aproximação com o new metal é mais aparente do que real. Afinações pesadas, riffs em geral simples, ausência de solos pode, numa apressada análise, indicar uma tendência new metal. Alguns riffs também podem conduzir a essa conclusão. Mas nenhuma banda de new metal faz músicas como as do St. Anger, visto como um conjunto. Em regra, as bandas de new metal compõem músicas com um par de riffs, vocais gritados-sussurrados-guturais, e muitos ruídos (excesso de produção muitas vezes). St. Anger conta com os vocais de James Hetfield, e sua excelência (ao meu ver) é demonstrada em cada uma das músicas. Some-se ainda aos incontáveis riffs e mudanças de andamento - que acharam daquele riff totalmente Iommi no final de 'Frantic'? Particularmente entendo que St. Anger está muito mais pra um Motorhead energizado do que pra new metal.
4) excelente a iniciativa de produzir um DVD com todas as músicas tocadas durante ensaio. Melhor ainda que os músicos absteram-se de ficar palhaçando durante a execução das músicas - nao ficam olhando pra câmera fazendo caretas e tudo mais. O que aparece é só músicos tocando, sem estrelismos.
5) por fim, a participação de Bob Rock tocando baixo no cd nao produziu os efeitos nefastos que se poderiam esperar...
Enfim, St. Anger é um bom cd; na verdade, é o cd que o Metallica estava devendo aos fãs - pesado e sem concessões. No entanto, espero que o próximo cd nao demore mais 6 ou 7 anos, e que traga de volta os solos e as harmonizações que eles sempre se preocuparam em agregar às composições.
Inicialmente, gostaria de tecer considerações a respeito do novo cd do Metallica (St. Anger), que desde seu lançamento tem gerado bastante controvérsia. Só conheço mais duas pessoas que gostaram do cd, o que é, de certa maneira, preocupante.
Particularmente, entendo que o Metallica estava devendo aos fãs um álbum efetivamente pesado e sem baladas radiofônicas ou 'músicas pra galera'. Enumerei algumas razões pra considerar esse disco muito bom, e seu lançamento foi feito na hora certa:
1) não há como negar que o disco é pesado do começo ao fim. Em que pese a ausência de solos (que eu sinto falta, uma vez que as músicas em geral são longas - sem contar que o Kirk Hammet, em regra, faz solos brilhantes, vide ... And Justice for All, entre outros), o disco está repleto de riffs, o que é sempre positivo, além de mudanças de andamento no decorrer das músicas.
2) não há concessões radiofônicas: a gravação propositalmente tosca, o próprio peso da afinação das guitarras e dos riffs, a bateria bem agressiva (várias correrias no meio das músicas, às vezes até inoportunas) afastam aquela velha reclamação de que o Metallica 'se vendeu' depois do black album.
3) a aproximação com o new metal é mais aparente do que real. Afinações pesadas, riffs em geral simples, ausência de solos pode, numa apressada análise, indicar uma tendência new metal. Alguns riffs também podem conduzir a essa conclusão. Mas nenhuma banda de new metal faz músicas como as do St. Anger, visto como um conjunto. Em regra, as bandas de new metal compõem músicas com um par de riffs, vocais gritados-sussurrados-guturais, e muitos ruídos (excesso de produção muitas vezes). St. Anger conta com os vocais de James Hetfield, e sua excelência (ao meu ver) é demonstrada em cada uma das músicas. Some-se ainda aos incontáveis riffs e mudanças de andamento - que acharam daquele riff totalmente Iommi no final de 'Frantic'? Particularmente entendo que St. Anger está muito mais pra um Motorhead energizado do que pra new metal.
4) excelente a iniciativa de produzir um DVD com todas as músicas tocadas durante ensaio. Melhor ainda que os músicos absteram-se de ficar palhaçando durante a execução das músicas - nao ficam olhando pra câmera fazendo caretas e tudo mais. O que aparece é só músicos tocando, sem estrelismos.
5) por fim, a participação de Bob Rock tocando baixo no cd nao produziu os efeitos nefastos que se poderiam esperar...
Enfim, St. Anger é um bom cd; na verdade, é o cd que o Metallica estava devendo aos fãs - pesado e sem concessões. No entanto, espero que o próximo cd nao demore mais 6 ou 7 anos, e que traga de volta os solos e as harmonizações que eles sempre se preocuparam em agregar às composições.
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