sábado, 26 de julho de 2003

Os discos do KISS - parte IV (Animalize)

ANIMALIZE – lançado em 1984, segue a linha hard rock dos discos anteriores (CREATURES OF THE NIGHT e LICK IT UP), mas sugere o som que viria nos discos posteriores. Mark St. John, um desconhecido professor de guitarra, entra no lugar de Vinnie Vincent, despedido em razão de sua personalidade extravagante. O racha da banda entre Gene Simmons e Paul Stanley é bem marcante – basicamente, um não participa das faixas compostas pelo outro. Nas músicas de Paul, quem gravou o baixo foi Jean Beauvoir; nas de Gene, quem gravou guitarras foi o próprio ou então Mark. Cada um produziu suas próprias faixas. Entendo que a produção desse disco é muito boa – os discos de estúdio do KISS tendem a não refletir as performances das apresentações ao vivo. No caso de ANIMALIZE, as músicas aparecem muito bem, e resistem ao teste do tempo (com exceção dos solos de Mark, que, pelo timbre, soam extremamente datados). O bumbo da bateria também ficou prejudicado (mal se ouve o bumbo duplo em UNDER THE GUN).

As melhores músicas de ANIMALIZE são as de Paul. I´VE HAD ENOUGH abre o disco de forma vigorosa (como geralmente acontece nos discos da banda). Muito boa letra, riffs pesados e rápidos – gosto muito dessa música. Destaque para Eric Carr, numa levada bem criativa, acompanhando o riff e desenvolvendo nos versos. Aqui se encontra o melhor solo gravado por Mark. Há um interlúdio antes e depois do solo, muito bem sacado.

HEAVENS ON FIRE é o hit que ajudou a alavancar as vendas do álbum (teve até um vídeo promocional, bem veiculado pela MTV). Extremamente simples, sedimenta a parceria entre Paul e Desmond Child (o mesmo que compôs músicas para Aerosmith, Bon Jovi e Ricky Martin).

BURN BITCH BURN começa com um riff bem pesado e traz Gene numa letra jocosa, sobre mulheres e sexo, bem ao seu gosto. Eric acompanha muito bem na bateria.

GET ALL YOU CAN TAKE é a música mais fraca de Paul nesse disco. No riff principal (que serve de refrão) há uma ‘virada’ característica (veja THE OATH e KEEP ME COMIN). Os vocais de Paul estão extremamente agudos (high-pitch).

LONELY IS THE HUNTER começa com um riff interessante, mas exaustivamente repetido durante a faixa. Curiosidade: inexplicavelmente o solo é de Bruce Kulick (mas isso não faz a menor diferença, pois é bem similar aos registrados por Mark).

UNDER THE GUN é a correria de Paul no disco. Eu gosto dessas músicas rápidas de Paul – dão uma equilibrada no disco. Fantástico o final da música, com Mark correndo atrás da bateria.

THRILLS IN THE NIGHT é outra que eu gosto bastante. O som remete totalmente aos anos 80, mas a música é muito bem feita. Eric é o maior destaque, acompanhando os versos no tom, de maneira bastante original. O solo de Mark é bom também, pertinente à música (dentro do possível). Aqui, Paul também é muito feliz nos interlúdios (antes e depois do solo).

WHILE THE CITY SLEEPS e MURDER IN HIGH HEELS são de Gene e fecham o disco. Nada memoráveis: ambas apresentam boas idéias, mas pecam pela falta de objetividade – ficam girando em torno do riff, não apresetando nada inovador, ou que valha alguma audição mais atenta.

Concluindo: honestamente, admito que ANIMALIZE é um disco apenas razoável. Mas que eu gosto bastante, particularmente (há pelo menos 3 grandes músicas, todas de Paul: I´VE HAD ENOUGH, UNDER THE GUN e THRILLS IN THE NIGHT, sem contar o hit HEAVENS ON FIRE). Vendeu bem na época, e marcou o último disco em que os integrantes apareceram nas fotos do encarte vestindo preto: a partir desse disco, a banda se tornaria irremediavelmente mais uma da onda hair metal que assolou o mundo musical nos anos 80. Esse disco representou também o início da fase improdutiva de Gene, que já se mostrava mais comprometido com sua (insípida) carreira cinematográfica. Dali em diante, Paul é quem iria comandar o destino musical da banda, tentando manter sua condição entre as bandas top, com resultados bastante irregulares.

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