quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Discos essenciais: Queen "News of the World" (1977)

Há algumas semanas, minha mulher resolveu ouvir algumas músicas do Queen que ela gosta (tipo "Under Pressure" e "A Kind of Magic") e olhou para os vários cds da banda na prateleira; aleatoriamente escolheu um e deixou tocando. Comecei a ouvir e me dei conta que era Queen, mas não conhecia nenhuma das músicas. Bem, essa é a conseqüência de adquirir discos e não ter tempo para ouvi-los. As músicas pareciam muito bem compostas e com melodias incríveis, então vi que se tratava de "News of the World", lançado em 1977, e adquirido há uns meses atrás, junto com outros da banda, por R$ 14,90 nas Americanas.

O disco abre com duas músicas instantaneamente reconhecíveis, vez que se tratam de verdadeiros clássicos não só do Queen como do rock e da música pop em geral: "We Will Rock You" e "We Are the Champions". São tão conhecidas que basta apenas dizer que acabam se tornando chavões, pois servem para tocar tanto em eventos esportivos como em formaturas. Mas é preciso admitir que são composições magníficas. "We Will Rock You", conforme consta do Wikipedia, foi uma idéia de Brian May de compor uma faixa absolutamente simples e que se tornasse uma espécie de hino para as apresentações ao vivo, nas quais a participação do público seria imprescindível. Nunca dei muita bola para "We Are the Champions", mas depois de ouvir algumas vezes, recentemente, e principalmente depois de ver a apresentação da banda no "Live Aid", finalmente pude perceber que se trata de uma música perfeita: todas as notas, batidas, melodias e letra se encaixam perfeitamente. É um daqueles momentos em que todos os músicos tocam suas partes com precisão e delicadeza: não há nada sobrando ou faltando. Destaque, no entanto, para a linha de baixo de John Deacon.

Duas outras faixas já eram minhas conhecidas, mas não costumo ouvi-las: "Sheer Heart Attack", rápida e agressiva, quase punk, é composição de Roger Taylor, que geralmente compõe as músicas mais fracas dos discos da banda. "Get Down, Make Love" é exageradamente, para o meu gosto, "stop-and-go" ou "anda-pára".

Ouvindo discos do Queen desde, pelo menos, 1989, firmei a convicção de que os álbuns sempre tinham uma ou duas faixas excepcionais e o resto seria material bem fraco. Os caras gostam de experimentar e compor faixas com estilos bem diferentes, não raro de gozação, e às vezes a piada não é boa. Não é esse o caso de "News of the World". As músicas, mesmo as mais diferentes, são muito boas, principalmente na questão das melodias, e mesmo as faixas não cantadas por Freddie Mercury são muito boas (se bem que ainda não entendo como os caras podem prescindir de um vocal tão forte e carismático em algumas faixas...). "All Dead, All Dead" é cantada por Brian May, é conduzida por piano e tem melodia muito bonita. O mesmo se pode dizer de "Spread Your Wings", composta por John Deacon, e que tem um refrão poderoso. "Fight From the Inside" é outra de Roger Taylor, cantada pelo próprio, e tem um riff legal até, mas parece ter sido finalizada às pressas. Uma das minhas favoritas é "Sleeping on the Sidewalk", composta e cantada por May, e alegadamente inspirada em Eric Clapton e gravada em um take, de galinhagem, com registro acidental do engenheiro de som (conforme o Wikipedia, segundo o qual, ainda, Deacon errou algumas das notas da linha de baixo... não reparei nos erros e justamente achava o baixo o que de mais legal tem a música). A faixa tem um estilo rock das antigas, e é absolutamente muito massa: levada de bateria, vocal de May, guitarra com solo rock e linha de baixo bem caractersística e bem legal. Deacon compôs mais uma balada, "Who Needs You", cantada por Mercury, e que tem uns violões muito bala (destaque para os solinhos flamenco de May). Há, ainda, espaço para uma épica de May ("It´s Late" - não reparei no uso de tapping, que seria precursor ao de Eddie Van Halen; vou ouvir com atenção na próxima) e um exercício jazz/blues anos 50 com vocal feminino de Mercury ("My Melancoly Blues").

Mais um disco divertido de ouvir, e a palavra que posso usar para resumi-lo é "melodia".

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Melhores discos de todos os tempos – Deep Purple “Made in Japan” (1972)

É possível que se trate de exagero, mas não consigo lembrar de outro cd ao vivo que seja melhor do que o “Made in Japan” do Deep Purple. Trata-se do registro da turnê da banda, no oriente, durante o lançamento do igualmente clássico “Machine Head”, em 1972 (foram colocadas no disco as melhores - ou com menos erros - performances de três shows em Osaka e Tóquio). E foi o primeiro cd que ouvi dos caras, em 1993, quando aluguei o disco numa locadora que ficava na Mal. Floriano, e é exatamente no ponto onde atualmente encontra-se sediada a “Boca do Disco”. E a aquisição do mesmo se impôs, alguns anos mais tarde (acho que em 1997, provavelmente no térreo da Gal. Chaves, por um preço barbada).

O registro é memorável por uma série de importantes razões: (a) gravação ao vivo da formação clássica da banda (Mark II – Blackmore/Gillan/Glover/Lord/Paice) no seu auge; (b) repertório matador, com a execução definitiva para “Smoke on the Water”; (c) performances arrebatadoras de todos os integrantes, notadamente Ian Gillan (é só ouvir “Child in Time” e “Strange Kind of Woman”); (d) espaços para improvisações inquietantes (demorei anos para entender que essas jams são, na verdade, ensaiadas em alguma medida, sem contar que Blackmore “rege” esses momentos com um aceno, gesto ou até o olhar – basta ver o vídeo do show no “California Jam”).

Durante a faculdade tinha um colega que reclamava do som de guitarra “magro” nos discos de estúdio do Deep Purple, dentre os quais o “Machine Head”. Se isso pode ser verdade, pelo menos os discos ao vivo compensam totalmente essa eventual deficiência: o som de guitarra é muito presente, e já é marcante na faixa de entrada, “Highway Star”. Logo após o C-Bb-G que precede o primeiro verso, nota-se a levada rápida, porém fluida conduzida por Ian Paice, que merece o crédito por fazer essa faixa ser uma verdadeira paulada na orelha. O solo de Blackmore não supera o da versão de estúdio, diferentemente do solo de Jon Lord, que é muito mais legal ao vivo.

“Child in Time” não é o tipo de música que dá para ouvir o tempo todo, pois requer certa disposição para ouvir uma faixa que começa calma, com acordes repetitivos (G-G-A e depois F-F-G), que acabam ganhando força com o acréscimo de distorção e volume, seguindo-se uma jam com solos bombáticos, cujo clímax leva para aquele início calmo. “Made in Japan” é um disco de performances definitivas para algumas músicas, e esse é o caso de “Child in Time”, sobretudo pelo extraordinário alcance vocal de Ian Gillan na época.

Uma das minhas favoritas é “Strange Kind of Woman”. O riff legal é bem acompanhado pela famosa levada fluida de Ian Paice. Por si só, a música vale o disco, mas no meio da execução há espaço para um memorável duelo entre Gillan e Blackmore. Acho que foi nas férias de inverno de 1995 ou 1996 que me dei conta do que estava acontecendo nesse cd em termos de música. Jamais poderia imaginar que se poderia improvisar desse jeito num palco (hoje sei que essas improvisações são até certo ponto ensaiadas): a música segue até determinado momento em que a bateria marca o ritmo e faz a base para dois músicos excepcionais demonstrarem virtuosismo nos seus instrumentos. Na verdade, o destaque é para o alcance vocal de Gillan, já suficiemente apreciado em "Child in Time", mas muito mais legal nessa "Strange Kind of Woman". Blackmore faz uns licks na parte mais aguda da guitarra, e são reproduzidos nota-por-nota por Gillan. É um negócio espantoso, e me impressionou por muitos anos. Até então achava que o ideal era que se reproduzisse em um show tanto quanto possível fielmente a versão de estúdio. Então "Made in Japan" serviu como influência para abrir a cabeça a respeto do que se poderia fazer ao vivo em termos musicais.

Só posso entender a inclusão de “The Mule” em desfavor de “Black Night” ou outra da mesma apresentação se deve ao fato de que é durante essa música que Ian Paice faz o seu solo de bateria. Hoje em dia, solos de bateria são desprezíveis, mas parece-me que à época se tratava de um momento importante do show (afinal, não deve ser por acaso que, por exemplo, “Alive!” tem solo de Peter Criss, “The Song Remains de Same” tem solo de John Bonham).

A versão do "Made in Japan" para "Smoke on the Water" é que imortalizou essa faixa como um dos hinos do rock. É absolutamente mandatório saber tocar esse riff, que todo mundo já ouviu.

Uma música divertida de ouvir, mas que jamais consegui tirar o riff, é "Lazy". É precedida de um solo de Jon Lord, e parece uma autêntica jam do início ao fim. E é uma baita duma música, um rock com levada "rhythm and blues". E a letra é bem humorada, como são algumas letras da banda (como a própria "Strange Kind of Woman" e "Anyone´s Daughter", sem esquecer das mais jocosas como "Mary Long").

O disco encerra com a última faixa do "Machine Head", numa versão longa com jams e solos intermináveis: "Space Truckin" não é das minhas favoritas, mas parece que os caras se divertiam um monte tocando essa música que, bem vistas as coisas, tem estrutura bem simples.

Se não for o melhor, é um excepcional exemplo de como devem ser feitos os discos ao vivo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

CD ao vivo – Deep Purple “Califórnia Jam 1974”

Depois de assistir ao vídeo “Heavy Metal Pioneers” - uma espécie de biografia do Deep Purple até a época do “Slaves and Masters” -, e conhecer o registro ao vivo do Mark III, fiquei obcecado pela famigerada apresentação da banda no lendário Califórnia Jam de 1974 (provavelmene isso tudo foi em 1995). Trata-se de um show bombástico, bem na época de lançamento do excepcional disco “Burn” (do mesmo ano), e que contou com performances inspiradas de todos os integrantes, mas se notabilizou pelos episódios envolvendo Blackmore: (a) o cara arrebentou a câmera que ficava ao seu lado com uma Fender Stratocaster, e (b) instigou os roadies a botarem fogo nos seus amplificadores, acarretando uma monumental explosão no palco (o pulo desajeitado do guitarrista e a fumaceira no palco denunciam que o efeito foi maior do que o planejado).

É sempre uma satisfação indescritível, como colecionador de cds, encontrar um item há muito desejado, e uma dessas oportunidades foi quando deparei, lá por 1998, na Multisom do Praia de Belas (que ainda ficava debaixo de uma escada rolante perto do supermercado – agora tem uma revistaria), com o cd que trazia o show quase na íntegra (uma música foi excluída, inexplicavelmente).

O som da gravação não é bom (existe uma versão do mesmo cd com capa diferente, que o Bruce tem, e possivelmente pode contar com qualidade melhor). Mas as performances estão todas lá. A ênfase é no repertório do recém-lançado “Burn”: das 7 faixas, são tocadas “Burn”, “Might Just Take Your Life”, “You Fool No One” e “Mistreated” (ficou de fora do cd – mas aparece no vídeo - “Lay Down Stay Down”). Até as pequenas conversas de Coverdale com o público são magistrais.

Em 2000/2001 apareceram nas bancas de revista diversos DVD´s excelentes, e um dos primeiros foi o que trouxe o registro desse California Jam. Vale a pena pesquisar no youtube as performances para "Burn", "You Fool No One" (com solo de Jon Lord, sinistro - o cara parece que vai comer os teclados), "Might Just Take Your Life", "Mistreated" (comovente interpretação do Coverdale, parece que o cara vai desabar chorando), "Smoke on the Water" (gosto muito do jeito que Coverdale e Hughes cantam os versos originais de Gillan) e "Space Truckin" (só para ver a explosão dos Marshalls).

sábado, 18 de outubro de 2008

Gibson Les Paul BFG

BFG é "bad f#ckin' guitar" ou "best f*ckin' guitar".

Desde o início do ano vinha me encantando com umas Epiphone Les Paul Standard, especialmente as modelo "sunburst". Há umas duas semanas, já mais decidido, experimentei na loja que vende cds, dvds, tvs lcd, etc e também instrumentos musicais (com abrangência estadual) duas Epiphone Les Paul Custom "Black Beauty", uma com dois e outra com três humbuckers. O visual é matador, mas o som não empolgou. Fiquei encucado, ainda, com o barulho das cordas nos trastes, som esse que não aparece no que sai do amplificador, mas incomoda de certa forma, e isso eu já tinha com a Ibanez. Achei, então, que seria o caso de tentar a Fender Stratocaster. Toquei quatro modelos na loja de esquina dos mil sons: duas mexicanas, mais baratas, e duas americanas (a Higwhay One e outra que não lembro exatamente se era algum modelo comemorativo). As mexicanas tinham som bem magro e não passaram no teste. A Highway One era preta e branca, e consegui tirar um som muito legal. Os captadores me pareceram bem quentes, fiz vários harmônicos artificiais com facilidade, e a tocabilidade era boa. A outra americana era bem mais cara, mas o braço era muito bom e os captadores idem. Em todo o caso, pedi para tocar na Epiphone Les Paul Standard que tinha lá, e ainda assim não me abri para o modelo. Pelo som e pelos riffs que estava tocando, o cara da loja sacou o meu lance e me ofereceu uma PRS com uma cor roxa bem escuro, e uns desenhos de morcego no braço. O som saiu muito bom, bem pesado, e o braço era muito confortável. Realmente um instrumento muito legal. Mas estava em busca de algo mais top de linha (mas que não fosse absurdamente abu$ivo), pois não adiantava ter uma guitarra pouco melhor do que a que já tinha. Pesquisei na internet e, pelos comentários/paliptes, o modelo Highway One (bem mais barato) seria totalmente não recomendável. Regra geral se disse que o acabamento era inferior (qualquer batida já lascava a pintura) e que seria melhor guardar um pouco mais de dinheiro e comprar uma American Standard usada. Não sei onde se vende esse tipo de guitarra usada por aqui, e nem confio suficientemente para saber se o que estão expondo não é uma espécie de enganação, então segui na pesquisa. No fim de semana percorri as mesmas lojas e parei na da boa música, final da tarde. Troquei uma idéia com um cara dali e ele me encorajou a tocar na BFG, que já tinha visto por ali, mas descartado por se tratar de um modelo muito diferente da tradicional. O preço era em conta e não custava experimentar. A guitarra é leve e tem uns captadores excelentes. Toquei uns riffs e fui testando captadores e a confortabilidade do braço, com som limpo e com distorção do ampli (deveria lembrar a marca do ampli, que tinha um som massa). Tudo que tocava na BFG era incrível (basicamente uns riffs próprios como "Shark Attack", "Sluts of Justice", e dedilhado de "Love is not a Fairytale"). Fiz uns bends para testar o sustain, que era uma coisa que estava em busca e achava importante (tanto sustain quanto possível). E o sustain era de chorar de tão legal. Notei que o pessoal que estava na loja (incluído o cara da "rosa tatuada") deu uma espichada no olho nesses momentos de bends "com feeling". A impressão sobre o instrumento foi muito boa. Em casa pesquisei na internet e só encontrei resenhas positivas. Vi vídeos no youtube de uns caras tirando um som destruidor da BFG. No dia seguinte, sábado, acordei cedo e fui para lá. Ainda deu tempo de experimentar duas Epiphone Les Paul Standard em duas lojas de mil sons que ficam quase lado a lado, e a Les Paul Custom de três humbuckers na loja dos múltiplos sons. Tão logo abriu a da boa música, pedi a BFG para experimentar novamente, e fiquei alternando-a com uma Epiphone Les Paul Custom de dois humbuckers com escudo espelhado (não é tão legal quanto as outras "Black Beauty"). Admito que chega uma hora que não se consegue mais distinguir o som de uma e de outra, mas prevaleceu a versatilidade dos captadores da BFG. Sai de lá carregado e com os parabéns do "rosa tatuada" pelo "brinquedo novo".

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

CD tributo – “A tribute to Judas Priest - Legends of Metal vol. II”

Hoje em dia praticamente toda banda com mais de dois ou três cds lançados foi objeto de um disco “tributo” lançado ou pela Magna Charta ou produzido por Bob Kulick (dentre outros, evidentemente). É certo que isso ajudou a vulgarizar o formato, mas também é inegável que os primeiros cds tributo são muito bons, e particularmente, entendo que se trata de uma excelente oportunidade para (a) conhecer o som da banda homenageada; (b) conferir performances atualizadas de alguns clássicos da banda homenageada, por bandas mais novas, não raro com resultados melhores que o original (por uma ou outra razão); (c) conhecer bandas novas que participam do tributo. Existe ainda a velha questão de saber se é melhor ouvir uma reprodução nota-por-nota ou se, diante da impossibilidade de superar a versão original, o negócio é dar uma personalizada e modificar alguma coisa, ou mesmo toda a faixa. Tenho tendência para achar que o melhor é a banda gravar a música tão parecido quanto possível ao original, com as devidas atualizações no som dos instrumentos, mas admito que o melhor mesmo é que, em qualquer caso, a versão fique, ao final, boa de ouvir (e assim, como tudo na vida, há os que acertam e os que erram na dose, seja ao tentar reproduzir o original, seja ao personalizar ao seu gosto).

Um dos primeiros tributos que tive notícia foi o dedicado ao Judas Priest, da Century Media, e isso foi em 1998, aproximadamente. Já havia alugado a famosa coletânea “Metal Works” (álbum duplo) na TV3, em algum lugar no começo dos anos 1990 (a partir de 1993), e não havia me impressionado, senão pela música mais conhecida dos caras e imortalizada por Beavies & Butthead, a clássica “Breaking the Law”. Em 1998 a MadSound já tinha quase de tudo em termos de hard rock e heavy metal, então trouxe para casa os volumes 1 e 2 do tributo ao Judas Priest.

Nesses dois cds constam boa parte das melhores músicas do Judas Priest, de todas as suas épocas até então (isto é, do primeiro disco ao “Painkiller”), interpretada por algumas bandas muito conhecidas, como Helloween, Stratovarius, Blind Guardian e até Angra, outras que conhecia só pelo nome, como Kreator, Gamma Ray e Virgin Steele, e, por fim, outras que desconhecia até então, como Iced Earth.

O volume 2 é o melhor, e inacreditavelmente achei o cd, importado, disponível na Siciliano do Iguatemi por um preço muito barbada. O disco talvez valha já pela primeira faixa, “The Ripper”, interpretada magistralmente pelo Iced Earth. O vocal é excelente, as guitarras precisas e muito bem gravadas, e a música, por si só, já é uma baita composição, o que facilita bastante. Essa versão matadora, então, me permitiu descobrir uma boa banda nova (para mim, pelo menos), Iced Earth, capitaneada por um competente guitarrista e compositor (Jon Schaffer) e que contava com um excepcional vocalista (Matthew Barlow). Já tive na minha coleção alguns cds dos caras (“Burnt Offerings”, “The Dark Saga”, “Night of the Stormrider”) e aluguei outros muito bons (“Alive in Athens”, “Something Wicked This Way Comes”).

O sotaque germânico de Hansi Kursch é bem característico, mas nem isso impediu que o Blind Guardian apresentasse uma versão absolutamente fiel à original para “Beyond the Realms of Death”. Só acho que uma música “épica” como essa, de 7min, com altos e baixos (versos calmos, refrão com guitarras e vocal gritado), poderia ter ficado mais adiante no cd, e não logo na 2.ª faixa.

Outra banda alemã, dessa vez o Heavens Gate, registrou uma música que não conhecia na época e que se tornou uma das favoritas: “The Sentinel”. Estava ouvindo recentemente, e tive a impressão de que essa é uma música divertida de ouvir do Judas Priest. Afinal, começa com uma guitarra fazendo uma introdução com oitavador, sendo que a música realmente começa com um mini-riff e depois a banda toda entra num ritmo mais acelerado, com uma levada muito legal. E o vocal do Heavens Gate é muito bom. As guitarras não estão muito distorcidas, respeitando um pouco o próprio som do Judas Priest nos anos 70, mas o resultado ficou uma versão atualizada excelente para uma bela composição de Tipton, Downing e Halford.

“Exciter”, por si só, já é uma música muito legal. É rápida, riffs muito legais, refrão marcante, e umas partes de guitarra muito boas, tanto na base dos versos como na base dos solos, sem contar ainda um teminha entre os solos que é massa. O Gamma Ray apresentou neste tributo a sua versão, gravada ao vivo, contando com o vocal de Ralf Scheepers, que posteriormente seria um dos cotados para assumir o posto de Rob Halford quando este deixou a banda (pelo que li em revistas ou sites especializados, o vocalista alemão teria ficado devastado com a perda da chance para o neófito “Ripper” Owens, tendo até se afastado da música por um tempo, voltando apenas diante do apelo do guitarrista do Primal Fear para montar essa banda – que segue o mesmo estilo do Judas, e tem músicas próprias muito boas).

O grande mérito do Angra (e isso lembro perfeitamente nas entrevistas que os caras deram para o Gastão no Fúria Metal, à época) foi ter reproduzido nota por nota, falsete por falsete, a versão original de “Painkiller”. Realmente os caras desempenharam a tarefa de maneira espantosa. Não sei exatamente se outros vocalistas não conseguiriam cantar em registro alto o tempo todo como André Matos fez nessa faixa (acredito que existem muitos, que poderiam até exibir performance superior), mas o solo de Glenn Tipton, reproduzido por Kiko Loureiro, ficou muito bom, além do fato de que Ricardo Confessori tocou com perfeição uma das melhores introduções de bateria de todos os tempos (cortesia do grande marreteiro Scott Travis).

O Stratovarius defendeu uma boa versão para uma música obscura do repertório do Judas Priest: “Bloodstone” é de um disco dos anos 1970, e não consta do set-list das últimas turnês da banda (particularmente, assisti a dois shows, um com o “Ripper” Owens, durante a turnê do “Demolition”, e outro com o Rob Halford, durante a turnê de retorno do disco “Angel of Retribution”). Não é uma música excepcional, mas o cover ficou muito bom, notadamente pela guitarra e pelos vocais.

Kreator é uma banda bem conhecida no gênero, e neste tributo veio com uma versão muito boa para outro clássico do Judas Priest: “Grinder”. A música é bem simples, mas ao mesmo tempo muito efetiva. Tem um riff em A e depois C-B, e o refrão em E-F#-E-F#-A-F#, repete o riff e o refrão, segue uma parte mais cadenciada e com peso, e volta para riff e refrão até o final. É simples, é efetivo (as parte se encaixam perfeitamente), e é muito bom. O Kreator se aproveitou bem do vocal mais brutal notadamente no refrão, conferindo ao “Grindeeeeeeer, looking for meeeeeeeat” um clima bem adequado.

“Tyrant” é outra que foi interpretada com vocal um pouco mais brutalizado (gutural), tendo em vista o estilo da banda que gravou a versão; só que dessa vez o resultado não foi tão bom. O que se salva, realmente, é o resto dos instrumentos, notadamente as guitarras. E a música, que, afinal, é boa.

“Dissident Aggressor” é a única faixa apresentada duas vezes, por duas bandas diferentes. A primeira versão, da Forbidden, é muito boa. Vários riffs qualificados, com guitarras bem gravadas, e o vocal é legal também, isso tudo respeitando a original do Judas Priest. A versão do Skyclad, por outro lado, é totalmente diferente da original, quase estilo balada, e, bem, posso dizer que, no mínimo, não me impressionou muito. Outra banda que personalizou demais e errou na dose foi o Nevermore em “Love Bites”. Essa é uma faixa dos anos 80, e que acabou ficando arrastada ao estilo doom metal, e nessas condições o “skip search” se impõe.

Então esse tributo ao Judas Priest serviu para me tornar fã da banda homenageada e para conhecer algumas bandas boas que tomaram parte no projeto (Iced Earth, Heavens Gate, Gamma Ray e Ralf Scheepers, entre outras).

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Livro - "Queen Live - A Concert Documentary"

Um livro que contém, exclusivamente, as datas de todos os shows do Queen, com o set list de boa parte deles, acompanhadas de breves comentários sobre fatos peculiares de alguns eventos destacados, bem como um levantamento dos set lists mais comuns ano a ano, das músicas nunca tocadas ao vivo, dos covers, das apresentações por ano e por país... parece um livro que só eu adquiriria. Pois "Queen Live - A concert documentary by Greg Brooks" é um livro inteiramente dedicado à parte da atividade do Queen desempenhada nos palcos. E se a descrição da vida na estrada comprometeu a leitura da biografia do AC/DC, o mesmo não se pode dizer desse que trata do Queen.

Há uma breve exposição sobre como a banda se formou, e uma descrição genérica dos shows embrionários. Segue-se, então, cronologicamente, â exposição de todos os shows, ano a ano, muitos dos quais com set list. O trabalho que o cara teve, bem se vê, foi notável, sobretudo quando se tem notícia de que a primeira edição do livro foi escrita antes do advento da internet; o autor se valeu de anotações pessoais, coletadas durante anos como fã da banda inglesa, e conforme revelado no prefácio, foram quase totalmente confirmadas a partir das informações que, enfim, a internet trouxe, bem como o apoio formal da banda, que oficializou o cara como uma espécie e arquivista (nada mal para um fã se tornar empregado da banda do coração - outros exemplos são o Tommy Thayer no Kiss e, mais notoriamente, o Tim "Ripper" Ownes no Judas Priest). Assim, o autor contou com uma inestimável fonte: os arquivos particulares dos integrantes do Queen.

Além de informações "preciosas" como a da vez em que Brian May quebrou duas cordas de duas guitarras diferentes durante o seu solo em "Brighton Rock" (09.08.1982, Meadowlands, NJ), há algumas curiosidades incríveis como a da turnê do disco "Jazz" na Europa, durante a qual, em quase todos os shows, a platéia pedia a todo o custo para a banda executar "Mustapha", o que por vezes enervou Freddie Mercury (afinal, o set list já estava pronto, e a música seria tocada um pouco mais adiante), sendo que me parece que "Mustapha" não é das mais conhecidas da banda (embora seja uma música boa, que ao vivo deve ficar melhor com a proeminência da guitarra - que falta na versão de estúdio).

Identifiquei-me na parte em que o autor reclama do disco "Live Killers", lançado em 1979 após a lendária turnê européia de lançamento de "Jazz", pois no registro teriam faltado (inescusavelmente) algumas faixas importantes do repertório daqueles shows, e que algumas conversas de Mercury com o público teriam sido editadas. Transcrevo o excerto: "As stated earlier, four other audience favourites ('Somebody To Love', 'It´s Late', 'If You Can´t Beat Them' and 'Fat Bottomed Girls') should also have featured on 'Killers', but didnt´t! I hope to see the day, sooner rather than later, when a revised 'Killers' album is released with the correct running order, no bleeps, the four AWOL´s, an unabridged 'Mustapha', the alternative 'Keep Yourself Alive' featuring Roger and Freddie´s 'Fun It' routine, and Freddie´s references to 'the girls'. I will be the first to fight for it!". É basicamente o mesmo sentimento que eu tenho em relação ao "Alive III" do Kiss (numa tentativa de vender mais discos, a banda resolveu lançar um disco simples de 74min com parte do repertório da memorável turnê de "Revenge", ao invés de seguir a tradição de discos duplos ao vivo - "Alive!" e "Alive II". Com isso, ficaram de fora, inescusavelmente, músicas importantes do período, como "Tears Are Falling" e "War Machine", além de "Love Gun" - as melhores versão deste clássico do Kiss são dessa época, 1992/1993).

Há uma razoável cobertura sobre os shows do Queen realizados no Brasil, em 1981 e no primeiro Rock in Rio. A última apresentação do Queen se deu em 09.08.1986, no Knebworth Park, no final da turnê de "A Kind of Magic". Conforme as transcrições das falas de Mercury para o público, essa época era marcada por muitas especulações sobre o fim das atividades da banda com a dispersão dos integrantes (em 1983 o Queen não fez nenhum show). O vocalista fazia questão de rechaçar essas notícias plantadas, e é verdade que a banda acabou por outras razões. Para mim é notável que o último show foi realizado em 1986, sendo que a banda ainda registrou mais dois discos de estúdio ("The Miracle", em 1989, e "Innuendo", em 1991). Isso não é cogitado no livro, mas provavelmente isso se deveu ao fato de que Mercury não teria condições físicas para embarcar em mais uma turnê mundial. Então foi no auge da carreira que a banda fez sua última apresentação, com um repertório composto quase exclusivamente de clássicos.

É claro que a leitura empolgou a ponto de dar uma ouvida nos cds ao vivo ("Live Magic" e "Live at Wembley '86"), além dos shows em dvd ("Live at the Bowl", "Rock in Rio"), e não demorei para constatar que o Queen é uma das melhores bandas em termos de apresentações ao vivo, e que o repertório dos caras, diferentemente da minha idéia inicial, era realmente matador (nos shows mais antigos, em algumas músicas me veio o pensamento do tipo "bá, nem lembrava que essa música era tão boa desse jeito"). A presença de Mercury é tão forte, sem contar o carisma e a voz inigualável, e isso me faz concluir que realmente o Queen acabou; acho legal que May e Roger Taylor estejam tentando reerguer a banda com Paul Rodgers nos vocais, mas aí parece uma banda cover (sem demérito, mas não tem comparação).

domingo, 12 de outubro de 2008

Formula 1 - GP do Japão (16.ª etapa, 12.10.2008, 2h)

Reta final: três corridas e a diferença entre o líder (Hamilton) e o 2.º colocado (Massa) é de 7 pontos. Mas nesse GP do Japão, disputado no circuito de Monte Fugi, um novo postulante ao título apareceu.

Não acompanhei o treino classificatório, às 2h de sexta para sábado. Hamilton fez o melhor tempo, seguido de Raikkonen, Kovalainen, Alonso e Massa. As coisas pareciam difíceis para o brasileiro, que seria obrigado a fazer uma daquelas largadas espetaculares, como a do GP da Hungria.

A transmissão começou quase meia-hora mais cedo, e não houve problemas com relação ao clima. A largada foi um momento empolgante, pois Raikkonen saiu melhor e assumiu momentaneamente a ponta; Hamilton, agressivo como sempre, forçou para cima dos finlandeses e, na confusão, Kubica e Alonso se deram bem e assumiram a ponta. Hamilton perdeu posições, ficou atrás de Massa, que, por sua vez, foi prejudicado por Raikkonen (na confusão, perdeu a freada da 1.ª curva e, inadvertidamente, pressionou o brasileiro para fora).

Não demorou para Hamilton mostrar mais uma vez o seu estilo agressivo em horas importantes: o inglês passou Massa, que tentou dar o troco. O choque foi inevitável e Hamilton rodou e voltou em último. O carro de Massa não sofreu avarias, e o ferrarista voltou em seguida. Algumas voltas depois, os comissários avaliaram os incidentes da largada e da ultrapassagem de Massa/Hamilton e puniram os dois pilotos com drive through: Hamilton por manobras arriscadas e Massa por ter causado o choque. Os dois passaram a maior parte da corrida fora da zona de pontuação, mas o brasileiro estava com mais carro, ou mais raça, e conquistou várias posições importantes até o final. Nesse sentido, a ultrapassagem sobre Webber foi emocionante (o cara forçou por dentro no final da reta dos boxes, de 1,5km, e foi pressionado pelo australiano contra o muro); sem contar a disputa, na mesma curva, com Bourdais, que vinha saindo dos boxes e não aliviou para o canditado ao título. Esta última manobra foi analisada pelos comissários após a prova, e foi decisiva, pois o canadense foi punido com perda de 25s, e assim ao invés de um ponto, Massa saiu do Japão com dois pontos, e cinco atrás de Hamilton.

Piquet fez uma excelente corrida, e teve chances de conseguir o seu primeiro pódio. No final da prova, o cara estava menos de 1s atrás de Raikkonen e andando mais rápido. O engenheiro deu a dica ("you can do it!"), mas o novato cometeu um erro, perdeu algum tempo, e assim a chance de passar o finlandês da Ferrari.

O bicampeão Alonso se valeu da estratégia consagrada na época de Schumacher e antecipou o primeiro pit para voltar à frente de Kubica, de onde não saiu mais. Segunda vitória consecutiva do espanhol, o que demonstra a boa fase da Renault nesse final de temporada. Com o 2.º lugar, e a pouco expressiva pontuação de Hamilton e Massa, Kubica aparece agora a 7 pontos de Massa e a 12 de Hamilton, de maneira que não são desprezíveis as chances do polonês se tornar campeão (embora remotas, como eram as chances de Raikkonen vencer a temporada de 2007).

Fim de semana que vem tem GP da China, no meio da madrugada, e Hamilton pode já se tornar campeão de 2008, bastando-lhe fazer 6 pontos a mais que Massa.

Japanese Grand Prix Results - 12 October 2008 - 67 Laps
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT LAPS TIME/RETIRE
1. Fernando Alonso Spain Renault 67 1h30m21.892
2. Robert Kubica Poland BMW Sauber 67 5.283
3. Kimi Raikkonen Finland Ferrari 67 6.400
4. Nelson Piquet Brazil Renault 67 20.570
5. Jarno Trulli Italy Toyota 67 23.767
6. Sebastian Vettel Germany Toro Rosso-Ferrari 67 39.207
7. Felipe Massa Brazil Ferrari 67 46.158
8. Mark Webber Australia Red Bull-Renault 67 50.811
9. Nick Heidfeld Germany BMW Sauber 67 54.120
10.* Sebastien Bourdais France Toro Rosso-Ferrari 67 59.085
11. Nico Rosberg Germany Williams-Toyota 67 1m02.096
12. Lewis Hamilton Britain McLaren-Mercedes 67 1m18.900
13. Rubens Barrichello Brazil Honda 66 1 Lap
14. Jenson Button Britain Honda 66 1 Lap
15. Kazuki Nakajima Japan Williams-Toyota 66 1 Lap
R Giancarlo Fisichella Italy Force India-Ferrari 21 Gearbox
R Heikki Kovalainen Finland McLaren-Mercedes 16 Engine
R Adrian Sutil Germany Force India-Ferrari 8 Tyre
R Timo Glock Germany Toyota 6 Damage
R David Coulthard Britain Red Bull-Renault 0 Accident
FASTEST LAP: Felipe Massa Brazil Ferrari 55 1:18.426
* Sebastien Bourdais was penalised 25 seconds for a collision with Felipe Massa, and dropped from 6th place to 10th.

Standings
Points standings (after 16 rounds)
DRIVERS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT POINTS
1. LEWIS HAMILTON Britain McLaren-Mercedes 84
2. FELIPE MASSA Brazil Ferrari 79
3. ROBERT KUBICA Poland BMW Sauber 72
4. KIMI RAIKKONEN Finland Ferrari 63
5. NICK HEIDFELD Germany BMW Sauber 56
6. HEIKKI KOVALAINEN Finland McLaren-Mercedes 51
7. FERNANDO ALONSO Spain Renault 48
8. SEBASTIAN VETTEL France Toro Rosso-Ferrari 30
JARNO TRULLI Italy Toyota 30
10. MARK WEBBER Australia Red Bull-Renault 21
11. TIMO GLOCK Germany Toyota 20
12. NELSON PIQUET Brazil Renault 18
13. NICO ROSBERG Germany Williams-Toyota 17
14. RUBENS BARRICHELLO Brazil Honda 11
15. KAZUKI NAKAJIMA Japan Williams-Toyota 9
16. DAVID COULTHARD Britain Red Bull-Renault 8
17. SEBASTIEN BOURDAIS France Toro Rosso-Ferrari 4
18. JENSON BUTTON Britain Honda 3

CONSTRUCTORS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS CONSTRUCTOR POINTS
1. FERRARI 142
2. MCLAREN-MERCEDES 135
3. BMW SAUBER 128
4. RENAULT 66
5. TOYOTA 50
6. TORO ROSSO-FERRARI 34
7. RED BULL-RENAULT 29
8. WILLIAMS-TOYOTA 26
9. HONDA 14

sábado, 11 de outubro de 2008

12.º show da Burnin´ Boat - 22.05.2004 Arsenal Pub

Após o show do Guanabara, voltamos a ficar meses só ensaiando eu e o Bruce, mas com freqüência cada vez menor. A partir do feriado de finados de 2003, cada vez mais eu me comprometi com o trabalho, e optei por abandonar a tarefa de empurrar a Burnin´ Boat para frente (afinal, ninguém mais parecia estar se importando).

Ponto positivo do show do Guanabara foi o contato que o Bruce manteve com o baixista da Silent Storm, o Luis Carlos (Lukee), um excelente sujeito com o qual o Bruce se encontrou na fila do show do Deep Purple. A partir daí, esse encontro frutificou em uma participação crescente do Luis Carlos em todos os projetos conhecidos do Bruce, e, eventualmente, até na Burnin´ Boat.

Ficamos sem ensaiar desde outubro de 2003 até maio de 2004, e só voltamos porque havia sido agendado um show no Arsenal em comemoração ao aniversário do Gilberto. O cara reservou o local e organizou a apresentação de duas bandas que ele estava conduzindo na época (Burnin´ Boat e uma outra de covers, a Firewall), além do primeiro projeto que tenho notícia envolvendo a então namorada (e futura esposa) do Bruce, a Cris. Nunca tinha reparado no Arsenal, na Av. Goethe, muito menos poderia imaginar que ali teria uma casa para abrigar shows, pois se trata de uma conhecida região que concentra bares com freqüência noturna.

O pai do Bruce já estava utilizando regularmente o nosso local de ensaios (o nosso “estúdio”), e então começamos a praticar em estúdios de verdade.

O Luciano havia feito uma viagem de vários meses para os Estados Unidos, e assim efetivamos o Gilberto como vocalista. Quando o Luciano voltou, pedimos para o cara fazer uma participação cantando algumas músicas.

Em relação ao set list, incorporamos uma música majestosa do Black Sabbath (“War Pigs”), e uma que toda banda cover do Iron Maiden toca (“The Evil That Men Do”), além de uma que é de uma banda que eu sempre gostei, mas não é do estilo da Burnin´ Boat (“Hunting High and Low” do Stratovarius). De última hora, para esse show, conseguimos o acréscimo do Vinícius, um tecladista excepcional que o Bruce (como sempre) conheceu pela internet, para tocar na música do Stratovarius e em “Perfect Strangers” do Deep Purple.

Foi a seguinte a resenha que escrevi sobre o show para neste blog:

“foi uma noite boa, na qual tudo deu certo. O local é pequeno, mas com boa acústica (não precisamos aumentar muito o volume dos amplis pra tomar conta do bar), e teve bom público. Além de presenças consagradas em shows da Burnin´ Boat – notadamente, Fernando & Vanessa, Ace e Minduim - , o show de sábado ainda foi acompanhado pelo grande Barboza (com qualificadas presenças femininas, que agitaram todo o show da banda do Dioberto – Firewall). A passagem de som, que rolaria às 21:00, na verdade, só ocorreu quase duas horas depois. Tocamos, então, HIGHWAY STAR e WAR PIGS.

Quem se apresentou primeiro foi o projeto capitaneado pelo Bruce, Insight, com versões acústicas de Evanescence, Mr. Big, Christina Aguilera, entre outros. Em seguida, “subiu” ao palco a banda do Dioberto (com Nílton no baixo) – Firewall – com introdução erudita (CARMINA BURANA), apresentando covers clássicos, empolgantes e, sobretudo, infalíveis: YOU GIVE LOVE A BAD NAME, IT´S MY LIFE, COCHISE foram as melhores – teve ainda ROCKIN IN THE FREE WORLD, LIKE A STONE, SMOKE ON THE WATER, ROCK AND ROLL ALL NITE, PLUSH, uma do Pearl Jam que não lembro o nome agora. A banda melhorou consideravelmente em relação ao outro show que eu tinha assistido antes (no aniversário do Dioberto do ano passado, no Guanabara) – estavam todos bem entrosados e ensaiados. Os guitarristas se valeram de invejáveis instrumentos – um com uma Ibanez preta modelo Steve Vai, e outro com uma Ibanez branca modelo Paul Gilbert. O Nílton esteve seguro como sempre, sem deixar de fazer palhaçadas durante todo o set. O Dioberto igualmente esteve bem, até na exigente COCHISE.

A essas alturas eu já estava desolado, pois havia assistido duas bandas tocando repertórios conhecidos, e muito bem ensaiadas. O público do local (pelo menos o pessoal que estava na parte de baixo) não era “metal”, e eu já estava prevendo as pessoas indo embora no meio do nosso show. Ademais, o show só começaria à 1h da manhã, e neste horário, depois de duas (boas) apresentações, realmente, é demasiado acreditar que as pessoas ainda vão ter pique de assistir uma banda tocando um som desconhecido e pesado até o final. Particularmente, prefiro ser uma das bandas intermediárias (mas essa parece ser uma opinião só minha).

Em todo o caso, o show foi um dos melhores da banda. Tocamos o set com erros pequenos, que não atrapalharam o andamento das músicas (eu estava preocupado com WAR PIGS e o começo THE EVIL THAT MEN DO, que não estavam suficientemente bem ensaiadas). Abrimos, então, com WAR PIGS, e fomos bem. Seguimos com BLACK DRESSING SOUL, que teve um belo solo do Cláudio. Essa música ficou bem pesada, e está cada vez mais legal de tocar (realmente acho que foi uma dentro botar a guitar pra acompanhar o baixo nos versos). THE EVIL THAT MEN DO ficou bem empolgante (pra mim, pelo menos). O Cláudio fez o início sozinho, como havíamos combinado pouco antes do show.

Partimos, então, para a afinação dropped-D: NOISE GARDEN ficou muito legal, com peso e andamento perfeitos.

Havíamos combinado, previamente, com o Luciano Gillan que ele cantaria no show duas músicas: ACE´S HIGH e AUNT EVIL (as quais o Dioberto ainda não aprendeu as letras). Só que no momento de tocar HIDDEN, o Dioberto acabou chamando o Gillan ao palco, causando algum tumulto. Tentamos (eu e o Bruce), consertar a situação, pedindo para o Gillan cantar HIDDEN, e depois as outras duas combinadas; só que o Gillan revelou alguma resistência (provavelmente pelo estado etílico), e acabamos tocando ACE´S HIGH mesmo, que ficou muito legal (naquele momento eu toquei o riff de abertura com todo o vigor). Das músicas “novas” (assim entendidas aquelas que não estão no cd “Ignitin´”) essa é a minha favorita.

Ainda incertos quanto a ordem do set, tocamos HIDDEN, pois o Gillan acabou concordando em cantar essa. Mas aí o Dioberto voltou ao palco, e dividiram o vocal. Rolou tudo certo na jam do meio da música: riff White Stripes e o início de THE NUMBER OF THE BEAST (erramos comicamente o final). Essa versão de HIDDEN, na qual o Bruce muda o clima da música - ora aceleradíssimo, no estilo Lars Ulrich dos primeiros discos & St. Anger, ora stoner, somando-se a isso o refrão mais calmo tipo em algumas do System of a Down, onde há mudança brusca de andamento – é realmente bem interessante, e muito pesada.

Novamente só com o Gillan tocamos AUNT EVIL, que eu curti bastante. Acho que isso tudo mostra que o Luciano não perdeu o entrosamento que sempre tivemos (eu, ele e o Bruce), e tudo sempre dará certo quando todos lembrarem de suas partes nas músicas – ensaios são até desnecessários quando todos conhecem bem as músicas. Tanto é que ele cantou essas três sem nenhum ensaio, e se saiu bem.

De volta à afinação normal, tivemos o acréscimo qualificadíssimo do tecladista Vinícius (da banda Worldengine do Bruce), que se mostrou um verdadeiro Jordan Ruddess (tanto musicalmente, quanto na performance). Tocamos, então, BURN. Abdiquei do meu solo em seu favor, causando uma inusitada situação: o tecladista tocou o solo do Blackmore e o guitarrista, o do Jon Lord. Quem nos conhece sabe que isso é perfeitamente explicável. Em seguida tocamos HUNTING HIGH AND LOW, que ficou bem legal – achei muito melhor com o teclado acompanhando aquele riffzinho do começo. Nessas duas músicas eu me senti bastante seguro com o tecladista, o que sempre acontece quando há um músico de exceção tocando ao lado.

Já exausto (e com forte dor de cabeça), deixei o palco para os outros fazerem a jam que entendessem devida. PERFECT STRANGERS ficou muito boa. Tocaram várias ainda: WASTING LOVE, THE TOWER (com o Gillan), entre outras. Mesmo assim, fiquei até o final, pois meu equipamento havia sido requisitado e deveria estar lá disponível para quem quisesse tocar. O Dioberto, que havia orquestrado a jam, saiu logo no começo, o que me causou espécie. Certamente, um dos melhores momentos da jam foi CONFORTABLY NUMB, e gostei da hora em que o Nilton cantou alguns versos. A música teve dois solos de guitar: no primeiro, Cláudio se mostrou hesitante (acho que não era esse o solo que ele costumava tocar na Hard Times, ou outra banda/projeto em que esteve envolvido), mas no segundo solo ele tocou com firmeza e até algum feeling.

Foi uma bela noite, e agradeço a todos os que se fizeram presentes, especialmente ao grande Barboza (e suas alegres amigas – têm que levar elas em todos os shows!), e à Vanessa, que tomou conta da minha máquina para as fotos (só que a máquina não está comigo: ou não me foi devolvida – o que eu espero tenha ocorrido; quero crer que ela está segura nas mãos da Vanessa/Fernando/algum conhecido - , ou ficou esquecida no local, caso não tenha sido encontrada pelo Bruce). Burn the boats! “




Resenhas dos ensaios até este show:

1) 02.10.2003 - Dupla de dois
2) 16.10.2003 - We jam at night
3) 08.05.2004 - And then we were 5
4) 12.05.2004 - Café da manhã no estúdio (e com chuva)
5) 19.05.2004 - O último antes do show

terça-feira, 7 de outubro de 2008

CD - Rainbow "Bent Out of Shape" (1983}

Tarefa difícil é achar cds do Rainbow com preços razoáveis, sendo certo que a maior parte da discografia eu nunca achei em versão nacional. Então foi com grande satisfação que encontrei, semana passada, numa loja em Rio Grande dois discos da banda lançados nos anos 80 (usados, mas importados, com capa já descolorida; um por 8 pila e outro por 12). Já havia tomado contado com "Bent Out of Shape" (lançado em 1983) lá por 2001, inclusive fazendo um back-up com xerox colorido da capa (não lembro a fonte), então sabia bem o que estaria para ouvir.

Trata-se do último disco do Rainbow antes de Blackmore e Glover voltarem ao Deep Purple com o Mark II para o lançamento de "Perfect Strangers" em 1984. Nessa época o que importava era fazer sucesso no mercado norte-americano, e para isso o som da banda deveria ser americanizado (o hard rock com letras fantasiosas da época com Dio deveriam ceder lugar a um rock mais orientado para o pop, com menos espaço para guitarras distorcidas e com vocais sentimentais e letras comuns). O Rainbow lançou quatro álbuns tentando seguir essa receita, e os discos com Joe Lynn Turner são os meus favoritos (até acho que o cara é o melhor vocalista do Rainbow... apesar de reconhecer que a banda com Dio é insuperável em algumas faixas como "Kill the King" e "Starstruck", por exemplo).

Definitivamente, o que me faz gostar bastante desse disco é o vocal de Turner; o cara tem uma interpretação muito legal para as letras, e isso serve tanto para as faixas hard como para as baladas. Com Turner parece que todos os "choruses" ficam matadores (conferir "Desperate Heart").

As melhores de "Bent Out of Shape" são a magnífica abertura com "Stranded" (riff e estrutura simples para um bom hard rock acelerado. Gostei desde a primeira vez que ouvi, e é tocada em um tom não muito usual em se tratando de Blackmore - riff com a 6.ª corda em E), "Fire Dance" (lembra mais a época de Dio - tem um solo de Moog com David Rosenthal que é massa, e conta com um riff lá no meio que depois seria reciclado por Blackmore para virar o riff principal da faixa-título do álbum "The Battle Rages On", anos mais tarde), "Desperate Heart" (introdução de violão clássico muito legal, e andamento típico de Blackmore nos versos). Alguns clichés são inevitáveis como "Drinking With the Devil", começando pelo nome da música (talvez fosse mais legal que o Hammond de Rosenthal ficasse mais alto na mixagem), o mesmo se podendo dizer de "Make Your Move". "Snowman" me pareceu como uma música do Genesis na época "Invisible Touch", provavelmente devido à bateria eletrônica que conduz a faixa (embora a faixa também me lembre Pink Floyd, tendo em vista os solos de Fender Stratocaster sobre uma base tocada por sintetizadores).

Particularmente sempre acho muito interessante ouvir Bobby Rondinelli nos discos do Rainbow no início dos anos 1980, pois o cara foi um dos finalistas do concurso promovido pelo Kiss para escolher o substituto de Peter Criss (e Rondinelli acabou perdendo para o mítico Eric Carr, e contou em desfavor para o primeiro o fato de já ter tocado com bandas famosas).

Convém dedicar um parágrafo para as baladas. "Can´t Let You Go" tem uma bela introdução de teclado de Rosenthal, segue umas guitarras bem simples e tradicionais de Blackmore (ouve-se no fundo uns sons legais de teclado). Quem ganha é Turner, mais uma vez, nos versos, no pre-chorus e no chorus. Mas de arrepiar é "Street of Dreams". Típica balada, mesmo com o andamento um pouco mais acelerado. O refrão é destruidor: "Do you remeeeember meeeeeeeeee ooon the streeet of dreeeams (...)".

As resenhas que andei lendo na www ressaltam a característica desse disco, de ter representado uma séria mudança de direção do Rainbow, consistente no abandono do hard rock para um som mais "soft". Bem, apesar de ainda conter uma ou outra faixa hard, é verdade que o som, no geral, é do tipo que se diz AOR, mas há muito pouco do que não gostar em "Bent Out of Shape" - é um dos meus favoritos desde a primeira audição.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

11.º show da Burnin´ Boat - 13/09/2003 Guanabara Bar

Em 2003 eu já estava formado e logo passei a me preocupar com o exame para entrar na ordem, e após ingressar no mercado de trabalho. Conseqüentemente, a banda passou para um segundo plano de preocupações, e foi o começo da dispersão de todos. Mesmo assim, ainda mantínhamos contato e ensaiávamos com regularidade, na medida do possível. A partir de julho de 2003, passei a manter um blog, no qual mantive anotações dos ensaios e dos shows que viriam.

Nessa época o Metallica recém havia lançado o controvertido cd “St. Anger”. Não ouvi o cd tanto quando deveria, mas foi o suficiente para receber certa influência no nosso jeito de tocar. O Bruce também ouviu e curtiu o cd, e teve idéias para modificar a execução de algumas músicas. O maior exemplo disso foi “Hidden”, que ficou mais brutalizada, especialmente nos versos (o Bruce se puxou na levada à la Ulrich). No refrão, o baterista sugeriu que baixássemos o volume e tocássemos no estilo System of a Down, e assim a influência new metal estava, de certa forma, consolidada. Essa versão passou a ser aperfeiçoada e desde então tocamos “Hidden” desse jeito, bastante diferente da versão gravada no cd.

Sempre gostei de tocar com afinação dropped-D, mas nessa época incrementamos a utilização dessa afinação alternativa, que conduziu a jams muito legais. Vários riffs bons foram compostos nessas ocasiões, mas infelizmente não pudemos nos concentrar neles o suficiente para produzir canções novas. Uma exceção foi um riff meio parecido com um do Van Halen (numa música que apareceu no “Best of” como nova composição com Sammy Hagar), ao qual agreguei uns acordes que lembram “Wherever I May Roam” do Metallica. Durante um tempo essa música foi executada sob uma letra do Gilberto que parecia encaiar perfeitamente (“Come Out and Play”), mas quando ele saiu da banda encaixamos uma letra minha que, na verdade, era para ser candata em outra música (“Heal My Soul”, não sem antes termos tentado a letra de “Jenna´s Revenge”).

A formação ainda contava com os dois vocalistas, mas dificilmente reunimos todos os integrantes para os ensaios. Era sempre o Bruce, eu, e mais um ou outro que se disponibilizasse para aparecer. Tentamos incorporar músicas do Dream Theater no repertório de covers, mas com a falta de ensaios regulares com todos os integrantes (e a falta de treino em casa) não foi possível.

Sobre o show, escrevi o seguinte neste blog, há cinco anos atrás:

“esse show foi completamente diferente de todos os outros. A "organização" foi a pior possível - não teve passagem de som, além de não ter sido divulgado o show. Em outras palavras: ninguém foi. Além de nós, se apresentaram a FIREWALL (covers do Dioberto), a SONICVOLT (stoner rock do Luciano) e a SILENT STORM (metal). E o público presente limitou-se aos integrantes das bandas e alguns agregados (valeu pelas fotos, Raquel).

A FIREWALL tocou primeiro (começou depois da meia-noite). Repertório exclusivo de covers, vários estilos. Os melhore momentos foram a participação do Luciano em SMOKE ON THE WATER (ele esteve brilhante também durante o show da Burnin´ Boat), o solo de guitar de JUMP, e a interpretação do Dioberto nas músicas do Pearl Jam e STP.

Minutos antes de subirmos ao palco, alteramos o set list: NEON KNIGHTS e HEARTBREAKIN foram excluídas em favor do medley Black Sabbath que fora muito bem sucedido no ensaio. De modo geral, posso dizer que a apresentação foi boa - os erros pontuais (e inevitáveis, diante da escassez de ensaios) foram contornados com tranqüilidade. Esse foi o show em que realmente nos permitimos IMPROVISAR no palco.

Havíamos combinado tocar um trecho de SHINE ON YOU CRAZY DIAMOND (Pink Floyd) no início, antes da 1ª música: mas na hora eu puxei outra da mesma banda: BREATHE. O show, propriamente, começou com ACE´S HIGH, seguido de HIDDEN. Nessa tocamos o riff de BLIND (Korn) e fizemos uma pequena jam, a qual serviria de base pro solo do Cláudio. Como ele não se ligou na hora, acabou que eu fiz o solo.

A partir de agora eu não lembro da ordem das músicas exata, pois fomos tocando sem seguir o set list elaborado pelo Dioberto. NOISE GARDEN ficou legal: baixei a sexta corda pra D(ré) depois de iniciada a música (antes do riff principal). E ficou muito afu o timbre pesadão. Falando em timbre, apanhei bastante do Marshall que tinha lá - a toda hora eu aumentava o volume, porque nem eu que tava na frente dele podia ouvir a minha guitar. Usei a própria distorção do ampli.

O cover de PERFECT STRANGER ficou bem legal, uma das melhores execuções que já fizemos dessa música. BLACK DRESSING SOUL também ficou legal e sem erros; não fosse pela apatia reinante pela falta de público, essa teria empolgado bastante. Lá pelas tantas o Dioberto chamou o medley Sabbath que começou bem com IRON MAN, até a parte do solo. Nesse momento, puxei CHILDREN OF THE GRAVE, que acabou ficando só no instrumental, pois nenhum dos vocalistas resolveu cantar. SWEET LEAF ficou legal. WAR PIGS me deixou arrepiado - nunca dei muita bola pra essa música, mas agora eu já estou revendo essa posição.

KILL THE KING (Rainbow) rolou depois desse medley e foi outro bom momento. Nessa música, depois dos solos, o Luciano (que já tava bem alcoolizado) passou o microfone pro Dioberto de forma bem rude - comecei a rir muito, até parei de tocar, e só voltei "a si" (SIC) no refrão. 2 MINUTES TO MIDNIGHT foi a última da noite, e o instrumental ficou perfeito. Os vocais só não renderam porque o pessoal não decorou a letra ainda. Quando acabamos, demos por terminado o show - na hora o Bruce lembrou que AUNT EVIL não tinha rolado; mas aí já era tarde. SPECTREMAN também ficou pra próxima.

A SONICVOLT acabou não se apresentando - os caras foram embora. Ficamos, então, pra ver a SILENT STORM, que tocou covers de Iced Earth (que ficaram bem bons até), Stratovarius (Break the Ice, do 2o disco dos caras - total surpresa), Gamma Ray (insuportável, "Heaven Can Wait"). Foi bem metal, retão, e eu me epolguei bastante.”


O baixista e vocalista da Silent Storm era o Lukee, que a partir do show do Deep Purple/Sepultura/The Hellacopters no Gigantinho, ainda naquele ano, viraria grande faixa do Bruce, e parceiro musical, inicialmente na Worldengine, e depois na própria Burnin´ Boat como baixista.

Resenhas dos ensaios até este show:

1) 10.07.2003 - Fistful of riffs
2) 25.07.2003 - Heaven Cafe Inc
3) 21.08.2003 - Até a pé nós iremos (com o Kiss)
4) 28.08.2003 - ...And Jenna for all
5) 10.09.2003 - Sabbath R Us

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Discos essenciais – Impellitteri “Screaming Symphony” (1996)

A MadSound era uma locadora de cds, aberta em 1993 (encerrou as atividades em 2004 ou 2005), bem perto de onde eu morava, que contava com um belo acervo de cds de rock de todos os tipos. O cara fazia uma promoção do tipo “leva 5 cds ou mais e fica uma por uma semana”, e o preço da locação durante um bom tempo foi bem barato; então fazia pacotes semanais, e me permitia levar para casa muitos cds só para conhecer o som, baseado em critérios “objetivos” como capa ou nome da banda, ou até nome das músicas. Foi assim que descobri o Stratovarius, e da mesma forma, em 1998, o Impellitteri.

O cd disponível era um bootleg duplo ao vivo, e, aliado ao fato de que na capa havia o próprio Impellitteri com uma Fender Stratocaster , e no track-list tinha um cover de Deep Purple (“Highway Star”), era razoável supor que o material seria na linha Blackmore/Malmsteen. De fato, as músicas eram muito boas, o guitarrista excepcionamente técnico, e o vocal (o lendário Rob Rock) muito competente e carismático.

Nessa mesma época, depois de uma aula da faculdade, passei na já extinta Megaforce (que ficava numa galeria na Av. Independência, perto da Santa Casa e da Praça Dom Feliciano), onde encontrei dois cds do Impellitteri, com preços não exatamente acessíveis, mas bons em se tratando de importados: o primeiro, “Screaming Symphony”, que continha muitas músicas que conhecia daquele bootleg ao vivo, e “Eye of the Hurricane”, que era duplo (o cd original mais um EP com 5 músicas).

Pois o “Screaming Symphony” é um cd com pouco mais de meia-hora de música. São 9 faixas, e é incrível como todas elas (com exceção de uma instrumental) seguem basicamente o mesmo padrão riff de hard rock, verso, ponte, verso ou refrão, refrão, ponte para o solo, solo, ponte ou refrão, refrão, riff de hard rock. É bom enfatizar que esse riff é sempre o riff típico e matador de hard rock, na linha de “Burn” do Deep Purple e “Spotlight Kid” e “Kill the King” do Rainbow. E o refrão é invariavelmente forte e marcante. Essa fórmula é muito manjada, e concebida, até onde posso aferir, por bandas como Rainbow (Blackmore) e seguida por Yngwie Malmsteen, Helloween, Stratovarius, etc. Mesmo sabendo disso, é inegável que o Impellitteri acertou em cheio em todas as faixas: todas contêm belos riffs de hard rock, vocais muito bons de Rob Rock, e instrumental competente, sendo certo que a gravação é excelente (o timbre da guitarra Fender Stratocaster é pesado mas cristalino – ouvem-se todas as notas). Na época li, na internet, um depoimento do Rob Rock no qual descreveu o som do Impellitteri como uma mistura de Malmsteen com Dokken (o que me motivou a conhecer o Dokken, conforme já escrevi aqui).

A minha faixa favorita deste disco é “Rat Race”, que me parece ser o melhor exemplar da fórmula de hard rock seguida pelo Impellitteri. Acho que aqui se encontra o melhor riff do cara. Cheguei a aprender com o Diego os arpejos executados durante o refrão; Impellitteri é esperto – uma guitarra faz os acordes do refrão, e a outra guitarra faz os arpejos seguindo as respectivas notas dos acordes.

Chris Impellitteri é dono de uma técnica de tocar rápido na guitarra mais ou menos ao estilo Yngwie Malmsteen; conforme o Diego constatou, Impellitteri é mais preciso na execução das notas, como se tivesse um metrônomo ligado o tempo todo, de modo que se ouvem todas as quiláteras, diferentemente do Malmsteen, cuja execução das notas rápidas é mais livre e tal (isso fica mais fácil de ver nas tablaturas/partituras dos solos dos caras). O melhor exemplo da técnica do guitarrista americano é na faixa instrumental “17th Century Chicken Picking”, que é isso mesmo, 4 minutos de palhetadas.

Esse “Screaming Symphony” é exclusivamente para quem gosta de um bom hard rock com riffs de guitarra típicos, solos virtuosos, e vocais agudos e dramáticos, e não se importa com um disco inteiro de músicas rigorosamente iguais (e boas).

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

CD bootleg – Deep Purple “Welcome Joe”

Até 2001/2002 não era tão fácil encontrar bootlegs nos programas de compartilhamento de arquivos, então adquirir bootlegs (em regra, mais caros que os lançamentos oficiais) era como ter preciosidades na coleção. Já sabia que Joe Satriani ingressou no Deep Purple, no lugar de Ritchie Blackmore, para completar a turnê de lançamento do disco “The Battle Rages On” (em comemoração aos 25 anos de atividades), mas nunca imaginei que um dia ouviria algo de um daqueles shows únicos, então quando vi o bootleg “Welcome Joe” (em alguma boca do disco como a Gal. Chaves, ou a Toca ou a própria Boca) tirei o escorpião do bolso e trouxe o disco para a casa.

Se, por um lado, ter um bootleg é legal, pelo conteúdo inestimável como é o registro de um show do Deep Purple com Joe Satriani na guitarra (pois o cara saiu logo em seguida, sem gravar um disco oficial, de estúdio ou ao vivo), por outro pode ser uma tranqueira, no caso da gravação ser ruim, ou o próprio show inexpressivo. Já tive muitos bootlegs do Kiss que acabei me desfazendo (mediante ruinosas trocas na Boca) justamente por essas razões. Esse “Welcome Joe” acabou resistindo no tempo. O som parece ser gravado da platéia, pois o som das palmas e dos comentários e gritos é bem alto – tem que aumentar bastante o volume para ouvir os instrumentos.

Para minha surpresa, o set-list é quase o mesmo do que seria se Blackmore fosse o guitarrista, e não com apenas as músicas conhecidas de Satriani – tipo as dos anos 70, até o “Machine Head”. Satch teve que aprender “Ramshackle Man”, “Anya”, “Knocking at your Back Door”. Em geral, o guitarrista reproduz as versões originais dos solos, notadamente nas músicas mais conhecidas, como “Highway Star”. A surpresa maior, no entanto, é a execução de “Satch Boogie”, uma das composições mais conhecidas do guitarrista, e que ganhou uma versão muito legal (afinal, a levada é bem típica do Ian Paice).

Ter um bootleg, mesmo com uma preciosidade dessas, não é mais tão emocionante; então vale a máxima do "não me arrependo de ter comprado, mas não compraria de novo".

Como se sabe, Blackmore teve um faniquito e saiu da banda, mais uma vez (e desta feita em bases permanentes), no meio da turnê; para completar as datas da turnê japonesa, Joe Satriani foi convidado. O cara é consagrado guitar hero, e recém havia lançado o bem-sucedido (e muito bom) "The Extremist" (já escrevi sobre os discos que tenho do Satriani aqui). Essa parte da turnê com Satch foi satisfatória a ponto de ser cogitado o seu ingresso no Deep Purple, o que foi recusado sob alegação de que não poderia se dedicar à banda em prejuízo de sua carreira solo (parece-me que, na verdade, o que deve ter impedido essa reunião fantástica foram questões contratuais). Essa movimentação deu ensejo ao ingresso de Steve Morse, consagrado guitarrista do Dixie Dregs e com carreira solo, e a gravação de um disco bem razoável ("Purpendicular").

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