quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Discos essenciais: Queen "News of the World" (1977)

Há algumas semanas, minha mulher resolveu ouvir algumas músicas do Queen que ela gosta (tipo "Under Pressure" e "A Kind of Magic") e olhou para os vários cds da banda na prateleira; aleatoriamente escolheu um e deixou tocando. Comecei a ouvir e me dei conta que era Queen, mas não conhecia nenhuma das músicas. Bem, essa é a conseqüência de adquirir discos e não ter tempo para ouvi-los. As músicas pareciam muito bem compostas e com melodias incríveis, então vi que se tratava de "News of the World", lançado em 1977, e adquirido há uns meses atrás, junto com outros da banda, por R$ 14,90 nas Americanas.

O disco abre com duas músicas instantaneamente reconhecíveis, vez que se tratam de verdadeiros clássicos não só do Queen como do rock e da música pop em geral: "We Will Rock You" e "We Are the Champions". São tão conhecidas que basta apenas dizer que acabam se tornando chavões, pois servem para tocar tanto em eventos esportivos como em formaturas. Mas é preciso admitir que são composições magníficas. "We Will Rock You", conforme consta do Wikipedia, foi uma idéia de Brian May de compor uma faixa absolutamente simples e que se tornasse uma espécie de hino para as apresentações ao vivo, nas quais a participação do público seria imprescindível. Nunca dei muita bola para "We Are the Champions", mas depois de ouvir algumas vezes, recentemente, e principalmente depois de ver a apresentação da banda no "Live Aid", finalmente pude perceber que se trata de uma música perfeita: todas as notas, batidas, melodias e letra se encaixam perfeitamente. É um daqueles momentos em que todos os músicos tocam suas partes com precisão e delicadeza: não há nada sobrando ou faltando. Destaque, no entanto, para a linha de baixo de John Deacon.

Duas outras faixas já eram minhas conhecidas, mas não costumo ouvi-las: "Sheer Heart Attack", rápida e agressiva, quase punk, é composição de Roger Taylor, que geralmente compõe as músicas mais fracas dos discos da banda. "Get Down, Make Love" é exageradamente, para o meu gosto, "stop-and-go" ou "anda-pára".

Ouvindo discos do Queen desde, pelo menos, 1989, firmei a convicção de que os álbuns sempre tinham uma ou duas faixas excepcionais e o resto seria material bem fraco. Os caras gostam de experimentar e compor faixas com estilos bem diferentes, não raro de gozação, e às vezes a piada não é boa. Não é esse o caso de "News of the World". As músicas, mesmo as mais diferentes, são muito boas, principalmente na questão das melodias, e mesmo as faixas não cantadas por Freddie Mercury são muito boas (se bem que ainda não entendo como os caras podem prescindir de um vocal tão forte e carismático em algumas faixas...). "All Dead, All Dead" é cantada por Brian May, é conduzida por piano e tem melodia muito bonita. O mesmo se pode dizer de "Spread Your Wings", composta por John Deacon, e que tem um refrão poderoso. "Fight From the Inside" é outra de Roger Taylor, cantada pelo próprio, e tem um riff legal até, mas parece ter sido finalizada às pressas. Uma das minhas favoritas é "Sleeping on the Sidewalk", composta e cantada por May, e alegadamente inspirada em Eric Clapton e gravada em um take, de galinhagem, com registro acidental do engenheiro de som (conforme o Wikipedia, segundo o qual, ainda, Deacon errou algumas das notas da linha de baixo... não reparei nos erros e justamente achava o baixo o que de mais legal tem a música). A faixa tem um estilo rock das antigas, e é absolutamente muito massa: levada de bateria, vocal de May, guitarra com solo rock e linha de baixo bem caractersística e bem legal. Deacon compôs mais uma balada, "Who Needs You", cantada por Mercury, e que tem uns violões muito bala (destaque para os solinhos flamenco de May). Há, ainda, espaço para uma épica de May ("It´s Late" - não reparei no uso de tapping, que seria precursor ao de Eddie Van Halen; vou ouvir com atenção na próxima) e um exercício jazz/blues anos 50 com vocal feminino de Mercury ("My Melancoly Blues").

Mais um disco divertido de ouvir, e a palavra que posso usar para resumi-lo é "melodia".

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