
Se, por um lado, ter um bootleg é legal, pelo conteúdo inestimável como é o registro de um show do Deep Purple com Joe Satriani na guitarra (pois o cara saiu logo em seguida, sem gravar um disco oficial, de estúdio ou ao vivo), por outro pode ser uma tranqueira, no caso da gravação ser ruim, ou o próprio show inexpressivo. Já tive muitos bootlegs do Kiss que acabei me desfazendo (mediante ruinosas trocas na Boca) justamente por essas razões. Esse “Welcome Joe” acabou resistindo no tempo. O som parece ser gravado da platéia, pois o som das palmas e dos comentários e gritos é bem alto – tem que aumentar bastante o volume para ouvir os instrumentos.
Para minha surpresa, o set-list é quase o mesmo do que seria se Blackmore fosse o guitarrista, e não com apenas as músicas conhecidas de Satriani – tipo as dos anos 70, até o “Machine Head”. Satch teve que aprender “Ramshackle Man”, “Anya”, “Knocking at your Back Door”. Em geral, o guitarrista reproduz as versões originais dos solos, notadamente nas músicas mais conhecidas, como “Highway Star”. A surpresa maior, no entanto, é a execução de “Satch Boogie”, uma das composições mais conhecidas do guitarrista, e que ganhou uma versão muito legal (afinal, a levada é bem típica do Ian Paice).
Ter um bootleg, mesmo com uma preciosidade dessas, não é mais tão emocionante; então vale a máxima do "não me arrependo de ter comprado, mas não compraria de novo".
Como se sabe, Blackmore teve um faniquito e saiu da banda, mais uma vez (e desta feita em bases permanentes), no meio da turnê; para completar as datas da turnê japonesa, Joe Satriani foi convidado. O cara é consagrado guitar hero, e recém havia lançado o bem-sucedido (e muito bom) "The Extremist" (já escrevi sobre os discos que tenho do Satriani aqui). Essa parte da turnê com Satch foi satisfatória a ponto de ser cogitado o seu ingresso no Deep Purple, o que foi recusado sob alegação de que não poderia se dedicar à banda em prejuízo de sua carreira solo (parece-me que, na verdade, o que deve ter impedido essa reunião fantástica foram questões contratuais). Essa movimentação deu ensejo ao ingresso de Steve Morse, consagrado guitarrista do Dixie Dregs e com carreira solo, e a gravação de um disco bem razoável ("Purpendicular").
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