Esse ano tive a oportunidade de completar a coleção de cds do Pantera, Led Zeppelin e quase todos do Slayer, e passei algumas semanas ouvindo sons bem mais pesados que o costume (no início do inverno). Assim, quando tive de fazer uma troca de uma aquisição equivocada da minha mãe, elegi o disco mais recente do Slipknot, “Subliminal Verses Vol. 3”.
Já em 1999/2000, o Barboza estava atento às bandas de metal mais novas (em relação às quais se convencionou rotular de “new metal”), notadamente Korn, Limp Bizkit, System of a Down e Slipknot. Em relação a essa última, chamou-me a atenção uma música (“Spit it Out”); tempos depois, aluguei na MadSound um dvd com registro de um show ao vivo. A não ser por alguns riffs inspirados (e inspiradores), não cultivei maior interesse na banda, assim como em relação às demais que tocam “new metal”, pois em regra não aprecio (a) vocais gritados/guturais; (b) pouca diferenciação entre as músicas – com a afinação ultra-pesada das guitarras, e uma não linearidade das composições, que contêm muitas partes e às vezes não seguem o padrão verso-ponte-refrão-verso-ponte-refrão-interlúdio-solo-refrão, as músicas se parecem muito umas com as outras; (c) riffs extremamente pesados mas básicos, com nenhum espaço para solos de guitarra; (d) vocais que misturam rap/hip-hop. Inobstante tudo isso, sempre atento aos balaios, adquiri alguns cds do Korn, pois é fora de dúvida que alguns riffs são muito bons, e o baterista é excepcional.
Até que, há uns 2 ou 3 anos, tive a oportunidade de assistir na MTV o vídeo de uma música então nova do Slipknot, “Before I Forget”: além do vídeo ser bem legal (pois os caras estão desmascarados e sem as fantasias, mas não aparecem as faces), a música é muito boa. As guitarras são bem sacadas, o vocal é cantado (isto é, com alguma melodia) na maior parte, e o refrão é excelente. Então, achei que poderia arriscar a aquisição do cd que contém essa faixa. Só depois fiquei sabendo que nesse disco, produzido pelo famigerado Rick Rubin, a banda incorporou alguns solos de guitarra, e até música com violões. Não por acaso, achei o cd muito bom e o ouvi por algum tempo. As melhores faixas, além de “Before I Forget”, são "Duality", "The Blister Exists", "Opium of the People" e "Three Nill".
Todas as faixas têm bons refrões, e muitas delas têm vocais excelentes (as partes gritadas, que geralmente não são boas, ficam em segundo plano). Diferentemente dos discos anteriores da banda, neste "Subliminal Verses" os guitarristas fazem pequenos solos com extremo virtuosismo (em "Vermilion" há até solo com wah-wah). Alguns riffs são muito bons (e brutais), como é o caso de "Pulse of the Maggots" (nessa há um pouco de exagero na gritaria nos versos, mas os riffs compensam - inclusive com harmônicos artificiais no estilo Zakk Wylde, mais para o final), "Before I Forget" (a melhor faixa, sem dúvida, com riffs matadores e refrão contagiante), "The Nameless" (no melhor estilo thrash metal, antes e depois de entrar nos versos, nos quais predomina a pancadaria - e ainda há espaço para uma pequena parte acústica e com vocal limpo e melódico), "The Blister Exists" (que tem uma guitarra muito shred durante os versos! e um riff muito bom lá pelo meio, antes da parada de bateria), "Three Nill", "Duality" (essa é outra das melhores do disco, e é interessante a seqüência de acordes no refrão: B-B-B-B-B-B-B-B-D-D-D-D-F-C-C-C), "Opium of the People" (começa com guitarras harmonizadas muito rápidas).
Outra diferença em relação aos discos anteriores, é a presença de músicas mais calmas, inclusive com utilização muito eficiente de violões, como é o caso de "Vermilion pt. 2". Além disso, a última faixa, "Danger - Keep Away" é conduzida por um belo piano Fender Rhodes (ou outro vintage muito legal).
Apesar de um eventual pré-conceito que o rótulo de “new metal” pode atrair, acredito que bandas como Slipknot e Korn, bem ou mal, conseguiram formar um som próprio, e esse é um baita mérito que consiste em compor sem mostrar descaradamente as influências. Em tempos de Youtube, é fácil localizar vídeos dessas bandas em quase todo o tipo de situação, e em alguns deles pude ver que os caras são excelentes músicos que gostam dos mesmos Black Sabbath, Metallica, Yngwie Malmsteen que todos nós gostamos. E o som que eles fazem não remete imediatamente a essas influências, e é assim que se pode chamar que se trata de um novo tipo de metal. A essa conclusão cheguei ao constatar que jamais comporia “da minha cabeça” músicas como as do Slipknot, e que para superá-los deveria compor músicas que inovassem ainda mais o estilo, o que, convenhamos, não é tarefa simples.
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