Já recebi (há alguns meses) do Bruce um mp3 dando conta de um experimento com "Oblivious", que para mim serviu apenas para mostrar que ficou legal o acréscimo de um solo pré-gravado do Vinícius. O mp3 não serve como música (afinal, contou com bateria e baixo bem simples e retos), nem como um esqueleto da ordem dos riffs (desde logo ficaram insatisfatórias a repetição dos riffs e a sucessão dos mesmos). As partes de guitarras são muito boas, e a faixa deve ficar tão memorável quanto possível.
Por diversos motivos, as gravações não estão sendo tão freqüentes quanto seria desejável. Apenas recentemente, após ser provocado pelo Bruce, descobri que o feijãozinho pode ser utilizado para gravação pela saída USB, dispensando a placa de som (line in), o que permitiria um registro totalmente digital, sem perda de freqüências. Ao mesmo tempo, estou há mais de um mês amadurecendo a idéia de adquirir um baixo, o que se intensificou após os produtivos ensaios com a Osmar Band.
(7) Ace´s High - É irônico que uma das melhores músicas que a Burnin´ Boat toca, na minha opinião, foi composta por um guitarrista conhecido nosso. Lá por 1999, o Bruce e eu fizemos umas jams com o Daniel "Ace" Lairihoy (que havia sido o meu substituto na Parasite). O cara era muito bom, tinha uma Epiphone Les Paul sunburst igual a do Ace Frehley, e curtia fazer uns sons mais bizarros. Então ele apareceu com um riff bem pesado e que me parecia hipnótico com as notas E-G-E-F-E-F-E-G (levei um tempo para assimilar as repetições), seguido de uma parte Bb-B-Bb-A, e depois G#-G-F#-F-E-F-F#-G-G#. O Ace revelou que a intenção era fazer uma música cromática mesmo. Fizemos um punhado de ensaios (os três), e ele deu o nome para uma banda que queria criar (e eventualmente o Bruce seria o baterista - a banda jamais se concretizou, até onde sei): Alien Abhort. O Bruce teve a grande sacada de dar uma quebrada na 3.ª parte: ao invés do 432101234 na 6.ª corda, fomos obrigados a adaptar o riff para essa quebrada 7/8 monumental (realmente, parecia uma paulada na cabeça), e o resultado final ficou muito legal. Acabamos não tocando mais com o Ace, mas essas partes eram muito legais para ficarem impunes, então, com a licença do compositor, adotamos para a Burnin´ Boat (lá por 2001/2002), e após alguns ensaios fizemos variações dos riffs para as bases dos solos (primeiro o do Cláudio, depois o meu). O Bruce compôs a letra, que até onde me consta, é uma homenagem ao próprio Ace Frehley, o guitarrista solo original do Kiss (sacada genial - música composta pelo "Ace", letra em homenagem ao Ace). Incorporamos ao repertório dos shows (tocamos no Arsenal, Croco, Coruja de Minerva), e considero uma música excelente para abrir ensaios e shows. É direta, selvagem e bem pesada. Depois do show na Croco, o Vinícius manifestou interesse em subir ao palco conosco para tocá-la, e tivemos essa oportunidade no Coruja de Minerva, mas numa falha de comunicação, o Bruce entendeu que se tratava de "Hidden", então o cara foi obrigado a tirar e tocar a música errada. Gravei com o timbre Spinal Puppet, e reproduzi os riffs sem alterações significativas.
(8) Ramses - toda banda de heavy metal tem uma música "egípcia", isto é, com utilização de escalas digamos orientais. "Wherever I May Roam" (Metallica), "The Seventh Sign" (Yngwie Malmsteen), sendo a mais clássica delas "Gates of Babylon" (Rainbow). Então, uma das minhas metas desde o início da Burnin´ Boat, era compor um bom riff "egípcio". Depois de muitas tentativas, cheguei em um que achei satisfatório, e a partir daí fui agregando algumas partes. Mas jamais consegui finalizar a composição, e acho que só eu me empolgo com esses riffs. Basicamente, desde 2001 tenho o riff principal (com um pouco de Malmsteen em "Voodoo"), a parte dos versos (que é bem lenta e pesada, com uns hammer-ons e pull-offs no último compasso - e vibrato), a parte do "pre-chorus" (apenas nos power chords B-Bb-B-G-A) e uma espécie de refrão (meio Stratovarius). Esse refrão tinha, originariamente, uma descida sobre notas da escala "egípcia", uma vez normal (nota por nota), a segunda vez com nota pedal. Registrei tudo isso com distorção (talvez meio saturada, não sei se dá para consertar ou se tem que gravar de novo) de uma música do Metallica (exceto pela introdução, com guitarra limpa e algum chorus e delay). Percebi que o Bruce ainda está mixando uma guitarra de cada lado (uma na direita e outra na esquerda), então resolvi gravar pelo menos 3 guitarras de cada parte, para ficar uma parede de guitarra tipo no "Black Album". Experimentei, então, um pequeno trecho com 3 guitarras tocando simultaneamente coisas diferentes na mesma escala (não sei se vai funcionar, mas vale a tentativa). Por fim, gravei versões diferentes para um riff livremente inspirado em Dream Theater na época do "The Glass Prison", com várias notas e palhetadas para baixo. Ainda está incompleta.
(9) Sluts of Justice - distorção Metallica de fábrica. Essa tem uma longa história. O riff principal foi o primeiro que compus, juntamente com o de "Timeslide", numa tarde de outono de 1998, inspirado em Yngwie Malmsteen e Stratovarius. Nunca consegui fazer uma música satisfatória com esse riff, e já tentamos muitas coisas. O título da faixa veio de uma idéia do Barboza, que adaptei e fiz uma letra, em homenagem às nossas colegas de curso. Lá por 2001/2002 a música ganhou outras partes além do riff, inclusive um "teminha", que não costumo compor, mas que acredito ter ficado legal. Sempre que fizemos alguma gravação caseira, procurei registrar essa, e agora a oportunidade me parece ideal para finalmente compor uma grande música. Gravei os riffs e as partes originais, e tentei agregar algumas coisas novas. Em todo caso, ainda está incompleta.
(10) Experiment - agora com a gravação via USB a pleno vapor, o Bruce sugeriu que eu colocasse umas guitarras sobre uma música que ele compôs. É uma faixa instrumental (não sei se há intenção de colocar vocais), já totalmente estruturada, com bateria, baixo, guitarras e um monte de sintetizadores. Os riffs já estavam todos lá, com afinação dropped-D, então ouvi algumas vezes e gravei uma faixa-guia de guitarra, preservando algumas coisas da gravação original, mas incorporando alguns toques que me vieram espontaneamente. Não me preocupei em tirar nota por nota os riffs do Bruce, pois acho que a intenção era que os mesmos fossem personalizados (se não curtir, basta manter a gravação original). O riff principal, basicamente, é sobre o D com pausas, estilo que o Bruce parece gostar bastante e incorporar em quase todas as faixas dele que eu conheci (e que lembra Evanescence). No original tinha um riff quebrado muito interessante, sobre o qual fiz um mais simples, mas acompanhando a levada da bateria. Pretendia fazer umas notas com tapping, repetindo as notas com eco do sintetizador no começo da faixa, mas abandonei a idéia. Enquanto escutava o resultado de uma gravação de uma das bases, brinquei um pouco com as notas da escala e tive a idéia de registrar um solo, o primeiro nesse esquema de gravação. Deu um trabalho enorme, sobretudo porque não tenho o cacoete de guitar hero, e o resultado final não ficou totalmente satisfatório. Gravei 4 versões, sendo que a última parece ser a melhor (e foi registrada algumas horas depois das 3 primeiras). O groove da bateria lembrou-me uma das primeiras faixas do disco "Alive in an Ultra World" do Steve Vai, e com aproximadamente 40s de espaço para o solo, fiz uns licks com muitos slides, hammer-ons e pull-offs, que me pareceram legais em boa parte do tempo. Não toquei nenhum bend, o que contraria totalmente o meu "estilo" de solar, inspirado em Ace Frehley (afinal, os solos de Ace foram os únicos que tirei nota-por-nota desde que comecei a tocar, em fev/1995). Realmente, esse foi um experimento muito divertido.
sábado, 30 de agosto de 2008
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Melhores discos de todos os tempos - Metallica "Black Album" (1991)
É como eu digo: nada como uns bons riffs com guitarras distorcidas. Nos primórdios de 1991, quando se instalou a MTV por aqui, e durante algum tempo, não achava nada de bom no Metallica. Inclusive colocava no “mute” quando rolava “Enter Sandman” ou “The Unforgiven” no Disk MTV (que era um baita programa, apesar de que as mesmas músicas eram tocadas todos os dias, o que se tornou enfadonho em pouco tempo). Mas em 1992 os caras tocaram no tributo ao Freddie Mercury, no antigo Wembley Stadium (transmitido o VT pela Bandeirantes, numa sexta-feira de Páscoa), e então achei sensacional a performance ao vivo dos caras (acho que tocaram “Stone Cold Crazy” e “Enter Sandman”), muito impressionado que fiquei com o baterista (que marretava e pulava com fúria, e ainda mantinha o ritmo). Com o ouvido mais treinado, e já em 1993 (na era do cd player), sob orientação dos meus colegas Diego e Gustavo Rocha, adquiri o “Master of Puppets”. Bem, admito que então (e até hoje) esse cd não causou maior impressão. Posteriormente, aluguei na MadSound o “Black Album" (backup na C-60), mas foi só em 1995, quando aluguei mais uma vez, desta feita na CD Express ,que cai na real e finalmente vi que se tratava de um disco matador.
Sabe-se que “Black Album" é o disco de maior sucesso do Metallica, e que representou a superação da fase anterior dos caras, mais underground, digamos assim. Afinal, depois do 1.º disco (“Kill ´em All”) com músicas mais diretas, a partir do 2.º álbum (“Ride the Lightning”) a banda foi aperfeiçoando um estilo de heavy metal com músicas longas e várias partes complexas nas quais mudanças de andamento (rápido/lento, 4/4, 7/8, 5/4, 7/4) não eram incomuns, numa espécie de metal progressivo (o próprio Hetfield sintetizou jocosamente, mas com precisão, ao anunciar o “...And Justice for All medley” – que consistia nos principais riffs do disco de mesmo nome - , no vídeo do show no México de 1993, que se tratava de um “rhythm guitar solo”). Além disso, os caras não produziram singles, nem gravaram clipes para a MTV até 1988 (“One” do “...And Justice for All”). Então, a um só tempo, com o “Black Album", o Metallica: (a) encurtou e simplificou as músicas, significando isso que as músicas ficaram mais acessíveis e que não havia mais mudanças abruptas de andamento e múltiplas partes com vários riffs, além de que os riffs mesmos seriam diferentes dos dos discos anteriores, em regra sem o característico “staccatto” na mão direita; (b) contou com o renomado produtor Rob Rock (que já havia trabalhado, dentre outros, com Bon Jovi), em desfavor dos produtores dos discos anteriores, o que viabilizou uma melhora significativa no som da guitarra, da bateria e da voz, sem contar ainda nos palpites do produtor sobre as próprias composições, sendo certo que deu força para que o Metallica ousasse e tentasse coisas novas e diferentes como gravar suas primeiras baladas – o que era impensável até então; (c) gravou vídeos para as principais faixas do disco, o que representou a democratização do acesso a um público novo – não raro aparece alguém para dizer que acha muito legal aquele “primeiro disco do Metallica, o da capa preta”.
Então, se por um lado essas características do “Black Album" proporcionaram novos fãs, como eu, por outro lado desgostou os que já eram afinados com o som dos caras e esperavam por um disco no mesmo estilo de “metal progressivo” (e aqui é comum alguém dizer que o último grande disco do Metallica é o “Master of Puppets”, como os meus colegas de colégio). Talvez tenha sido mesmo decepcionante (para estes últimos), ao esperar por um novo “Master of Puppets” ou “...And Justice for All”, deparar com o “Black Album". Mas tomando este último por si só, não vejo razões para não considerá-lo perfeito. Salta aos ouvidos (sic) que o som das guitarras e da bateria é impecável. O peso das guitarras está lá, não há como negar, sem prejuízo da definição das notas (todas são muito bem ouvidas); e a bateria é marcante, bem diferente do som de lata dos discos anteriores (e de um posterior, o “St. Anger”). Além disso, James Hetfield, em 1991, estava no auge da forma vocal, e nessas condições e com esse parâmetro, não consigo ouvir os primeiros discos do Metallica sem pensar em como a voz do cara nesses discos é muito ruim.
No vídeo “A Year in a Half”, oportunamente gravado durante as sessões e a turnê do “Black Album”, tem uma cena, provavelmente registrada após as gravações e pouco antes da finalização das sessões de mixagem, na qual Rob Rock anuncia para Hetfield e Ulrich que o disco conta com músicas que serão clássicos, não apenas da banda, mas do próprio heavy metal. Entendo que ele não podia estar mais certo, vez que “Enter Sandman”, “Sad But True”, “The Unforgiven”, “Wherever I May Roam” e “Nothing Else Matters” são clássicos indiscutíveis.
A música que abre o disco, “Enter Sandman”, é a mais conhecida, e foi a primeira música que tirei no violão em março de 1995 (comprei a cópia da partitura na MadHouse, que ficava numa galeria na R. Duque de Caxias, perto do viaduto da Av. Salgado Filho – ou da Av. João Pessoa, depende do ponto de vista - a loja não existe mais, e era um dos 10 melhores lugares para comprar CDs em Porto Alegre). Aprendi muito com essa faixa, sobretudo pela utilização invariável da 6.ª corda solta (“E”, ou “mi”). Não demorei para perceber que a 6.ª corda solta, bem vistas as cosias, é um excelente e utilíssimo recurso para dar dinâmica aos riffs que funciona sempre (às vezes a 6.ª corda solta, por si só, tocada determinado número de vezes por determinada freqüência, já proporciona o riff... como em “Kill the King” do Megadeth). “Enter Sandman” á uma música bem simples para o padrão Metallica, com partes bem definidas e, por isso, facilmente assimiláveis. Clássico instantâneo. É tocada em todos os shows desde então e até hoje, notadamente no “encore”.
Algumas músicas me parecem perfeitas, com início, meio e fim formatados com precisão e na medida certa. Esse é o caso de “Sad But True”. O riff principal é matador, com pull-offs que jamais ouvi em lugar algum, e que nunca imaginaria a utilização dessa técnica para fazer um riff desse tipo (não por acaso, considero um riff espetacular). A afinação é um tom abaixo (6.ª corda em D, 5.ª corda em G, etc), o que confere um peso especial, mas não demasiado. E o groove é muito legal. Lars Ulrich acompanha a cadência do riff no hi-hat, durante as paradas (o que confere uma tensão, que se resolve naquele tá-tá-tátátá na caixa), e a batida é impiedosa e certeira no restante. Os solos de Kirk Hammet são os melhores do disco inteiro (ou os segundos melhores, porque o solo em “The Unforgiven” pode ser considerado o melhor...). Enfim, toda a “Sad But True” me parece uma música de heavy metal sem precedentes, no riff, versos e refrão. Durante o solo e em várias partes é perceptível que os riffs são tocados com algumas alterações, o que só contribui para tornar a composição como um todo muito interessante tecnicamente.
Para mim é impertinente a questão de saber se “The Unforgiven”, assim como “Fade to Black” (do disco “Ride the Lightning”) é ou não uma balada. O certo é que é uma baita composição do Metallica, praticamente sem recorrer à onipresente 6.ª corda solta; o riff dos versos é com a 4.ª e a 5.º corda soltas. A alternância entre momentos suaves e pesados pode lembrar Led Zeppelin (que tem um punhado de músicas nesse esquema como “Babe I´m Gonna Leave You” do seu disco de estréia em 1969), embora entenda que a comparação é desprezível, vez que “The Unforgiven” é tão boa e tão bem composta e executada que dispensa esse tipo de cotejo. É particularmente notável o solo de Kirk Hammet, e a composição e gravação deste foi um dos momentos legais do vídeo “A Year and a Half”, no qual se mostrou que as tentativas anteriores do guitarrista haviam sido todas infrutíferas (os solos eram bem ruins mesmo), motivando Rob Rock a dar uma bronca no cara para ele “fazer o dever de casa” e aparecer com um solo decente, o que eventualmente acabou acontecendo.
O melhor groove do disco, no qual inevitavelmente ou a cabeça ou o pé acompanham a levada, é o de “Wherever I May Roam”. Nas revistas de guitarra costumo ler comentários sobre músicas desse tipo ressaltando a interação entre os acordes E e Bb, que formam alguma espécie de escala inusual, com resultado bem expressivo, o que, de fato, é justamente o caso. O riff é, como tantos outros, exemplar a respeito da fase inspirada que a banda vivenciava: não há nada que lembre, nem remotamente, nos discos do Metallica ou de qualquer outra banda, esse riff memorável. O solo de Hammet acompanha a sugestão da música para escalas orientais, e se utiliza eficazmente do timbre do pedal wah-wah.
“Nothing Else Matters” é uma boa balada, que começa com um dedilhado magnífico, em relação ao qual o Diego costumava dizer, na época do colégio, que utilizava como se fosse diapasão para afinar o violão/guitarra. Evidentemente que não era uma música típica para o Metallica até então, mas se tornou uma balada típica do Metallica a partir de então (o disco seguinte, “Load”, contou com “Mamma Said”). Particularmente é bem legal de tocar; o Christian e eu já tivemos oportunidade para fazer uma versão bem defensável com dois violões e voz.
As outras músicas todas são muito boas, em maior ou menor extensão. Gosto muito (a) do riff e da dinâmica mais rápida de “Through the Never”, (b) do riff, da parte da guitarra nos versos e do clima de “The God That Failed”, (c) o riff muito bem sacado e original, a parte da guitarra nos versos, e as partes de bateria de “Of Wolf and Man”; (d) o riff principal, a parte de guitarra nos versos, o riff principal depois do solo de Kirk Hammet, em “Holier Than Thou”; (e) as partes de bateria e alguns riffs com staccatto em “Don´t Tread on Me”; (f) a introdução de baixo de Jason Newsted, o riff, e os solos de Kirk Hammet em “My Friend of Misery”; (g) o solo de guitarra de Hammet em “Struggle Within”.
Particularmente, gosto bastante da abordagem “tantos-riffs-quantos-possíveis-em-uma-só-música” que caracteriza discos como “...And Justice for All”, mas admito que é fácil perceber que o “Black Album", com sua produção impecável, enfatizou mais do que nunca os riffs de guitarra (pesados mas com definição), distribuídos com parcimônia nas músicas. Dessa forma, cada faixa é um momento único no qual praticamente cada riff se torna memorável. Particularmente, entendo que é o melhor disco lançado nos anos 1990, bem como é o disco mais importante lançado nos anos 1990 (embora possa conceder que neste último caso talvez o disco mais importante tenha sido o "Nevermind" do Nirvana, mas aí a minha opinião já não é tão favorável, pelo contrário...).
Top 5 “Black Album” riffs:
1) Sad But True
2) Wherever I May Roam
3) Through the Never
4) Holier Than Thou
5) Of Wolf and Man
Bonus track: The God That Failed
Sabe-se que “Black Album" é o disco de maior sucesso do Metallica, e que representou a superação da fase anterior dos caras, mais underground, digamos assim. Afinal, depois do 1.º disco (“Kill ´em All”) com músicas mais diretas, a partir do 2.º álbum (“Ride the Lightning”) a banda foi aperfeiçoando um estilo de heavy metal com músicas longas e várias partes complexas nas quais mudanças de andamento (rápido/lento, 4/4, 7/8, 5/4, 7/4) não eram incomuns, numa espécie de metal progressivo (o próprio Hetfield sintetizou jocosamente, mas com precisão, ao anunciar o “...And Justice for All medley” – que consistia nos principais riffs do disco de mesmo nome - , no vídeo do show no México de 1993, que se tratava de um “rhythm guitar solo”). Além disso, os caras não produziram singles, nem gravaram clipes para a MTV até 1988 (“One” do “...And Justice for All”). Então, a um só tempo, com o “Black Album", o Metallica: (a) encurtou e simplificou as músicas, significando isso que as músicas ficaram mais acessíveis e que não havia mais mudanças abruptas de andamento e múltiplas partes com vários riffs, além de que os riffs mesmos seriam diferentes dos dos discos anteriores, em regra sem o característico “staccatto” na mão direita; (b) contou com o renomado produtor Rob Rock (que já havia trabalhado, dentre outros, com Bon Jovi), em desfavor dos produtores dos discos anteriores, o que viabilizou uma melhora significativa no som da guitarra, da bateria e da voz, sem contar ainda nos palpites do produtor sobre as próprias composições, sendo certo que deu força para que o Metallica ousasse e tentasse coisas novas e diferentes como gravar suas primeiras baladas – o que era impensável até então; (c) gravou vídeos para as principais faixas do disco, o que representou a democratização do acesso a um público novo – não raro aparece alguém para dizer que acha muito legal aquele “primeiro disco do Metallica, o da capa preta”.
Então, se por um lado essas características do “Black Album" proporcionaram novos fãs, como eu, por outro lado desgostou os que já eram afinados com o som dos caras e esperavam por um disco no mesmo estilo de “metal progressivo” (e aqui é comum alguém dizer que o último grande disco do Metallica é o “Master of Puppets”, como os meus colegas de colégio). Talvez tenha sido mesmo decepcionante (para estes últimos), ao esperar por um novo “Master of Puppets” ou “...And Justice for All”, deparar com o “Black Album". Mas tomando este último por si só, não vejo razões para não considerá-lo perfeito. Salta aos ouvidos (sic) que o som das guitarras e da bateria é impecável. O peso das guitarras está lá, não há como negar, sem prejuízo da definição das notas (todas são muito bem ouvidas); e a bateria é marcante, bem diferente do som de lata dos discos anteriores (e de um posterior, o “St. Anger”). Além disso, James Hetfield, em 1991, estava no auge da forma vocal, e nessas condições e com esse parâmetro, não consigo ouvir os primeiros discos do Metallica sem pensar em como a voz do cara nesses discos é muito ruim.
No vídeo “A Year in a Half”, oportunamente gravado durante as sessões e a turnê do “Black Album”, tem uma cena, provavelmente registrada após as gravações e pouco antes da finalização das sessões de mixagem, na qual Rob Rock anuncia para Hetfield e Ulrich que o disco conta com músicas que serão clássicos, não apenas da banda, mas do próprio heavy metal. Entendo que ele não podia estar mais certo, vez que “Enter Sandman”, “Sad But True”, “The Unforgiven”, “Wherever I May Roam” e “Nothing Else Matters” são clássicos indiscutíveis.
A música que abre o disco, “Enter Sandman”, é a mais conhecida, e foi a primeira música que tirei no violão em março de 1995 (comprei a cópia da partitura na MadHouse, que ficava numa galeria na R. Duque de Caxias, perto do viaduto da Av. Salgado Filho – ou da Av. João Pessoa, depende do ponto de vista - a loja não existe mais, e era um dos 10 melhores lugares para comprar CDs em Porto Alegre). Aprendi muito com essa faixa, sobretudo pela utilização invariável da 6.ª corda solta (“E”, ou “mi”). Não demorei para perceber que a 6.ª corda solta, bem vistas as cosias, é um excelente e utilíssimo recurso para dar dinâmica aos riffs que funciona sempre (às vezes a 6.ª corda solta, por si só, tocada determinado número de vezes por determinada freqüência, já proporciona o riff... como em “Kill the King” do Megadeth). “Enter Sandman” á uma música bem simples para o padrão Metallica, com partes bem definidas e, por isso, facilmente assimiláveis. Clássico instantâneo. É tocada em todos os shows desde então e até hoje, notadamente no “encore”.
Algumas músicas me parecem perfeitas, com início, meio e fim formatados com precisão e na medida certa. Esse é o caso de “Sad But True”. O riff principal é matador, com pull-offs que jamais ouvi em lugar algum, e que nunca imaginaria a utilização dessa técnica para fazer um riff desse tipo (não por acaso, considero um riff espetacular). A afinação é um tom abaixo (6.ª corda em D, 5.ª corda em G, etc), o que confere um peso especial, mas não demasiado. E o groove é muito legal. Lars Ulrich acompanha a cadência do riff no hi-hat, durante as paradas (o que confere uma tensão, que se resolve naquele tá-tá-tátátá na caixa), e a batida é impiedosa e certeira no restante. Os solos de Kirk Hammet são os melhores do disco inteiro (ou os segundos melhores, porque o solo em “The Unforgiven” pode ser considerado o melhor...). Enfim, toda a “Sad But True” me parece uma música de heavy metal sem precedentes, no riff, versos e refrão. Durante o solo e em várias partes é perceptível que os riffs são tocados com algumas alterações, o que só contribui para tornar a composição como um todo muito interessante tecnicamente.
Para mim é impertinente a questão de saber se “The Unforgiven”, assim como “Fade to Black” (do disco “Ride the Lightning”) é ou não uma balada. O certo é que é uma baita composição do Metallica, praticamente sem recorrer à onipresente 6.ª corda solta; o riff dos versos é com a 4.ª e a 5.º corda soltas. A alternância entre momentos suaves e pesados pode lembrar Led Zeppelin (que tem um punhado de músicas nesse esquema como “Babe I´m Gonna Leave You” do seu disco de estréia em 1969), embora entenda que a comparação é desprezível, vez que “The Unforgiven” é tão boa e tão bem composta e executada que dispensa esse tipo de cotejo. É particularmente notável o solo de Kirk Hammet, e a composição e gravação deste foi um dos momentos legais do vídeo “A Year and a Half”, no qual se mostrou que as tentativas anteriores do guitarrista haviam sido todas infrutíferas (os solos eram bem ruins mesmo), motivando Rob Rock a dar uma bronca no cara para ele “fazer o dever de casa” e aparecer com um solo decente, o que eventualmente acabou acontecendo.
O melhor groove do disco, no qual inevitavelmente ou a cabeça ou o pé acompanham a levada, é o de “Wherever I May Roam”. Nas revistas de guitarra costumo ler comentários sobre músicas desse tipo ressaltando a interação entre os acordes E e Bb, que formam alguma espécie de escala inusual, com resultado bem expressivo, o que, de fato, é justamente o caso. O riff é, como tantos outros, exemplar a respeito da fase inspirada que a banda vivenciava: não há nada que lembre, nem remotamente, nos discos do Metallica ou de qualquer outra banda, esse riff memorável. O solo de Hammet acompanha a sugestão da música para escalas orientais, e se utiliza eficazmente do timbre do pedal wah-wah.
“Nothing Else Matters” é uma boa balada, que começa com um dedilhado magnífico, em relação ao qual o Diego costumava dizer, na época do colégio, que utilizava como se fosse diapasão para afinar o violão/guitarra. Evidentemente que não era uma música típica para o Metallica até então, mas se tornou uma balada típica do Metallica a partir de então (o disco seguinte, “Load”, contou com “Mamma Said”). Particularmente é bem legal de tocar; o Christian e eu já tivemos oportunidade para fazer uma versão bem defensável com dois violões e voz.
As outras músicas todas são muito boas, em maior ou menor extensão. Gosto muito (a) do riff e da dinâmica mais rápida de “Through the Never”, (b) do riff, da parte da guitarra nos versos e do clima de “The God That Failed”, (c) o riff muito bem sacado e original, a parte da guitarra nos versos, e as partes de bateria de “Of Wolf and Man”; (d) o riff principal, a parte de guitarra nos versos, o riff principal depois do solo de Kirk Hammet, em “Holier Than Thou”; (e) as partes de bateria e alguns riffs com staccatto em “Don´t Tread on Me”; (f) a introdução de baixo de Jason Newsted, o riff, e os solos de Kirk Hammet em “My Friend of Misery”; (g) o solo de guitarra de Hammet em “Struggle Within”.
Particularmente, gosto bastante da abordagem “tantos-riffs-quantos-possíveis-em-uma-só-música” que caracteriza discos como “...And Justice for All”, mas admito que é fácil perceber que o “Black Album", com sua produção impecável, enfatizou mais do que nunca os riffs de guitarra (pesados mas com definição), distribuídos com parcimônia nas músicas. Dessa forma, cada faixa é um momento único no qual praticamente cada riff se torna memorável. Particularmente, entendo que é o melhor disco lançado nos anos 1990, bem como é o disco mais importante lançado nos anos 1990 (embora possa conceder que neste último caso talvez o disco mais importante tenha sido o "Nevermind" do Nirvana, mas aí a minha opinião já não é tão favorável, pelo contrário...).
Top 5 “Black Album” riffs:
1) Sad But True
2) Wherever I May Roam
3) Through the Never
4) Holier Than Thou
5) Of Wolf and Man
Bonus track: The God That Failed
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Ensaio - The Osmar Band - "Force Ten" ou "Ten Years Gone" 21.08.2008
Depois de um magistral ensaio n.º 9, recebi a notícia de que ficaríamos duas semanas sem ensaios como um verdadeiro anti-climax. Afinal, a introdução do baixo (Tonante, conforme apurou o Marcão) e da “armonica blusera” rendeu mais do que se podia esperar desses instrumentos, e acredito que a produção das músicas ganhou nova dimensão para além do Triton-guitarra/violão-bateria-vocal-outros instrumentos percussivos. O Marcão chegou a sugerir que eu fizesse uma resenha de um ensaio “fake”, para não perder o hábito, mas isso, ao final, não se fez necessário; mesmo com o Marcelo fora da área de cobertura, os caras me convidaram para um ensaio que serviria para “acertar umas bases”. Evidente que não nos limitamos a isso. Vitaminados com uma holandesa de 11%, e acompanhados, depois, de umas uruguaias, fizemos umas 2 ou 3 jams de aquecimento, nas quais utilizei o baixo, e ficamos basicamente sobre os acordes Am-G-F. Logo na primeira jam, percebi que havia algo errado com a 1.ª corda do baixo (a G); de fato, o capostraste cedeu mais uma vez, e a 1.ª corda ficou fora da escala nas primeiras casas. Falta pouco, como anunciou o Marcão, para chegarmos ao ideal de tocar um baixo com uma corda só. O Alemão deu a dica e entendi o recado: “o violão está ali no case”. Numa fração de segundo (ou algo equivalente), raciocinei (ainda raciociava até então) que se impunha o violão Yamaha de cordas de aço naquela hora, vez que já estávamos nos repetindo com os meus grooves no baixo sobre os acordes Am-G-F. O violão é magnífico (som e acabamento primorosos), e fui me acostumando com as cordas duras. Puxei os acordes daquela Am - Dmadd9 - Dmadd11 - Asus4/5+, que apareceu pela primeira vez no 6.º ensaio e é um dos nossos clássicos, e ficamos nela por uns 10min, com os mesmos 4 acordes, o teclado climático do Alemão (com outro timbre, não o de costume) e a levada da bateria, e durante a execução apenas fomos alterando momentos mais calmos com outros mais empolgados e expressivos. Foi difícil tocar os acordes no violão de cordas de aço, mas o resultado acho que ficou muito bom: é uma música muito boa de tocar, com efeito arrebatador. Após, o Alemão achou um timbre que lembrou uma flauta estilizada; alinhei, então, uns acordes F e G, e depois agreguei o E (ou Em) e fiz uma levada espanhola (Aranjuez). O resultado ficou matador. O Marcão recém havia deixado o recinto para um pit-stop, teve que voltar na correria para gravar e tocar a bateria. Foi um belo momento de criatividade e inspiração puras. Continuamos nas jams, e em determinado momento o Marcão começou a cantar umas letras que o Marcelo deixou impressas pelos cantos. Então rolou “Smoke on the Water”, “Stairway to Heaven”, "Jump", Wander, entre outros, sobre bases improvisadas e improváveis. Acho que essas ficaram bem longas, com mais de uma música sobre a mesma jam, numa autêntica viagem. Foi numa dessas que rolou a homenagem a uma história inacreditável que aconteceu com um cara que tocou baixo com eles ocasionalmente antes do meu ingresso na banda (nessa o Marcão e o Alemão se dividiram nos vocais). E não perdi a oportunidade para, no violão, fazer a levada de "New York Groove" versão do álbum-solo de Ace Frehley.
O Alemão adquiriu para o Marcão a conhecida (“Not for the Pros”) vídeo-aula do Ian Paice, e não é novidade que tenho a opinião de que o baterista do Deep Purple tem a melhor “levada fluída” ou “faceira” - também já escrevi sobre isso aqui (outro que é bom nisso é o Alan White, do Yes - conforme já escrevi, mas aí o estilo é diferente, pois este incorpora andamentos quebrados). O Marcão já havia comentado favoravelmente sobre os discos do Black Sabbath que alcancei no ensaio passado, e achei muito bons os comentários do Alemão sobre os que lhe coube: ao que me conste, ele não tinha opinião prévia sobre Malmsteen (o disco era o fraco, mas com boas músicas, “Trilogy”), e então achei bastante respeitável o parecer que ele deu sobre o guitarrista sueco: “o cara é muito rápido, claro, mas as músicas são previsíveis”. De fato, as músicas começam de um jeito, e por aí já dá para antecipar o que vem depois, e depois, e depois, e o final (apesar de reconhecer isso, não me impede de achar legais algumas faixas como “You Don´t Remember, I´ll Never Forget”, “Liar” e a própria “Trilogy Suíte Op. 5 - escrevi um parágrafo sobre "Trilogy" aqui). Quanto ao “Close to the Edge”, do Yes, para minha satisfação, o parecer foi totalmente favorável; o cara curtiu as mudanças de andamento, clima, ritmo, enfim a loucurada que é uma música de 23min da banda de Anderson/Bruford/Howe/Squire/Wakeman.
O Alemão adquiriu para o Marcão a conhecida (“Not for the Pros”) vídeo-aula do Ian Paice, e não é novidade que tenho a opinião de que o baterista do Deep Purple tem a melhor “levada fluída” ou “faceira” - também já escrevi sobre isso aqui (outro que é bom nisso é o Alan White, do Yes - conforme já escrevi, mas aí o estilo é diferente, pois este incorpora andamentos quebrados). O Marcão já havia comentado favoravelmente sobre os discos do Black Sabbath que alcancei no ensaio passado, e achei muito bons os comentários do Alemão sobre os que lhe coube: ao que me conste, ele não tinha opinião prévia sobre Malmsteen (o disco era o fraco, mas com boas músicas, “Trilogy”), e então achei bastante respeitável o parecer que ele deu sobre o guitarrista sueco: “o cara é muito rápido, claro, mas as músicas são previsíveis”. De fato, as músicas começam de um jeito, e por aí já dá para antecipar o que vem depois, e depois, e depois, e o final (apesar de reconhecer isso, não me impede de achar legais algumas faixas como “You Don´t Remember, I´ll Never Forget”, “Liar” e a própria “Trilogy Suíte Op. 5 - escrevi um parágrafo sobre "Trilogy" aqui). Quanto ao “Close to the Edge”, do Yes, para minha satisfação, o parecer foi totalmente favorável; o cara curtiu as mudanças de andamento, clima, ritmo, enfim a loucurada que é uma música de 23min da banda de Anderson/Bruford/Howe/Squire/Wakeman.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
8.º show da Burnin´ Boat - dez/2001 Auditório Araújo Viana, Sala Radamés Gnatali
No final de 2001 tivemos a oportunidade de participar de mais um evento patrocinado pelo Hernani, dessa vez numa sala do Auditório Araújo Viana no Parque da Redenção (ou Farroupilha). O palco ficava a alguns centímetros do chão, e o público era posicionado sentado em cadeiras enfileiradas de frente para a banda, como uma sala - a sala Radamés Gnatalli.
Lembro que sai do meu estágio, no final da tarde, e fui com o Christian fazer a passagem de som. Tocamos “Boats are Burning” e algum outro cover, e o Christian, para minha satisfação pessoal, comentou que o meu solo era melhor que o do Cláudio (na verdade, o meu solo era mais planejado, pois compus basicamente nota por nota, ou blocos de licks, deixando pouco espaço para improvisação, ao contrário do Cláudio, que debulhava as notas com a costumeira proficiência).
Éramos bastante confiantes a respeito das nossas músicas e do nosso som, e acreditávamos que a Burnin´ Boat era a atração principal da noite, e que as outras seriam as bandas de abertura. Nada disso havia de arrogância: apenas uma constatação, com boa dose de orgulho, de que, afinal, já havíamos nos apresentado algumas vezes (não era nem de perto o nosso 1.º show), e nosso repertório era formado grandemente por composições próprias. Só que fui percebendo que as pessoas que estavam ali para assistir ao evento eram, na verdade, amigos e familiares das tais "bandas de abertura", de modo que o nosso show pouco importava. Assim, não era incomum que as pessoas debandassem no início da nossa apresentação, quando ouviam as primeiras notas das nossas guitarras distorcidas, o que me decepcionou um pouco, e posteriormente me fez pensar que melhor seria se apresentar primeiro, e deixar para outra banda fechar a noite. Até que tivéssemos um público nosso (o que jamais conseguimos fazer, conquanto eu tenha intuição de que algumas pessoas realmente gostavam do nosso som), o melhor seria reconhecer as nossas limitações e dar um jeito de tocar para o maior número de pessoas, que afinal não estavam ali para nos ver, e sim para ver as outras bandas.
Seja como for, tentávamos nos comportar o mais profissionalmente possível, obedecendo as orientações do Hernani e sendo sempre bastante tranqüilo e cuidadoso. Era evidente que essa atitude foi a que nos proporcionou todos esses shows com o Hernani, e pelo fato de não ter percebido isso na época, nunca tive a chance de agradecer aquelas oportunidades.
O repertório foi curto, tipo 40min. Não localizei nenhum registro visual dessa apresentação, de modo que fica complicado lembrar o repertório que tocamos. Provavelmente não deve diferir muito dos demais shows da época.
O Bruce e eu, com o Dioberto e mais um guitarrista e um baixista, voltaríamos à Sala Radamés Gnatalli no inverno de 2002 para uma apresentação com a Bed Reputation, projeto paralelo que serviu para incorporar o Dioberto à Burnin´ Boat. O repertório e a proposta eram totalmente diferentes, e nos divertimos bastante nesse período.
Lembro que sai do meu estágio, no final da tarde, e fui com o Christian fazer a passagem de som. Tocamos “Boats are Burning” e algum outro cover, e o Christian, para minha satisfação pessoal, comentou que o meu solo era melhor que o do Cláudio (na verdade, o meu solo era mais planejado, pois compus basicamente nota por nota, ou blocos de licks, deixando pouco espaço para improvisação, ao contrário do Cláudio, que debulhava as notas com a costumeira proficiência).
Éramos bastante confiantes a respeito das nossas músicas e do nosso som, e acreditávamos que a Burnin´ Boat era a atração principal da noite, e que as outras seriam as bandas de abertura. Nada disso havia de arrogância: apenas uma constatação, com boa dose de orgulho, de que, afinal, já havíamos nos apresentado algumas vezes (não era nem de perto o nosso 1.º show), e nosso repertório era formado grandemente por composições próprias. Só que fui percebendo que as pessoas que estavam ali para assistir ao evento eram, na verdade, amigos e familiares das tais "bandas de abertura", de modo que o nosso show pouco importava. Assim, não era incomum que as pessoas debandassem no início da nossa apresentação, quando ouviam as primeiras notas das nossas guitarras distorcidas, o que me decepcionou um pouco, e posteriormente me fez pensar que melhor seria se apresentar primeiro, e deixar para outra banda fechar a noite. Até que tivéssemos um público nosso (o que jamais conseguimos fazer, conquanto eu tenha intuição de que algumas pessoas realmente gostavam do nosso som), o melhor seria reconhecer as nossas limitações e dar um jeito de tocar para o maior número de pessoas, que afinal não estavam ali para nos ver, e sim para ver as outras bandas.
Seja como for, tentávamos nos comportar o mais profissionalmente possível, obedecendo as orientações do Hernani e sendo sempre bastante tranqüilo e cuidadoso. Era evidente que essa atitude foi a que nos proporcionou todos esses shows com o Hernani, e pelo fato de não ter percebido isso na época, nunca tive a chance de agradecer aquelas oportunidades.
O repertório foi curto, tipo 40min. Não localizei nenhum registro visual dessa apresentação, de modo que fica complicado lembrar o repertório que tocamos. Provavelmente não deve diferir muito dos demais shows da época.
O Bruce e eu, com o Dioberto e mais um guitarrista e um baixista, voltaríamos à Sala Radamés Gnatalli no inverno de 2002 para uma apresentação com a Bed Reputation, projeto paralelo que serviu para incorporar o Dioberto à Burnin´ Boat. O repertório e a proposta eram totalmente diferentes, e nos divertimos bastante nesse período.
domingo, 24 de agosto de 2008
Formula 1 - GP da Hungria (11.ª etapa, 03.08.2008, 9h)
A McLaren conseguiu colocar na pista um carro realmente competitivo nas últimas provas, e em Hungaroring Hamilton e Kovalainen ocuparam a 1.ª fila no grid de largada. Pelo menos Raikkonen largaria algumas posições atrás, mas ainda assim a tarefa de Massa não era fácil, vez que o campeonato deste ano está sendo disputado ponto a ponto.
Já deveríamos estar acostumados a ver largadas espetaculares, mas ninguém estava preparado para ver Massa avançar e passar Kovalainen e Hamilton já na primeira curva. A manobra foi simplesmente magnífica, e parecia ser tudo o quanto bastava para que o brasileiro conseguisse uma vitória importante. Mas aí é a tal da coisa. O cara liderou a corrida inteira, mas faltando 3 voltas para o final, o motor Ferrari, que "quase" nunca falha, falhou e acarretou o abandono de Massa. A vitória caiu no colo de Kovalainen (a primeira na carreira do finlandês), vez que Hamilton teve seus problemas com um pneu que esvaziou. Bom que Piquet fez mais uma corrida consistente e finalizou em 6.º.
Próximo GP é o da Europa, no circuíto de Valência.
Hungarian Grand Prix Results - 3 August 2008 - 70 Laps
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT LAPS TIME/RETIRE
1. Heikki Kovalainen Finland McLaren-Mercedes 70 1h37m27.067
2. Timo Glock Germany Toyota 70 11.061
3. Kimi Raikkonen Finland Ferrari 70 16.856
4. Fernando Alonso Spain Renault 70 21.614
5. Lewis Hamilton Britain McLaren-Mercedes 70 23.048
6. Nelson Piquet Brazil Renault 70 32.298
7. Jarno Trulli Italy Toyota 70 36.449
8. Robert Kubica Poland BMW Sauber 70 48.321
9. Mark Webber Australia Red Bull-Renault 70 58.834
10. Nick Heidfeld Germany BMW Sauber 70 1m07.709
11. David Coulthard Britain Red Bull-Renault 70 1m10.407
12. Jenson Button Britain Honda 69 1 Lap
13. Kazuki Nakajima Japan Williams-Toyota 69 1 Lap
14. Nico Rosberg Germany Williams-Toyota 69 1 Lap
15. Giancarlo Fisichella Italy Force India-Ferrari 69 1 Lap
16. Rubens Barrichello Brazil Honda 68 2 Laps
17. Sebastien Bourdais France Toro Rosso-Ferrari 67 3 Laps
18. Felipe Massa Brazil Ferrari 67 3 Laps, Engine
R Adrian Sutil Germany Force India-Ferrari 62 Brakes
R Sebastian Vettel Germany Toro Rosso-Ferrari 22 Engine
FASTEST LAP: Kimi Raikkonen Finland Ferrari 61 1:21.195
Points standings (after 11 rounds)
DRIVERS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT POINTS
1. LEWIS HAMILTON Britain McLaren-Mercedes 62
2. KIMI RAIKKONEN Finland Ferrari 57
3. FELIPE MASSA Brazil Ferrari 54
4. ROBERT KUBICA Poland BMW Sauber 49
5. NICK HEIDFELD Germany BMW Sauber 41
6. HEIKKI KOVALAINEN Finland McLaren-Mercedes 38
7. JARNO TRULLI Italy Toyota 22
8. MARK WEBBER Australia Red Bull-Renault 18
FERNANDO ALONSO Spain Renault 18
10. NELSON PIQUET Brazil Renault 13
TIMO GLOCK Germany Toyota 13
12. RUBENS BARRICHELLO Brazil Honda 11
13. NICO ROSBERG Germany Williams-Toyota 8
KAZUKI NAKAJIMA Japan Williams-Toyota 8
15. DAVID COULTHARD Britain Red Bull-Renault 6
SEBASTIAN VETTEL France Toro Rosso-Ferrari 6
17. JENSON BUTTON Britain Honda 3
18. SEBASTIEN BOURDAIS France Toro Rosso-Ferrari 2
CONSTRUCTORS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS CONSTRUCTOR POINTS
1. FERRARI 111
2. MCLAREN-MERCEDES 100
3. BMW SAUBER 90
4. TOYOTA 35
5. RENAULT 31
6. RED BULL-RENAULT 24
7. WILLIAMS-TOYOTA 16
8. HONDA 14
9. TORO ROSSO-FERRARI 8
Já deveríamos estar acostumados a ver largadas espetaculares, mas ninguém estava preparado para ver Massa avançar e passar Kovalainen e Hamilton já na primeira curva. A manobra foi simplesmente magnífica, e parecia ser tudo o quanto bastava para que o brasileiro conseguisse uma vitória importante. Mas aí é a tal da coisa. O cara liderou a corrida inteira, mas faltando 3 voltas para o final, o motor Ferrari, que "quase" nunca falha, falhou e acarretou o abandono de Massa. A vitória caiu no colo de Kovalainen (a primeira na carreira do finlandês), vez que Hamilton teve seus problemas com um pneu que esvaziou. Bom que Piquet fez mais uma corrida consistente e finalizou em 6.º.
Próximo GP é o da Europa, no circuíto de Valência.
Hungarian Grand Prix Results - 3 August 2008 - 70 Laps
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT LAPS TIME/RETIRE
1. Heikki Kovalainen Finland McLaren-Mercedes 70 1h37m27.067
2. Timo Glock Germany Toyota 70 11.061
3. Kimi Raikkonen Finland Ferrari 70 16.856
4. Fernando Alonso Spain Renault 70 21.614
5. Lewis Hamilton Britain McLaren-Mercedes 70 23.048
6. Nelson Piquet Brazil Renault 70 32.298
7. Jarno Trulli Italy Toyota 70 36.449
8. Robert Kubica Poland BMW Sauber 70 48.321
9. Mark Webber Australia Red Bull-Renault 70 58.834
10. Nick Heidfeld Germany BMW Sauber 70 1m07.709
11. David Coulthard Britain Red Bull-Renault 70 1m10.407
12. Jenson Button Britain Honda 69 1 Lap
13. Kazuki Nakajima Japan Williams-Toyota 69 1 Lap
14. Nico Rosberg Germany Williams-Toyota 69 1 Lap
15. Giancarlo Fisichella Italy Force India-Ferrari 69 1 Lap
16. Rubens Barrichello Brazil Honda 68 2 Laps
17. Sebastien Bourdais France Toro Rosso-Ferrari 67 3 Laps
18. Felipe Massa Brazil Ferrari 67 3 Laps, Engine
R Adrian Sutil Germany Force India-Ferrari 62 Brakes
R Sebastian Vettel Germany Toro Rosso-Ferrari 22 Engine
FASTEST LAP: Kimi Raikkonen Finland Ferrari 61 1:21.195
Points standings (after 11 rounds)
DRIVERS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT POINTS
1. LEWIS HAMILTON Britain McLaren-Mercedes 62
2. KIMI RAIKKONEN Finland Ferrari 57
3. FELIPE MASSA Brazil Ferrari 54
4. ROBERT KUBICA Poland BMW Sauber 49
5. NICK HEIDFELD Germany BMW Sauber 41
6. HEIKKI KOVALAINEN Finland McLaren-Mercedes 38
7. JARNO TRULLI Italy Toyota 22
8. MARK WEBBER Australia Red Bull-Renault 18
FERNANDO ALONSO Spain Renault 18
10. NELSON PIQUET Brazil Renault 13
TIMO GLOCK Germany Toyota 13
12. RUBENS BARRICHELLO Brazil Honda 11
13. NICO ROSBERG Germany Williams-Toyota 8
KAZUKI NAKAJIMA Japan Williams-Toyota 8
15. DAVID COULTHARD Britain Red Bull-Renault 6
SEBASTIAN VETTEL France Toro Rosso-Ferrari 6
17. JENSON BUTTON Britain Honda 3
18. SEBASTIEN BOURDAIS France Toro Rosso-Ferrari 2
CONSTRUCTORS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS CONSTRUCTOR POINTS
1. FERRARI 111
2. MCLAREN-MERCEDES 100
3. BMW SAUBER 90
4. TOYOTA 35
5. RENAULT 31
6. RED BULL-RENAULT 24
7. WILLIAMS-TOYOTA 16
8. HONDA 14
9. TORO ROSSO-FERRARI 8
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
CDs ao vivo – John Norum “Face It Live’97” (1997)
Assim como muitos, fui um dos banidos do Napster pelo Metallica. Mas, naqueles tempos de internet discada, em seguida apareceu o Audiogalaxy, que permitia o acesso mais fácil a um número incrível de músicas, coisas que para mim eram inacreditáveis como shows e versões demo de todas as bandas favoritas (que é o tipo de coisa que procuro), além de discos indisponíveis no mercado brasileiro (a não ser mediante importação, a custo astronômico).
Em 2000 já sabia que as bandas de hard rock dos anos 80 tinham o seu valor: guitarristas virtuosos, riffs inspirados, enfim, umas boas guitarras distorcidas tocadas com proficiência. Por alguma razão (talvez pelo fato de ter sido um dos participantes do tributo ao Deep Purple, tocando “Stormbringer”), coloquei na pesquisa “John Norum”, sabidamente o guitarrista do Europe no seu disco de maior sucesso (“The Final Countdown”), e um dos resultados foi uma faixa do cara, ao vivo, em carreira solo tocando uma música da sua antiga banda: “Scream of Anger”. Não precisou mais do que alguns segundos para formar a convicção de que se tratava de uma música absolutamente perfeita, e que não por acaso ficou nos meus ouvidos por muito tempo. Começa com um riff assombroso, com várias notas e bem rápido, versos em F#, refrão marcante com power-chords, solo muito bom. E nessa versão ao vivo o vocal era muito bom. Desde esse dia que ouvi "Sream of Anger", nessa versão ao vivo, procurei em todas as lojas o CD, e eventualmente só achei na seção de importados, com preços absolutamente fora de alcance, muito provavelmente pelo fato de que só havia disponível a versão japonesa. Mas a espera foi recompensada no dia em que, há uns 4 anos, encontrei na Boca do Disco por 25 pila.
Vim a descobrir que se trata de um cd ao vivo de John Norum, gravado em 1997 em Tóquio, durante a turnê do disco “Worlds Away”, de 1996, embora o título do álbum, "Face It Live '97" faça referência ao "Face the Truth", lançado em 1992, que por sua vez contou com os vocais de ninguém menos que Glenn Hughes (já escrevi sobre todos os discos que eu tenho dele, que é um dos meus vocalistas favoritos, aqui). Esse "Worlds Away" contou com o não menos espetacular Kelly Keeling nos vocais, além dos lendários Simon Wright e Peter Baltes, mas no "Face It Live '97", o guitarrista se fez acompanhar de uma banda de apoio menos famosa, com exceção do batera Hempo Hildén (Anders Fästader empunhou o baixo e teclados; Leif Sundin foi o bom vocalista e guitarra base).
O disco abre direto com duas do "Face the Truth", a faixa-título, bem rápida e com riff típico de hard rock da linha Blackmore no Rainbow; depois "Night Buzz", mais rocker. Do mesmo disco apareceram "Good Man Shining", com refrão bem característico para o estilo de Glenn Hughes; "Opium Trail", cover de Thin Lizzy; "In Your Eyes". Além do cover de Thin Lizzy, há ainda espaço para um cover de Free ("Wishing Well").
Do "Worlds Away" foram tocadas "Make a Move", "Where the Grass is Green", "C.Y.R.", e "From Outside In", todas medianas - ficou faltando a melhor do disco, "Dogs are Barking".
"Ressurrection Time", do álbum "Another Destination" só não é a melhor música do disco porque a melhor é "Scream of Anger". Mas é uma baita duma composição, que conta com um dos melhores riffs com afinação dropped-D que conheço. Absolutamente empolgante, do início ao fim. E é a comprovação de que dá para tocar músicas pesadas com uma Fender Stratocaster.
A banda que tornou o cara famoso, Europe, foi representada com a execução de duas faixas. "Heart of Stone", do multiplatinado "The Final Countdown" ficou muito melhor que a versão original, dada a prevalência da guitarra sobre o teclado. E "Scream of Anger", também muito melhor que a versão original do disco "Wings of Tomorrow". Realmente não é exagero dizer que essa música é perfeita.
John Norum é compatriota e contemporâneo de Yngwie Malmsteen, e também tem a mesma habilidade para tocar rápido; mas fica claro nesse cd ao vivo que Norum é muito mais blueseiro, em relação aos solos, do que Malmsteen. Realmente não se ouvem muitas escalas "menor melódica" em alta velocidade. Então não dá pra comparar, o som dos dois, apesar do equipamento igual (em tese - Fender Stratocaster + Marshal JCM 800). Bem ou mal, Norum tem uma consistente carreira solo, e agora (rectius: a partir de 2003), com o retorno das bandas de hard rock dos anos 80, o guitarrista voltou a compor o Europe (dois discos de inéditas foram gravados: o excepcional de bom "Start From the Dark" e o mediano "Secret Society").
Em 2000 já sabia que as bandas de hard rock dos anos 80 tinham o seu valor: guitarristas virtuosos, riffs inspirados, enfim, umas boas guitarras distorcidas tocadas com proficiência. Por alguma razão (talvez pelo fato de ter sido um dos participantes do tributo ao Deep Purple, tocando “Stormbringer”), coloquei na pesquisa “John Norum”, sabidamente o guitarrista do Europe no seu disco de maior sucesso (“The Final Countdown”), e um dos resultados foi uma faixa do cara, ao vivo, em carreira solo tocando uma música da sua antiga banda: “Scream of Anger”. Não precisou mais do que alguns segundos para formar a convicção de que se tratava de uma música absolutamente perfeita, e que não por acaso ficou nos meus ouvidos por muito tempo. Começa com um riff assombroso, com várias notas e bem rápido, versos em F#, refrão marcante com power-chords, solo muito bom. E nessa versão ao vivo o vocal era muito bom. Desde esse dia que ouvi "Sream of Anger", nessa versão ao vivo, procurei em todas as lojas o CD, e eventualmente só achei na seção de importados, com preços absolutamente fora de alcance, muito provavelmente pelo fato de que só havia disponível a versão japonesa. Mas a espera foi recompensada no dia em que, há uns 4 anos, encontrei na Boca do Disco por 25 pila.
Vim a descobrir que se trata de um cd ao vivo de John Norum, gravado em 1997 em Tóquio, durante a turnê do disco “Worlds Away”, de 1996, embora o título do álbum, "Face It Live '97" faça referência ao "Face the Truth", lançado em 1992, que por sua vez contou com os vocais de ninguém menos que Glenn Hughes (já escrevi sobre todos os discos que eu tenho dele, que é um dos meus vocalistas favoritos, aqui). Esse "Worlds Away" contou com o não menos espetacular Kelly Keeling nos vocais, além dos lendários Simon Wright e Peter Baltes, mas no "Face It Live '97", o guitarrista se fez acompanhar de uma banda de apoio menos famosa, com exceção do batera Hempo Hildén (Anders Fästader empunhou o baixo e teclados; Leif Sundin foi o bom vocalista e guitarra base).
O disco abre direto com duas do "Face the Truth", a faixa-título, bem rápida e com riff típico de hard rock da linha Blackmore no Rainbow; depois "Night Buzz", mais rocker. Do mesmo disco apareceram "Good Man Shining", com refrão bem característico para o estilo de Glenn Hughes; "Opium Trail", cover de Thin Lizzy; "In Your Eyes". Além do cover de Thin Lizzy, há ainda espaço para um cover de Free ("Wishing Well").
Do "Worlds Away" foram tocadas "Make a Move", "Where the Grass is Green", "C.Y.R.", e "From Outside In", todas medianas - ficou faltando a melhor do disco, "Dogs are Barking".
"Ressurrection Time", do álbum "Another Destination" só não é a melhor música do disco porque a melhor é "Scream of Anger". Mas é uma baita duma composição, que conta com um dos melhores riffs com afinação dropped-D que conheço. Absolutamente empolgante, do início ao fim. E é a comprovação de que dá para tocar músicas pesadas com uma Fender Stratocaster.
A banda que tornou o cara famoso, Europe, foi representada com a execução de duas faixas. "Heart of Stone", do multiplatinado "The Final Countdown" ficou muito melhor que a versão original, dada a prevalência da guitarra sobre o teclado. E "Scream of Anger", também muito melhor que a versão original do disco "Wings of Tomorrow". Realmente não é exagero dizer que essa música é perfeita.
John Norum é compatriota e contemporâneo de Yngwie Malmsteen, e também tem a mesma habilidade para tocar rápido; mas fica claro nesse cd ao vivo que Norum é muito mais blueseiro, em relação aos solos, do que Malmsteen. Realmente não se ouvem muitas escalas "menor melódica" em alta velocidade. Então não dá pra comparar, o som dos dois, apesar do equipamento igual (em tese - Fender Stratocaster + Marshal JCM 800). Bem ou mal, Norum tem uma consistente carreira solo, e agora (rectius: a partir de 2003), com o retorno das bandas de hard rock dos anos 80, o guitarrista voltou a compor o Europe (dois discos de inéditas foram gravados: o excepcional de bom "Start From the Dark" e o mediano "Secret Society").
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
7.º show da Burnin´ Boat (2001 - Bar João)
Depois que assisti a um show da Hibria – banda de heavy metal com músicos muito técnicos, formada por ex-colegas de colégio – no Bar João, no final dos anos 1990 e antes da Burnin´ Boat tomar forma, tive uma certa noção do que Paul Stanley certa vez disse sobre assistir o Led Zeppelin no Madison Square Garden; a comparação provavelmente não é boa, mas, enfim, o guitarrista do Kiss disse que ao ver o Led teve aquela vontade misturada com um certo pressentimento do tipo “um dia vou tocar lá”. Pois então, se um dia conseguisse tocar no Bar João, seria um grande momento para se considerar, mesmo que brevemente, um rock star.
Valmor: Realmente há um valor muito grande neste show, no sentido de que quando alguém relelmbra o saudoso Bar João, a gente pode dizer "Tocamos lá!".
O Bar João era um local tradicional de encontro da galera que curtia som pesado. Se numa primeira época possa ter agregado punks, alternativos e outros, nos tempos mais recentes o público era de metaleiros, com roupas pretas e tudo mais. Assim, no show da Hibria, os caras estavam se despedindo do público de casa para uma temporada de apresentações na Europa, embora isso não tenha sido divulgado aos presentes (foi o Jorge quem me deu a letra). O local estava lotado e as pessoas muito excitadas, vibrando em todas as músicas, próprias e covers. Fiquei, então, com uma baita impressão positiva do Bar João como local para shows desse tipo, apesar de que fazer show num bar daquele tipo parecia improvável, pois o palco era apenas um local que dividia as mesas do bar da parte onde ficavam as mesas de sinuca, e os músicos e instrumentos ficavam ali espremidos.
Valmor: Vale lembrar a minha apreensão durante todo o set, pois a banda ficava sobre um tabladinho baixo, mas meu banquinho de bateria ficava no limite do fundo do palco, e eu achava que a qualquer momento seria protagonista de uma videocassetada (afinal estávamos filmando, como de praxe).
GILBERTO: Eu já tinha ido algumas vezes ao "João" e lá tocava aquela banda que era tipo um objetivo pra mim, em termos de reconhecimento, a "Crossfire" [nota do Guilherme: também lembro e curti muito esses shows da Crossfire]. Mas na noite em que fui tocar com a Burnin' Boat lá, lembro que rolou um sentimento de hesitação da minha parte, tipo quando os Blues Brothers entraram pra tocar num bar legitimamente country, em seu primeiro filme. Eu pensei "Mas esse palquinho vai ser muito pequeno pra nós" - pensamento típico do "perfomer" :-) e assim foi, não nos esbarrávamos, mas tbm não nos atrevíamos a nos mover muito.
A Burnin´ Boat, em 2001, já estava com sua formação clássica consolidada, e já havíamos nos apresentado algumas vezes. Acho que foi em setembro que surgiu a oportunidade de tocarmos no Bar João; sempre estimulei o Luciano, que freqüentava o Bar durante a semana, a tentar marcar um show para nós, e parece que o cara deixou um cd nosso com o dono do Bar, que pelo jeito não era muito acessível, mas aceitou nos deixar tocar.
Acredito que a idéia de divulgar o show como “hard rock de grátis” tenha sido do Bruce, e ele e o Luciano agilizaram um cartaz, que não estou certo de ter visto nos muros da cidade (não tenho nenhuma foto nesse sentido...). Efetivamente, não foi cobrado ingresso da platéia, e nem ganhamos nada com a apresentação. Para mim isso nunca foi dificuldade alguma, pois o meu móvel foi sempre o de tocar, em ensaio ou em show. A mim sempre pareceu estranho receber alguma remuneração pelos shows, pois nosso esquema não era muito profissional, e a gratuidade poderia desculpar algum amadorismo da nossa parte na execução das músicas, ou mesmo na apresentação em si (nunca fomos dos mais empolgados e empolgantes no palco). A idéia do “hard rock de grátis”, ao final, revelou-se frutífera e atingiu as expectativas, pois o público foi bom.
Naqueles tempos eu era colega de estágio do Christian, que me emprestou um pedal multi-efeitos da Zoom que ele tinha e tava querendo se desfazer. Utilizei em alguns ensaios, e em certa medida satisfeito com a distorção do aparelho, resolvi levar para o show.
Ensaiamos algumas músicas boas para esse show, e acho que foi a primeira (e talvez única) vez em que tocamos “Kill the King” do Rainbow. O Gilberto era um vocalista que o Bruce descobriu pela internet e logo se dedicou a um projeto com ele, pois o cara era um grande sujeito, tinha um gosto musical muito compatível com o nosso, e desempenhava bem no microfone. Eventualmente a esse projeto se somaram o Nílton, o Cláudio, o Bill e o Nedimar (por um tempo, depois substituído por um cara chamado Diego); era a Hard Times, e o som era bem diferente da Burnin´ Boat. Nunca fui muito simpático a essa idéia dos caras levarem paralelamente uma outra banda, sobretudo por envolver 3/5 da Burnin´ Boat, e a esse fato atribuí uma certa paralisia nas atividades da banda (parecia que as coisas, em nível de composições, só evoluia por iniciativa minha), e assim criei um certo desconforto com essa situação, mas devo admitir que os caras deviam se divertir bastante, conquanto não tenham levado essa banda a lugar algum (apenas ensaiavam, compunham umas músicas, mas não chegaram a tocar ao vivo). Seja como for, dessa banda saiu um relacionamento produtivo com o Gilberto, e não lembro exatamente como tivemos a idéia de chamá-lo para cantar uma música nesse show, e a escolha recaiu exatamente sobre “Kill the King” (não por acaso costumo me referir ao Gilberto como Dioberto, pois assim era o seu nickname no ICQ, e revelava toda a sua admiração pelo Ronnie James Dio).
Valmor: A grande anedota do Gilberto neste show é que o cara se empolgou um pouco demais na "Kill the KIng" e esqueceu de devolver o microfone para o Luciano, para ele completar o dueto. O cara ficou meio de cara com isso, e gerou bastante risada depois.
GILBERTO: Baita anedota, eu diria. Me senti super mal, depois, pois prezei e prezo o Luciano pra caralho, mas foi algo quase instintivo, afinal de contas era Rainbow tocando (com direito à emocionante intro típica dos shows daquela banda) e era eu no vocal. Aconteceu, foi acidental, pedi todas desculpas do mundo a todos - mas como se vê, entrou pra história da BB.
O show era no final da tarde (exatamente como o da Hibria, anos atrás) de um sábado (ou domingo?), de modo que chegamos ao Bar no meio da tarde para a passagem de som (não sem nos atrasarmos). Evidentemente que tocamos “Killl the King”, que é uma música mais complexa do que as que estávamos acostumados a tocar (se não pelo fato de que não estava tão bem ensaiada como deveria). Além dessa, tocamos (no show) “Burn”, “Highway Star” e possivelmente “Perfect Strangers” do Deep Purple, “The Tower” do Bruce Dickinson. Das próprias, me atrapalhei na parte limpa de “Black Dressing Soul”, pois não tinha treinado suficientemente a passagem da parte distorcida para a limpa (a fim de tocar o dedilhado), afinal estava com uma pedaleira que não era minha, e o lance não era tirar a distorção com um pisada, e sim diminuir o volume da guitarra no botão de volume. A Vanessa comentou que me achou nervoso, sobretudo por errar nessa parte. Realmente ficou feio, mas não foi nervosismo, e sim falta de treino.
Uma das idéias para o decorrer das apresentações era a de o Luciano introduzir o nosso cd e selecionar alguém da platéia para ganhar um de graça. Nesse show, o cara anunciou o cd e ofereceu para o primeiro que se manifestasse. Um conhecido meu (e colega em algumas cadeiras) da faculdade, que curtia as bandas que estávamos fazendo cover, e que estava de alguma forma aproveitando o show, pediu o cd, mas não foi tão rápido quanto uma mulher que estava bem na frente do palco, e que, conquanto tenha sido a primeira a levantar a mão, não parecia tão merecedora da nossa graciosidade. Seja como for, nosso cd era vendido a preço tão baixo (R$ 5,00 – cinco pila!), que muitas vezes eu me decepcionei com certas pessoas que não se disponibilizavam para adquirir o disco. Bem ou mal, esse cara (que estava presente no Bar desde a passagem de som), pelo menos, elogiou nosso repertório e apresentação, dizendo que tinha curtido a interação das guitarras, sobretudo em “Kill the King”.
Uma outra boa memória foi um comentário que a Sabrina fez depois do show; segundo ela, uma guria comentou que o seu namorado era meu fã (isto é, gostava das músicas que eu compunha). Entretanto, a Sabrina não soube precisar quem era a guria, muito menos o seu namorado, de modo que até hoje não sei quem é a pessoa, muito embora tenha algumas desconfianças (afinal, não são tantas as pessoas que curtem a banda...).
GILBERTO: Rico show, mandando ver boa música, em um lugar emblemático pruma platéia cheia de amigos. Tem algo melhor que isso?
Set-list: Burn, The Tower, Heartbreaking, Paranoid, Black Dressing Soul, Kill the King, Aunt Evil, Spectreman Theme, Boats are Burning, Snowblind, Hidden e Highway Star.
Desde 2003, aproximadamente, o Bar João está fechado, em decorrência de questões, digamos, extra-campo.
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
CD – Dokken “Dysfunctional” (1995)
Durante um bom tempo, de 1993 a 2004, e agora mais recentemente, tinha como uma das melhores tarefas a de descobrir bandas novas. A internet foi fundamental nesse processo, e um exemplo disso foi o de como descobri o Dokken. Se em 1998 deparei acidentalmente com o cd do Impellitteri na locadora perto de casa, no ano seguinte pesquisei na rede sobre o cara e localizei uma declaração do Rob Rock dizendo que o som do Impellitteri era uma mistura de Yngwie Malmsteen com Dokken. Já estava muito familiarizado com Malmsteen, inclusive adotando muitos discos como favoritos (“Marching Out”, “Magnum Opus”, etc. - já escrevi sobre todos eles aqui); mas Dokken? Não era essa uma das bandas de hard rock farofa dos anos 80? Para mim, à época, ainda, as bandas de hard rock farofa dos anos 80 eram todas iguais e desprezíveis, tanto pelo visual como pelas músicas (baladas radiofônicas inexpressivas).
Um exercício que muitas vezes dá resultados produtivos é refletir sobre certas noções já incorporadas e revê-las criticamente. Então resolvi ouvir Dokken, assim como o fiz com outras bandas de hard rock dos anos 80 (em relação às quais o Bruce já ouvia e comprava cds e lps). E não é que o Dokken contava com umas músicas muito boas, com guitarras distorcidas, riffs inspirados e tudo mais. Um bom riff é tudo o que eu espero de uma banda de rock, e o Dokken tinha uma punhado deles.
Aluguei na MadSound em 1999 o “Erase the Slate”, então recém lançado, ouvi rapidamente e devolvi no dia seguinte; mas fiquei com uma impressão favorável. Numa tarde desocupada daquele mesmo ano de 1999, achamos um outro Dokken, “Dysfunctional”, por uns 15 pila no balaio da Boca do Disco, e do qual jamais tínhamos ouvido falar. Então pedimos para ouvir e imediatamente caiu o queixo nos primeiros segundos da primeira faixa. Como eu havia sido o primeiro a bater os olhos no cd, coube a mim a prerrogativa de adquirir o disco.
“Dysfunctional” foi lançado em 1995, bem depois do auge dos caras nos anos 80, quando eles lançaram seus discos mais conhecidos “Tooth and Nail”, “Under Lock and Key” e “Back for the Attack”, e marcou a reunião da formação clássica (Don Dokken, George Lynch, Jeff Pilson e Mick Brown) após um breve período de dissolução. Aparentemente teve uma vendagem razoável, mas encontrou um período totalmente desfavorável, vez que o grunge ainda era o estilo dominante, e bandas com guitarristas virtuosos praticamente não tinham espaço.
Nada disso importa, afinal, a não ser pelo fato de tornar ainda mais valorosa a audição do disco (o mesmo se pode dizer, talvez, em relação ao “Pull” do Winger). O disco é muito bom, com gravação excelente, e com composições qualificadas. Ouvindo numa sentada, percebe-se que há um groove muito legal (não demora para a cabeça ou os pés acompanharem o andamento das faixas). O disco já abre com uma paulada e a melhor música, “Inside Looking Out”. A introdução é guitarra/baixo/bateria numa descida forte, típica de um instrumental prog, que dura poucos segundos (14 notas) e não se repete mais durante a faixa. Segue-se o riff principal, bem pesado (tão legal que não consigo tirar de ouvido, apesar de várias tentativas), versos sobre uns acordes, pré-chorus com pausas na guitarra, e o refrão matador. É um exemplo notável da excelência dos caras na composição de uma boa música de hard rock.
Outro momento marcante se dá em “Too High to Fly”, com afinação dropped-D. Riff legal, versos idem, refrão típico do estilo, e uns momentos que servem para jams durante as apresentações ao vivo (eventualmente uma versão ficou registrada no “Live from the Sun”, já com o Reb Beach na guitarra). A levada é de arrepiar nos versos, e a afinação confere um peso na medida certa. Não há o que não gostar.
Também com dropped-D é “Hole in my Head” (muito boa levada, mas não muito sofisticada). “Shadows of Life” é matadora, seguindo a receita certa: riff afu, versos com base pesada mas fluida, pre-chorus marcante (até mais que o próprio refrão), e refrão com o nome da música sobre o riff principal; depois uma parte um pouco diferente que precede o solo de guitarra. Baita música.
Algumas faixas são boas, mas não exatamente marcantes, como é o caso de “Long Way Home”, que viria a ser o nome de disco da banda lançado em 2002; há umas partes trabalhadas, como as de guitarra, em regra com várias notas, sendo certo que o melhor riff é o que serve como base do solo de guitarra. O refrão acaba sendo a melhor parte, do tipo que fica na cabeça (“a long way hooooooooooome”). Do mesmo tipo é “Lesser of Two Evils”.
Baladas também há, como não poderia deixar de ser num disco de hard rock – e particularmente muito caras a Don Dokken, como se sabe. Então lá vão “The Maze” (a melhor, disparado), “Nothing Left to Say” (muito palha), “Sweet Chains” (mais ou menos, com baixo fretless, aparentemente).
O melhor seria se o disco encerrasse na faixa 10, que é uma paulada na orelha. “What Price” é uma correria do início ao fim, com afinação mais pesada, e do tipo que os caras não mais viriam a fazer – o que é uma pena. É o tipo de música que eu queria ter composto, de tão legal, sobretudo a guitarra que conduz os versos enormes cantados pelo Don Dokken.
A última faixa é cover de uma faixa para mim obscura do Emerson, Lake & Palmer, que alguém pode dizer que se trata de um clássico, mas enfim... “From the Beginning”. Pareceu-me totalmente fora de contexto, sobretudo por vir depois de uma faixa rápida – e muito melhor. Ainda assim, devo admitir que é bem superior às outras baladas do disco.
Em 1997 os caras lançaram um disco deplorável (“Shadowlife”), o qual foi seguido pela saída definitiva de George Lynch (honestamente, não sou o maior fã do cara, o que não me impede de achar que ele é capaz de compor riffs e músicas fora de série). Com Reb Beach (do Winger, atual Whitesnake), a banda lançou um disco matador (que eu não encontro para vender em lugar algum) “Erase the Slate”, um cd ao vivo (“Live from the Sun”), um não muito bom com John Norum nas guitarras (“Long Way Home”), um meia-boca com John Levin (“Hell to Pay”), e, mais recentemente, um no qual se fez uma tentativa de reproduzir o som dos anos 80 (“Lightning Strikes Again”).
Um exercício que muitas vezes dá resultados produtivos é refletir sobre certas noções já incorporadas e revê-las criticamente. Então resolvi ouvir Dokken, assim como o fiz com outras bandas de hard rock dos anos 80 (em relação às quais o Bruce já ouvia e comprava cds e lps). E não é que o Dokken contava com umas músicas muito boas, com guitarras distorcidas, riffs inspirados e tudo mais. Um bom riff é tudo o que eu espero de uma banda de rock, e o Dokken tinha uma punhado deles.
Aluguei na MadSound em 1999 o “Erase the Slate”, então recém lançado, ouvi rapidamente e devolvi no dia seguinte; mas fiquei com uma impressão favorável. Numa tarde desocupada daquele mesmo ano de 1999, achamos um outro Dokken, “Dysfunctional”, por uns 15 pila no balaio da Boca do Disco, e do qual jamais tínhamos ouvido falar. Então pedimos para ouvir e imediatamente caiu o queixo nos primeiros segundos da primeira faixa. Como eu havia sido o primeiro a bater os olhos no cd, coube a mim a prerrogativa de adquirir o disco.
“Dysfunctional” foi lançado em 1995, bem depois do auge dos caras nos anos 80, quando eles lançaram seus discos mais conhecidos “Tooth and Nail”, “Under Lock and Key” e “Back for the Attack”, e marcou a reunião da formação clássica (Don Dokken, George Lynch, Jeff Pilson e Mick Brown) após um breve período de dissolução. Aparentemente teve uma vendagem razoável, mas encontrou um período totalmente desfavorável, vez que o grunge ainda era o estilo dominante, e bandas com guitarristas virtuosos praticamente não tinham espaço.
Nada disso importa, afinal, a não ser pelo fato de tornar ainda mais valorosa a audição do disco (o mesmo se pode dizer, talvez, em relação ao “Pull” do Winger). O disco é muito bom, com gravação excelente, e com composições qualificadas. Ouvindo numa sentada, percebe-se que há um groove muito legal (não demora para a cabeça ou os pés acompanharem o andamento das faixas). O disco já abre com uma paulada e a melhor música, “Inside Looking Out”. A introdução é guitarra/baixo/bateria numa descida forte, típica de um instrumental prog, que dura poucos segundos (14 notas) e não se repete mais durante a faixa. Segue-se o riff principal, bem pesado (tão legal que não consigo tirar de ouvido, apesar de várias tentativas), versos sobre uns acordes, pré-chorus com pausas na guitarra, e o refrão matador. É um exemplo notável da excelência dos caras na composição de uma boa música de hard rock.
Outro momento marcante se dá em “Too High to Fly”, com afinação dropped-D. Riff legal, versos idem, refrão típico do estilo, e uns momentos que servem para jams durante as apresentações ao vivo (eventualmente uma versão ficou registrada no “Live from the Sun”, já com o Reb Beach na guitarra). A levada é de arrepiar nos versos, e a afinação confere um peso na medida certa. Não há o que não gostar.
Também com dropped-D é “Hole in my Head” (muito boa levada, mas não muito sofisticada). “Shadows of Life” é matadora, seguindo a receita certa: riff afu, versos com base pesada mas fluida, pre-chorus marcante (até mais que o próprio refrão), e refrão com o nome da música sobre o riff principal; depois uma parte um pouco diferente que precede o solo de guitarra. Baita música.
Algumas faixas são boas, mas não exatamente marcantes, como é o caso de “Long Way Home”, que viria a ser o nome de disco da banda lançado em 2002; há umas partes trabalhadas, como as de guitarra, em regra com várias notas, sendo certo que o melhor riff é o que serve como base do solo de guitarra. O refrão acaba sendo a melhor parte, do tipo que fica na cabeça (“a long way hooooooooooome”). Do mesmo tipo é “Lesser of Two Evils”.
Baladas também há, como não poderia deixar de ser num disco de hard rock – e particularmente muito caras a Don Dokken, como se sabe. Então lá vão “The Maze” (a melhor, disparado), “Nothing Left to Say” (muito palha), “Sweet Chains” (mais ou menos, com baixo fretless, aparentemente).
O melhor seria se o disco encerrasse na faixa 10, que é uma paulada na orelha. “What Price” é uma correria do início ao fim, com afinação mais pesada, e do tipo que os caras não mais viriam a fazer – o que é uma pena. É o tipo de música que eu queria ter composto, de tão legal, sobretudo a guitarra que conduz os versos enormes cantados pelo Don Dokken.
A última faixa é cover de uma faixa para mim obscura do Emerson, Lake & Palmer, que alguém pode dizer que se trata de um clássico, mas enfim... “From the Beginning”. Pareceu-me totalmente fora de contexto, sobretudo por vir depois de uma faixa rápida – e muito melhor. Ainda assim, devo admitir que é bem superior às outras baladas do disco.
Em 1997 os caras lançaram um disco deplorável (“Shadowlife”), o qual foi seguido pela saída definitiva de George Lynch (honestamente, não sou o maior fã do cara, o que não me impede de achar que ele é capaz de compor riffs e músicas fora de série). Com Reb Beach (do Winger, atual Whitesnake), a banda lançou um disco matador (que eu não encontro para vender em lugar algum) “Erase the Slate”, um cd ao vivo (“Live from the Sun”), um não muito bom com John Norum nas guitarras (“Long Way Home”), um meia-boca com John Levin (“Hell to Pay”), e, mais recentemente, um no qual se fez uma tentativa de reproduzir o som dos anos 80 (“Lightning Strikes Again”).
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Ensaio - The Osmar Band - 05.08.2008 "Cool #9"
Uma das novidades para este nono ensaio foi um baixo muito antigo do Marcelo, no qual foram recém colocadas cordas novas, em prejuízo do capotraste/nut, que cedeu na corda mais grave, e por isso a melhor (a quarta - E). Há alguns dias estou me pilhando para adquirir um baixo, então assumi o instrumento para fazer um test-drive. E me diverti bastante compondo a cozinha da Osmar com o Marcão. Apelidei o instrumento de "Dienifer", pois a guitarra que os caras têm no estúdio é uma das antigas "Jenifer". Para surpresa geral, o som do baixo deu boa resposta. Sabe-se que um baixista de rock pode assumir quatro atitudes distintas: (a) dobrar as linhas das guitarras, como Jason Newsted em "Wherever I May Roam", e Geezer Butler em "Iron Man"; (b) acompanhar a bateria, formando a popular cozinha, como Gene Simmons em "Creatures of the Night"; (c) conduzir a música pulsando o andamento com um número mínimo de notas, tocadas repetidamente como Cliff Williams em qualquer música do AC/DC e Roger Waters/David Gilmour em "One of These Days"; (d) tocar o baixo com uma linha melódica completamente diferente dos outros instrumentos, como Chris Squire em "Close to the Edge" (pelo menos no começo). Tentei fazer de tudo isso um pouco, e achei mais desafiador e estimulante dobrar a bateria do Marcão. A outra novidade, foi a adoção pelo Marcelo da "armonica blusera", afinada em C, que estava disponível perto do piano e havia sido adquirida pelo Alemão, há algum tempo, alegadamente por 10 pila. Começamos rememorando os clássicos instantâneos do oitavo ensaio, como aquela do A-F-G e depois E-F-E-F-E-F-G. Fizemos uma jam com uma música do quinto ensaio, com os acordes C-Bb-Eb-F, na qual me atrapalhei bastante com a quarta corda solta (literalmente), que insistia em colar no imã do captador do braço (o problema foi resolvido quando soltamos a corda e prendemos de lado). A quarta corda a menos deu a tônica (literalmente) do ensaio: músicas em A (lá), a 3.ª corda. Das que foram registradas, a primeira foi uma em que tentei fazer uma linha de baixo acompanhando a bateria, com as notas A, e depois C e D. O Marcelo acertou os versos na levada em A, mudando às vezes para C, com refrão em A-C-D, tudo isso com acompanhamento pelo Alemão no timbre de piano. Na seguinte, após uma introdução num timbre church organ, fiz uma linha blues tradicional com as notas C-G-F, que recebeu uma letra do Marcelo sobre o sistema de loterias. O Alemão tirou o violão da caixa e conduziu os acordes A-E-D; a Sabrina curtiu a letra dessa, que não estou certo, mas aparentemente tem a personagem inspirada na Amy Winehouse (pelo menos no nome). Os caras lembraram aquela seqüência de acordes difícil e que gosto bastante (Am - Dmadd9 - Dmadd11 - Asus4/5+) do sexto ensaio, e pluguei a guitarra para interpretá-la. Rolou então uma versão de uns 7min, com esses acordes na guitarra, e o timbre viajante matador do Alemão no Triton. Parece que os caras curtem bastante essa também, e é legal porque é um dos clássicos dessa formação quarteto, e uma das minhas favoritas. Ainda com a guitarra, acompanhei (com acordes, dedilhados, solos contidos, notas aleatórias sobre a "escala") o Alemão numa outra que ficou boa com letra típica do Marcelo. De volta com o baixo, o Alemão fez uma seqüencia muito empolgante de acordes, tocados com as duas mãos, que parecia uma música daquelas carro-chefe de filme, embora o exemplo que me vem a cabeça seja "Jump". Acompanhei no baixo, e tentei fazer uma melodia com a tônica e um "whole-step" acima. A música ficou realmente muito empolgante, parecia que podíamos ficar tocando aquela seqüência de acordes infinitamente sem cansar. Ficaram perdidas para a eternidade (i.é, sem gravação), além de uma versão para a parte lenta de "Stairway to Heaven" duas jams muito boas: uma na qual reproduzi no baixo, com as notas A da 3.ª corda solta e uma oitava acima (2.ª corda, casa 7), a levada bumbo/caixa que o Marcão estava conduzindo. Ao final, quando o Marcelo e o Marcão já estavam guardando os instrumentos, puxei uma linha de baixo tipo One of These Days do Pink Floyd (que não passou despercebida pelo Marcão), e fui acompanhado pelo Alemão.
Ao mesmo tempo em que cedi uns backups (Never Say Die e Techical Ecstasy para o Marcão - tratam-se de dois discos bem divertidos de ouvir do Black Sabbath com o Ozzy, com músicas bem diferentes das clássicas dos discos anteriores; Perfect Strangers para o Marcelo - esse disco marcou o retorno triunfante do Deep Purple em 1984, notadamente com a clássica faixa-título, um dos melhores covers da Burnin´ Boat, sobretudo quando acompanhada pelo Vinícius; Rendez Vous, Oxygene 7-13 , e Trilogy para o Alemão - os dois primeiros são do Jean-Michel Jarre, sendo que Rendez Vous é um dos meus discos favoritos de todos os tempos, e o terceiro é um clássico do Yngwie Malmsteen, que conta com a Trilogy Suite Op. 5).
Por outro lado, levei de empréstimo um dvd duplo Crossroads, com participação de um monte de gente (a melhor é a baixista que acompanhou o Jeff Beck, uma guria ajeitada que arrebentou), que o Marcelo se abriu; três cds do John Scofield, um guitarrista de jazz que se apresentou em Porto Alegre no mesmo dia do Whitesnake - eu fui ver Whitesnake, o Alemão foi ver o Scofield). Tratam-se de três cds de jazz de guitarrista, no maior estilo jazz de guitarrista. Acho que vou ficar com eles mais uma semana para ouvir melhor.
Ao mesmo tempo em que cedi uns backups (Never Say Die e Techical Ecstasy para o Marcão - tratam-se de dois discos bem divertidos de ouvir do Black Sabbath com o Ozzy, com músicas bem diferentes das clássicas dos discos anteriores; Perfect Strangers para o Marcelo - esse disco marcou o retorno triunfante do Deep Purple em 1984, notadamente com a clássica faixa-título, um dos melhores covers da Burnin´ Boat, sobretudo quando acompanhada pelo Vinícius; Rendez Vous, Oxygene 7-13 , e Trilogy para o Alemão - os dois primeiros são do Jean-Michel Jarre, sendo que Rendez Vous é um dos meus discos favoritos de todos os tempos, e o terceiro é um clássico do Yngwie Malmsteen, que conta com a Trilogy Suite Op. 5).
Por outro lado, levei de empréstimo um dvd duplo Crossroads, com participação de um monte de gente (a melhor é a baixista que acompanhou o Jeff Beck, uma guria ajeitada que arrebentou), que o Marcelo se abriu; três cds do John Scofield, um guitarrista de jazz que se apresentou em Porto Alegre no mesmo dia do Whitesnake - eu fui ver Whitesnake, o Alemão foi ver o Scofield). Tratam-se de três cds de jazz de guitarrista, no maior estilo jazz de guitarrista. Acho que vou ficar com eles mais uma semana para ouvir melhor.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
6.ª show da Burnin´ Boat - 09.08.2001 Casa de Cultura Mário Quintana, Sala Carlos Carvalho
Passamos quase um ano sem show. Mas não ficamos parados. No verão de 2001, finalizamos a gravação do cd e comprei uma guitarra nova legal (graças ao início do meu estágio remunerado). O Bruce tinha um contato com um cara (Hernani) que tinha uma escola de música (e que agenciava uns shows para os alunos se apresentarem), e assim conseguimos um espaço nesse esquema. Jamais imaginei que a Casa de Cultura Mário Quintana seria espaço para um show nosso, mas trata-se de um complexo com várias salas, numa das quais rolaria o show. O palco ficava ao nível do chão, pois afinal era uma sala para apresentações de teatro, e tinha, pois uma espécie de arquibancada para o público que ficava todo sentado de frente para a banda. A sala tinha um esquema de luzes, e foi o primeiro show com um sistema desse tipo.
Com o cd na mão, mais uma vez nos dedicamos a incrementar o set list, e inovar na nossa apresentação (na medida do possível). Assim, tentamos fazer algo mais estiloso: o Cláudio e eu tocamos de óculos escuros – os dois eram do Cláudio, e o Bruce fez backing vocal, mas acabou que não organizamos o esquema 100% e cada um vestiu-se do jeito que quis (o Bruce vestiu uma camiseta amarela, eu uma camisa branca comprada na C&A uma hora antes do show, o Nilton uma camisa de banda, o Luciano uma jaqueta de couro). Os óculos escuros me atrapalharam um pouco na hora da parte "twin guitar" harmonizada em "The Tower", pois não conseguia enxergar o braço da guitarra.
Legal que diversos conhecidos se fizeram presentes como o Giuliano, o Diego, o Jorge, uma chefe minha e duas colegas de estágio, o Daniel Ace Lairihoy, Minduim, Raquel, Vanessa e Fernando. O legal desse esquema com o Hernani era que não precisávamos nos preocupar com outra coisa que não a nossa própria apresentação. Das três bandas, o nosso seria o último show. O evento atraiu um bom público. E tocamos bem (nos atrapalhamos um pouco apenas na pequena "jam" com o riff de "Unchained", que soou um pouco deslocada e tal).
Acho que por volta dessa época, a MTV passava uns vídeos caseiros de bandas durante os comerciais, e provavelmente foi por aí que tivemos a idéia de filmar o ensaio com uma câmera estática.
Depoimento do Luciano: "hahahahaha esse show na casa de cultura foi muito legal... lembro que tocamos bem, fiquei bem satisfeito com nós mesmos, e foi divertido! Além disso o lugar tinha um bom camarim pras bandas, coisa que até hoje falta em muitos lugares :)".
Ensaio em 08.08.2001 (conteúdo: "Boats are Burning", "The Tower", "Sweet Thing", "Heartbreakin'", "Man on the Silver Mountain", "Noise Garden", chats, e "Black Dressing Soul").
Show em 09.08.2001 (set list: "Boats are Burning", "The Tower", "Sweet Thing", "Heartbreakin'", "Man on the Silver Mountain", "Noise Garden", "Black Dressing Soul" e "The Wicker Man").
Com o cd na mão, mais uma vez nos dedicamos a incrementar o set list, e inovar na nossa apresentação (na medida do possível). Assim, tentamos fazer algo mais estiloso: o Cláudio e eu tocamos de óculos escuros – os dois eram do Cláudio, e o Bruce fez backing vocal, mas acabou que não organizamos o esquema 100% e cada um vestiu-se do jeito que quis (o Bruce vestiu uma camiseta amarela, eu uma camisa branca comprada na C&A uma hora antes do show, o Nilton uma camisa de banda, o Luciano uma jaqueta de couro). Os óculos escuros me atrapalharam um pouco na hora da parte "twin guitar" harmonizada em "The Tower", pois não conseguia enxergar o braço da guitarra.
Legal que diversos conhecidos se fizeram presentes como o Giuliano, o Diego, o Jorge, uma chefe minha e duas colegas de estágio, o Daniel Ace Lairihoy, Minduim, Raquel, Vanessa e Fernando. O legal desse esquema com o Hernani era que não precisávamos nos preocupar com outra coisa que não a nossa própria apresentação. Das três bandas, o nosso seria o último show. O evento atraiu um bom público. E tocamos bem (nos atrapalhamos um pouco apenas na pequena "jam" com o riff de "Unchained", que soou um pouco deslocada e tal).
Acho que por volta dessa época, a MTV passava uns vídeos caseiros de bandas durante os comerciais, e provavelmente foi por aí que tivemos a idéia de filmar o ensaio com uma câmera estática.
Depoimento do Luciano: "hahahahaha esse show na casa de cultura foi muito legal... lembro que tocamos bem, fiquei bem satisfeito com nós mesmos, e foi divertido! Além disso o lugar tinha um bom camarim pras bandas, coisa que até hoje falta em muitos lugares :)".
Ensaio em 08.08.2001 (conteúdo: "Boats are Burning", "The Tower", "Sweet Thing", "Heartbreakin'", "Man on the Silver Mountain", "Noise Garden", chats, e "Black Dressing Soul").
Show em 09.08.2001 (set list: "Boats are Burning", "The Tower", "Sweet Thing", "Heartbreakin'", "Man on the Silver Mountain", "Noise Garden", "Black Dressing Soul" e "The Wicker Man").
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Discos essenciais – Pink Floyd “Animals” (1977)
Foram expressões como “corrosive and expressive guitar throughout”, “four-minute synthesizer solos”, “uncharacteristically uptempo and guitar-heavy”, “keyboard noodlings”, “churchy organ”, “slashing guitar work”, etc, constantes da resenha no “The Rough Guide to Pink Floyd” que me despertaram o interesse e me levaram ao disco Animals. O problema é que não há disco do Pink Floyd disponível por menos de 30 reais, então há tempo que estou vasculhando balaios e bocas do disco para encontrar algum por preço acessível. Bem, achei naquela Porto do Iguatemi por um preço menos salgado esse Animals (além de outros dois, Meddle e Obscured by Clouds) e descobri um excelente disco. E estou ouvindo quase diariamente há duas semanas.
Ainda de acordo com o livro, o ponto de partida foram duas jams da turnê de 1974, conhecidas como Gotta Be Crazy e Raving and Drooling, que ganharam forma quando Roger Waters teve a idéia de escrever as letras (e o conceito do disco) sobre o livro “A Revolução dos Bichos” de George Orwell. Assim, a primeira virou Dogs, sobre os capitalistas/burgueses, e a segunda Sheep, sobre o povo inculto; agregou-se uma outra faixa, Pigs (Three Diferent Ones), sobre os políticos. Pouco antes de serem finalizadas as gravações, Waters incluiu uma faixa acústica, Pigs on the Wing, que eventualmente foi dividida em duas partes para introduzir e encerrar o álbum. A adição dessas Pigs on the Wing, dentre outras questões como supressão de solos de guitarra, foi motivo de discussões, notadamente entre Waters e Gilmour, vez que os direitos autorais foram distribuídos por faixa e não por participação; assim, por mais que a única contribuição de Gilmour (Dogs) ocupe quase metade do disco, Waters é quem levou a maior parte da bolada, por ter composto o maior número de faixas (todas as 5).
Pessoalmente, o que me vem à cabeça é que se trata de um disco divertido de ouvir, pois tem muito das coisas que são legais como sintetizadores, umas guitarras bem Stratocaster com uns temas bons e solos estilo Gilmour, e, sobretudo, alguma direção nas composições. Afinal, as músicas são em regra longas, mas diferentemente de Echoes, do disco Meddle, que tem 23min e nos quais grande parte é apenas a banda fazendo jam, em Dogs, Pigs (...) e Sheep há mais espaço para partes variadas, que dão conformidade à música, sem parecer uma jam repetitiva. Então, se as três faixas principais são muito boas, e as duas secundárias (porque acústicas, só voz e violão, com menos de 2min cada) não têm nada mal, de fato não há o que não gostar em Animals.
Dogs tem uma “breezily intricate chord sequence – simultaneously jazzy and folky (...)”; a letra parece boa, e bem interpretada por Gilmour (pelo menos na metade, pois mais adiante Waters assume o vocal, e canta o resto todo do disco). É uma baita música, tanto em termos de composição como em duração. Afinal, tem solos clássicos de Gilmour, levadas de violão, uns temas harmonizados na guitarra (incomuns para a banda), e sessões inteiras dedicadas a sons muito legais de sintetizadores analógicos, tudo isso em 18min. Essa parte dominada por Wright é a melhor, sem dúvida.
Uma boa introdução de sintetizadores é seguida por uma levada na boa de baixo, bateria e guitarra em Pigs (Three Different Ones). Um cowbell no ritmo de metrônomo parece meio deslocado. Essa levada é bem repetida, mas sempre com algum destaque diferente, seja um sintetizador climático, ou um solo de guitarra com talkbox. E lá vão 11min.
Já conhecia Sheep da coletânea Collection of Great Dance Songs, e curtia bastante. É outra faixa longa, com introdução afu de um tipo de Fender Rhodes, e Waters se supera nos vocais – no final dos versos, ele estende a última sílaba (“it´s only Waters´ bloodyminded vocal bravura that makes this torrent of inconsistent-lenght lines and random rhyme-schemes work”), que num truque de estúdio é fundida com uma nota de Mini-Moog (ou outro sintetizador bala). E a composição tem uma levada boa, “uptempo” (o livro sugere que se trata de uma re-utilização da linha de baixo e seqüência de acordes de One of These Days), inclusive com umas guitarras cortantes entre uma estrofe e outra.
Um disco com sons de guitarra e de sintetizadores tão bons, uma atitude talvez mais rocker em se tratando de Pink Floyd, e composições longas mas com várias partes legais, isso é tanto quanto basta para ser essencial.
Ainda de acordo com o livro, o ponto de partida foram duas jams da turnê de 1974, conhecidas como Gotta Be Crazy e Raving and Drooling, que ganharam forma quando Roger Waters teve a idéia de escrever as letras (e o conceito do disco) sobre o livro “A Revolução dos Bichos” de George Orwell. Assim, a primeira virou Dogs, sobre os capitalistas/burgueses, e a segunda Sheep, sobre o povo inculto; agregou-se uma outra faixa, Pigs (Three Diferent Ones), sobre os políticos. Pouco antes de serem finalizadas as gravações, Waters incluiu uma faixa acústica, Pigs on the Wing, que eventualmente foi dividida em duas partes para introduzir e encerrar o álbum. A adição dessas Pigs on the Wing, dentre outras questões como supressão de solos de guitarra, foi motivo de discussões, notadamente entre Waters e Gilmour, vez que os direitos autorais foram distribuídos por faixa e não por participação; assim, por mais que a única contribuição de Gilmour (Dogs) ocupe quase metade do disco, Waters é quem levou a maior parte da bolada, por ter composto o maior número de faixas (todas as 5).
Pessoalmente, o que me vem à cabeça é que se trata de um disco divertido de ouvir, pois tem muito das coisas que são legais como sintetizadores, umas guitarras bem Stratocaster com uns temas bons e solos estilo Gilmour, e, sobretudo, alguma direção nas composições. Afinal, as músicas são em regra longas, mas diferentemente de Echoes, do disco Meddle, que tem 23min e nos quais grande parte é apenas a banda fazendo jam, em Dogs, Pigs (...) e Sheep há mais espaço para partes variadas, que dão conformidade à música, sem parecer uma jam repetitiva. Então, se as três faixas principais são muito boas, e as duas secundárias (porque acústicas, só voz e violão, com menos de 2min cada) não têm nada mal, de fato não há o que não gostar em Animals.
Dogs tem uma “breezily intricate chord sequence – simultaneously jazzy and folky (...)”; a letra parece boa, e bem interpretada por Gilmour (pelo menos na metade, pois mais adiante Waters assume o vocal, e canta o resto todo do disco). É uma baita música, tanto em termos de composição como em duração. Afinal, tem solos clássicos de Gilmour, levadas de violão, uns temas harmonizados na guitarra (incomuns para a banda), e sessões inteiras dedicadas a sons muito legais de sintetizadores analógicos, tudo isso em 18min. Essa parte dominada por Wright é a melhor, sem dúvida.
Uma boa introdução de sintetizadores é seguida por uma levada na boa de baixo, bateria e guitarra em Pigs (Three Different Ones). Um cowbell no ritmo de metrônomo parece meio deslocado. Essa levada é bem repetida, mas sempre com algum destaque diferente, seja um sintetizador climático, ou um solo de guitarra com talkbox. E lá vão 11min.
Já conhecia Sheep da coletânea Collection of Great Dance Songs, e curtia bastante. É outra faixa longa, com introdução afu de um tipo de Fender Rhodes, e Waters se supera nos vocais – no final dos versos, ele estende a última sílaba (“it´s only Waters´ bloodyminded vocal bravura that makes this torrent of inconsistent-lenght lines and random rhyme-schemes work”), que num truque de estúdio é fundida com uma nota de Mini-Moog (ou outro sintetizador bala). E a composição tem uma levada boa, “uptempo” (o livro sugere que se trata de uma re-utilização da linha de baixo e seqüência de acordes de One of These Days), inclusive com umas guitarras cortantes entre uma estrofe e outra.
Um disco com sons de guitarra e de sintetizadores tão bons, uma atitude talvez mais rocker em se tratando de Pink Floyd, e composições longas mas com várias partes legais, isso é tanto quanto basta para ser essencial.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Ensaio - The Osmar Band - Em 31.08.2008 "Eight days a week"
No mesmo dia em que o Grêmio venceu o Curitiba, fora de casa, pelo Brasileirão 2008, reunimo-nos para um ensaio atípico, de certa forma. Afinal, depois de algumas jams (na primeira das quais, tocamos uns acordes A-G-F e depois F-E-F-E-F-G por um bom tempo, até o Marcelo compor uma letra e encaixar os versos a respeito de um sério problema que acomete alguns homens, notadamente a partir de determinada idade), fizemos uma pá de covers. Umas letras impressas com as notações de acordes, e tocamos Wander Wildner ("(...) alegre o tempo inteiro"), Cascavelletes "(...) céu de blues"), Camisa de Venus ("(...) discos de Bob Dylan (...)", além daquela mais conhecida do Creedence ("I wanna know..." bibibi) e finalmente tocamos uma cover das antigas da Osmar ("Let it Be" dos Beatles) com a letra magnificamente adaptada e avacalhada para o português (na versão que ficou para gravação, me atrapalhei um pouco no dedilhado e "me empolguei" além da conta em certos acordes, além de ter errado todos os acordes do refrão, pois meu ouvido não estava confiando na cifra - que, depois, foi confirmada pelo Alemão: "é uma descida" - dá próxima eu sigo o que está na cifra, e aí não vai ter erro). Além disso, fizemos as melhores versões até o momento para "Smoke on the Water" (bem diferente do original, inclusive no consagrado riff) e "Fear of the Dark" (diferentemente da que consta da versão original, a interpretação da letra causa efetivamente "fear of the dark"). Acho que esses covers têm que ser assim mesmo, uma releitura completamente diferente da original. Vamos ver se não rola versões para "Jump" e "Stairway to Heaven".
Ao final, o Alemão emprestou (a) "Steady Groovin´", de Charlie Hunter; (b) "Deja Vu" de Fareed Haque; e (c) "The Promise", do grande John McLaughlin. Dos três, o único músico que conhecia e já estava familiarizado é do guitarrista da Mahavishnu Orchestra; nesse cd, de 1995, há registros das várias fases e influências de McLaughlin, como o "Guitar Trio" com Al Di Meola e Paco de Lucia (em "El Ciego", de 9min10s, muito legal, uma pauleira de violões), uma jam com Vinnie Colaiuta e Sting ("English Jam", de pouco mais de 1min - merecia mais tempo), uma homenagem virtuosa a Thelonius Monk (em "Thelonius Melodius", acompanhado pelo excepcional Dennis Chambers), uma música muito ruim com acompanhamento eletrônico e datado ("No Return"), uma muito boa de 14min no estilo Miles Davis anos 80 ("Jazz Jungle", com Michael Brecker no sax tenor, e Dennis Chambers com uma levada muito bala na batera), uma no estilo Shakti ("The Wish"). Não conheço nenhum dos músicos que tocam no cd de Charlie Hunter, e apenas conhecia este pelo nome (mais um ex-aluno famoso de Joe Satriani). No créditos das músicas desse cd de 2005 (que parece uma coletânea, pois tem músicas de 1996 até 2001) aparece ao lado do seu nome "8-string guitar", e na enciclopédia virtual verifiquei que se trata de uma guitarra customizada, na qual ele pode tocar simultaneamente as linhas de baixo e guitarra (e, com o auxílio de um simulador de Leslie, o cara produz uns sons tipo do órgão Hammond). Bem, por si só isso já é notável e indicativo de que o cara é um baita virtuoso, mas as composições não impressionaram, sobretudo nos latinismos. Mas é bastante provável que com mais tempo para ouvir, realmente fique com parecer mais favorável, ainda mais que achei um site com shows inteiros disponibilizados para download pelo próprio artista. Por fim, o cd de Fareed Haque de 1997 é uma regravação do disco de mesmo nome de Crosby, Stills, Nash & Young, originalmente gravado em 1970. É uma audição bem agradável.
Duas músicas foram agregadas lá no myspace.
Ao final, o Alemão emprestou (a) "Steady Groovin´", de Charlie Hunter; (b) "Deja Vu" de Fareed Haque; e (c) "The Promise", do grande John McLaughlin. Dos três, o único músico que conhecia e já estava familiarizado é do guitarrista da Mahavishnu Orchestra; nesse cd, de 1995, há registros das várias fases e influências de McLaughlin, como o "Guitar Trio" com Al Di Meola e Paco de Lucia (em "El Ciego", de 9min10s, muito legal, uma pauleira de violões), uma jam com Vinnie Colaiuta e Sting ("English Jam", de pouco mais de 1min - merecia mais tempo), uma homenagem virtuosa a Thelonius Monk (em "Thelonius Melodius", acompanhado pelo excepcional Dennis Chambers), uma música muito ruim com acompanhamento eletrônico e datado ("No Return"), uma muito boa de 14min no estilo Miles Davis anos 80 ("Jazz Jungle", com Michael Brecker no sax tenor, e Dennis Chambers com uma levada muito bala na batera), uma no estilo Shakti ("The Wish"). Não conheço nenhum dos músicos que tocam no cd de Charlie Hunter, e apenas conhecia este pelo nome (mais um ex-aluno famoso de Joe Satriani). No créditos das músicas desse cd de 2005 (que parece uma coletânea, pois tem músicas de 1996 até 2001) aparece ao lado do seu nome "8-string guitar", e na enciclopédia virtual verifiquei que se trata de uma guitarra customizada, na qual ele pode tocar simultaneamente as linhas de baixo e guitarra (e, com o auxílio de um simulador de Leslie, o cara produz uns sons tipo do órgão Hammond). Bem, por si só isso já é notável e indicativo de que o cara é um baita virtuoso, mas as composições não impressionaram, sobretudo nos latinismos. Mas é bastante provável que com mais tempo para ouvir, realmente fique com parecer mais favorável, ainda mais que achei um site com shows inteiros disponibilizados para download pelo próprio artista. Por fim, o cd de Fareed Haque de 1997 é uma regravação do disco de mesmo nome de Crosby, Stills, Nash & Young, originalmente gravado em 1970. É uma audição bem agradável.
Duas músicas foram agregadas lá no myspace.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
5.º show da Burnin´ Boat (28.09.2000? - Garagem Hermética - com outras bandas)
Não lembro exatamente como surgiu o lance de tocarmos no Garagem Hermética. Esse local era um conhecido e tradicional ponto de encontro de públicos de gosto musical variado, com predominância, talvez, para a galera Famecos. Já tinha assistido ali a um show da Hibria com o vocalista antigo (que não sabia cantar “Tornado os Souls” do Megadeth, e quem subiu ao palco foi a Dige, irmã do baterista da banda), de modo que era uma grande honra tocar no mesmo lugar. O local havia sido reformado, e assim o palco estava montado do lado esquerdo de quem entra, a aproximadamente um metro de altura (no show da Hibria que eu tinha assistido, o palco ficava uns 20cm do solo, e se posicionava à direita de da entrada.
Depoimento inestimável do Valmor (Bruce): "Me lembro de estar bastante empolgado com este show, na lendária casa da Barros Cassal. Ainda hoje quando vou lá ver algum show, estranho o fato de o palco ter sido trocado de lado após incêndio. Então onde tocamos agora há um bar. Uma das minhas anedotas favoritas sobre esta noite é sobre o Bill, que viera de aula na PUC para curtir nosso show. O cara entrou no ônibus vazio, e logo depois entrou um cara com a maior cara de assaltante, passou a roleta e sentou ao lado dele. Num reflexo inexplicável, nosso amigo começou a se comportar feito autista, falando sozinho e se balançando e batendo a cabeça no vidro. Funcionou, pois a figura ameaçadora se assustou e foi sentar longe. "
Naquele dia tocariam diversas bandas (dentre as quais a banda do Nedimar e do Bill), de modo que o set list não poderia ser muito longo. Mesmo assim, preparamos diversas músicas, e dentre as novidades estava “Snowblind” do Black Sabbath, que tocaríamos em tom bem grave, e de certa forma dedicamos ao Felipinho, que era grande fã da banda de T. Iommi, e estava lá (e parece ter curtido). Além dessa, ensaiamos “Fool For Your Loving” do Whitesnake, na versão Steve Vai, o que me pareceu um pouco audacioso, pois se trata de uma versão de hard rock magnífica e de virtuosismo. Entretanto, acima de tudo estávamos entusiasmados com o Cláudio, que tirou o solo de Vai e executou, ao seu estilo, o mais próximo possível do original.
Valmor: "Pelo que recordo, tocou antes de nós uma banda de gurizada que executou um set list caótico que ia de Rush (muito mal tocado) até a música do "lacre azul do cachorrinho". Eu e o Filipinho ficávamos gritando bobagens nonsense durante o show dos caras. Eram 4 bandas no total (ou 5, não lembro bem), e ainda tocaria depois de nós uma banda instrumental (o Bill conhecia os caras) e no fim a Atrack."
Esse foi um show estranho; tenho poucas recordações dos momentos anteriores (sei que foi pouco depois do meu aniversário), e acho que não estava nervoso. Queríamos tocar “Noise Garden”, e diante do fato de que essa exigia a guitarra afinada em dropped-D, preparamos guitarras reservas para trocar durante o show. Só que quando acabamos uma música e trocamos as guitarras para tocar “Noise Garden” parece que deu a impressão do show ter terminado. Vi que um cara da banda que tocaria em seguida começou a pedir pelo fim da apresentação. O sujeito ficou acenando bastante e aquilo me irritou profundamente, pois ainda tínhamos mais algumas músicas. Após alguns momentos de impasse (“continuamos ou saímos”), tocamos “Noise Garden”, e durante a execução eu comecei a aumentar o volume do amplificador, toda vez que via aquele cara encher o saco. Sabíamos que aquela seria a última música, e estava tão furioso que queria ficar tocando aquela música durante horas (poderia ficar solando infinitamente, porque a música se presta para improvisações nesse momento), e realmente fiz muito barulho para tornar o som o mais insuportável possível. Por fim acabamos a música e começamos a desmontar o equipamento. Por um instante cogitei de cortar o fio do amplificador com meu alicate, mas sabia que isso poderia causar tumulto e resolvi me conter. Não é da minha índole arruinar um evento por causa de um babaca. Sei que não fiquei pra ver as outras bandas e fui embora com a Sabrina.
O Bruce também teve essa impressão, de que o show foi detestável.
Valmor: "Este show me deixou com uma das impressões mais paradoxais. Em termos de performance, lembro que fomos impecáveis, tocando todas as músicas com ótima pegada. Só que o público foi geladíssimo (lembro que quando oferecemos um CD demo de graça como de praxe ninguém se agilizou pra pegar) e ainda por cima, perto do fim do set o cara da banda seguinte começou a chatear para terminarmos. Descontentes, descarregamos nossa revolta em uma extended version de "Noise Garden", com muita barulheira no fim, espancando os instrumentos. Dada a incomodação, acabamos indo embora bem rápido, ao contrário de permanecermos curtindo mais um pouco os shows, como de costume."
Depoimento do Nílton: "Bom, na realidade não me lembro muito bem do show, exceto de que o Guilherme havia se estranhado com um rapazote da outra banda... Pra variar lembro que o palco era apertado e eu sempre tinha que ficar ou de lado ou atrás de alguém (no bom sentido). Não sei se foi nesse ou em algum outro que eu estava tentando fazer uns backs e aí tentava me concentrar para conseguir utilizar minhas duas metades do cérebro. Depois de um tempo eu percebi que não tinha a habilidade necessária para tanto. Gostei do palco ser alto e tal, mas realmente, o público não estava ajudando, até porque havia muitas bandas com estilos diferentes e tal. Esse tipo de evento que junta muita gente com gostos diferentes não dá certo, como as bandas que utilizam a incrível técnica de cantar para dentro juntamente com os gurizinhos que ficam masturbando os instrumentos para mostrar que são virtuosos... Fora o conflito de idades... nós éramos um pouco mais velhos que o público do local e a maioria do pessoal, eu acho, era fã de punk rock. É o que me lembro."
Depoimento inestimável do Valmor (Bruce): "Me lembro de estar bastante empolgado com este show, na lendária casa da Barros Cassal. Ainda hoje quando vou lá ver algum show, estranho o fato de o palco ter sido trocado de lado após incêndio. Então onde tocamos agora há um bar. Uma das minhas anedotas favoritas sobre esta noite é sobre o Bill, que viera de aula na PUC para curtir nosso show. O cara entrou no ônibus vazio, e logo depois entrou um cara com a maior cara de assaltante, passou a roleta e sentou ao lado dele. Num reflexo inexplicável, nosso amigo começou a se comportar feito autista, falando sozinho e se balançando e batendo a cabeça no vidro. Funcionou, pois a figura ameaçadora se assustou e foi sentar longe. "
Naquele dia tocariam diversas bandas (dentre as quais a banda do Nedimar e do Bill), de modo que o set list não poderia ser muito longo. Mesmo assim, preparamos diversas músicas, e dentre as novidades estava “Snowblind” do Black Sabbath, que tocaríamos em tom bem grave, e de certa forma dedicamos ao Felipinho, que era grande fã da banda de T. Iommi, e estava lá (e parece ter curtido). Além dessa, ensaiamos “Fool For Your Loving” do Whitesnake, na versão Steve Vai, o que me pareceu um pouco audacioso, pois se trata de uma versão de hard rock magnífica e de virtuosismo. Entretanto, acima de tudo estávamos entusiasmados com o Cláudio, que tirou o solo de Vai e executou, ao seu estilo, o mais próximo possível do original.
Valmor: "Pelo que recordo, tocou antes de nós uma banda de gurizada que executou um set list caótico que ia de Rush (muito mal tocado) até a música do "lacre azul do cachorrinho". Eu e o Filipinho ficávamos gritando bobagens nonsense durante o show dos caras. Eram 4 bandas no total (ou 5, não lembro bem), e ainda tocaria depois de nós uma banda instrumental (o Bill conhecia os caras) e no fim a Atrack."
Esse foi um show estranho; tenho poucas recordações dos momentos anteriores (sei que foi pouco depois do meu aniversário), e acho que não estava nervoso. Queríamos tocar “Noise Garden”, e diante do fato de que essa exigia a guitarra afinada em dropped-D, preparamos guitarras reservas para trocar durante o show. Só que quando acabamos uma música e trocamos as guitarras para tocar “Noise Garden” parece que deu a impressão do show ter terminado. Vi que um cara da banda que tocaria em seguida começou a pedir pelo fim da apresentação. O sujeito ficou acenando bastante e aquilo me irritou profundamente, pois ainda tínhamos mais algumas músicas. Após alguns momentos de impasse (“continuamos ou saímos”), tocamos “Noise Garden”, e durante a execução eu comecei a aumentar o volume do amplificador, toda vez que via aquele cara encher o saco. Sabíamos que aquela seria a última música, e estava tão furioso que queria ficar tocando aquela música durante horas (poderia ficar solando infinitamente, porque a música se presta para improvisações nesse momento), e realmente fiz muito barulho para tornar o som o mais insuportável possível. Por fim acabamos a música e começamos a desmontar o equipamento. Por um instante cogitei de cortar o fio do amplificador com meu alicate, mas sabia que isso poderia causar tumulto e resolvi me conter. Não é da minha índole arruinar um evento por causa de um babaca. Sei que não fiquei pra ver as outras bandas e fui embora com a Sabrina.
O Bruce também teve essa impressão, de que o show foi detestável.
Valmor: "Este show me deixou com uma das impressões mais paradoxais. Em termos de performance, lembro que fomos impecáveis, tocando todas as músicas com ótima pegada. Só que o público foi geladíssimo (lembro que quando oferecemos um CD demo de graça como de praxe ninguém se agilizou pra pegar) e ainda por cima, perto do fim do set o cara da banda seguinte começou a chatear para terminarmos. Descontentes, descarregamos nossa revolta em uma extended version de "Noise Garden", com muita barulheira no fim, espancando os instrumentos. Dada a incomodação, acabamos indo embora bem rápido, ao contrário de permanecermos curtindo mais um pouco os shows, como de costume."
Depoimento do Nílton: "Bom, na realidade não me lembro muito bem do show, exceto de que o Guilherme havia se estranhado com um rapazote da outra banda... Pra variar lembro que o palco era apertado e eu sempre tinha que ficar ou de lado ou atrás de alguém (no bom sentido). Não sei se foi nesse ou em algum outro que eu estava tentando fazer uns backs e aí tentava me concentrar para conseguir utilizar minhas duas metades do cérebro. Depois de um tempo eu percebi que não tinha a habilidade necessária para tanto. Gostei do palco ser alto e tal, mas realmente, o público não estava ajudando, até porque havia muitas bandas com estilos diferentes e tal. Esse tipo de evento que junta muita gente com gostos diferentes não dá certo, como as bandas que utilizam a incrível técnica de cantar para dentro juntamente com os gurizinhos que ficam masturbando os instrumentos para mostrar que são virtuosos... Fora o conflito de idades... nós éramos um pouco mais velhos que o público do local e a maioria do pessoal, eu acho, era fã de punk rock. É o que me lembro."
sábado, 2 de agosto de 2008
Formula 1 - GP da Alemanha (10.ª etapa, 20.07.2008, 9h)
Esse GP em Hockeinheim teve um componente saudosístico, afinal lembrou-se muito do antigo (e muito mais legal) traçado com as longas retas pela floresta, além do fato de que foi neste circuíto que há 30 anos Nelson Piquet estreou na categoria com uma Ensign.
A McLaren está andando muito forte e Hamilton confirmou essa tendência ao marcar o melhor tempo no treino classificatório, e vencer mais uma vez na temporada. O inglês disparou na frente e a corrida estava monótona até que Glock achou o muro e entrou o carro-madrinha na metade do GP. E aí foi o lance de pura sorte de Nelsinho Piquet: valendo-se da manjada tática de largar lá nas últimas filas com tanque cheio para fazer apenas um pit stop, o brasileiro parou pouco antes do acidente de Glock, e assim, quando o carro-madrinha entrou foi só se manter na pista e ganhar as posições de todos os que fizeram a segunda parada. Tudo isso seria em vão se o cara não andasse nada a partir dali e fosse ultrapassado por todo mundo de novo, mas esse não foi o caso com Piquet, que andou forte até o final (causando até uma espécie de ansiedade no narrador e comentarista - e na própria equipe, conforme se soube depois - de que o cara, na verdade, não tinha combustível suficente para evitar um segundo pit). De outro lado, Alonso rodou e finalizou apenas na 11.ª posição. As coisas começam a melhorar significativamente para o até então contestado Piquet.
Massa não tinha carro para acompanhar Hamilton, e estava na frente deste quando o inglês parou pela última vez nos pits, mas o brasileiro não ofereceu resistência na ultrapassagem, pensando nos pontos para o campeonato. Achei que ele deveria ter endurecido a disputa, pois se houvesse acidente, os dois abandonariam e não marcariam pontos; e ainda Piquet venceria sua primeira corrida (depois o Gilberto ponderou que Raikkonen ganharia de uma vez duas posições, e conseguiria um pódio e sairia da Alemanha na liderança do campeonato, e com possibilidade de exercer prerrogativas de número um da Ferrari).
Agora Hamilton lidera, quatro pontos a frente de Massa, que livra outros quatro pontos de Raikkonen. O inglês e a McLaren estão em melhor momento, e são favoritos para o próximo GP, em Hungaroring.
German Grand Prix Results - 20 July 2008 - 67 Laps
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT LAPS TIME/RETIRE
1. Lewis Hamilton Britain McLaren-Mercedes 67 1h31m20.874
2. Nelson Piquet Brazil Renault 67 5.586
3. Felipe Massa Brazil Ferrari 67 9.339
4. Nick Heidfeld Germany BMW Sauber 67 9.825
5. Heikki Kovalainen Finland McLaren-Mercedes 67 12.411
6. Kimi Raikkonen Finland Ferrari 67 14.403
7. Robert Kubica Poland BMW Sauber 67 22.682
8. Sebastian Vettel Germany Toro Rosso-Ferrari 67 33.299
9. Jarno Trulli Italy Toyota 67 37.158
10. Nico Rosberg Germany Williams-Toyota 67 37.625
11. Fernando Alonso Spain Renault 67 38.600
12. Sebastien Bourdais France Toro Rosso-Ferrari 67 39.111
13. David Coulthard Britain Red Bull-Renault 67 54.971
14. Kazuki Nakajima Japan Williams-Toyota 67 1m00.003
15. Adrian Sutil Germany Force India-Ferrari 67 1m09.488
16.* Giancarlo Fisichella Italy Force India-Ferrari 67 1m24.093
17. Jenson Button Britain Honda 66 1 Lap
R Rubens Barrichello Brazil Honda 50 Damage
R Mark Webber Australia Red Bull-Renault 40 Engine
R Timo Glock Germany Toyota 35 Accident
FASTEST LAP: Nick Heidfeld Germany BMW Sauber 52 1:15.987
* Fisichella penalised 25 seconds for stopping while the pitane was closed.
Standings
Points standings (after 10 rounds)
DRIVERS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT POINTS
1. LEWIS HAMILTON Britain McLaren-Mercedes 58
2. FELIPE MASSA Brazil Ferrari 54
3. KIMI RAIKKONEN Finland Ferrari 51
4. ROBERT KUBICA Poland BMW Sauber 48
5. NICK HEIDFELD Germany BMW Sauber 41
6. HEIKKI KOVALAINEN Finland McLaren-Mercedes 28
7. JARNO TRULLI Italy Toyota 20
8. MARK WEBBER Australia Red Bull-Renault 18
9. FERNANDO ALONSO Spain Renault 13
10. RUBENS BARRICHELLO Brazil Honda 11
11. NELSON PIQUET Brazil Renault 10
12. NICO ROSBERG Germany Williams-Toyota 8
KAZUKI NAKAJIMA Japan Williams-Toyota 8
14. DAVID COULTHARD Britain Red Bull-Renault 6
SEBASTIAN VETTEL France Toro Rosso-Ferrari 6
16. TIMO GLOCK Germany Toyota 5
17. JENSON BUTTON Britain Honda 3
18. SEBASTIEN BOURDAIS France Toro Rosso-Ferrari 2
CONSTRUCTORS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS CONSTRUCTOR POINTS
1. FERRARI 105
2. BMW SAUBER 89
3. MCLAREN-MERCEDES 86
4. TOYOTA 25
5. RED BULL-RENAULT 24
6. RENAULT 23
7. WILLIAMS-TOYOTA 16
8. HONDA 14
9. TORO ROSSO-FERRARI 8
A McLaren está andando muito forte e Hamilton confirmou essa tendência ao marcar o melhor tempo no treino classificatório, e vencer mais uma vez na temporada. O inglês disparou na frente e a corrida estava monótona até que Glock achou o muro e entrou o carro-madrinha na metade do GP. E aí foi o lance de pura sorte de Nelsinho Piquet: valendo-se da manjada tática de largar lá nas últimas filas com tanque cheio para fazer apenas um pit stop, o brasileiro parou pouco antes do acidente de Glock, e assim, quando o carro-madrinha entrou foi só se manter na pista e ganhar as posições de todos os que fizeram a segunda parada. Tudo isso seria em vão se o cara não andasse nada a partir dali e fosse ultrapassado por todo mundo de novo, mas esse não foi o caso com Piquet, que andou forte até o final (causando até uma espécie de ansiedade no narrador e comentarista - e na própria equipe, conforme se soube depois - de que o cara, na verdade, não tinha combustível suficente para evitar um segundo pit). De outro lado, Alonso rodou e finalizou apenas na 11.ª posição. As coisas começam a melhorar significativamente para o até então contestado Piquet.
Massa não tinha carro para acompanhar Hamilton, e estava na frente deste quando o inglês parou pela última vez nos pits, mas o brasileiro não ofereceu resistência na ultrapassagem, pensando nos pontos para o campeonato. Achei que ele deveria ter endurecido a disputa, pois se houvesse acidente, os dois abandonariam e não marcariam pontos; e ainda Piquet venceria sua primeira corrida (depois o Gilberto ponderou que Raikkonen ganharia de uma vez duas posições, e conseguiria um pódio e sairia da Alemanha na liderança do campeonato, e com possibilidade de exercer prerrogativas de número um da Ferrari).
Agora Hamilton lidera, quatro pontos a frente de Massa, que livra outros quatro pontos de Raikkonen. O inglês e a McLaren estão em melhor momento, e são favoritos para o próximo GP, em Hungaroring.
German Grand Prix Results - 20 July 2008 - 67 Laps
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT LAPS TIME/RETIRE
1. Lewis Hamilton Britain McLaren-Mercedes 67 1h31m20.874
2. Nelson Piquet Brazil Renault 67 5.586
3. Felipe Massa Brazil Ferrari 67 9.339
4. Nick Heidfeld Germany BMW Sauber 67 9.825
5. Heikki Kovalainen Finland McLaren-Mercedes 67 12.411
6. Kimi Raikkonen Finland Ferrari 67 14.403
7. Robert Kubica Poland BMW Sauber 67 22.682
8. Sebastian Vettel Germany Toro Rosso-Ferrari 67 33.299
9. Jarno Trulli Italy Toyota 67 37.158
10. Nico Rosberg Germany Williams-Toyota 67 37.625
11. Fernando Alonso Spain Renault 67 38.600
12. Sebastien Bourdais France Toro Rosso-Ferrari 67 39.111
13. David Coulthard Britain Red Bull-Renault 67 54.971
14. Kazuki Nakajima Japan Williams-Toyota 67 1m00.003
15. Adrian Sutil Germany Force India-Ferrari 67 1m09.488
16.* Giancarlo Fisichella Italy Force India-Ferrari 67 1m24.093
17. Jenson Button Britain Honda 66 1 Lap
R Rubens Barrichello Brazil Honda 50 Damage
R Mark Webber Australia Red Bull-Renault 40 Engine
R Timo Glock Germany Toyota 35 Accident
FASTEST LAP: Nick Heidfeld Germany BMW Sauber 52 1:15.987
* Fisichella penalised 25 seconds for stopping while the pitane was closed.
Standings
Points standings (after 10 rounds)
DRIVERS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS DRIVER NATIONALITY ENTRANT POINTS
1. LEWIS HAMILTON Britain McLaren-Mercedes 58
2. FELIPE MASSA Brazil Ferrari 54
3. KIMI RAIKKONEN Finland Ferrari 51
4. ROBERT KUBICA Poland BMW Sauber 48
5. NICK HEIDFELD Germany BMW Sauber 41
6. HEIKKI KOVALAINEN Finland McLaren-Mercedes 28
7. JARNO TRULLI Italy Toyota 20
8. MARK WEBBER Australia Red Bull-Renault 18
9. FERNANDO ALONSO Spain Renault 13
10. RUBENS BARRICHELLO Brazil Honda 11
11. NELSON PIQUET Brazil Renault 10
12. NICO ROSBERG Germany Williams-Toyota 8
KAZUKI NAKAJIMA Japan Williams-Toyota 8
14. DAVID COULTHARD Britain Red Bull-Renault 6
SEBASTIAN VETTEL France Toro Rosso-Ferrari 6
16. TIMO GLOCK Germany Toyota 5
17. JENSON BUTTON Britain Honda 3
18. SEBASTIEN BOURDAIS France Toro Rosso-Ferrari 2
CONSTRUCTORS CHAMPIONSHIP POSITIONS:
POS CONSTRUCTOR POINTS
1. FERRARI 105
2. BMW SAUBER 89
3. MCLAREN-MERCEDES 86
4. TOYOTA 25
5. RED BULL-RENAULT 24
6. RENAULT 23
7. WILLIAMS-TOYOTA 16
8. HONDA 14
9. TORO ROSSO-FERRARI 8
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Livro - "Maximum Rock & Roll" biografia do AC/DC
Em 10.03.1993 ouvi pela primeira vez "The Razor´s Edge", disco então mais recente do AC/DC, e a partir desta data minha vida musical se transformou. Comecei a ouvir "Thunderstruck", "Moneytalks", "Fire Your Guns", "Got You By the Balls" e todas as outras, todos os dias, várias vezes ao dia. Naturalmente, pois, em 05.04.1993 comprei uma fita k7 com o "Live", que era o registro da turnê daquele "Razor´s Edge". E quando compramos nosso primeiro cd player, no dia dos namorados daquele mesmo ano, aluguei na TV3 o "Let There Be Rock"; alguns dias depois, comprei os primeiros cds: o próprio "Razor´s Edge" (antiga Colombo do Praia de Belas), e o "Back in Black" (Multisom da Gal. Chaves). Até então, curtia na boa um ou outro Dire Straits e Queen, e todos os Jean-Michel Jarre. Depois de AC/DC, só queria saber de boas guitarras com distorção. Eventualmente parei de dedicar tanta audição aos australianos, mas a banda continua sendo como aquelas do coração.
A Cultura tem se revelado melhor do que nunca na parte dos livros importados de música. Achei por pouco mais de 30 pila uma caprichada biografia do AC/DC. Em se tratando de banda com extensa discografia, o que espero de um livro desse tipo é que sejam reveladas minuciosamente todas as questões envolvendo a composição das músicas de cada disco, para além dos tradicionais capítulos dando conta do passado musical de cada integrante, todo o périplo envolvendo a reunião da formação original (e das eventuais e inevitáveis substituições), as turnês, histórias de noitadas e etc.
Esse "Maximum Rock & Roll" compreende, de fato, todas as fases da banda, até 2006 (e já meio que antecipa uma possível dissolução, pois à época não havia notícias concretas a respeito de gravação de novo álbum ou alguma nova turnê). E dedica capítulos para cada disco. Tendo em vista as mais de 450 páginas, e a pouca disposição para começar do começo, parti a leitura pelo capítulo do disco "For Those About to Rock", de 1981, pois acima de tudo tinha curiosidade pelas histórias concernentes aos discos lançados nos anos 80 (notadamente o disco essencial, "Flick of the Switch"). Uma pena que toda essa parte até o final fica mais centrada nas histórias de turnês. Fico sabendo que a partir de 1981 que a banda começou a ter mais seriamente problemas com as acusações descabidas dos conservadores de que os caras seriam "agentes do mal", digamos assim. Além disso, o meu favorito "Flick of the Switch" foi gravado propositadamente bem básico e pesado, e por isso foi mal recebido por público e crítica (e muito me espanta todas as críticas a respeito da falta de coesão e de inspiração do disco - pô, trata-se de um baita disco, com composições muito inspiradas!).
As coisas ficaram melhores quando me dediquei aos capítulos iniciais (pulei os introdutórios, da infância dos caras), sobretudo a respeito da reunião da formação original. O livro desfaz o mito de que Bon Scott era o motorista do ônibus da banda e que teria sido convidado a cantar após o vocalista Dave Evans faltar a um show; na verdade os irmãos Young já estavam insatisfeitos com Evans, e procuravam um novo vocalista, até serem apresentados a Bon e ensaiarem algumas jams, resultando na substituição do vocalista (Bon pleiteou a vaga de baterista, mas eles já tinham um, que depois deu lugar a Phill Rudd). Sempre soube que George Young (irmão dos guitarristas e produtor de vários discos da banda, em comunhão com Harry Vanda) tivera uma banda (The Easybeats) antes de se dedicar a levantar a carreira do AC/DC, mas não sabia o quanto havia sido bem sucedido, de certa forma (The Easybeats lançou discos na terra natal - Austrália - e realizou turnês na Inglaterra, mas sucumbiu em razão de conflitos internos e desapontamentos com a indústria musical). As turnês são retratadas detalhadamente (o que causa um pouco de tédio, porque, bem vistas as coisas, não são muito diferentes umas das outras). Com o lançamento de "Let There be Rock" o AC/DC realmente se firma como uma banda digna de vender discos e realizar turnês bem-sucedidas na Inglaterra e nos Estados Unidos (que são os mercados mais importantes), o que só veio a aumentar com "Highway to Hell", diante da acertada decisão de confiar a produção ao John "Mutt" Lange.
O melhor capítulo, sem dúvida, é o que tratou da época do "Back in Black". Afinal, esse é o disco mais conhecido e que aparece entre os cinco discos mais vendidos de todos os tempos. A época toda foi muito especial, para o bem e para o mal. Pouco depois de encerrada a turnê de "Highway to Hell", e já nos preparativos para composição do disco seguinte (que necessariamente deveria ser um arrasa-quarteirão), os caras enfrentam a tragédia que foi a morte de Bon Scott (pelas razões bem conhecidas) em 20.02.1980. Com incrível capacidade de recuperação e determinação, a banda, de luto e tudo mais, permanece compondo músicas e fazendo audições com possíveis substitutos. Muitos aparecem, e a maioria deles, nos ensaios, pede para toar "Smoke on the Water", para total aborrecimento dos irmãos Young. Alguém sugere Brian Johnson (que conforme relato no livro estava bem mal de grana), e o inglês aparece bem atrasado para a audição (ficou jogando sinuca com os roadies, achando que estes eram os integrantes da banda para a qual ele viria a fazer a audição - sem saber que essa banda era o AC/DC), mas começa bem sua trajetória ao pedir para tocar uma música de Ike e Tina Turner ("Nutbush City"), e depois "Whole Lotta Rosie" e clássicos de Chuck Berry. Em um punhado de meses, a banda lançou o disco mais importante de sua carreira, e ganhou novo fôlego para seguir tocando nos anos 80 e 90.
A Cultura tem se revelado melhor do que nunca na parte dos livros importados de música. Achei por pouco mais de 30 pila uma caprichada biografia do AC/DC. Em se tratando de banda com extensa discografia, o que espero de um livro desse tipo é que sejam reveladas minuciosamente todas as questões envolvendo a composição das músicas de cada disco, para além dos tradicionais capítulos dando conta do passado musical de cada integrante, todo o périplo envolvendo a reunião da formação original (e das eventuais e inevitáveis substituições), as turnês, histórias de noitadas e etc.
Esse "Maximum Rock & Roll" compreende, de fato, todas as fases da banda, até 2006 (e já meio que antecipa uma possível dissolução, pois à época não havia notícias concretas a respeito de gravação de novo álbum ou alguma nova turnê). E dedica capítulos para cada disco. Tendo em vista as mais de 450 páginas, e a pouca disposição para começar do começo, parti a leitura pelo capítulo do disco "For Those About to Rock", de 1981, pois acima de tudo tinha curiosidade pelas histórias concernentes aos discos lançados nos anos 80 (notadamente o disco essencial, "Flick of the Switch"). Uma pena que toda essa parte até o final fica mais centrada nas histórias de turnês. Fico sabendo que a partir de 1981 que a banda começou a ter mais seriamente problemas com as acusações descabidas dos conservadores de que os caras seriam "agentes do mal", digamos assim. Além disso, o meu favorito "Flick of the Switch" foi gravado propositadamente bem básico e pesado, e por isso foi mal recebido por público e crítica (e muito me espanta todas as críticas a respeito da falta de coesão e de inspiração do disco - pô, trata-se de um baita disco, com composições muito inspiradas!).
As coisas ficaram melhores quando me dediquei aos capítulos iniciais (pulei os introdutórios, da infância dos caras), sobretudo a respeito da reunião da formação original. O livro desfaz o mito de que Bon Scott era o motorista do ônibus da banda e que teria sido convidado a cantar após o vocalista Dave Evans faltar a um show; na verdade os irmãos Young já estavam insatisfeitos com Evans, e procuravam um novo vocalista, até serem apresentados a Bon e ensaiarem algumas jams, resultando na substituição do vocalista (Bon pleiteou a vaga de baterista, mas eles já tinham um, que depois deu lugar a Phill Rudd). Sempre soube que George Young (irmão dos guitarristas e produtor de vários discos da banda, em comunhão com Harry Vanda) tivera uma banda (The Easybeats) antes de se dedicar a levantar a carreira do AC/DC, mas não sabia o quanto havia sido bem sucedido, de certa forma (The Easybeats lançou discos na terra natal - Austrália - e realizou turnês na Inglaterra, mas sucumbiu em razão de conflitos internos e desapontamentos com a indústria musical). As turnês são retratadas detalhadamente (o que causa um pouco de tédio, porque, bem vistas as coisas, não são muito diferentes umas das outras). Com o lançamento de "Let There be Rock" o AC/DC realmente se firma como uma banda digna de vender discos e realizar turnês bem-sucedidas na Inglaterra e nos Estados Unidos (que são os mercados mais importantes), o que só veio a aumentar com "Highway to Hell", diante da acertada decisão de confiar a produção ao John "Mutt" Lange.
O melhor capítulo, sem dúvida, é o que tratou da época do "Back in Black". Afinal, esse é o disco mais conhecido e que aparece entre os cinco discos mais vendidos de todos os tempos. A época toda foi muito especial, para o bem e para o mal. Pouco depois de encerrada a turnê de "Highway to Hell", e já nos preparativos para composição do disco seguinte (que necessariamente deveria ser um arrasa-quarteirão), os caras enfrentam a tragédia que foi a morte de Bon Scott (pelas razões bem conhecidas) em 20.02.1980. Com incrível capacidade de recuperação e determinação, a banda, de luto e tudo mais, permanece compondo músicas e fazendo audições com possíveis substitutos. Muitos aparecem, e a maioria deles, nos ensaios, pede para toar "Smoke on the Water", para total aborrecimento dos irmãos Young. Alguém sugere Brian Johnson (que conforme relato no livro estava bem mal de grana), e o inglês aparece bem atrasado para a audição (ficou jogando sinuca com os roadies, achando que estes eram os integrantes da banda para a qual ele viria a fazer a audição - sem saber que essa banda era o AC/DC), mas começa bem sua trajetória ao pedir para tocar uma música de Ike e Tina Turner ("Nutbush City"), e depois "Whole Lotta Rosie" e clássicos de Chuck Berry. Em um punhado de meses, a banda lançou o disco mais importante de sua carreira, e ganhou novo fôlego para seguir tocando nos anos 80 e 90.
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