No final de 2001 tivemos a oportunidade de participar de mais um evento patrocinado pelo Hernani, dessa vez numa sala do Auditório Araújo Viana no Parque da Redenção (ou Farroupilha). O palco ficava a alguns centímetros do chão, e o público era posicionado sentado em cadeiras enfileiradas de frente para a banda, como uma sala - a sala Radamés Gnatalli.
Lembro que sai do meu estágio, no final da tarde, e fui com o Christian fazer a passagem de som. Tocamos “Boats are Burning” e algum outro cover, e o Christian, para minha satisfação pessoal, comentou que o meu solo era melhor que o do Cláudio (na verdade, o meu solo era mais planejado, pois compus basicamente nota por nota, ou blocos de licks, deixando pouco espaço para improvisação, ao contrário do Cláudio, que debulhava as notas com a costumeira proficiência).
Éramos bastante confiantes a respeito das nossas músicas e do nosso som, e acreditávamos que a Burnin´ Boat era a atração principal da noite, e que as outras seriam as bandas de abertura. Nada disso havia de arrogância: apenas uma constatação, com boa dose de orgulho, de que, afinal, já havíamos nos apresentado algumas vezes (não era nem de perto o nosso 1.º show), e nosso repertório era formado grandemente por composições próprias. Só que fui percebendo que as pessoas que estavam ali para assistir ao evento eram, na verdade, amigos e familiares das tais "bandas de abertura", de modo que o nosso show pouco importava. Assim, não era incomum que as pessoas debandassem no início da nossa apresentação, quando ouviam as primeiras notas das nossas guitarras distorcidas, o que me decepcionou um pouco, e posteriormente me fez pensar que melhor seria se apresentar primeiro, e deixar para outra banda fechar a noite. Até que tivéssemos um público nosso (o que jamais conseguimos fazer, conquanto eu tenha intuição de que algumas pessoas realmente gostavam do nosso som), o melhor seria reconhecer as nossas limitações e dar um jeito de tocar para o maior número de pessoas, que afinal não estavam ali para nos ver, e sim para ver as outras bandas.
Seja como for, tentávamos nos comportar o mais profissionalmente possível, obedecendo as orientações do Hernani e sendo sempre bastante tranqüilo e cuidadoso. Era evidente que essa atitude foi a que nos proporcionou todos esses shows com o Hernani, e pelo fato de não ter percebido isso na época, nunca tive a chance de agradecer aquelas oportunidades.
O repertório foi curto, tipo 40min. Não localizei nenhum registro visual dessa apresentação, de modo que fica complicado lembrar o repertório que tocamos. Provavelmente não deve diferir muito dos demais shows da época.
O Bruce e eu, com o Dioberto e mais um guitarrista e um baixista, voltaríamos à Sala Radamés Gnatalli no inverno de 2002 para uma apresentação com a Bed Reputation, projeto paralelo que serviu para incorporar o Dioberto à Burnin´ Boat. O repertório e a proposta eram totalmente diferentes, e nos divertimos bastante nesse período.
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