sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Livro - "Maximum Rock & Roll" biografia do AC/DC

Em 10.03.1993 ouvi pela primeira vez "The Razor´s Edge", disco então mais recente do AC/DC, e a partir desta data minha vida musical se transformou. Comecei a ouvir "Thunderstruck", "Moneytalks", "Fire Your Guns", "Got You By the Balls" e todas as outras, todos os dias, várias vezes ao dia. Naturalmente, pois, em 05.04.1993 comprei uma fita k7 com o "Live", que era o registro da turnê daquele "Razor´s Edge". E quando compramos nosso primeiro cd player, no dia dos namorados daquele mesmo ano, aluguei na TV3 o "Let There Be Rock"; alguns dias depois, comprei os primeiros cds: o próprio "Razor´s Edge" (antiga Colombo do Praia de Belas), e o "Back in Black" (Multisom da Gal. Chaves). Até então, curtia na boa um ou outro Dire Straits e Queen, e todos os Jean-Michel Jarre. Depois de AC/DC, só queria saber de boas guitarras com distorção. Eventualmente parei de dedicar tanta audição aos australianos, mas a banda continua sendo como aquelas do coração.

A Cultura tem se revelado melhor do que nunca na parte dos livros importados de música. Achei por pouco mais de 30 pila uma caprichada biografia do AC/DC. Em se tratando de banda com extensa discografia, o que espero de um livro desse tipo é que sejam reveladas minuciosamente todas as questões envolvendo a composição das músicas de cada disco, para além dos tradicionais capítulos dando conta do passado musical de cada integrante, todo o périplo envolvendo a reunião da formação original (e das eventuais e inevitáveis substituições), as turnês, histórias de noitadas e etc.

Esse "Maximum Rock & Roll" compreende, de fato, todas as fases da banda, até 2006 (e já meio que antecipa uma possível dissolução, pois à época não havia notícias concretas a respeito de gravação de novo álbum ou alguma nova turnê). E dedica capítulos para cada disco. Tendo em vista as mais de 450 páginas, e a pouca disposição para começar do começo, parti a leitura pelo capítulo do disco "For Those About to Rock", de 1981, pois acima de tudo tinha curiosidade pelas histórias concernentes aos discos lançados nos anos 80 (notadamente o disco essencial, "Flick of the Switch"). Uma pena que toda essa parte até o final fica mais centrada nas histórias de turnês. Fico sabendo que a partir de 1981 que a banda começou a ter mais seriamente problemas com as acusações descabidas dos conservadores de que os caras seriam "agentes do mal", digamos assim. Além disso, o meu favorito "Flick of the Switch" foi gravado propositadamente bem básico e pesado, e por isso foi mal recebido por público e crítica (e muito me espanta todas as críticas a respeito da falta de coesão e de inspiração do disco - pô, trata-se de um baita disco, com composições muito inspiradas!).

As coisas ficaram melhores quando me dediquei aos capítulos iniciais (pulei os introdutórios, da infância dos caras), sobretudo a respeito da reunião da formação original. O livro desfaz o mito de que Bon Scott era o motorista do ônibus da banda e que teria sido convidado a cantar após o vocalista Dave Evans faltar a um show; na verdade os irmãos Young já estavam insatisfeitos com Evans, e procuravam um novo vocalista, até serem apresentados a Bon e ensaiarem algumas jams, resultando na substituição do vocalista (Bon pleiteou a vaga de baterista, mas eles já tinham um, que depois deu lugar a Phill Rudd). Sempre soube que George Young (irmão dos guitarristas e produtor de vários discos da banda, em comunhão com Harry Vanda) tivera uma banda (The Easybeats) antes de se dedicar a levantar a carreira do AC/DC, mas não sabia o quanto havia sido bem sucedido, de certa forma (The Easybeats lançou discos na terra natal - Austrália - e realizou turnês na Inglaterra, mas sucumbiu em razão de conflitos internos e desapontamentos com a indústria musical). As turnês são retratadas detalhadamente (o que causa um pouco de tédio, porque, bem vistas as coisas, não são muito diferentes umas das outras). Com o lançamento de "Let There be Rock" o AC/DC realmente se firma como uma banda digna de vender discos e realizar turnês bem-sucedidas na Inglaterra e nos Estados Unidos (que são os mercados mais importantes), o que só veio a aumentar com "Highway to Hell", diante da acertada decisão de confiar a produção ao John "Mutt" Lange.

O melhor capítulo, sem dúvida, é o que tratou da época do "Back in Black". Afinal, esse é o disco mais conhecido e que aparece entre os cinco discos mais vendidos de todos os tempos. A época toda foi muito especial, para o bem e para o mal. Pouco depois de encerrada a turnê de "Highway to Hell", e já nos preparativos para composição do disco seguinte (que necessariamente deveria ser um arrasa-quarteirão), os caras enfrentam a tragédia que foi a morte de Bon Scott (pelas razões bem conhecidas) em 20.02.1980. Com incrível capacidade de recuperação e determinação, a banda, de luto e tudo mais, permanece compondo músicas e fazendo audições com possíveis substitutos. Muitos aparecem, e a maioria deles, nos ensaios, pede para toar "Smoke on the Water", para total aborrecimento dos irmãos Young. Alguém sugere Brian Johnson (que conforme relato no livro estava bem mal de grana), e o inglês aparece bem atrasado para a audição (ficou jogando sinuca com os roadies, achando que estes eram os integrantes da banda para a qual ele viria a fazer a audição - sem saber que essa banda era o AC/DC), mas começa bem sua trajetória ao pedir para tocar uma música de Ike e Tina Turner ("Nutbush City"), e depois "Whole Lotta Rosie" e clássicos de Chuck Berry. Em um punhado de meses, a banda lançou o disco mais importante de sua carreira, e ganhou novo fôlego para seguir tocando nos anos 80 e 90.

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails