Uma das novidades para este nono ensaio foi um baixo muito antigo do Marcelo, no qual foram recém colocadas cordas novas, em prejuízo do capotraste/nut, que cedeu na corda mais grave, e por isso a melhor (a quarta - E). Há alguns dias estou me pilhando para adquirir um baixo, então assumi o instrumento para fazer um test-drive. E me diverti bastante compondo a cozinha da Osmar com o Marcão. Apelidei o instrumento de "Dienifer", pois a guitarra que os caras têm no estúdio é uma das antigas "Jenifer". Para surpresa geral, o som do baixo deu boa resposta. Sabe-se que um baixista de rock pode assumir quatro atitudes distintas: (a) dobrar as linhas das guitarras, como Jason Newsted em "Wherever I May Roam", e Geezer Butler em "Iron Man"; (b) acompanhar a bateria, formando a popular cozinha, como Gene Simmons em "Creatures of the Night"; (c) conduzir a música pulsando o andamento com um número mínimo de notas, tocadas repetidamente como Cliff Williams em qualquer música do AC/DC e Roger Waters/David Gilmour em "One of These Days"; (d) tocar o baixo com uma linha melódica completamente diferente dos outros instrumentos, como Chris Squire em "Close to the Edge" (pelo menos no começo). Tentei fazer de tudo isso um pouco, e achei mais desafiador e estimulante dobrar a bateria do Marcão. A outra novidade, foi a adoção pelo Marcelo da "armonica blusera", afinada em C, que estava disponível perto do piano e havia sido adquirida pelo Alemão, há algum tempo, alegadamente por 10 pila. Começamos rememorando os clássicos instantâneos do oitavo ensaio, como aquela do A-F-G e depois E-F-E-F-E-F-G. Fizemos uma jam com uma música do quinto ensaio, com os acordes C-Bb-Eb-F, na qual me atrapalhei bastante com a quarta corda solta (literalmente), que insistia em colar no imã do captador do braço (o problema foi resolvido quando soltamos a corda e prendemos de lado). A quarta corda a menos deu a tônica (literalmente) do ensaio: músicas em A (lá), a 3.ª corda. Das que foram registradas, a primeira foi uma em que tentei fazer uma linha de baixo acompanhando a bateria, com as notas A, e depois C e D. O Marcelo acertou os versos na levada em A, mudando às vezes para C, com refrão em A-C-D, tudo isso com acompanhamento pelo Alemão no timbre de piano. Na seguinte, após uma introdução num timbre church organ, fiz uma linha blues tradicional com as notas C-G-F, que recebeu uma letra do Marcelo sobre o sistema de loterias. O Alemão tirou o violão da caixa e conduziu os acordes A-E-D; a Sabrina curtiu a letra dessa, que não estou certo, mas aparentemente tem a personagem inspirada na Amy Winehouse (pelo menos no nome). Os caras lembraram aquela seqüência de acordes difícil e que gosto bastante (Am - Dmadd9 - Dmadd11 - Asus4/5+) do sexto ensaio, e pluguei a guitarra para interpretá-la. Rolou então uma versão de uns 7min, com esses acordes na guitarra, e o timbre viajante matador do Alemão no Triton. Parece que os caras curtem bastante essa também, e é legal porque é um dos clássicos dessa formação quarteto, e uma das minhas favoritas. Ainda com a guitarra, acompanhei (com acordes, dedilhados, solos contidos, notas aleatórias sobre a "escala") o Alemão numa outra que ficou boa com letra típica do Marcelo. De volta com o baixo, o Alemão fez uma seqüencia muito empolgante de acordes, tocados com as duas mãos, que parecia uma música daquelas carro-chefe de filme, embora o exemplo que me vem a cabeça seja "Jump". Acompanhei no baixo, e tentei fazer uma melodia com a tônica e um "whole-step" acima. A música ficou realmente muito empolgante, parecia que podíamos ficar tocando aquela seqüência de acordes infinitamente sem cansar. Ficaram perdidas para a eternidade (i.é, sem gravação), além de uma versão para a parte lenta de "Stairway to Heaven" duas jams muito boas: uma na qual reproduzi no baixo, com as notas A da 3.ª corda solta e uma oitava acima (2.ª corda, casa 7), a levada bumbo/caixa que o Marcão estava conduzindo. Ao final, quando o Marcelo e o Marcão já estavam guardando os instrumentos, puxei uma linha de baixo tipo One of These Days do Pink Floyd (que não passou despercebida pelo Marcão), e fui acompanhado pelo Alemão.
Ao mesmo tempo em que cedi uns backups (Never Say Die e Techical Ecstasy para o Marcão - tratam-se de dois discos bem divertidos de ouvir do Black Sabbath com o Ozzy, com músicas bem diferentes das clássicas dos discos anteriores; Perfect Strangers para o Marcelo - esse disco marcou o retorno triunfante do Deep Purple em 1984, notadamente com a clássica faixa-título, um dos melhores covers da Burnin´ Boat, sobretudo quando acompanhada pelo Vinícius; Rendez Vous, Oxygene 7-13 , e Trilogy para o Alemão - os dois primeiros são do Jean-Michel Jarre, sendo que Rendez Vous é um dos meus discos favoritos de todos os tempos, e o terceiro é um clássico do Yngwie Malmsteen, que conta com a Trilogy Suite Op. 5).
Por outro lado, levei de empréstimo um dvd duplo Crossroads, com participação de um monte de gente (a melhor é a baixista que acompanhou o Jeff Beck, uma guria ajeitada que arrebentou), que o Marcelo se abriu; três cds do John Scofield, um guitarrista de jazz que se apresentou em Porto Alegre no mesmo dia do Whitesnake - eu fui ver Whitesnake, o Alemão foi ver o Scofield). Tratam-se de três cds de jazz de guitarrista, no maior estilo jazz de guitarrista. Acho que vou ficar com eles mais uma semana para ouvir melhor.
2 comentários:
John Scofield é muito bom! Queria ter ido nesse show!
Pô, Guilherme!
Já que vão ser duas semanas sem tocar nada, bem que tu podia fazer um release fantasma, só pra gente não perder o ritmo.
E os cds do sabbath, muito bons, inclusive com teclados meio lisérgicos e guitarra distorcida...já ouvi coisa assim no bunker.
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