Já recebi (há alguns meses) do Bruce um mp3 dando conta de um experimento com "Oblivious", que para mim serviu apenas para mostrar que ficou legal o acréscimo de um solo pré-gravado do Vinícius. O mp3 não serve como música (afinal, contou com bateria e baixo bem simples e retos), nem como um esqueleto da ordem dos riffs (desde logo ficaram insatisfatórias a repetição dos riffs e a sucessão dos mesmos). As partes de guitarras são muito boas, e a faixa deve ficar tão memorável quanto possível.
Por diversos motivos, as gravações não estão sendo tão freqüentes quanto seria desejável. Apenas recentemente, após ser provocado pelo Bruce, descobri que o feijãozinho pode ser utilizado para gravação pela saída USB, dispensando a placa de som (line in), o que permitiria um registro totalmente digital, sem perda de freqüências. Ao mesmo tempo, estou há mais de um mês amadurecendo a idéia de adquirir um baixo, o que se intensificou após os produtivos ensaios com a Osmar Band.
(7) Ace´s High - É irônico que uma das melhores músicas que a Burnin´ Boat toca, na minha opinião, foi composta por um guitarrista conhecido nosso. Lá por 1999, o Bruce e eu fizemos umas jams com o Daniel "Ace" Lairihoy (que havia sido o meu substituto na Parasite). O cara era muito bom, tinha uma Epiphone Les Paul sunburst igual a do Ace Frehley, e curtia fazer uns sons mais bizarros. Então ele apareceu com um riff bem pesado e que me parecia hipnótico com as notas E-G-E-F-E-F-E-G (levei um tempo para assimilar as repetições), seguido de uma parte Bb-B-Bb-A, e depois G#-G-F#-F-E-F-F#-G-G#. O Ace revelou que a intenção era fazer uma música cromática mesmo. Fizemos um punhado de ensaios (os três), e ele deu o nome para uma banda que queria criar (e eventualmente o Bruce seria o baterista - a banda jamais se concretizou, até onde sei): Alien Abhort. O Bruce teve a grande sacada de dar uma quebrada na 3.ª parte: ao invés do 432101234 na 6.ª corda, fomos obrigados a adaptar o riff para essa quebrada 7/8 monumental (realmente, parecia uma paulada na cabeça), e o resultado final ficou muito legal. Acabamos não tocando mais com o Ace, mas essas partes eram muito legais para ficarem impunes, então, com a licença do compositor, adotamos para a Burnin´ Boat (lá por 2001/2002), e após alguns ensaios fizemos variações dos riffs para as bases dos solos (primeiro o do Cláudio, depois o meu). O Bruce compôs a letra, que até onde me consta, é uma homenagem ao próprio Ace Frehley, o guitarrista solo original do Kiss (sacada genial - música composta pelo "Ace", letra em homenagem ao Ace). Incorporamos ao repertório dos shows (tocamos no Arsenal, Croco, Coruja de Minerva), e considero uma música excelente para abrir ensaios e shows. É direta, selvagem e bem pesada. Depois do show na Croco, o Vinícius manifestou interesse em subir ao palco conosco para tocá-la, e tivemos essa oportunidade no Coruja de Minerva, mas numa falha de comunicação, o Bruce entendeu que se tratava de "Hidden", então o cara foi obrigado a tirar e tocar a música errada. Gravei com o timbre Spinal Puppet, e reproduzi os riffs sem alterações significativas.
(8) Ramses - toda banda de heavy metal tem uma música "egípcia", isto é, com utilização de escalas digamos orientais. "Wherever I May Roam" (Metallica), "The Seventh Sign" (Yngwie Malmsteen), sendo a mais clássica delas "Gates of Babylon" (Rainbow). Então, uma das minhas metas desde o início da Burnin´ Boat, era compor um bom riff "egípcio". Depois de muitas tentativas, cheguei em um que achei satisfatório, e a partir daí fui agregando algumas partes. Mas jamais consegui finalizar a composição, e acho que só eu me empolgo com esses riffs. Basicamente, desde 2001 tenho o riff principal (com um pouco de Malmsteen em "Voodoo"), a parte dos versos (que é bem lenta e pesada, com uns hammer-ons e pull-offs no último compasso - e vibrato), a parte do "pre-chorus" (apenas nos power chords B-Bb-B-G-A) e uma espécie de refrão (meio Stratovarius). Esse refrão tinha, originariamente, uma descida sobre notas da escala "egípcia", uma vez normal (nota por nota), a segunda vez com nota pedal. Registrei tudo isso com distorção (talvez meio saturada, não sei se dá para consertar ou se tem que gravar de novo) de uma música do Metallica (exceto pela introdução, com guitarra limpa e algum chorus e delay). Percebi que o Bruce ainda está mixando uma guitarra de cada lado (uma na direita e outra na esquerda), então resolvi gravar pelo menos 3 guitarras de cada parte, para ficar uma parede de guitarra tipo no "Black Album". Experimentei, então, um pequeno trecho com 3 guitarras tocando simultaneamente coisas diferentes na mesma escala (não sei se vai funcionar, mas vale a tentativa). Por fim, gravei versões diferentes para um riff livremente inspirado em Dream Theater na época do "The Glass Prison", com várias notas e palhetadas para baixo. Ainda está incompleta.
(9) Sluts of Justice - distorção Metallica de fábrica. Essa tem uma longa história. O riff principal foi o primeiro que compus, juntamente com o de "Timeslide", numa tarde de outono de 1998, inspirado em Yngwie Malmsteen e Stratovarius. Nunca consegui fazer uma música satisfatória com esse riff, e já tentamos muitas coisas. O título da faixa veio de uma idéia do Barboza, que adaptei e fiz uma letra, em homenagem às nossas colegas de curso. Lá por 2001/2002 a música ganhou outras partes além do riff, inclusive um "teminha", que não costumo compor, mas que acredito ter ficado legal. Sempre que fizemos alguma gravação caseira, procurei registrar essa, e agora a oportunidade me parece ideal para finalmente compor uma grande música. Gravei os riffs e as partes originais, e tentei agregar algumas coisas novas. Em todo caso, ainda está incompleta.
(10) Experiment - agora com a gravação via USB a pleno vapor, o Bruce sugeriu que eu colocasse umas guitarras sobre uma música que ele compôs. É uma faixa instrumental (não sei se há intenção de colocar vocais), já totalmente estruturada, com bateria, baixo, guitarras e um monte de sintetizadores. Os riffs já estavam todos lá, com afinação dropped-D, então ouvi algumas vezes e gravei uma faixa-guia de guitarra, preservando algumas coisas da gravação original, mas incorporando alguns toques que me vieram espontaneamente. Não me preocupei em tirar nota por nota os riffs do Bruce, pois acho que a intenção era que os mesmos fossem personalizados (se não curtir, basta manter a gravação original). O riff principal, basicamente, é sobre o D com pausas, estilo que o Bruce parece gostar bastante e incorporar em quase todas as faixas dele que eu conheci (e que lembra Evanescence). No original tinha um riff quebrado muito interessante, sobre o qual fiz um mais simples, mas acompanhando a levada da bateria. Pretendia fazer umas notas com tapping, repetindo as notas com eco do sintetizador no começo da faixa, mas abandonei a idéia. Enquanto escutava o resultado de uma gravação de uma das bases, brinquei um pouco com as notas da escala e tive a idéia de registrar um solo, o primeiro nesse esquema de gravação. Deu um trabalho enorme, sobretudo porque não tenho o cacoete de guitar hero, e o resultado final não ficou totalmente satisfatório. Gravei 4 versões, sendo que a última parece ser a melhor (e foi registrada algumas horas depois das 3 primeiras). O groove da bateria lembrou-me uma das primeiras faixas do disco "Alive in an Ultra World" do Steve Vai, e com aproximadamente 40s de espaço para o solo, fiz uns licks com muitos slides, hammer-ons e pull-offs, que me pareceram legais em boa parte do tempo. Não toquei nenhum bend, o que contraria totalmente o meu "estilo" de solar, inspirado em Ace Frehley (afinal, os solos de Ace foram os únicos que tirei nota-por-nota desde que comecei a tocar, em fev/1995). Realmente, esse foi um experimento muito divertido.
Um comentário:
e até hoje vinícius toca, sozinho em casa, os riffs de ace's high. nunca mais se livrará do trauma.
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